Johnny escreveu:Bom, assim quanto você (eu ia dizer como mas pega mal e essa turminha aqui anda meio assanhada né..) estou de olho em coisas erradas mas tem gente que inventa muito.
Eu sei que há muitas pequenas empreiteiras como você citou, que pagam pouco, pagam atrasado e tentam sempre dar uma volta nos operários, mas acontece que eu conheço gente assim, que se contenta com o mínimo desde que não tenha que trabalhar.
Gente que não se preocupa com o futuro desde que o "aqui e agora" esteja garantido.
Não posso afirmar nada sobre o email do leitor, mas, se não é verdade lá, é verdade em casos que eu já vi.
Há alguns anos, vi uma reportagem sobre uma passeata de desempregados na França: eles nunca trabalharam, vivem do seguro desemprego e a passeata era para exigir aumento de salário (para ficar à toa). Você acha que somos diferentes?
Outro caso: o mecânico onde eu levava meu velho fusca para consertar se queixava da dificuldade em arranjar bons empregados. Muitos deles trabalhavam no máximo uma semana e pediam as contas (ou roubavam 20 reais da gaveta e sumiam).
E mais um exemplo: quando eu passava as férias na casa de um parente na roça, eu saía passeando e via os ranchinhos de beira de estrada. Era sempre a mesma coisa: o marido sentado na porta, a mulher na janela e as crianças seminuas brincando na lama. Eles viviam do milho e feijão mal cuidados que cresciam misturados com o mato e dos ovos de algumas galinhas soltas. Podiam ter mais, podiam cultivar toda a terra e vender as sobras, mas se contentavam com o mínimo. Passavam o dia à toa.
Pois é, não tenho nenhuma dificuldade em acreditar no email desse leitor.
E quanto às empreiteiras, se há muitas desonestas, também há muitos empregados desonestos. Sei disto por experiência. Tive que representar a firma muitas vezes como testemunha contra ex-funcionários que queriam seus "direitos", apesar de terem sido demitidos por justa causa, roubando, cheirando, vendendo bagulho. Há uma indústria de advogados trabalhistas que cercam esses trabalhadores demitidos e os convencem de que têm "direitos" (ou que, mesmo sem ter, é possível tomar dinheiro dos "patrões malvados").
Também neste caso, não tenho dificuldade em acreditar em que muitos desses operários não foram realmente enganados.