O que é nazismo e o que não é

Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.
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Poindexter
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Mensagem por Poindexter »

o pensador escreveu:Toda a discussâo está pautada no debate acerca da validade dos meios a serem empregados para alcançar uma mesma gama de finalidades:Uma igualitária distribuiçâo sócio-econômica,
disseminaçâo universal de um elevado grau de qualidade de vida e acesso universal aos mesmos direitos e recursos básicos.


Alto lá! "Igualitária distribuição sócio-econômica" de jeito nenhum! Viva o Capitalismo!
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o anátema
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Mensagem por o anátema »

Poindexter escreveu:
o pensador escreveu:Toda a discussâo está pautada no debate acerca da validade dos meios a serem empregados para alcançar uma mesma gama de finalidades:Uma igualitária distribuiçâo sócio-econômica,
disseminaçâo universal de um elevado grau de qualidade de vida e acesso universal aos mesmos direitos e recursos básicos.


Alto lá! "Igualitária distribuição sócio-econômica" de jeito nenhum! Viva o Capitalismo!


E o capitalismo necessariamente inclui desigualdade da distribuição sócio-econômica, ao menos nesses níveis mais extremos?
Sem tempo nem paciência para isso.

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Perseus
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Re: Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por Perseus »

o anátema escreveu:
Perseus escreveu:
Liquid Snake escreveu:
Perseus escreveu:Ora, Eugenia é simplesmente o impedimento das chamadas "raças inferiores" de se reproduzirem.

A esterelização, a mesmissima coisa.


Paro por aqui. Contra desonestidade ou burrice não há razões para argumentação.

Tudo bem. eu ja estava até estranhando a sua demora para desistir.

Contudo, meus parabéns por ter aguentado por tantos posts.

A outra olavetinha no tópico do cretino do Bush não aguentou um post.


Perseus, não leve a mal, mas pareceu um post genérico do emmcri sobre evolução, só faltando aqueles " :emoticon12: " e uns erros de português....

É que você não entendeu o que se passou por aqui anatema.

Nosso amiguinho num surto resolveu dizer que nazismo foi um regime de esquerda!
Eu neguei e dei as justificativas. Após isso a estratégia foi tentar picotar meus posts para tentar fugir de um assunto ao qual, ele percebeu que tinha falado merda.

Basta dar uma olhadinha na página anterior.

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o anátema
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Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por o anátema »

pode ser mesmo, eu realmente não vi o que se passou
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Poindexter
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Mensagem por Poindexter »

o anátema escreveu:E o capitalismo necessariamente inclui desigualdade da distribuição sócio-econômica, ao menos nesses níveis mais extremos?


Eu não falei nada de "níveis extremos", o anátema. Na minha argumentação, o simples fato de o cidadão X ganhar um centavo a mais que o cidadão Y já é concentração de renda e desigualdade social.

Por isso que disse que considerar concentração de renda e desigualdade social como coisas absurdas EM SI é comunismo. Afinal, um sistema em ue sa sabe que todo mês todo mundo ganha a mesma coisa só pode ser chamado mesmo de comunismo!
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o anátema
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Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por o anátema »

é que quando as pessoas em geral falam em "desigualdade social", eu acho que elas meio que já estão falando em níveis extremos, miséria absoluta de um lado e suporte para rolo de papel higiênico de ouro do outro. Ninguém, ou a maioria das pessoas, acho, ligaria para a oscilação de renda que há por exemplo entre a toda a classe média, ou a média e a alta.... o problema é a desigualdade extrema*

Aí quando você fala "Alto lá! "Igualitária distribuição sócio-econômica" de jeito nenhum! Viva o Capitalismo!" pode estar dando para muitos a impressão de que "viva o capitalsmo à todo custo", ou que "alguém tem sempre que se ferrar para que outro possa se dar bem", e todo esse tipo de coisa.

Eu não tive essa impressão, meio que quis dar a deixa para você deixar mais claro, talvez devesse ter dito algo como "mas lembrando que o capitalismo não necessariamente inclui desigualdade da distribuição sócio-econômica, ao menos não nesses níveis mais extremos"..... ou algo melhor que isso que ainda não imaginei.....




*na verdade, nem isso..... porque o problema mesmo é existir a pobreza de muitos, que não é causada pela riqueza de poucos.... não haveria problema algum se só houvesse os podres de ricos e a classe média, vivendo dignamente, mesmo que fosse grande a distância entre essas classes.....

(rezo para que ninguém "entenda" isso como "ah, tá vendo só!! admitiu que o problema são os pobres!!!!")
Editado pela última vez por o anátema em 03 Dez 2005, 19:39, em um total de 2 vezes.
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Poindexter
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Re: Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por Poindexter »

o anátema escreveu:é que quando as pessoas em geral falam em "desigualdade social", eu acho que elas meio que já estão falando em níveis extremos, miséria absoluta de um lado e suporte para rolo de papel higiênico de ouro do outro.

Aí quando você fala "Alto lá! "Igualitária distribuição sócio-econômica" de jeito nenhum! Viva o Capitalismo!" pode estar dando para muitos a impressão de que "viva o capitalsmo à todo custo", ou que "alguém tem sempre que se ferrar para que outro possa se dar bem", e todo esse tipo de coisa.

Eu não tive essa impressão, meio que quis dar a deixa para você deixar mais claro, talvez devesse ter dito algo como "mas lembrando que o capitalismo não necessariamente inclui desigualdade da distribuição sócio-econômica, ao menos não nesses níveis mais extremos"..... ou algo melhor que isso que ainda não imaginei.....


