“Crítica da Filosofia do Direito de Hegel “.Karl Marx.

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André
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Re: Re.: “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel “.Karl Ma

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Sr. Incógnito escreveu:
Andre TJ escreveu:
Sr. Incógnito escreveu:
Andre TJ escreveu:
Sr. Incógnito escreveu:
Andre TJ escreveu:
Repare a religião em sua realidade assume a forma de Igrejas, por exemplo.Podem ter varias funções.Na Alemanha assim como em outros lugares uma das funções foi a de justificar a pobreza, levar a uma aceitação das condições sociais adversas.Marx questionava essas condições, então é absolutamente lógico que as Igrejas conservadoras fossem objeto de oposição, pois enquanto ele queria mudar, transformar, elas queriam conservar.Eram logo opostos, antagônicos, adversários.Sua conclusão não é arbitraria mas lógica especialmente no contexto em que viveu.A religião em sua dimensão pratica, como Engels mostrou depois poderia ser em momentos aliada da revolução, mas muitas vezes não era.Logo Marx traz todas as religiões para Terra, mas critica como alienação que aprisiona os trabalhadores apenas como parte do que a religião pode fazer e de fato algumas fazem.

No Brasil em uma democracia as coisas são diferentes.Existem varias pessoas que são cristãos por motivos culturais, e Marxistas por motivos políticos.Alias já na década de 70 mesmo durante o regime militar já existiam setores progressistas cristãos com a chamada "opção pelos pobres" que se identificaram com marxismo.Lógico que esses escolheram ignorar as críticas de Marx a religião, e a sua visão que uma exigência para a nova emancipação seria a superação da religião.As teorias de Marx são amplas, muitos para ser Marxistas não consideram que tem que seguir tudo, como se fosse um credo, e sim se inspirar em suas idéias seria o suficiente para serem marxistas.


"Na Alemanha assim como em outros lugares uma das funções foi a de justificar a pobreza, levar a uma aceitação das condições sociais adversas". Essa frase continua sendo uma parte da argumentação para provar que de fato ela aliena. Ou seja, está-se supondo aquilo que se deve provar! Ok?


Não entendi.Vc nega que a religião e seu braço institucional como Igreja tenha atraves da história servido para manutenção de regimes?

Vc estaria negando a história da humanidade.Isso é real, aconteceu, não é suposição.Não significa que a expressão real das instituiçoes religiosas tenha sido apenas isso, mas quando foi isso cabe a crítica.

Baseado nisso, por não concordar com isso, Marx diz que a religião não tem autoridade divina de justificar e levar as pessoas a aceitarem sua condição.


Veja bem: Não estou fazendo nenhum julgamento sobre isso (embora tenha uma posição bem determinada para o assunto). O que importa aqui, não é o que a religião foi, o que quis ser, etc... O importante é o que ela é! Não podemos esquecer que estamos dentro de um processo, onde o espírito vai se formando através da história (Não esqueçamos que trata-se da crítica a filosofia do diretio, de Hegel). Assim sendo, o que importa é como encaixar a religião dentro desse processo todo. Mais uma vez digo: Marx não consegui fazer tal coisa, falhou aí. Se apenas dissermos: "É que ele escreveu para sua época, escreveu o que constatava, etc..," estaremos falhando na tarefa, além de trair o próprio sistema montado, seja de Hegel, seja de Marx. Por isso, disse que tais conclusões eram arbitrárias, pois não se seguem dos seus postulados.


Mas para Marx religião não é uma coisa estática, ela é histórica logo muda, através dos tempos.Logo religião não é uma única coisa, mas possui diversas dimensões, doutrinaria, institucional.

Marx não trabalha com noção de espírito é materialista sua perspectiva é outra.Não é ausencia de onde colocar, me parece que vc não concorda, ou não gosta, de um papel que ele descreveu a religião historicamente teve e tem.

Ele não escreveu apenas para sua história pq religião através de seu braço institucional serviu de alienação em outros momentos.O momento em que ele vivia era propicio ou favorecia essa crítica, mas não foi o único.

