Ideologia Liberal

Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.

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betossantana
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Mensagem por betossantana »

Acauan escreveu:1. O fator econômico é preponderante sobre todos os demais que influenciam as relações sociais;


Eu entendi que a liberdade econômica é considerada pelo liberalismo como o mais importante dos direitos, segundo o Cabeção, sem o qual não existem os outros. Então porque essa premissa é socialista, e não liberalista?
É um problema espiritual, chupe pau!

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Edson Jr
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Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Edson Jr »

Pelo que estou lendo até aqui, percebo que minhas posições quanto à visão liberal foram inteiramente equivocadas.
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

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zencem
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Re: Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por zencem »

Edson Jr escreveu:Pelo que estou lendo até aqui, percebo que minhas posições quanto à visão liberal foram inteiramente equivocadas.

Isso mostra como se repete o mesmo requisito, em todos os aspectos da atividade humana,
sejam eles científicos, filosóficos, políticos, econômicos, ou mesmo religiosos:

A inteligência.

Esta só funciona bem com os príncípios de liberdade e de verdade.

Não adianta apelar pra invenção: Tudo é resultado de um processo de causa e efeito. :emoticon6:


Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

- "Conhece-te a ti mesmo;
O 'Eu' é o caminho (da sabedoria)".


500 anos depois, um cara estragou tudo, tascando essa, num gesto de egolatria e auto-contemplação patológica:

- "EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA".

Deu no que deu !!! ... :emoticon147:


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Edson Jr
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Re: Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Edson Jr »

zencem escreveu:A inteligência.

Esta só funciona bem com os príncípios de liberdade e de verdade.


Isso é pura verdade!

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Edson Jr
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Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Edson Jr »

Acauan é um gênio!

Ele está correto!
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

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Acauan
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Mensagem por Acauan »

betossantana escreveu:
Acauan escreveu:1. O fator econômico é preponderante sobre todos os demais que influenciam as relações sociais;

Eu entendi que a liberdade econômica é considerada pelo liberalismo como o mais importante dos direitos, segundo o Cabeção, sem o qual não existem os outros. Então porque essa premissa é socialista, e não liberalista?


Por uma diferença crucial.
Liberdade econômica é um atributo do indivíduo.
Para que exista a liberdade é imprescindível que exista o Homem livre, a quem o Liberalismo considera o verdadeiro sujeito da História e da Economia.
A liberdade econômica, neste contexto, é a submissão dos poderes políticos instituídos à premissa de que todo Homem tem o direito de dar o destino que quiser ao fruto de seu trabalho, desde que tal destino não viole o direito de seus semelhantes.
Inclui-se neste direito a liberdade de deixar seus bens como herança, para sua descendência ou outros de sua escolha.
Fica claro que quando a liberdade econômica é suprimida, rouba-se do indivíduo o direito de decidir os rumos de sua própria vida e assim restringe-se ou suprime-se a liberdade individual como um todo.

Note que toda a lógica do Liberalismo sempre se inicia e termina no Indivíduo, gente de carne e osso, como eu e você, que vive, trabalha, produz e quer ser feliz como resultado final de suas escolhas, sendo a Economia e a própria História apenas o resultado das interações entre estes indivíduos.

No Marxismo a História e a Economia são sujeitos em si mesmos.
Em última instância são estes dois agentes que determinam as ações dos indivíduos e não o contrário.
Assim, questões como liberdade, direito e felicidade individual seriam irrelevantes, pois indivíduos seriam impotentes para se opor à dinâmica da forças de produção que formatariam as estruturas sociais e gerariam a luta de classes como motor da História.

A verdadeira liberdade, direito e felicidade para o Marxismo só seriam possíveis quando a luta de classes produzisse a sociedade sem classes, que seria a forma mais avançada de organização das forças de produção, fazendo-as culminar na harmonia plena da máxima eficiência econômica com o mais justo sistema de distribuição, criando um mundo onde todos teriam suas necessidades materiais igualmente atendidas, com as causas dos conflitos humanos sendo eliminadas pela preponderância de uma identidade social mais elevada que a identidade individual, sendo que esta se tornaria obsoleta naquele admirável mundo novo.

O fator econômico seria, portanto, preponderante no Marxismo não como um atributo do Indivíduo, como o é no Liberalismo, mas como uma entidade com existência em si mesma, que se sobrepõe ao indivíduo e determina seu destino, acima e além da vontade deste.

Que cada um compare e tire suas conclusões.

Para mim a proposta Marxista muito resumida acima é tão estúpida que chega a ser risível. Ou seria, se a História não a mostrasse tão trágica.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
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King In Crimson
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Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por King In Crimson »

O que seria de Jean-François Champollion, grande filólogo e egiptólogo, que muito contribuiu para o deciframento da escrita hieroglífica, se ele tivesse sido ensinado de acordo com a sua realidade social (a turbulência do Grande Terror na França)?

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Edson Jr
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Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Edson Jr »

Acauan;

Poderia me dizer quais os principais ingredientes que impedem o Brasil de crescer economicamente.

Tipo assim: O Brasil pode melhorar sendo basicamente um país exportador de matéria-prima (que é um produto mais barato)? Ou precisa necessariamente evoluir para um país que exporte quase que exclusivamente produtos industrializados? Ou o ideal seria conciliar as duas coisas: produzindo com eficiência matéria prima e produtos industrializados?

