Iara escreveu:Ao meu ver a célula não é uma vida, pois não tem vida própria, ela é parte de um ser vivo.
Comunistas poderiam dizer que indivíduos não são dignos de nada porque são só indivíduos, fazem parte da sociedade, que é realmente o que vale.
Fora isso, é novamente "biologizar" a coisa apenas quando conveniente; mesmo recém-nascidos são tão dependentes dos pais ou de outros quanto células do organismo, apenas não são associadas da mesma maneira.
O que importa, numa hora é o fato de constituir-se apenas de uma célula, e não poder ser considerado um indivíduo (para eliminar o direito à vida do óvulo), mas quando se quer definir que é uma vida, o que importa é a individualidade (já presente no óvulo, ainda que ainda não a mesma do zigoto), mesmo que ainda se pudesse defender ser uma célula, ou que, em estágios posteriores, ainda haja a mesma relação de dependência.
O curso natural do óvulo não é esperar por um espermatozóide, tanto que sua função não é apenas de reproduzir, como também possui função hormonal.
Mas que "função hormonal"?
Quer dizer que os ciclos hormonais femininos tem sua própria razão de ser, e apenas por acaso "usam" o ciclo reprodutivo, e não existem em função deste?
Portanto, a perda de um óvulo não fecundado é incomparável a perda de um zigoto que obrigatoriamente se tornará um ser vivo.
"Obrigatoriamente", o óvulo se tornaria um zigoto, não fossem intervenções não naturais ou celibato (que também pode-se dizer não natural ou no mínimo anômalo).
ímpio escreveu:Não são nem vidas humanas, mas acho pior matar um rato, coelho, ou galinha, já desenvolvidos, do que um zigoto ou embrião humano, e nem sou vegetariano/PETA ou coisa do tipo.
Mesmo sendo vegetariana eu não saberia comparar a perda.
Suponho que considere pior a perda do zigoto e estágios posteriores às outras, ainda assim.
É perfeitamente compreensível que subjetivamente pode ser evidentemente pior, como no caso de pessoas tentando engravidar e sofrendo abortos espontâneos.
Mas procure considerar a coisa de uma perspectiva neutra; considere um zigoto ou embrião de outra espécie animal, sem relação de afinidade com você, sem ver nele a idealização de um bebê, mas aquilo que é, uma célula.
Mesmo assim, considera que a morte dessa célula, devido ao rearranjo de nucleotídeos seja moralmente/"dramaticamente" equivalente a morte de um indivíduo já formado, enquanto a morte da célula no instante precedente à organização de nucleotídeos não seria nada demais?
bom, em resumo, o que quero dizer é que "reparar o erro" depois de o ter cometido, sabendo-se que poderia ocorrer, é imoral e anti-ético. dever-se-ía haver maior preocupação com a responsabilidade que envolve o ato sexual e com os métodos contraceptivos.
Obviamente, quanto à última afirmação. Mas é responsável usar uma criança inocente como instrumento de punição para pessoas que cometeram o descuido de engravidar sem planejamento?
Vejo isso como sendo de fato imoral e irresponsável, e não a morte intencional de um zigoto ou embrião, que não consigo ver como assassinato.