Obrigado então pela deixa, o anátema. Realmente, deve ser bom para mim adaptar-me à esse erro linguístico muito difundido.
Si Pelé es rey, Maradona es D10S.

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FredLC
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Re: Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por FredLC »

Liquid Snake escreveu:Hitler criticando o comunismo? Onde???


Bom... no Mein Kampf!

Hitler era absurdamentre anti-comunista. Algumas das críticas deles eram corretas, outras (a maioria) incorretas, mas a razão do ódio dele é que considerava o comunismo um "plano judeu" (provavelmente em alusão à origem judaica de Marx, acrescida do fato que ele culpava os judeus por tudo mesmo) para destruir o sentimento nacionalista alemão.

Eu ainda vou fazer uma postagem mais elaborada neste tópico - não tive tempo essa semana - mas já estive a um passo de fazê-lo algumas vezes...

Só achei que este ponto eu podia abordar logo, pois foi um equívoco objetivo.

T+ :emoticon1:.

Perseus
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Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por Perseus »

Ufaa.. achei que eu era o único por aqui que tinha lido Mein Kampf..
Discutir com gente que quer falar de Hitler sem ter lido este livro é foda..
"Uau! O Brasil é grande"

Reação de Bush, quando Lula mostrou um mapa do Brasil. Essa frase foi finalista em 2006 do site StupidityAwards.com, na categoria "Afirmação mais estúpida de Bush".

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Liquid Snake
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Re: Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por Liquid Snake »

FredLC escreveu:
Liquid Snake escreveu:Hitler criticando o comunismo? Onde???


Bom... no Mein Kampf!

Hitler era absurdamentre anti-comunista. Algumas das críticas deles eram corretas, outras (a maioria) incorretas, mas a razão do ódio dele é que considerava o comunismo um "plano judeu" (provavelmente em alusão à origem judaica de Marx, acrescida do fato que ele culpava os judeus por tudo mesmo) para destruir o sentimento nacionalista alemão.

Eu ainda vou fazer uma postagem mais elaborada neste tópico - não tive tempo essa semana - mas já estive a um passo de fazê-lo algumas vezes...

Só achei que este ponto eu podia abordar logo, pois foi um equívoco objetivo.

T+ :emoticon1:.


Não existe UMA passagem no Mein Kampf onde Hitler condena o comunismo. Se deseja insistir nessa besteira, POSTE AQUI O TRECHO.

Ainda se você, como o Perseus, for estúpido o bastante para classificar o marxismo como sendo a única forma de comunismo, esquerdismo e afins, não merece nem ao menos minha atenção.
Imagem

"O Brasil me parece ser o único País do mundo onde ser de esquerda ainda dá uma conotação de prestígio." (Roberto Campos, 1993)

"How do you tell a Communist? Well, it's someone who reads Marx and Lenin. And how do you tell an anti-Communist? It's someone who understands Marx and Lenin." - Ronald Reagan

No Brasil, os notáveis o são pela estupidez.

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Acauan
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Re: Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por Acauan »

FredLC escreveu:
Liquid Snake escreveu:Hitler criticando o comunismo? Onde???


Bom... no Mein Kampf!

Hitler era absurdamentre anti-comunista. Algumas das críticas deles eram corretas, outras (a maioria) incorretas, mas a razão do ódio dele é que considerava o comunismo um "plano judeu" (provavelmente em alusão à origem judaica de Marx, acrescida do fato que ele culpava os judeus por tudo mesmo) para destruir o sentimento nacionalista alemão.

Eu ainda vou fazer uma postagem mais elaborada neste tópico - não tive tempo essa semana - mas já estive a um passo de fazê-lo algumas vezes...

Só achei que este ponto eu podia abordar logo, pois foi um equívoco objetivo.


Olá Fred,

Como deve ter percebido há muito este tópico perdeu o objetivo de discutir o tema do título "o que é nazismo e o que não é" para se tornar um confronte de paixões ideológicas e vaidades associadas.

Esta discussão sobre o nazismo ser de direita ou de esquerda por exemplo não tem qualquer conteúdo objetivo.
Limita-se a uma tentativa de passar a batata quente para o adversário, algo parecido com aquela peleja idiota na qual alguns ateus acusam o cristianismo por Hitler ser cristão e alguns cristãos acusam o ateísmo por Hitler ser ateu, como se a coisa fosse um jogo de pingue-pongue.

Como disse em post anterior, as componentes fundamentais do nazismo são o fascismo, o totalitarismo e o arianismo.

O arianismo é exclusivo da ideologia nazista e se fundamentava numa colcha de retalhos de misticismos pagãos e pseudo-ciência que se poderia chamar de gnosticismo ideológico, não possuindo aí qualquer relação de proximidade ou oposição com o comunismo.

O totalitarismo, como explicado por Hanna Arendt, está além das classificações comuns de direita e esquerda, criadas na Revolução Francesa e posteriormente ligadas ao confronto capitalismo X comunismo marxista.
As revoluções totalitárias foram a tentativa de se criar no século XX um novo tipo de revolução que ia muito além do conceito até então tido, no qual o objetivo não era apenas criar uma nova ordem política-econômica, mas recriar o próprio Homem a partir de experimentos ideológicos.
A natureza do Estado totalitário desconhece direita ou esquerda ou comunismo e capitalismo pois para ele estes são apenas meios, que podem ser adotados ou substituídos conforme os interesses do movimento.
A adesão da China ao capitalismo é um exemplo claro disto, sendo que a China é hoje o único Estado potencialmente totalitário que existe (os Estados Unidos da América tem poder suficiente para se tornar totalitários, mas como preserva uma cultura poderosa de negação a estas ideologias, mantém-se, por enquanto e felizmente, longe de ser um risco quanto a esta questão).