Se o nosso país se desenvolvesse no setor de produção de produtos industrializados, poderia estar em vantagens com relação à muitos outros países? Ora, o nosso país parece ter uma excelente vocação a nível de matéria-prima e, somado à produção de produtos industrializados, seria ainda mais forte? Ou uma coisa precisa anular necessariamente a outra?

Qual seria a receita para o nosso país crescer?

Tenha paciência comigo, guerreiro, pois imagino que minhas perguntas sejam bem básicas mesmo!

Anauê!

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Aranha
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Re: Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Aranha »

Edson Jr escreveu:Acauan;

Poderia me dizer quais os principais ingredientes que impedem o Brasil de crescer economicamente.

Tipo assim: O Brasil pode melhorar sendo basicamente um país exportador de matéria-prima (que é um produto mais barato)? Ou precisa necessariamente evoluir para um país que exporte quase que exclusivamente produtos industrializados? Ou o ideal seria conciliar as duas coisas: produzindo com eficiência matéria prima e produtos industrializados?

Se o nosso país se desenvolvesse no setor de produção de produtos industrializados, poderia estar em vantagens com relação à muitos outros países? Ora, o nosso país parece ter uma excelente vocação a nível de matéria-prima e, somado à produção de produtos industrializados, seria ainda mais forte? Ou uma coisa precisa anular necessariamente a outra?

Qual seria a receita para o nosso país crescer?

Tenha paciência comigo, guerreiro, pois imagino que minhas perguntas sejam bem básicas mesmo!

Anauê!


Acho que ele deveria dar esta resposta neste Tôpico:É possível crescermos a taxas chinesas?

Abraços,
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
Ben Parker

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clara campos
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Mensagem por clara campos »

Acauan escreveu: O primeiro e mais importante motivo é que não há uma definição clara e objetiva do que seria a tal "realidade social do aluno".
Esta idéia só faz sentido dentro da óptica marxista de que a realidade social de cada pessoa é definida pela classe social à qual pertence.

Assim, quando falam em relacionar a matéria a realidade social do aluno, implica em identificar este aluno, por exemplo, como membro de uma família operária da periferia de São Paulo e relacionar as disciplinas com esta suposta e imaginada realidade.


ok, primeira confusão resolvida.
Eu não especifiquei o que entendia por "realidade social" e tu deduziste que me referia à classe social.

Eventualmente usei mal o conceito, ou ele é realmente suficientemente subjectivo para dar azo a diferentes leituras.

Para mim não interessa realmente se um aluno é filho dum operário ou dum médico. Se tem muito ou pouco dinheiro.
O que me pode interessar enquanto professora ou enquanto instituição escola é:
-se os pais são negligentes
-se o miúdo tem tempo e condições para estudar em casa (ou se os papás lhe preenchem o horário com actividades que nunca mais acabam, ou se o obrigam a trabalhar até à noitinha no café)
-Se o miúdo é maltratado (psíquica e/ou fisicamente)
-Se os pais o pressionam demais, ou se o ignoram demais
-Se os pais o pressionam a seguir determinada profissão (problema muito comum por exemplo em classes médias-altas)
-Se o miudo toma drogas ou se tem problemas de saúde
-Se é bem aceite pelos colegas, ou se estes o desprezam e mal-tratam
-Como ocupa os tempos livres, o que gosta de fazer (alguma coisa? nada?)

Estas são coisas que englobei no rótulo de realidade social, se achares mais pertinente que as "arrume" noutra expressão mais apropriada fá-lo-ei de bom grado.

No presente post contudo, continuarei a chamá-las de realidade social.


Acauan escreveu:O segundo erro, talvez mais grave, é que a tal realidade social do aluno é um referencial concreto.
Quando se fala em relacionar a disciplina ensinada à realidade social do aluno isto significa dar uma abordagem concreta ao tema.
E como ficam todas as disciplinas que dependem do pensamento abstrato, criativo ou poético para ser compreendidas. Reduzimos estas disciplinas ao concretismo ou damos caráter abstrato, criativo e poético à tal realidade social, sabe-se lá como se possa fazer isto.


Antes demais é preciso esclarecer uma coisa: até determinada idade os alunos ainda não possuem grande poder de abstracção, sendo o seu raciocínio essencialmente analógico. Mas esta é uma realidade que deve ser da preocupação primordial dos currículos e não das escolas/professores.

Em segundo, é preciso dizer que uma mesma matéria pode ser dada de formas muito diferentes (aqui entra a didáctica).
Assim, se se pretende abordar determinado tema social, não é necessário fazê-lo de forma tão directa e concreta assim, como aliás ilustraste com o exemplo de Shakespeare, mais adiante.
Mas já lá vamos.

Apenas quero salientar que nunca defendi, de forma nenhuma, que se deva oferecer a papinha feita aos meninos, ao ponto de tentar concretizar excessivamente o abstracto.
escola pretende não apenas ensinar conhecimentos, mas também ensinar a pensar, e a procurar conhecimentos.



Acauan escreveu: O que eu proponho é que a abordagem deve privilegiar, na medida do possível, as características individuais do aluno, independente de quaisquer outros fatores de influência a ser considerados.
Se um aluno demonstra notável aptidão para as artes, é interessante que o professor de artes o observe com mais atenção e identifique formas adequadas de desenvolver estas aptidões. Pouco importa se o aluno com aptidões é filho do borracheiro ou da rainha da Dinamarca.


