Tropas etíopes derrubam cortes islâmicas na Somália

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Tropas etíopes derrubam cortes islâmicas na Somália

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Cortes Islâmicas deixam Mogadíscio, que se transforma em cidade sem lei

Agência EFE

Abukar Albadri Mogadíscio, 28 dez (EFE).- Horas depois de os combatentes islâmicos da Somália abandonarem a capital, Mogadíscio se transformou em uma cidade sem lei, com os milicianos dos "senhores da guerra" nas ruas para recuperar o poder que perderam há seis meses.

Quatro dias depois de a Etiópia lançar por terra e por ar uma ofensiva contra os milicianos islâmicos somalis, Mogadíscio, o principal reduto das Cortes Islâmicas, foi abandonada pelos combatentes a partir da meia-noite (hora local).

A decisão foi adotada apesar de as Cortes Islâmicas terem preparado a população para uma longa batalha em defesa da cidade, que inclui um chamado à participação de estrangeiros.

Em declarações à rede de televisão "Al Jazira", o principal líder islâmico, Sharif Sheikh Ahmad, disse que a retirada de Mogadíscio foi uma "tática".

"Evacuamos todos os dirigentes e os elementos que trabalhavam para as Cortes para lugares que só nós conhecemos", disse o xeque Ahmad, chefe do Conselho Executivo das Cortes.

O presidente do Conselho Executivo das Cortes Islâmicas disse ainda que o grupo decidiu abandonar a cidade para evitar que fosse destruída pelas tropas governamentais e pelos soldados etíopes, posicionados a poucos quilômetros da capital.

Em pouco tempo o controle da cidade começou a ser recuperado pelos milicianos a serviço dos "senhores da guerra" leais ao Governo de transição, os mesmos que foram desalojados de Mogadíscio no início de junho.

O ruído dos tiros pôde ser ouvido em todos os pontos de Mogadíscio e os centros oficiais e as casas que eram administradas pelas Cortes Islâmicas foram saqueadas.

Ao menos quatro pessoas morreram nesta madrugada no distrito de Hurwa quando os distúrbios começaram, momentos após o anúncio de que os milicianos islâmicos abandonariam a cidade.

O porta-voz do Governo de transição, Abdurahman Dinari, disse à Efe que as forças aliadas prevêem chegar a Mogadíscio nas próximas horas para tomar o controle da cidade.

"Fazemos um chamado aos habitantes de Mogadíscio para que dêem as boas-vindas às nossas forças. Tomaremos o controle da cidade e restabeleceremos a segurança e a ordem", acrescentou o porta-voz.

Enquanto isso, o comércio permanece fechado, e, como é costume nessas situações, os preços dos alimentos aumentaram, assim como o temor dos habitantes de Mogadíscio sobre o futuro da cidade.

"Eu me somei à nova paz, e agora estou preocupado com o tratamento que os 'senhores da guerra' e suas milícias" nos darão, disse à Efe o comerciante Cabdunasir Doli.

Mogadíscio caiu em poder dos milicianos islâmicos no início de junho, em meio aos combates com os "senhores da guerra" para controlar a cidade e outras regiões do país.

Desde 1991, quando foi derrubado o ditador Mohammed Siad Barre, a Somália foi palco de lutas pelo poder entre os "senhores da guerra", às quais os milicianos islâmicos se uniram no início do ano.

Houve duas tentativas de instalar Governos provisórios, mas nenhum dele conseguiu impor sua autoridade no país.

Até a semana passada, os milicianos islâmicos controlavam Mogadíscio e amplas áreas do centro e sul do país, e o Governo de transição acabou isolado na cidade de Baidoa, 245 quilômetros a noroeste de Mogadíscio.

Tudo mudou com a ofensiva lançada pela Etiópia, país que apóia o Governo de transição e teme que as Cortes Islâmicas ameacem sua soberania.

Importantes edificações islâmicas foram atacadas pelos etíopes, assim como o aeroporto internacional de Mogadíscio, que foi bombardeado na segunda-feira passada.

A Etiópia lançou a ofensiva diante do avanço islâmico no país vizinho e para evitar infiltrações, especialmente no leste etíope, que tem forte presença muçulmana.

As forças etíopes estão nos arredores de Mogadíscio à espera de ordens de seu Governo. No entanto, tropas do Governo de transição somali já podiam ser vistas nesta manhã avançando em alguns bairros da capital.

Por enquanto, o porto e o aeroporto de Mogadíscio ficaram em poder dos milicianos dos "senhores da guerra".

A mudança na cidade se nota até na aparência dos habitantes: muitos homens já tiraram as longas barbas e saíram às ruas sem o turbante, sinais que poderiam identificá-los como seguidores dos islâmicos.
"Noite escura agora é manhã..."

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