Por fim então, a questão sobre se o nazismo é de direita ou esquerda se aplica apenas à sua componente fascista, o que torna o dilema bastante fácil de resolver já que há um consenso simplificador e didático que define fascismo e comunismo como fascismo de esquerda e fascismo de direita.

O fascismo europeu nasce como uma reação ao comunismo, tendo com ele pontos em comum, mas também o objetivo principal de se opor ao comunismo e destruí-lo dentro das sociedades que dominava.
As semelhanças entre eles são, em parte, as semelhanças entre quaiquer ditaduras e as diferenças ideológicas são claras em seus postulados.
Boa parte do apelo fascista era populista e não revolucionário no sentido marxista do termo.
Enquanto o comunismo se baseia na luta de classes, o fascismo defende que todas as classes devem ordeira e obedientemente trabalhar sob as ordens do Estado a serviço da nação.
E mais todas aquelas diferenças que todos conhecem.

É quando comunismo e fascimo evoluem para o totalitarismo que suas semelhanças se tornam decisivas e suas diferenças insignificantes.

A conclusão portanto é que o totalitarismo nazista e comunista não são classificáveis como de direita ou esquerda.
Já o fascismo comunista - como doutrina e ideologia da dominação do Estado - é de esquerda por pregar a destruição da ordem social existente e criação de uma nova.
O fascismo de direita, embora também pregue uma doutrina e ideologia de dominação do Estado, não tenta num primeiro momento destruir e recriar a ordem social, apenas submetê-la ao Estado e direcioná-la aos interesses dele.

O resto, como disse, são paixões ideológicas e vaidades, das quais este tópico se tornou uma amostragem interessante de como estes sentimentos podem embotar a visão objetiva dos fatos.

ANAUÊ Fred!

Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

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FredLC
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Mensagem por FredLC »

Hehehehe. Uma das razões, talvez a mais provável, de eu nunca haver antes realmente me engajado em debates aqui no ReV sempre foi uma questão de atitude; o fórum sempre foi o mais liberal que eu conheço no que tange a permitir uma atitude volátil e apaixonada de contendores, à beira da agressão, antes da interferência do staff. Nada contra, eu apenas, normalmente, prefiro uma atitude geral de cortesia para com os outros. Nada contra, bem entendido, essa apenas... não é muito a minha praia.

Não que eu não saiba me defender. Os membros aqui que se por ventura lembrem de mim da época do defunto fórum da STR hão de recordar que eu já entrei em debates acalorados antes, e que ser acusado de “falar besteira”, ou “ser estúpido”, não são nem de perto o pior que já me dirigiram. Não obstante, Liquid Snake, nem uma única vez eu mudei minha postura de cortesia para com quem eu debatia. A final, não é preciso ser cristão para tratar os outros como se espera ser tratado.

Digo isso, porque vi como o debate estava correndo entre os demais contendores antes da minha intervenção, e espero sinceramente que possamos trocar apenas idéias, e não farpas, doravante. Interprete isto como uma bandeira branca da paz. De acordo?

Sem mais, passo à minha tréplica; se não se importa, inverti sua mensagem apenas por motivos de organização da resposta, cuja ordem funciona melhor assim.

Liquid Snake escreveu:Ainda se você, como o Perseus, for estúpido o bastante para classificar o marxismo como sendo a única forma de comunismo, esquerdismo e afins, não merece nem ao menos minha atenção.


Acho que a melhor forma de abordar este comentário é com um histórico a respeito da dicotomia esquerda/direita na história da humanidade, não concorda?

O choque entre as duas posições teve seu início na época da revolução francesa. Após a ascensão revolucionária, que derrubou a nobreza e instalou a burguesia no poder, surgiram duas classes básicas de controladores dos destinos da revolução, ou “status quo”, se preferir – a alta burguesia, ou girondinos, que tradicionalmente sentavam-se à direita do parlamento, e a baixa burguesia, composta majoritariamente pelos jacobinos e minoritariamente pelos cordeliers, que tinham o apoio das camadas populares.

A partir de tal época, convencionou-se chamar de “direita” toda a forma de representação político/econômica da classe burguesa dominante, e toda a forma de representação popular, de “esquerda”.

O problema com isso é que essa divisão somente era clara como água antes de surgirem novas variações/vertentes da teoria social, que separou a questão sócio-econômica em questões autônomas, uma “social” e uma “econômica”.

A questão social retrata o contraste entre o “liberalismo social” (ou prerrogativas pessoais, como liberdade de religião, liberdade de opinião, liberdade política), cujo expoente máximo seria o “anarquismo”, em contraste com a questão do “autoritarismo social”, ou a existência de controles sobre as opiniões e atitudes dos indivíduos por um grupo apto a forçar comportamentos, cujo expoente máximo seria o “fascismo”.

Por outro lado, a questão econômica trata do “liberalismo empresarial” ou “neo-liberalismo”, ou vertente que trata da prevalência da iniciativa e ganho pessoal nas relações econômicas, que encontra expressão máxima em doutrinas de “libertarismo”, como por exemplo o objetivismo; em contrapartida, teríamos o “comunismo”, em cujo enfoque está o interesse grupal ou social, encontrando-se enfoque máximo no “coletivismo”.

A imperfeição, com a análise classicamente realizada por pessoas que não pararam para analisar essas minúcias, é que elas costumam apresentar uma linha bidimensional, “esquerda/direita”, para enquadrar-se, quando uma representação acurada demanda um quadrante cartesiano, em que todas as referências sensíveis do objeto de estudo sejam colocadas.