Que faria professor de arte se tal aluno, com uma aptidão extraordinária para artes, tivesse pais que achassem que arte é coisa de vagabundo, e que o garoto tem mais é que ser engenheiro, empurrando-o para físicas e químicas?
Este é um factor externo que deva ser ignorado?

Acauan escreveu:Do mesmo modo, se determinados alunos demonstram dificuldades específicas ou mesmo antipatias com certos conteúdos, convém identificar quais os fatores causa em ação e como trata-los.

E esses factores não poderão ser externos?

Parece-me que tens uma postura muito determinista nestas questões. Por vezes dá ideia que julgas que as aptidões individuais são exclusivamente determinadas pela genética, e impermeáveis às vivências, experiência e história de vida do aluno... Como posso compreender, conhecer um aluno, actuar no sentido de o ajudar a maximizar as suas capacidades se não tiver a mais pequena noção do mundo em que esta criança vive?


Tenho a sensação de que pensas que defendo que os professores devem ser uma espécie de assistentes sociais dos garotos. Não é de todo isso que defendo.

Por outro lado, a função da escola não é exactamente a função do professor. A função primordial do professor é efectivamente transmitir as temáticas da sua especialização.

A escola como um todo, tem funções que vão muito além disso.

Assim, se trabalharem em conjunto, os professores podem, não apenas transmitir as matérias, mas também adoptar estratégias continuadas e articuladas por forma a trabalhar outros níveis de "humanidade"

A organização de debates, de trabalhos em grupo e individuais, a existência de projectos transdisciplinares que obriguem os alunos a relacionar diferentes disciplinas são algumas das actividades que podem ser aplicadas no sentido de ir mais além do que a transmissão de saberes.

Por outro lado, conhecer a realidade em que se insere o aluno permite à escola, como um todo, trabalhar cada aluno de forma mais eficiente, seja oferecer-lhe oportunidades de estudo acompanhado, seja a proposta de que o garoto seja acompanhado por outro tipo de profissionais, seja uma abordagem aos pais no sentido de lhes mostrarem determinadas aptidões dos filhos que eles porventura ainda não tenham percepcionado ou que, por algum motivo, não valorizem.

A escola também pode ser palco de projectos realizados pelos alunos, como sejam educação ambiental (espero que isto n seja demasiado marxista :emoticon12: ), campanhas anti-tabágicas, violência doméstica, etc e tal e tal.

Alem do mais, um conhecimento mais profundo dos alunos permite também adoptar estratégias mais individualizadas, nem que seja na escolha de exemplos ou de enunciados.

O saber é apelativo para muitos, mas nem para todos os garotos. Assim, dar-lhe uns pequenos retoques, que criem algum tipo de indentificação com o aluno, pode realmente fazer magia, e motivar extraordinariamente os garotos.

Acauan escreveu:

O que eu acredito é que crianças faveladas tem diferentes potenciais e que um professor atento a estes potenciais individuais mais do que à origem social de seus alunos descobrirá talentos que podem ser desenvolvidos e superar outros alunos nascidos em realidades mais confortáveis, mas sem as mesmas capacidades e motivações.

Na média é sempre possível produzir resultados melhores, mesmo que seja esperado que alunos com melhores condições materiais transformem estas facilidades em resultados mais positivos que aqueles que não dispõem delas.


Concordo Acauan. Aliás, se não tivesse esta convicção profunda, penso que jamais poderia vir a ser professora. A crença e esperança profunda de que cada ser humano encerra em si potencialidades para ser um indivíduo pleno e um cidadão comprometido com o bem da sua sociedade é aquilo que me faz acordar bem disposta.

Apenas penso que grande maioria das pessoas precisa de um empurrão maiorizinho do que aquele que tu consideras ser necessário.


Acauan escreveu: Claro que as relações sociais do aluno e da matéria não podem ser papel da escola e do professor.


O ponto da discórdia...

Concordo contigo, como já referi, que professores não acumulam funções de assistência
Concordo contigo que a função primordial do professor não seja a preocupação com essa relação (embora dependa muito da “realidade social” que estamos a falar, como já referi, pois o conhecimento desta realidade por fornecer pistas interessantes para a opção por esta ou aquela estratégia pedagógica)

Já para a Escola, enquanto um todo, essa relação parece-me absolutamente necessária e indispensável.

Aliás, por muitas vezes essa relação ser inexistente, é que muitos alunos se desinteressam da escola, pois sentem que ela nada tem que ver com as suas vidas. A escola média não serve para formar geneticistas de ponta, Picassos, ou Mozarts.

Ela serve para formar cidadãos autónomos, competentes, e dotados de conhecimentos e intelectos suficiente

Acauan escreveu: O que a premissa Marxista propõe na verdade é que as classes operárias devem ser guiadas para a revolução pelas classes intelectuais, o que não é outra forma de dizer que os pobres devem ser puxados pelo cabresto para a realização dos objetivos que a elite intelectual marxista acha que eles estão destinados.


Não vejo pobre/elite intelectual como uma dicotomia. Tão pouco considero que os problemas sociais ocorram somente em classe economicamente desfavoráveis (como já referi).

