Edson Jr escreveu:Clara, sua curiosidade está sendo agora a mesma que a minha. Tenho dúvidas quanto a minha ideologia política, pelo simples fato de não conhecê-las muito bem. Estou dando uma lida aqui sobre o Liberalismo Clássico e, sinceramente, estou perplexo!
Algumas citações de representantes do liberalismo clássico me assustam:
Francis Hutcheson (mestre de Adam Smith), diz que a escravidão dos pobres é "castigo normal para aqueles vagabundos preguiçosos que, mesmo depois de ter sido justamente advertidos e submetidos à servidão temporária, não conseguem sustentar a si próprios e às suas famílias com um trabalho útil".
Adam Smith: "toda lei é feita pelos seus donos, os quais nunca vão deixar passar uma medida favorável a eles. Por isso, a liberdade do homem livre é a causa da grande opressão dos escravos".
John Locke, o filósofo da liberdade individual ante a lei, participa da redação da constituição da Província da Carolina, segundo a qual "todo homem livre da Carolina deve ter absoluto poder e autoridade sobre os seus escravos negros seja qual for sua opinião e religião".
John C. Calhoun, importante estadista e filósofo político dos EUA durante o século XIX, sétimo vice-presidente dos EUA, ao mesmo tempo que, sob inspiração de Locke, defendia apaixonadamente a liberdade do indivíduo, não via a escravidão como um mal necessário, mas sim como um bem positivo, essencial para a civilização, por ser uma forma de propriedade legítima, e amparada pela constituição dos EUA.
O liberalismo clássico, aparentemente, "tendeu a ser a defesa da maximização da liberdade individual de um pequeno grupo de pessoas, ao mesmo tempo em que foi uma teoria e prática da desumanização de pessoas de outras etnias".
Todas essas considerações que estou fazendo, você pode ler na íntrega neste link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismo_cl%C3%A1ssico
Amanhã vou analisar o liberalismo social, que parece ter um tom mais humano que o liberalismo clássico.
Então, até mais, Clara.
Desculpe-me não poder ajudá-la como gostaria.
Minhas dúvidas são semelhantes às suas.![]()
Bjs
Poderia citar as fontes, para podermos analisar tudo dentro de seu contexto? (inclusive histórico).
Enquanto isso, o que acha dos escritos de Karl Marx em relação à escravidão?
"Permita-me dar a você um exemplo da dialética do Sr. Proudon.
A liberdade e a escravidão constituem um antagonismo. Não há nenhuma necessidade para mim falar dos aspectos bons ou maus da liberdade. Quanto à escravidão, não há nenhuma necessidade para mim falar de seus aspectos maus. A única coisa que requer explanação é o lado bom da escravidão. Eu não me refiro à escravidão indireta, a escravidão do proletariado; eu refiro-me à escravidão direta, à escravidão dos pretos no Suriname, no Brasil, nas regiões do sul da América do Norte.
A escravidão direta é tanto quanto o pivô em cima do qual nosso industrialismo dos dias de hoje faz girar a maquinaria, o crédito, etc. Sem escravidão não haveria nenhum algodão, sem algodão não haveria nenhuma indústria moderna. É a escravidão que tem dado valor às colônias, foram as colônias que criaram o comércio mundial, e o comércio mundial é a condição necessária para a indústria de máquina em grande escala. Conseqüentemente, antes do comércio de escravos, as colônias emitiram muito poucos produtos ao mundo velho, e não mudaram visivelmente a cara do mundo. A escravidão é conseqüentemente uma categoria econômica de suprema importância. Sem escravidão, a América do Norte, a nação a mais progressista, ter-se-ia transformado em um país patriarcal. Apenas apague a América do Norte do mapa e você conseguirá anarquia, a deterioração completa do comércio e da civilização moderna. Mas abolir com a escravidão seria varrer a América para fora do mapa. Sendo uma categoria econômica, a escravidão existiu em todas as nações desde o começo do mundo. Tudo que as nações modernas conseguiram foi disfarçar a escravidão em casa e importá-la abertamente no Novo Mundo. Após estas reflexões sobre escravidão, que o bom Sr. Proudhon fará? Procurará a síntese da liberdade e da escravidão, o verdadeiro caminho dourado, em outras palavras o equilíbrio entre a escravidão e a liberdade. "
Carta de Karl Marx a Pavel Vasilyevich Annenkov, Paris
Escrita em 28 de dezembro de 1846 Rue dOrleans, 42, Faubourg Namur.
Fonte: Marx Engels Collected Works, vol. 38, p. 95.
Editor: International Publishers (1975)
Primeira publicação: completa no original em francês em M.M. Stasyulevich i yego sovremenniki v ikh perepiske, Vol III, 1912
Tradução em inglês pode ser acessada em
http://www.marxists.org/archive/marx/wo ... _12_28.htm