Um site que enfoca a questão aqui adotada de maneira clara e objetiva é o Compasso Político. Sinta-se livre para dar uma olhada e, por que não, fazer o teste.

Apenas para guisa de exemplo, poderíamos citar o Nazismo como uma abordagem fascista/libertária (ou direita/direita – mais sobre isso no próximo tópico); já o Stalinismo, enquadrar-se-ia como fascista/coletivista – ou seja, o aspecto comum, e determinante para a confusão deste tópico, é exatamente que, embora antagônicos no aspecto “econômico” do compasso, o stalinismo e o nazismo tem muito em comum no aspecto “social”.

No mais, preciso destacar que não, é claro que não vejo o Marxismo como sinônimo quer de comunismo, quer de esquerdismo, quer de seus afins.

Qualquer um que sabe um mínimo sobre história política sabe perfeitamente que as idéias da dialética material descritas por Karl Marx no das kapital e no manifesto famoso sequer inauguraram o pensamento comunista, que já existia muito antes, embora em vertentes (ainda mais) utópicas.

Se, entretanto, você também tem um conhecimento refinado da disciplina, vai saber que o contrário também é verdadeiro – nem toda comunismo é Marxismo e/ou, principalmente, Stalinismo.

O fato é que o “comunismo marxista” pouco ou nada tem a ver com a experiência socialista da vida real. A adoção de Marx como ícone pelos bolcheviques é uma apropriação tão desarticulada quanto aquela feita pelos nazistas ao justificarem sua política eugênica com Darwin/Mendel, ou sua política racista com Nietzche.

Marx defendia, primeiro, que uma nação precisava ser capitalista bem sucedida antes de ser comunista – momento descrito pelo mesmo como “fase de enriquecimento”, que deveria fazer nascer e crescer a força e consciência da classe média operária. Não foi o que houve na prática, já que o comunismo invariavelmente foi implantado em nações retrógradas e mesmo feudais. Na teoria, de fato, os EUA são o país que mais está próximo do comunismo em toda a humanidade.

Por fim, Marx defendia que a fase socialista (aonde há um estado forte, mas não necessariamente ditatorial) deveria extinguir-se para uma fase de não-estado, esse sim, o comunismo. Assim, embora o comunismo “puro”, ou significado semântico do termo, marque um “zero” na escala social do compasso político, personificando o plano ou dimensão cartesiana X, o “comunismo marxista” é, por excelência, anárquico, o que faz com que ele se distancie, no plano social, do Stalinismo – que era, por excelência, autoritário –tanto quanto o Stalinismo e o Nazismo se distanciam no plano econômico.

Liquid Snake escreveu:Não existe UMA passagem no Mein Kampf onde Hitler condena o comunismo. Se deseja insistir nessa besteira, POSTE AQUI O TRECHO.


Bom, antes de eu postar trechos, se incomoda se eu fizer algumas observações necessárias?

Muitas pessoas acreditam que o Nazismo era de esquerda pois, quando dão prevalência ao aspecto estritamente econômico pensam que alguns dos confiscos realizados – bem como o uso da nomeclatura “nacional-socialista” – dão indícios de uma oposição tendente à oposição aos grupos econômicos estabelecidos (no aspecto social, o autoritarismo deixa poucas dúvidas a serem dirimidas).

Nada mais errado. Confiscos realizados pelos Nazistas tinham caractere exclusivamente racial. Uma vez obtidos bens/valores dos indesejáveis, eles não se tornavam “públicos”, mas sim, eram instantaneamente endereçados aos übbermensch germanos, para uso privado e pessoal. Quem não lembra, nos inúmeros filmes sobre o nazismo, de alemães entrando em casas de judeus e os informando que eles “não moravam mais lá”? Nenhuma delas virou residência coletiva – elas sempre eram transformadas em nova propriedade privada.

Embora os Nazistas fizessem uso de incentivos fiscais para apontar a produção para fins de seu interesse – afinal, o “Estatismo” era uma característica Nazista, de inspiração Fascista – isso não tinha uma caráter de dirigismo, pois, em última análise, era uma decisão financeira das empresas acolher ou não os incentivos. Se elas preferissem, poderiam manter-se alheias ao Estado – elas só não o faziam com freqüência porque não era vantajoso. Em última análise, as corporações estabelecidas, diferente do que houve no Stalinismo, não foram abolidas – ao contrário, elas mantinham relações próximas ao Estado e lhes serviam de suporte, enquanto mantinham autonomia administrativa e domínio sobre todos os seus bens (ligação que causa embaraço, até hoje, para algumas corporações da época, como é o caso da Siemens, que recebeu severas críticas ao anunciar pretender lançar um celular chamado Zyclon (ciclone) – nome do gás de extermínio dos campos de concentração).

Assim, chamar os Nazistas de “esquerdistas” por isso permitiria, por óbvio, que se passasse o mesmo julgamento na Europa de hoje, por seus incentivos agrícolas, ou aos EUA, por sua proteção à indústria siderúrgica, por exemplo.

Claro que, por outro lado, chamar o “Nazismo” de “Capitalista” seria igualmente equívoco. Ele tinha algumas características comuns ao Capitalismo (como a propriedade privada e a livre iniciativa), mas até aí, também o tinha com a economia romana (economia de guerra) e com a social-democracia (interferência pública em questões sociais). Sem embargo, Hitler odiava o capitalismo tanto quanto odiava o comunismo, e, mais uma vez, tanto com razões certas quanto com um número muito maior de razões erradas – sendo certo, desde logo, que libertarismo econômico e capitalismo não são a mesma coisa, sendo o próprio nazi-fascismo (e podemos também citar as ditaduras sul-americanas) prova cabal de que economia livre pode perfeitamente conviver com repressão política.