E de forma absolutamente nenhuma defendo que o futuro ou funções de alguém sejam definidos ou determinados por motivos alheios à vontade do próprio.

Aliás, é precisamente por isso que penso que a escola deva conhecer os seus alunos, não apenas o que eles fazem nela, mas também o que fazem fora dela, sob o risco do seu conhecimento dos alunos ser fragmentado (estritamente será sempre, mas é proveitoso que o seja o menos possível), e portanto da sua oferta educativa ser demasiado desproporcionada às potencialidades, capacidades e desejos dos alunos (todos estes devem ser tidos em conta).

Acauan escreveu: A função da Escola é fornecer subísidios intelectuais para que o aluno, por si e por seus próprios métodos, enxergue sua realidade a partir de uma percepção mais ampla e profunda e desenvolva sua percepção crítica pela experiência intelectual pessoal, não pela doutrinação política conduzida por grupos.


Acauan... jamais falei em doutrinação política. A actuação da escola jamais deve ser de propaganda, seja política, ideológica ou religiosa.
Inserir a realidade dos alunos na proposta educativa não deve servir estes fins, mas sim o desenvolvimento intelectual, o raciocínio crítico, comportamentos cívicos, e uma cidadania autónoma e responsável.

Não interessa se o garoto será empregado de café, pescador, juiz ou professor; não interessa se será liberal, comunista, socialista ou anarquista ou qualquer outra coisa, desde que seja um humano e um cidadão pleno, minimamente realizado e capaz de realizar.

Acauan escreveu: Como disse o tal mundinho é auto-evidente e nenhum favelado precisa que um professor lhe ensine que a favela é ruim.

Ele pode saber que a favela é ruim, mas pode não saber o porquê.
Em portugal existem os chamados bairros sociais (o leo me deu o nome equivalente daí mas não me recordo). _De qualquer forma são bairros fornecidos a pessoas que viviam em barracas, sendo que as casas lhes são oferecidas pelo estado. Esses bairros normalmente são acompanhados por profissionais, que tentam ajudar como podem as populações, através de diferentes iniciativas.

O que verificamos na prática é que muitas pessoas, mesmo extintas algumas das dificuldades anteriores, prosseguem com determinados comportamentos marginais e violentos. Porquê?

Pelo mesmo motivo que filhos de pais que espancam a esposa – mesmo não gostando que o pai espanque a mãe – têm maiores probabilidades de se tornarem agressores.

O ambiente em que crescemos (e não me estou a referir à conta bancária) determina em grande parte a nossa personalidade e os nossos padrões comportamentais.

Para conseguir ajudar alguém a abandonar determinados padrões comportamentais (e esse também é um papel da escola), é preciso conhecer minimamente bem a sua origem.

Algumas pessoas conseguem ultrapassar estes “vícios comportamentais” sozinhas, através dum enorme esforço e investimento pessoal, mas, mais uma vez, estas são uma minoria.

Enquanto palco primordial da socialização, a escola não pode de forma nenhuma abster-se da sua potencialidade educativa, e deve, sempre que possível, procurar auxiliar os alunos a desenvolverem outras competências (estava a tentar fugir desta palavra, mas acabei não conseguindo), além das intelectuais.


Acauan escreveu: O que o favelado precisa que a escola lhe ensine são as coisas que ele não tem como aprender na favela, para que da soma das experiências de dentro e de fora dela possa realizar seus objetivos de vida, seja ele mudar para lugar melhor ou tornar melhor o lugar que mora.



[/color][/quote]Como disse, o papel da Escola é justamente abrir para eles uma janela que os deixe ver que as realidades más nas quais estão inseridos não tem que ser uma regra, mas uma exceção social, da qual podem fugir pela elevação de seus espíritos e elevar espíritos é a razão de ser da Escola. [/color][/quote]

Precisamente.
Mas isso não se consegue trabalhando somente as faculdades intelectuais.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

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Edson Jr
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Mensagem por Edson Jr »

Acauan escreveu:Digamos um professor ensinando os fundamentos da geometria Euclidiana:

- Todas as figuras geométricas são constituídas de pontos;
- O ponto não tem comprimento, largura ou espessura;
- A linha é constituída de pontos, tem comprimento mas não tem largura ou espessura;
- Uma linha reta têm infinitos pontos, se marcarmos um ponto que a divida teremos duas semi-retas, cada qual também com infinitos pontos e se marcarmos um segundo ponto divisor teremos um segmento de reta, também com infinitos pontos.

Como relacionar estes conceitos abstratos à realidade social concreta do aluno sem destruir a abstração fundamental de toda a geometria plana?


Gostaria de dar uma resposta tanto para o Acauan quanto para Clara.

A Clara salientou que até uma determinada idade a criança não têm o pensamento abstrato. Isso faz parte da teoria de Jean Piaget, biólogo, que influenciou enormemente a pedagogia.

A partir dos 12 anos aproximadamente, o pensamento abstrato começa a ganhar forma e força, segundo Piaget.

Inicialmente acho válido associar um ponto com um grão de areia, por exemplo. Gradativamente, à medida que o pensamento abstrato do aluno se torna mais forte, podemos dizer que, no fundo, uma areia possui 3 dimensões e não é uma representação fiel de um ponto.