O que escrevi foi uma resenha.O ideal é vc ler o texto original.(achei esse link na net)Não sei se é identico ao que resenhei, mas já lí e vale a pena ler.

http://www.culturabrasil.org/criticadaf ... ireito.htm


Mas é claro que MArx não abandona a idéia de espírito (entendido como visto em Hegel, embora com alguamas diferenças). O objetivo, então, é o mesmo: Mostrar os caminhos, através dos diferentes momentos , da formação do Estado (e, por consequência, da efetivação do espírito na história).

Eu já li e reli essa obra! (embora sempre seja bom reler novamente)


Eu não vejo a questão do espírito em Marx.Como Materialista, diferentemente de Hegel, ele me parece não trabalhar com a idéia de fio condutor da História.Que é trabalhada por Hegel e pode ser traduzida como espírito condutor da História.

Não sabia que vc tinha lido, em todo caso está ai para quem tiver curiosidade.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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Re: Re.: “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel “.Karl Ma

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Re: Re.: “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel “.Karl Ma

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Sr. Incógnito escreveu:
Andre TJ escreveu:
Sr. Incógnito escreveu:
Andre TJ escreveu:Marx rejeita a filosofia dos valores universais.Para ele valores são construídos no mundo material, real, oscilam.Afinal ele desenvolveu o materialismo histórico.

Ele não escreveu apenas para sua época no caso, mas o contexto ajuda a explicar parte de sua crítica.E não apenas no seu contexto mas ao longo da história instituições religiosas estiveram ao lado das classes dirigentes, justificando, e exercendo controle sobre as populações.Isso não são suposições conhecimento da história da humanidade que mostra isso.

Marx criticou a atuação real das instituições religiosas, e parte do papel da religião,( que embora não seja o único, como ele mesmo aponta outro, entre tantos é diminuir o sofrimento) é o de alienar para a mobilização.Quando atua dessa maneira e historicamente em vários momentos isso ocorreu citei alguns, e isso é condenável para Marx.Foi com isso que concordei.

O que discordo e apontei tb são encaminhamentos políticos de Marx, idéias como ditadura do proletariado, exigência do fim da religião(quando defendo liberdade de expressão e pensamento), enfim parte do que ele defendia em termos políticos.Mas sua avaliação do papel da religião tem muita coerência.

Pois é! Mas fazendo o que fez, Marx parece trair o seu próprio "método" (materialismo histórico), pois não descreve a história eficazmente (vide o que falei no post anterior), já que, ao meu ver, não explicou o fenômeno religioso com precisão.


Ele não trai seu método, apenas nesses trabalhos não era seu principal interesse explicar o fenômeno religioso em sua vastidão (eu até já fiz isso em trabalhos explicando a dimensão doutrinaria, institucional, razoes para religião, funções).Ele nesse texto pega apenas os aspectos que são entraves para emancipação para conquista do que chama de felicidade real.Se tivesse se proposto a explicar o fenômeno religioso em sua vastidão, e o trabalho fosse dedicado a isso, ai sim realmente teria falhado.O propósito é que não é esse.

Se ler o texto verá como se refere a realidade da Alemanha, e para o que se propôs a fazer, considero seu texto competente, embora discorde de aspectos.

já disse que já li. Porém você acaba de concordar comigo: Marx não fez (ou não quis fazer) uma descrição satisfatória da religião aqui. ALém disso, vc acaba de colocar a obra como tendo por objetivo "ilustrar" as idéias de Marx (o que não concordo), pois ele apenas descreveria os "entraves". Sendo assim, ele nem ao menos está analisando a história pelo materialismo. Eis o ponto (por isso, repito, usei o termo "arbitrário").


Isso ele realmente não quis fazer e não fez, descrição ampla da religião.Agora ele seguiu o materialismo para analisar o aspecto que deseja críticar.Que era digamos um problema para o projeto maior de emancipação.
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Re: Re.: “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel “.Karl Ma

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Re: Re.: “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel “.Karl Ma

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Re: Re.: “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel “.Karl Ma

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Sr. Incógnito escreveu:
Andre TJ escreveu:Eu não vejo a questão do espírito em Marx.Como Materialista, diferentemente de Hegel, ele me parece não trabalhar com a idéia de fio condutor da História.Que é trabalhada por Hegel e pode ser traduzida como espírito condutor da História.