Pois bem, Hitler, em uma posição ambígua e incongruente, considerava os judeus desprezíveis por serem especuladores milionários que queriam sugar as riquezas das nações. Emblemático da utilização de tal propaganda é o fato de que, durante o regime nazista, a peça “O Mercador de Veneza”, de Shakespeare – que retrata um odioso usurário judeu querendo exigir a morte de um cristão em razão de uma dívida financeira – foi a peça mais encenada no Reich.

Ao mesmo tempo, considerava que os ideais da Social-democracia (ou socialismo), por pregarem a abolição de valores clássicos, como a família, a religião, e (principalmente) o Estado em prol de uma vivência harmônica entre classes, era um “plano judaico internacional para minar a Alemanha e fazê-la cair nas mãos dos usurários judeus”.

A patente incongruência era considerar os judeus, ao mesmo tempo, capitalistas ávidos e conspiradores comunistas. Finalmente falando, a conclusão do Führer é que o comunismo/socialismo era uma fraude – apenas um esquema para empobrecer as nações nobres e transferir a riqueza para o judaísmo. A acusação contraditória o permitia apelar aos sentimentos das classes alemãs mais humildes e para as mais abastadas, conforme lhe fosse conveniente no momento.

O desprezo dele pelo capitalismo como por nós concebido tem também uma razão mais utópica; Hitler acreditava em “cavalheirismo”, no sentido de fidalguia – e media o valor humano pela abnegação, compromisso com a pátria e destreza em combate. Para ele, a ascensão meramente econômica era desprezível, pois fazia homens de valor intrínseco inferior pretenderem sentar-se em plano de igualdade com grandes realizadores (principalmente homens públicos, generais e estadistas).

Feitos estes comentários necessários, passemos à citação do “Mein Kampf”, conforme requerido pelo bom “Liquid Snake”.

De plano, esclareço que Esta é a minha impressão do livro, feita pela editora Centauro e publicado em Abril de 2001.

Para diferenciar do resto do texto, usarei a cor verde para o conteúdo do livro. Peço atenção para os trechos em que eu puser também o sublinhado para destacar trechos nodais da mensagem no que tange a nossa controvérsia.

Vou marcar, também, com asteriscos (*) trechos que receberão comentário meu.

Tomo I, capítulo VIII (Começo de Minha Atividade Política), pgs. 140/141:

(...)

Os fatos mais tarde vieram demonstrar quão certo era o nosso pressentimento de então. Hoje em dia, não somos mais ridicularizados pelos idiotas de nossa política burguesa; hoje em dia, mesmo esses, desde que não sejam mentirosos conscientes, reconhecem que o capital internacional (*) não só foi o maior instigador da guerra(**), como mesmo, após a luta, continua a transformar a paz num inferno.

(...)

Comecei a aprender e compreender, só agora, o sentido e a finalidade da obra do judeu Karl Marx. Só agora compreendi bem seu livro – O Capital – assim como a luta da Social Democracia contra a economia nacional, luta essa que tem em mira preparar o terreno para o domínio da verdadeira alta finança internacional (***).


(*) – Hitler, como aliás era comum na época (e até hoje), principalmente em razão da existência de capital de judeus em bancos internacionais, acreditava que o “capital internacional” compunha uma conspiração judaica para dominar o mundo – tema recorrente dos neo-nazistas – e tinha ojeriza por qualquer coisa que transpusesse barreiras nacionais;

(**) – Primeira Guerra Mundial;

(***) – Aqui, Hitler torna bem claro o que ele entende por “finanças internacionais”; um esquema conspiratório para minar a identidade do povo alemão e torna-lo submisso a forças estrangeiras sob domínio judaico.


Tomo I, Capítulo X (Causas Primárias do Colapso), pgs. 155:

Não era nada convidativo aos verdadeiros heróis e aos estadistas serem colocados no mesmo plano que os judeus dos bancos. Os homens de merecimento real não podiam ter interesse em possuir condecorações facilmente adquiridas (*). Ao contrário, evitavam-nas.

Sob o ponto de vista racial, esse fato (**) era de conseqüências deploráveis. A nobreza perdia cada vez mais a razão racial de sua existência e, na sua grande maioria, podia-se com propriedade dar-lhe o qualitativo contrário.

Um sintoma individual da ruína econômica foi a lenta eliminação do direito de propriedade individual e a passagem gradual da economia do povo para a propriedade das sociedades de ações.(***)

(...)

Antes da guerra, a internacionalização dos negócios alemães já estava em andamento, sob o disfarce de sociedades por ações. É verdade que uma parte da indústria alemã fez uma decidida tentativa para evitar o perigo, mas, por fim, foi vencida por uma investida combinada do capitalismo ambicioso, auxiliado por seus aliados do movimento marxista.

A guerra persistente contra as indústrias pesadas da Alemanha foi o ponto de partida visível da internacionalização que se processava com a ajuda do marxismo. E o único meio de completar a obra era assegurar a vitória do marxismo por meio da revolução.