É o mesmo que dizer para uma criança pequenina e curiosa em saber como ela surgiu. Muitas das vezes é dito que papai plantou na mamãe uma sementinha e esta cresceu, virando essa linda criança. Com o tempo, a partir do momento que a criança amadurece, podemos dizer que o negócio não é exatamente assim.

Somente quando sentirmos que ela está preparada.

Isso é importante sim. Dei aula de geometria plana para a 5ª série e percebi a extrema dificuldade (por causa da idade) em pensar abstratamente. O que o professor não pode fazer, ao meu ver, é querer sempre associar suas matérias abstratas, até mesmo em séries mais avançadas, com o concreto. Acho que o ideal é associar o mínimo possível com a realidade concreta, apenas nas séries iniciais, por razões didáticas, procurando gradativamente eliminar tal associação, à medida que o pensamento abstrato do aluno se torna mais eficiente.

O que não pode é ficar nessa relação abstrato-concreto sempre, pois trava o desenvolvimento cognitivo do aluno, ferindo ou até mesmo anulando, a abstração matemática.

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Re: Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Acauan »

Abmael escreveu:
Edson Jr escreveu:Acauan;

Poderia me dizer quais os principais ingredientes que impedem o Brasil de crescer economicamente.


Qual seria a receita para o nosso país crescer?


Acho que ele deveria dar esta resposta neste Tôpico:É possível crescermos a taxas chinesas?


Done!
Nós, Índios.

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Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Edson Jr »

beleza, vou conferir...
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Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Edson Jr »

Vou colocar aqui, um resumo das principais correntes pedagógicas, para apreciação dos foristas e em homenagem ao Acauan! :emoticon1:

Gostaria de pedir para que Acauan lê-se com calma esses textos, pois é por aí que começa a linha de raciocínio das demais tendências pedagógicas.

Poderá perceber que existe claramente uma tendência em induzir o leitor a aceitar a visão da "educação como transformação" como a visão mais adequada e humana.

Esses textos podem ser encontrados integralmente no livro de Luckesi (filosofia da educação).
Editado pela última vez por Edson Jr em 09 Jan 2007, 17:41, em um total de 1 vez.

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Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Edson Jr »

Educação como redenção da sociedade

A primeira das tendências - a tendência redentora - concebe a sociedade como um conjunto de seres humanos que vivem e sobrevivem num todo orgânico e harmonioso, com desvios de grupos e indivíduos que ficam à margem desse todo. Ou seja, a sociedade está “naturalmente” composta com todos os seus elementos; o que importa é integrar em sua estrutura tanto os novos elementos (novas gerações), quanto os que, por qualquer motivo, se encontram à sua margem. Importa, pois, manter e conservar a sociedade, integrando os indivíduos no todo social.

Com esta compreensão, a educação como instância social que está voltada para a formação da personalidade dos indivíduos, para o desenvolvimento de suas habilidades e para a veiculação dos valores éticos necessários à convivência social, nada mais tem que fazer do que se estabelecer como redentora da sociedade, integrando harmonicamente os indivíduos no todo social já existente.

A educação seria, assim, uma instância quase que exterior à sociedade, pois, de fora dela, contribui para o seu ordenamento e equilíbrio permanentes. A educação, nesse sentido, tem por significado e finalidade a adaptação do indivíduo à sociedade. Deve “reforçar os laços sociais, promover a coesão social e garantir a integração de todos os indivíduos no corpo social”.

Nesse contexto, a educação assume uma significativa margem de autonomia, na medida em que deve configurar e manter a conformação do corpo social. Em vez de receber as interferências da sociedade, ela é que interfere, quase que de forma absoluta, nos destinos do todo social, curando-o de suas mazelas. Este é um modo ingênuo de compreender a relação entre educação e sociedade.

A essa tendência de dar à educação a finalidade filosófico-política de redimir a sociedade, Dermeval Saviani dá a denominação de “teoria não crítica da educação”, devido ao fato de ela não levar em conta a contextualização crítica da educação dentro da sociedade da qual ela faz parte.
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Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Edson Jr »

Educação como reprodução da sociedade

A segunda tendência de interpretação do papel da educação na sociedade é a que afirma que a educação faz, integralmente, parte da sociedade e a reproduz. Diversa da tendência anterior, aborda a educação como uma instância dentro da sociedade e exclusivamente ao seu serviço. Não a redime de suas mazelas, mas a reproduz no seu modelo vigente, perpetuando-a, se for possível.

A diferença fundamental entre a tendência anterior e esta é que a educação redentora atua sobre a sociedade como uma instância corretor dos seus desvios, tornando-a melhor e mais próxima do modelo de perfeição social harmônica idealizada. A interpretação da educação como reprodutora da sociedade implica entendê-la como um elemento da própria sociedade, determinada por seus condicionantes econômicos, sociais e políticos – portanto, a serviço dessa mesma sociedade e de seus condicionantes.

Na primeira posição, a visão da educação é “não-crítica”. Aqui, ela é “crítica”, desde que aborda a educação a partir de seus determinantes: porém além de ser crítica, é reprodutivista, desde que se vê somente como elemento destinado a reproduzir seus próprios condicionantes.

