
Bush gostaria de execução 'mais digna' para Saddam
Em seu primeiro comentário sobre o polêmico enforcamento de Saddam Hussein, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse nesta quinta-feira que gostaria que a execução do ex-líder iraquiano tivesse sido mais digna. Bush afirmou, no entanto, que a Justiça foi feita.
"Eu gostaria, obviamente, que os procedimentos tivessem ocorrido de uma maneira mais digna", disse Bush, depois de um encontro com a chanceler alemã Angela Merkel, em Washington.
"Mas minha opinião pessoal é a de que Saddam Hussein recebeu um julgamento que ele se recusou a oferecer às milhares de pessoas que matou", afirmou.
Até então, a Casa Branca havia se mostrado relutante em comentar a morte de Saddam.
No início do dia, Bush teve uma teleconferência com o primeiro-ministro iraquiano, Nouri Maliki, e disse que vai fazer um discurso sobre a nova estratégia para o Iraque na próxima semana.
"Investigação detalhada"
Bush disse que espera uma "investigação detalhada" sobre a maneira como a execução ocorreu.
O ex-presidente iraquiano foi executado no último sábado, em Bagdá. Um vídeo não-oficial divulgado um dia depois revelou que Saddam trocou ofensas com pessoas presentes à execução.
A divulgação das imagens, aparentemente feitas de um telefone celular, aumentou a polêmica em torno das circunstâncias da execução do ex-líder iraquiano.
Na quarta-feira, o governo do Iraque havia iniciado uma investigação sobre a troca de ofensas entre o ex-presidente e pessoas presentes ao local da execução e também sobre a origem do vídeo não-oficial.
Segundo o deputado iraquiano Sami al-Askari, dois guardas empregados pelo Ministério da Justiça, responsável pelo veredicto e pelo cumprimento das sentenças, estão sendo interrogados sobre o episódio.
“O número de pessoas que tinham telefones celulares foi identificado. Há uma ordem de prisão contra dois dos guardas que tomaram parte na execução do ditador Saddam. Eles estão sendo interrogados”, disse.
O assessor de segurança nacional do Iraque, Mowaffaw al-Rubaie, disse à BBC que o episódio deixou lições e que as futuras execuções serão feitas de maneira diferente.
Novas execuções
A polêmica em torno da morte de Saddam aumenta a pressão internacional para que os outros dois réus condenados à morte no mesmo julgamento do ex-presidente iraquiano não sejam executados.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, e a alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Louise Arbour, já fizeram apelos para que o Iraque não execute os dois condenados.
No entanto, o deputado iraquiano Sami al-Askari disse à BBC nesta quinta-feira que a pressão internacional não impedirá o cumprimento da sentença.
Segundo Askari, a lei iraquiana não permite que a pena de morte seja revista, nem mesmo pelo presidente do país.
Nenhuma data ainda foi confirmada para a execução do ex-chefe do serviço de inteligência iraquiano Barzan Ibrahim al-Tikriti, meio-irmão de Saddam, e do ex-chefe da Corte Revolucionária do Iraque Awad Hamed al-Bandar.
Mas acredita-se que os dois poderiam ser enforcados a qualquer momento a partir desta quinta-feira, quando terminou o festival religioso muçulmano do Eid al-Adha.
Os três réus foram condenados à morte por um tribunal iraquiano no dia 5 de novembro, devido à participação no assassinato de 148 pessoas, a maioria xiitas, na cidade de Dujail, em 1982.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... h_ac.shtml