(*) – Mais um evidente indício da visão de Hitler do ganho pelo mérito pessoal e individual, o que é um contra-senso com o coletivismo, aonde se ganha não pelos méritos, mas “de acordo com as necessidades”;

(**) – o “fato” em questão é a inserção de capitral internacional (judaico) na indústria alemã, garantindo aos “inferiores” lugares destacados na sociedade;

(***) – Por “sociedades de ações”, leia-se, novamente, capital internacional, ou “conspiração judaica”. Veja o parágrafo posterior, e a evidente contradição que eu destaquei (capitalistas e marxistas aliados contra a indústria Alemã).

Tomo II, Capítulo IV (Personalidade e concepção do Estado Nacional), pgs. 275:

Seria loucura querer medir o valor dos homens pela raça, e, ao mesmo tempo, declarar guerra ao princípio marxista segundo o qual * um homem é sempre igual ao outro *, se não estivermos resolvidos a tirar daquele axioma todas as conseqüências.

(…)

Quem quer que hoje acredite que um Estado nacional-socialista-racista pode diferenciar-se dos outros Estados, com a aplicação de meios puramente mecânicos, pela melhoria da vida econômica, etc., isto é, por uma melhor distribuição da riqueza, por um maior controle no processo econômico, por salários mais compensadores, pelo combate às grandes desproporções dos mesmos, quem assim pensar, repetimos, encontrar-se-á em um absoluto impasse, e provará não ter a mais leve idéia do que entendemos por ser uma verdadeira concepção do mundo.

(…)

Quem acredita em uma evolução mais elevada da vida deve admitir que todas as manifestações dessa luta pela existência devem ter tido um começo. Em dado momento, um indivíduo praticou uma determinada ação. Por força da repetição, esse fato foi se tornando cada vez mais geral até, de certo modo, passar para o subconsciente dos indivíduos e tornar-se instintivo.

Isso se compreenderá mais facilmente em relação aos homens. Seus primeiros atos de inteligência na luta contra os outros animais foram, com certeza, na sua origem, atos praticados pelos indivíduos mais capazes. As qualidades pessoais foram, incontestavelmente, o estímulo para todas as decisões e realizações (...)

Uma coletividade humana só é bem organizada quando facilita, por todos os modos possíveis, o trabalho desses elementos criadores e utiliza-os em benefício da humanidade.

(...)

A administração do Estado e o poder das nações representado pela sua capacidade guerreira são dominados pelo princípio do valor pessoal. Nesse setor domina a idéia da personalidade, a autoridade desta em relação aos que estão embaixo e a responsabilidade dos que estão em cima.

(…)

Se o movimento nacional-socialista não compreendesse a importância fundamental dessa verdade, mas, ao contrário, em vez disso, procurasse pôr remendos ao estado atual e visse no ponto de vista das massas um ponto de vista seu próprio, transformar-se-ia em um partido de concorrência ao marxismo. Não teria, então, o direito de falar em uma nova doutrina.


Bem, “Liquid Snake”, acredito que estas citações são enfáticas e conclusivas a respeito do efetivo ponto de vista do nazismo em relação a seu horror ao comunismo e sua perspectiva econômica liberal.

Você tem alguma oposição a respeito que gostaria de partilhar?

T+ :emoticon1:.

Edit: Tive de substituir o negrito por isublinhado nas citações, pois os negritos não apareciam.

Edit2: ACHO que eliminei todos os erros de digitação...
Editado pela última vez por FredLC em 04 Dez 2005, 15:04, em um total de 7 vezes.

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FredLC
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Re: Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por FredLC »

Ao Acauan:

Bom, Acauan, de fato, essa discussão pouco tem a ver com o tópico... mas eu a enxerguei como uma oportunidade de ouro de abater algumas falsas concepções muito comuns.

Você vai ver, no meu post acima, que eu não cometo o pecado de julgar quer os capitalistas, quer os socialistas, como "pais" do nazismo, o que para mim é diferente o bastante para ser autônomo.

Curiosamente, nós dois escrevemos, ao mesmo tempo, sobre a diferença entre "direita e esquerda" no aspecto social e econômico. espero que esta dupla confirmação ajude a derrubar defesas sobre convicções pré-concebidas.

Não obstante, a posição autoritária e economicamente liberal do Nazismo é fato histórico e objetivo e, portanto, um fato que eu posso contrastar independentemente de paixões - como circunstância, e não como opinião.

T+ :emoticon1:,

Leo
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Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por Leo »

Interessante, FredLC. :emoticon45:

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Samael
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Re: Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por Samael »

Liquid Snake escreveu:
Perseus escreveu:Vai ser duro ter de levantar da cadeira para pegar o Mein Kampf na estante e copiar trechos sobre o que Hitler pensava sobre a turma de esquerda Alemã...


Interessante o "raciocínio". Então Stálin, por perseguir e assassinar opositores esquerdistas (como Trotsky), deixou de ser de esquerda?

Realmente não esperava que os representantes da esquerda aqui do forum fossem tão primários.


Quanta rotulação barata e preconceito...

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Samael
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Mensagem por Samael »

o anátema escreveu:
Poindexter escreveu:
o pensador escreveu:Toda a discussâo está pautada no debate acerca da validade dos meios a serem empregados para alcançar uma mesma gama de finalidades:Uma igualitária distribuiçâo sócio-econômica,
disseminaçâo universal de um elevado grau de qualidade de vida e acesso universal aos mesmos direitos e recursos básicos.


Alto lá! "Igualitária distribuição sócio-econômica" de jeito nenhum! Viva o Capitalismo!


E o capitalismo necessariamente inclui desigualdade da distribuição sócio-econômica, ao menos nesses níveis mais extremos?


Para mim, até que se prove o contrário, o capitalismo precisa destes extremos...

Você crê que o mundo inteiro poderia viver como uma Escandinávia? Eu não...