Dermeval Saviani denomina essa tendência de “teoria crítico-reprodutivista” da educação.
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Re.: Ideologia Liberal

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Educação como transformação da sociedade

A terceira tendência é a que tem por perspectiva compreender a educação como mediação de um projeto social. Ou seja, por si, ela nem redime nem reproduz a sociedade, mas serve de meio, ao lado de outros meios, para realizar um projeto de sociedade; projeto que pode ser conservador ou transformador. No caso, essa tendência não coloca a educação a serviço da conservação. Pretende demonstrar que é possível compreender a educação dentro da sociedade, com seus determinantes e condicionantes, mas com a possibilidade de trabalhar pela sua democratização.

A tendência redentora é otimista em relação ao poder da educação sobre a sociedade, a tendência reprodutivista é pessimista, no sentido de que sempre será uma instância a serviço do modelo dominante da sociedade. Em termos de resultados, as duas tendências parecem chegar ao mesmo ponto. A tendência redentora pretende “curar” a sociedade de suas mazelas, adaptando os indivíduos ao modelo ideal de sociedade (que, no fundo, não é outra senão aquela que atende aos interesses dominantes). A tendência reprodutivista afirma que a educação não é senão uma instância de reprodução do modelo de sociedade ao qual serve; que, no caso do presente, é a sociedade vigente. Uma reconhece que a educação é a instância que corrige os desvios do modelo social; outra reconhece que a escola reproduz o modelo social. Em ambos os casos, a organização da sociedade é tida como “natural” e a-histórica. As formas de visão é que diferem: otimismo de um lado, pessimismo de outro.

Os teóricos da terceira tendência, nem negam que a educação tem papel ativo na sociedade, nem recusam reconhecer os seus condicionantes histórico-sociais. Ao contrário, consideram a possibilidade de agir a partir dos próprios condicionantes históricos.

Assim sendo, esta terceira tendência poderá ser denominada de “crítica” tanto na medida em que não cede ao ilusório otimismo, quanto na medida em que interpreta a educação dimensionada dentro dos determinantes sociais, com possibilidades de agir estrategicamente. Assim ela pode ser uma instância social, entre outras, na luta pela transformação da sociedade, na perspectiva de sua democratização efetiva e concreta, atingindo os aspectos não só políticos, mas também sociais e econômicos.

Para tanto, importa interpretar a educação como uma instância dialética que serve a um projeto, a um modelo, ou seja, trabalha para realizar esse projeto na prática. Assim, se o projeto for conservador, medeia a conservação; contudo, se o projeto for transformador, medeia a transformação; se o projeto for autoritário, medeia a realização do autoritarismo; se o projeto for democrático, medeia a realização da democracia.

Dessa forma, a educação, por si, não será mecanicamente reprodutivista. Ela poderá ser reprodutora, mas não necessariamente; desde que poderá ser criticizadora. Poderá estar, pois, a serviço de um projeto de libertação das maiorias dentro da sociedade.
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Edson Jr
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Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Edson Jr »

Síntese

A tendência redentora propõe uma ação pedagógica otimista, do ponto de vista político, acreditando que a educação tem poderes quase que absolutos sobre a sociedade.

A tendência reprodutivista é crítica em relação à compreensão da educação na sociedade, porém, pessimista, não vendo qualquer saída para ela, a não ser submeter-se aos seus condicionantes.

A tendência transformadora, que é crítica, recusa-se tanto ao otimismo ilusório, quanto ao pessimismo imobilizador. Por isso, propõe-se compreender a educação dentro de seus condicionantes e agir estrategicamente para a sua transformação. Propõe-se desvendar e utilizar-se das próprias contradições da sociedade, para trabalhar realisticamente (criticamente) pela sua transformação.
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spink
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Mensagem por spink »

Especialmente para o Acauan... :emoticon16:

Fonte


O manifesto de Akerlofs

O pensamento econômico nos Estados Unidos não cessa de evoluir, dentro da moldura flexível em que se move a cultura americana.

Precisamente neste sábado o Presidente cessante da American Economic Association, a mais importante entidade de economistas dos Estados Unidos, Geroge Akerlof, Premio Nobel de Economia de 2001, fez um emblemático discurso de balanço de sua gestão, lançando para discussão uma perspectiva atualizada da economia americana e mundial.

Akerlof preocupa-se fundamentalmente com três situações: a formidável desigualdade de renda entre os americanos e muito mais ainda nos paises emergentes, a absurda concentração de riqueza e a excessiva expansão da globalização financeira.

Para enfrentar tais problemas Akerlof vê como crucial a observação pelos economistas dos fenômenos da vida real, dos efeitos das políticas econômicas, pedindo que refluam e deixam de dar importância excessiva a teses e modelos, pois a aferição da realidade é, segundo ele, a base da ciência econômica.

Akerlof refuta inteiramente, sem subterfúgios e rodeios, as teses de Milton Friedman, que também foi Presidente da mesma associação.

Diz que as teses de Friedman são inconsistentes e baseadas premissas falsas sobre o comportamento humano, resultante de uma teoria enganadora que leva a políticas equivocadas.

Akerlof ganhou seu Nobel na mesma linha: ele não aceita a idéia de Friedman de que o ser humano atua na vida econômica com uma racionalidade previsível. Akerlof entende, e para isso fez estudos bastante profundos, que as vezes os agentes econômicos agem racionalmente, outras vezes não. O comportamento humano é muito mais complexo do que a percepção simplificadora de Friedman e seus seguidores e querer explicar todo o fenômeno da economia na suposição de que o agente econômico age sempre racionalmente é uma falácia. Akerlof da exemplos: muitas pessoas não são motivadas em suas atividades e empregos exclusivamente por razoes econômicas. Muitas vezes um profissional deixa de trocar de emprego para ganhar mais porque tem outras razões para fica no emprego que paga menos mas onde ele prefere ficar. Outro estudo mostra que o salário não é automaticamente sujeito a lei da oferta e procura. Em muitos casos o empregado prefere perder o emprego do que baixar o salário. Existem no caso considerações fora da racionalidade puramente econômica.