Não sabia que vc tinha lido, em todo caso está ai para quem tiver curiosidade.


E o que seria, então, o materialismo histórico? (O que eles diferem é na forma como se dá a formação do Estado). Respondendo isso, ficaremos mais "de acordo"


Nossa Thompson dedicou capítulos de livro para explicar a disciplina metodológica do Materialismo histórico.O que vou fazer é uma super simplificação.

O materialismo histórico é uma disciplina de estudo da história que privilegia as açoes, e relações concretas em sociedades.Assim para quem segue essa postura:

"Não nos cabe interrogar as palavras em si mesmas, mas o significado que assumem quando utilizadas pelos sujeitos da história na sua experiência, levando-se em conta o contexto em que esses sujeitos estão inseridos. A análise dos discursos ganha clareza, dentro dessa perspectiva, pois podemos estabelecer o diálogo entre o que os sujeitos da história dizem e escrevem, e as circunstâncias, limites do universo em que estão inseridos, com seus objetivos e anseios, e as práticas que desenvolvem."

Tirei de um texto do ano passado, meu mesmo.

Sendo o materialismo histórico uma disciplina metodológica logo uma postura em termos de método, ele a segue, embora nesse texto não de forma tão sistemática quanto posteriormente, pois esse é um texto de sua juventude, e tb um texto mais filosófico, e ele segue o materialismo histórico mais ou de forma mais notável em textos econômicos, e de analise histórica.

PS: Cara vc faz jus ao seu nick e é bem enigmatico.Poderia dizer qual sua religião, ou postura, e tb posturas políticas.Isso ajuda no debate, conhecer seu interlocutor.Pq essas coisas não sei de vc.
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Re: Re.: “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel “.Karl Ma

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Sr. Incógnito escreveu:
Andre TJ escreveu:Nossa Thompson dedicou capítulos de livro para explicar a disciplina metodológica do Materialismo histórico.O que vou fazer é uma super simplificação.

O materialismo histórico é uma disciplina de estudo da história que privilegia as açoes, e relações concretas em sociedades.Assim para quem segue essa postura:

"Não nos cabe interrogar as palavras em si mesmas, mas o significado que assumem quando utilizadas pelos sujeitos da história na sua experiência, levando-se em conta o contexto em que esses sujeitos estão inseridos. A análise dos discursos ganha clareza, dentro dessa perspectiva, pois podemos estabelecer o diálogo entre o que os sujeitos da história dizem e escrevem, e as circunstâncias, limites do universo em que estão inseridos, com seus objetivos e anseios, e as práticas que desenvolvem."

Tirei de um texto do ano passado, meu mesmo.

Sendo o materialismo histórico uma disciplina metodológica logo uma postura em termos de método, ele a segue, embora nesse texto não de forma tão sistemática quanto posteriormente, pois esse é um texto de sua juventude, e tb um texto mais filosófico, e ele segue o materialismo histórico mais ou de forma mais notável em textos econômicos, e de analise histórica.

PS: Cara vc faz jus ao seu nick e é bem enigmatico.Poderia dizer qual sua religião, ou postura, e tb posturas políticas.Isso ajuda no debate, conhecer seu interlocutor.Pq essas coisas não sei de vc.


Acho que me expressei mal, pois não chamei a atenção para o que eu queria chamar. Qual a lógica (sentido dialético) do materialismo histórico? Isto é, como se dá tal desenvolvimento. É nesse sentido que quero chamar a atenção que ainda há o que há em Hegel: A efetivação na história das idéias de certo momento, tbm histórico...