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Samael
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Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por Samael »

É incrível que, depois de ler tanta m* acumulada, eu possa chegar nesta página e ler uma discussão do nível da que o Fred e o Acauan estão travando.

Muito bom.

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Poindexter
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Re: Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por Poindexter »

Samael escreveu:É incrível que, depois de ler tanta m* acumulada, eu possa chegar nesta página e ler uma discussão do nível da que o Fred e o Acauan estão travando.

Muito bom.


Depois as pessoas não entendem porque boas discussões como esta entre o Fred e o Acauan acabam não durando muito e os tópicos acabam retornando para o baixo nível...
Si Pelé es rey, Maradona es D10S.

Ciertas cosas no tienen precio.

¿Dónde está el Hexa?

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o anátema
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Mensagem por o anátema »

Samael escreveu:Para mim, até que se prove o contrário, o capitalismo precisa destes extremos...

Você crê que o mundo inteiro poderia viver como uma Escandinávia? Eu não...

.... eu acho.... e apenas acho..... que esses níveis extremos tem mais a ver com pontos de partida já desiguais do que com o capitalismo em si.

Então a causa desse nível de desigualdade é mais histórica do que um produto necessário do capitalismo.

Mas não sei se o capitalismo puro e simples conseguiria melhorar as condições de quem está na pior..... fazê-los ter meios de criar/concentrar riqueza....... acho que a tendência seria mais ou menos uma inércia mesmo, não sei qual seria a solução

.... mas o ponto inicial era que, se não houvesse desigualdade desde o início, duvido muito que o capitalismo tenderia a esses picos extremos.....
Sem tempo nem paciência para isso.

Site com explicações para 99,9999% de todas as mentiras, desinformações e deturpações criacionistas:

www.talkorigins.org
Todos os tipos de criacionismos, Terra jovem, velha, de fundamentalistas cristãos, islâmicos e outros.

Série de textos sugerida: 29+ evicences for macroevolution

Índice com praticamente todas as asneiras que os criacionistas sempre repetem e breves correções

Leo
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Mensagem por Leo »

o anátema escreveu:.... eu acho.... e apenas acho..... que esses níveis extremos tem mais a ver com pontos de partida já desiguais do que com o capitalismo em si.

Então a causa desse nível de desigualdade é mais histórica do que um produto necessário do capitalismo.

Mas não sei se o capitalismo puro e simples conseguiria melhorar as condições de quem está na pior..... fazê-los ter meios de criar/concentrar riqueza....... acho que a tendência seria mais ou menos uma inércia mesmo, não sei qual seria a solução

.... mas o ponto inicial era que, se não houvesse desigualdade desde o início, duvido muito que o capitalismo tenderia a esses picos extremos.....


Você disse uma coisa certa. Uma das causas capitais da desigualdade são os pontos de partida desiguais, é por isso que deve-se ter cautela ao utilizar termos como "países subdesenvolvidos", pois isso não existe, o que ocorre na verdade são níveis desiguais de desenvolvimento.

E outra coisa, quando o Sama disse que o capitalismo precisa desses extremos, ele não se referiu à fase inicial, mas sim que atualmente ele necessita disso para se reproduzir.

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FredLC
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Re: Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por FredLC »

Poindexter escreveu:
Samael escreveu:É incrível que, depois de ler tanta m* acumulada, eu possa chegar nesta página e ler uma discussão do nível da que o Fred e o Acauan estão travando.

Muito bom.


Depois as pessoas não entendem porque boas discussões como esta entre o Fred e o Acauan acabam não durando muito e os tópicos acabam retornando para o baixo nível...


Bom, para ser absolutamente correto, minha discussão até agora não foi com o Acauan... eu até acho que o nacionalismo tinha no Nazismo um papel mais central do que ele atribui, mas nenhum de nós entrou nesse mérito.

Minha discussão até agora foi com o "Liquid Snake"...

T+ :emoticon1:.

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Acauan
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Re: Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por Acauan »

FredLC escreveu:Bom, para ser absolutamente correto, minha discussão até agora não foi com o Acauan... eu até acho que o nacionalismo tinha no Nazismo um papel mais central do que ele atribui, mas nenhum de nós entrou nesse mérito.


Fred,

Destaco que minhas considerações sobre o nazismo se referem em geral ao seu período genuinamente totalitário, que se inicia junto com a guerra em 1939.
Da tomada do poder em 1933 até 1939, as características predominantes do nazismo foram as originárias do fascismo, quase uma cópia do modelo italiano de Mussolini.
Nesta etapa o nacionalismo é fator preponderante para o regime, inclusive para alimentar os sentimentos revanchistas que sustentavam o apoio popular à guerra, que era o grande objetivo de Hitler.

Só que a guerra era desejada justamente por ser o ambiente no qual a natureza totalitária do nazismo poderia se expressar plenamente.
Uma vez manifestada esta natureza, que é a essência do nazismo, o fator nacionalismo perde importância (não totalmente, claro) uma vez que o Reich Milenar era uma entidade supra-nacional, fundamentada na idéia de raça, na ideologia e ambições de abrangência global, no qual aspectos nacionalistas se tornavam secundários.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
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FredLC
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Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por FredLC »

Claro, ok, então você está pensando no fator de motivação do nacionalismo - este não seria central pois, embora ultra-utilizado, seria derivado?

Pode ser. Mas se esse era o caractere do regime, não sei bem se era o do indivíduo "Hitler".