Akerlof observa que Keynes baseava-se na realidade econômica de seu tempo para criar suas teses e que perante nossa realidade atual os governos devem sim atuar sobre a economia quando necessário, porque a tese de que o mercado é sempre o melhor caminho é falsa, o mercado pode ser as vezes o caminho do desastre.

Akerlof não é um franco atirador. É um economista do mainstream econômico, de grande prestigio, tanto que foi eleito para o órgão Máximo da profissão nos EUA. Sua esposa, Jane Yellen, e presidente do Fed regional de São Francisco é também respeitada economista.

Akerlof leciona na Universidade da Califórnia em Berkeley mas também já foi de Yale e do MIT.

Por esse discurso, proferido hoje em Chicago, vê-se o atraso ideológico de nosso pensamento econômico, preso a duas ou três idéias simplistas e simplificadoras da era Friedman, enquanto na fonte os Stiglitz, Krugmans e Akerlofs não cessam de contestar, rever e inovar teses já de há muito fora de contexto.

Haja estoque de formol no circuito Banco Cental-Gavea/Leblon, onde pululam as viúvas de Friedman e suas teses velhas e cansadas.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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spink
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Mensagem por spink »

A íntegra do discurso está disponível clicando aqui
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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Edson Jr
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Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Edson Jr »

Oi Carlos!

No fundo, imagino que falta para muitos grandes gênios, em qualquer área do conhecimento, algum componente emocional que permita observar a realidade de modo mais amplo, sem se situar tão-somente dentro da lógica, do intelecto.

Akerlof, ao menos pelo que li, parece ser uma dessas pessoas muitíssimo raras que, conseguem aliar emoção com inteligência, o que contribui para uma compreensão ainda mais ampla da realidade.
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Acauan
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Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Acauan »

Clara,

Sua última postagem deixou claro que temos opiniões idênticas na maioria das questões que vínhamos discutindo, o que não ficou claro anteriormente por conta de alguns desencontros quanto aos sentidos e contextos específicos que aplicamos a alguns conceitos.
Para esclarecer em definitivo, quando critiquei a referência do Edson à proposta de relacionar o conteúdo das disciplinas curriculares com a realidade social do aluno o fiz no significado específico que tal proposta assume nas escolas brasileiras, que segue a visão esquerdista de que realidade social é sinônimo de realidade de classe e, assim, o ensino deveria adequar-se às doutrinas Marxistas e apresentar uma versão reformatada ideologicamente das disciplinas, criando aberrações como a matemática operária, a literatura proletária ou a química camponesa.

Em resumo, sou contra e creio que você também, que o ensino seja contaminado por um coletivismo ideológico, que ignore o aluno como indivíduo, o trate como mera fração de um grupo e o engane ao fornecer panfletagem política como se fosse conhecimento.
O que os pedagogos de esquerda não tem a honestidade de declarar explicitamente é que tais experimentos educacionais visam levar a luta de classes à sala de aula, doutrinando os alunos na única coisa que interessa para um Marxista, que é... o Marxismo.

Como ficou claro (sem trocadilhos com seu nome) que seu interesse pelos alunos é estritamente individual, sincero, construtivo e, arrisco a dizer, profissionalmente apaixonado, tem-se que suas visões e práticas se posicionam no lado oposto daquelas que ataquei.
Também não tenho nada contra didáticas que utilizam exemplos e analogias reconhecíveis pelos alunos para explicar certos conceitos. Absurdo para mim é mudar os conceitos para adaptá-los ao que se supõe ser a realidade reconhecível pelo aluno.

No mais, restam algumas dúvidas técnicas, como a que o Edson destacou e que comentarei na passagem seguinte.

Honra e triunfo ao teu combate.

Acauan
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Acauan
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Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Acauan »

Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu:Digamos um professor ensinando os fundamentos da geometria Euclidiana:

- Todas as figuras geométricas são constituídas de pontos;
- O ponto não tem comprimento, largura ou espessura;
- A linha é constituída de pontos, tem comprimento mas não tem largura ou espessura;
- Uma linha reta têm infinitos pontos, se marcarmos um ponto que a divida teremos duas semi-retas, cada qual também com infinitos pontos e se marcarmos um segundo ponto divisor teremos um segmento de reta, também com infinitos pontos.

Como relacionar estes conceitos abstratos à realidade social concreta do aluno sem destruir a abstração fundamental de toda a geometria plana?


Gostaria de dar uma resposta tanto para o Acauan quanto para Clara.

A Clara salientou que até uma determinada idade a criança não têm o pensamento abstrato. Isso faz parte da teoria de Jean Piaget, biólogo, que influenciou enormemente a pedagogia.

A partir dos 12 anos aproximadamente, o pensamento abstrato começa a ganhar forma e força, segundo Piaget.