Obs: Quanto a ficar menos histórico, pode ser depois? Está começando 24 horas na televisão e a coisa lá tá pegando fogo:emoticon19: :emoticon19: :emoticon19:


Essa da teoria do desenvolvimento da um debate bom.Pq para mim Marx não da uma teoria do desenvolvimento histórico acabada, mas sim indica a que ela queria ver materializada.Ai o intelectual se confunde com o ator político e as coisas ficam bem embaçadas.Pq os marxistas ortodoxos viram o tal desenvolvimento como algo inexorável e dogmático, algo que em termos da dialética marxista para mim assim como para historiadores tanto marxistas não ortodoxos como aqueles de outras tendências, não tem base.

Ou seja, o materialismo histórico pode ajudar a compreender as relações sociais, e dinâmicas de poder, relações humanas, no passado, e até no presente, mas não permite um fio condutor como Hegel pensava, logo se distancia dele, e tudo que se fala em termos de futuro não é o que iria acontecer, pois isso é coisa para mágicos e místicos, mas sim o que se desejava que acontecesse algo diverso, que é a defesa da mudança baseada em um ideal um projeto político que Marx claramente tinha.

PS:Tranquilo vc posta seu histórico ou seu info depois.Eu to assistindo a serie Heroes e to gostando.
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Re: Re.: “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel “.Karl Ma

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André
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Re: Re.: “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel “.Karl Ma

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Sr. Incógnito escreveu:
Andre TJ escreveu:Ai o intelectual se confunde com o ator político e as coisas ficam bem embaçadas.Pq os marxistas ortodoxos viram o tal desenvolvimento como algo inexorável e dogmático, algo que em termos da dialética marxista para mim assim como para historiadores tanto marxistas não ortodoxos como aqueles de outras tendências, não tem base.


Esse é exatamente meu ponto. Para mim, é esse procedimento que ele adota frente a religião. Digo isso se Marx pretendeu, de algum modo analisar a religião (nem que seja "de raspão). Uma coisa seria ele analisar os indivíduos, por exemplo, e fazer as críticas que fez. Aí ela seria inserida apenas no seu tempo, portanto não poderia ser dita como uma "conclusão do seu método". Assim sendo, ele não estaria analisando O que é a religião, nem O que a religião é na sociedade (por isso, não poderia a descrever como um obstáculo). Por isso, parece-me que Marx faz a "defesa da mudança baseada em um ideal um projeto político que Marx claramente tinha" (citando você), mas descreve o elemento a ser mudado não nos termos da história (melhor, do materialismo), mas sim descreve a partir do seu "projeto político" (e de modo nenhum, aquilo que ele quer que seja pode ser tomado como aquilo que deve ser. Por isso tal passagem não seria legítima).


Agora pessoalmente penso que existem exemplos suficientes ao longo da história da humanidade que permitem classificar a atuação de instituições religiosas como instrumentos de alienação.Assim como existem exemplos para diferentes caracterizações.Logo a conclusão de que a religião muitas vezes tem o papel alienante não me parece equivocada.

Outra coisa no texto pode reparar que ele fala muito da Alemanha.

Cito

"A exposição seguinte - uma abordagem a este trabalho - não se prende diretamente ao original, senão a uma cópia deste, à filosofia alemã do direito e do Estado, pelo simples fato de se ater à Alemanha."

Ou na primeira frase do texto

"Na Alemanha, a crítica da religião chegou, no essencial, ao fim. A crítica da religião é a premissa de toda crítica."

Eu sinceramente não vejo nada de ilegítimo no que Marx fez.Ele realizou exatamente o que se propôs a fazer, e foi competente mesmo que eu discorde dos encaminhamentos políticos que ele sugere.No caso pq não vejo a necessidade de uma luta contra religião.Entendo que essa pode ter seu espaço desde que separada do Estado.Entendo que a diminuição do sofrimento real, pode diminuir a necessidade por ela, diminuir seu papel, mas a liberdade de expressão, pensamento, e por conseqüência a liberdade de religião deve ser respeitada.Marx não chega a questionar isso mas abre a porta para isso ao defender uma luta contra religião.

Cito novamente sobre religião Marx escreve.Inclusive o trecho famoso, normalmente mau citado em que ele diz que "religião é o ópio do povo", mas não apenas isso.E até isso é mau entendido pois o ópio suaviza a dor, cria uma ilusão,escraviza vicia, e é nesses múltiplos sentidos que ele usa.