A história que ele narra no Mein Kampf mostra um amor incondicionado pela Alemanha e pela "Nação Germânica"... um orgulho desmedido pelas glórias passadas, uma irritação com as dificuldades do então presente, e, principalmente, um condicionamento das demais idéias a esse amor - no sentido de que Hitler odiava os judeus porque eles "ameaçavam a Alemanha"... e o mesmo vale para o comunismo e, em escala menor, o capitalismo. Mesmo a necessidade de tomar o poder de forma absoluta era com o objetivo de expurgar os elementos deletérios do germanismo, e não o poder em si (o que, concordo de antemão, é a desculpa de todo ditador, em um grau ou outro).

Destaco, ainda, que a concepção de "nação" de Hitler não era muito territorial, no espaço *físico* alemão, mas sim no conceito racial. Tanto que uma de suas bandeiras era o 'espaço vital", ou a necessidade de expandir-se até um tamanho em que os germanos pudessem exercer seu potencial (uma forma tardia de *colonialismo*, muito influenciada pela expansão norte-americana, pois Hitler considerava o modelo de colônias falido e querie território na Europa - sendo esse um dos principais motivos para a operação Barbarossa).

Outra coisa é a defesa curiosa que ele faz do totalitarismo. Basicamente, argumenta que a democracia é um conceito falho por dois motivos - o primeiro, porque não se pode confiar nas massas em eleições, pois elas são manipuláveis; o segundo, porque segundo ele, os indivíduos excepcionais deveriam ascender ao poder por méritos próprios, em função de sua própria aptidão, e não por mandato de massas. Hitler exemplifica especificamente que as massas jamais compreenderiam - e portando elegeriam - alguém brilhante como Bismark - e que poder-se-ia ter certeza, elas escolheriam algum biltre com discurso fácil e simpatia.

Me parece que o totalitarismo dele, embora fosse um desserviço e uma auto-promoção (óbvio que ele se considerava um excepcional que não precisava de mandato de ninguém para ser o Führer), era sincero - ele realmente acreditava nessa besteira. Uma pequena elite arbitrária, da qual ele supunha fazer parte...

Fique claro, entretanto, que tanto uma quanto outra eram doutrinas arbitrárias e cheias de intersecções, de forma que separar o nacionalismo e o totalitarismo é um pouco difícil.

T+ :emoticon1:.

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Acauan
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Re.: O que é nazismo e o que não é

Mensagem por Acauan »

Precisamos lembrar sempre que citamos Mein Kampf que aquela obra refletia apenas em parte o pensamento de Hitler, já que um de seus objetivos era servir como instrumento de propaganda do nazismo, razão pela qual muito do que Hitler realmente pensava tinha que ser omitido ou diluído de modo a mobilizar o público alemão a favor da causa.

Se Hitler esboçasse desprezo pelo nacionalismo alemão, se opondo ao sentimento dominante na época em que ditou o livro, certamente seria recebido com hostilidade.
Como o futuro führer não ligava a mínima para mentir ao povo sempre que isto auxiliava seus interesses, é preciso sempre filtrar entre o amontoado de bobagens do Mein Kampf aquelas que eram bobagen sinceras e as que eram apenas bobagens oportunistas.

A própria idéia que Hitler tinha dos judeus era um tanto diferente da que divulgava. Ele via os judeus antes como rivais da "raça ariana" rumo ao domínio mundial do que como os sub-humanos que a propaganda de Goebbels queria fazer crer que fossem.
Isto é bastante lógico. Se os judeus eram seres inferiores, como poderiam concentrar tanto poder a ponto de ser considerados líderes de uma conspiração visando o domínio do mundo?

Uma limitação na análise do pensamento Hitlerista é focá-lo por seus aspectos políticos, enquanto aquele maluco tinha motivações tão malucas quanto ele próprio e, por isto mesmo, muito mais complexas.
Peter Cohen, em seu documentário Arquitetura da Destruição, faz uma brilhante defesa da tese de que o senso estético era uma das grandes motivações dos nazistas. O nazismo era um movimento para trazer beleza ao mundo.
Isto não fica claro em Mein Kampf.
Da mesma forma não ficam claras as obsessões místicas e mesmo o limitado senso de realidade de Hitler, cujo autor favorito era Karl May, uma espécie de Julio Verne, só que alemão e pior, com quem o ditador dizia ter aprendido que não era preciso ter experimentado algo para conhece-lo (Karl May escreveu livros sobre lugares onde nunca esteve e Hitler achava as descrições perfeitas, mesmo nunca tendo estado lá também...)

Por tudo isto, não há contradição em que o nazismo desprezasse o nacionalismo ao mesmo tempo que o tinha como uma de suas principais bandeiras.
Em um regime edificado sobre a loucura, a contradição é a argamassa.
Nós, Índios.

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o pensador
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Mensagem por o pensador »

Poindexter escreveu:
o pensador escreveu:Toda a discussâo está pautada no debate acerca da validade dos meios a serem empregados para alcançar uma mesma gama de finalidades:Uma igualitária distribuiçâo sócio-econômica,
disseminaçâo universal de um elevado grau de qualidade de vida e acesso universal aos mesmos direitos e recursos básicos.


Alto lá! "Igualitária distribuição sócio-econômica" de jeito nenhum! Viva o Capitalismo!


Se for para nivelar por cima,tudo bem.Nâo sei por qual motivo o Capitalismo tem de ser um sistema que nivela uma classe social na miséria e outra no mais puro afâ da riqueza.Porque,como já foi dito,nâo há uma distribuiçâo mais justa de riquezas,ainda que necessariamente desigual?A distribuiçâo de riquezas deve ser,antes de tudo,justa e humana.

Trancado