Inicialmente acho válido associar um ponto com um grão de areia, por exemplo. Gradativamente, à medida que o pensamento abstrato do aluno se torna mais forte, podemos dizer que, no fundo, uma areia possui 3 dimensões e não é uma representação fiel de um ponto.

É o mesmo que dizer para uma criança pequenina e curiosa em saber como ela surgiu. Muitas das vezes é dito que papai plantou na mamãe uma sementinha e esta cresceu, virando essa linda criança. Com o tempo, a partir do momento que a criança amadurece, podemos dizer que o negócio não é exatamente assim.

Somente quando sentirmos que ela está preparada.

Isso é importante sim. Dei aula de geometria plana para a 5ª série e percebi a extrema dificuldade (por causa da idade) em pensar abstratamente. O que o professor não pode fazer, ao meu ver, é querer sempre associar suas matérias abstratas, até mesmo em séries mais avançadas, com o concreto. Acho que o ideal é associar o mínimo possível com a realidade concreta, apenas nas séries iniciais, por razões didáticas, procurando gradativamente eliminar tal associação, à medida que o pensamento abstrato do aluno se torna mais eficiente.

O que não pode é ficar nessa relação abstrato-concreto sempre, pois trava o desenvolvimento cognitivo do aluno, ferindo ou até mesmo anulando, a abstração matemática.

Bem, tenho minhas dúvidas sobre crianças pequenas não terem pensamento abstrato.
Quando um bebê começa a falar e aponta uma bola pequena e branca e diz "bola" e pouco depois aponta outra bola, grande e preta e repete a ação, identificou dois objetos completamente diferentes quanto ao tamanho e a cor pelo mesmo nome, associando-os apenas pela forma geométrica.

Este é um raciocínio abstrato, pois se o pensamento do bebê fosse exclusivamente concreto ele entenderia que "bola" é o nome dado aos objetos esféricos, brancos e pequenos.
A capacidade de identificar os diversos atributos do objeto e associar a palavra que o nomeia a apenas um deles, descartando os demais é um exercício de abstração baseado na percepção intuitiva das formas geométricas puras.

Se eu tivesse que explicar o que é o ponto em geometria plana utilizaria o seguinte exemplo:
Mostraria a quina onde duas paredes se encontram com o teto e pediria aos alunos que imaginassem que aquelas superfícies fossem perfeitamente planas e seus ângulos de incidência perfeitamente retos (algo muito fácil de imaginar).
Nestas condições, o encontro entre paredes e teto é um ponto.
Veja bem, É um ponto, não representa um ponto como o pingo de giz no quadro negro ou o grão de areia.
Aquela intersecção existe, mas não ocupa lugar no espaço, não tem comprimento, largura ou espessura mensurável.

Outro exemplo interessante é traçar no quadro negro um risco de giz com o auxílio de uma régua e perguntar que figura geométrica é aquela.
Como todos certamente responderão que é uma reta, abrem a oportunidade para explicar que, se o risco fosse perfeitamente reto e sem falhas no traçado, a figura seria um retângulo, pois possui comprimento e espessura.
Uma reta verdadeira (ou um segmento de) é a que temos no encontro entre a parede e o teto ou entre as duas paredes, considerando que sejam perfeitamente planas e alinhadas, onde encontramos uma linha que tem comprimento, mas não tem espessura.

Estes exercícios são simples, de fácil ilustração, exemplificação e compreensão, mas apresentam um entendimento mais correto do que é a geometria plana do que o obtido a partir apenas de desenhos.
Nós, Índios.

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Re: Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Edson Jr »

Acauan escreveu:Bem, tenho minhas dúvidas sobre crianças pequenas não terem pensamento abstrato.
Quando um bebê começa a falar e aponta uma bola pequena e branca e diz "bola" e pouco depois aponta outra bola, grande e preta e repete a ação, identificou dois objetos completamente diferentes quanto ao tamanho e a cor pelo mesmo nome, associando-os apenas pela forma geométrica.

Este é um raciocínio abstrato, pois se o pensamento do bebê fosse exclusivamente concreto ele entenderia que "bola" é o nome dado aos objetos esféricos, brancos e pequenos.
A capacidade de identificar os diversos atributos do objeto e associar a palavra que o nomeia a apenas um deles, descartando os demais é um exercício de abstração baseado na percepção intuitiva das formas geométricas puras.


Acauan;

Vou colocar aqui, as quatro etapas do desenvolvimento cognitivo, segundo Jean Piaget, antes de respondê-lo.

É importante que leia os textos antes de continuarmos, pois assim você ficará bem a par do assunto e não haverá problemas de semântica em nossa conversa.

Segue, nas 5 postagens a seguir, as 4 etapas de desenvolvimento cognitivo, extraído do livro "psicologia da educação" da "série magistério".

Boa leitura!

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Edson Jr
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Re.: Ideologia Liberal

Mensagem por Edson Jr »

As etapas do desenvolvimento cognitivo

Piaget definiu o desenvolvimento como sendo um processo de equilibrações sucessivas. Entretanto, esse processo, embora contínuo, é caracterizado por diversas fases, ou etapas, ou períodos. Cada etapa define um momento de desenvolvimento ao longo do qual a criança constrói certas estruturas cognitivas. Segundo Piaget, o desenvolvimento passa por quatro etapas distintas: a sensoriomotora, a pré-operatória, a operatório-concreta e a operatório-formal.
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