"A religião não faz o homem, mas, ao contrário, o homem faz a religião: este é o fundamento da crítica irreligiosa. A religião é a autoconsciência e o autosentimento do homem que ainda não se encontrou ou que já se perdeu. Mas o homem não é um ser abstrato, isolado do mundo. O homem é o mundo dos homens, o Estado, a sociedade. Este Estado, esta sociedade, engendram a religião, criam uma consciência invertida do mundo, porque eles são um mundo invertido. A religião é a teoria geral deste mundo, seu compêndio enciclopédico, sua lógica popular, sua dignidade espiritualista, seu entusiasmo, sua sanção moral, seu complemento solene, sua razão geral de consolo e de justificação. É a realização fantástica da essência humana por que a essência humana carece de realidade concreta. Por conseguinte, a luta contra a religião é, indiretamente, a luta contra aquele mundo que tem na religião seu aroma espiritual.

A miséria religiosa é, de um lado, a expressão da miséria real e, de outro, o protesto contra ela. A religião é o soluço da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, o espírito de uma situação carente de espírito. É o ópio do povo."


Novamente reafirmo sem saber quem vc é.Ou seja qual sua religião Sr. Incógnito, qual sua tendência política, quais os paradigmas que segue, torna as coisas muito mais difíceis.

Penso que uma desqualificação do texto de Marx não é necessária para se discordar dele, tem liberdade de desqualificar, eu me limito a discordar dos aspectos que abrem a porta para intolerância contra a religião, por ser o respeito a diferença um valor de grande relevância para mim.
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Re: Re.: “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel “.Karl Ma

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Andre TJ escreveu:Ai o intelectual se confunde com o ator político e as coisas ficam bem embaçadas.Pq os marxistas ortodoxos viram o tal desenvolvimento como algo inexorável e dogmático, algo que em termos da dialética marxista para mim assim como para historiadores tanto marxistas não ortodoxos como aqueles de outras tendências, não tem base.


Esse é exatamente meu ponto. Para mim, é esse procedimento que ele adota frente a religião. Digo isso se Marx pretendeu, de algum modo analisar a religião (nem que seja "de raspão). Uma coisa seria ele analisar os indivíduos, por exemplo, e fazer as críticas que fez. Aí ela seria inserida apenas no seu tempo, portanto não poderia ser dita como uma "conclusão do seu método". Assim sendo, ele não estaria analisando O que é a religião, nem O que a religião é na sociedade (por isso, não poderia a descrever como um obstáculo). Por isso, parece-me que Marx faz a "defesa da mudança baseada em um ideal um projeto político que Marx claramente tinha" (citando você), mas descreve o elemento a ser mudado não nos termos da história (melhor, do materialismo), mas sim descreve a partir do seu "projeto político" (e de modo nenhum, aquilo que ele quer que seja pode ser tomado como aquilo que deve ser. Por isso tal passagem não seria legítima).


Agora pessoalmente penso que existem exemplos suficientes ao longo da história da humanidade que permitem classificar a atuação de instituições religiosas como instrumentos de alienação.Assim como existem exemplos para diferentes caracterizações.Logo a conclusão de que a religião muitas vezes tem o papel alienante não me parece equivocada.

Outra coisa no texto pode reparar que ele fala muito da Alemanha.
.


A-há! MAs agora estamos em outro plano. Estamos no plano da obsrevação e da formulação de conclusões. Não estamos mais falando de uma conclusão que se siga de todo um sistema (ou "método"), como o materialismo histórico, por exemplo. Uma coisa é quando Hegel, por exemplo, cita o mundo grego como exemplo para ilustrar algumas de suas idéias, por exemplo. Outra coisa seria se fosse de tal mundo que ele tirasse tais idéias... Consegui me expressar direito? É nesse sentido que useio o termo "arbitrário" mais acima. O que quero dizer é: Tal conclusão não se segue do "sistema de Marx", mas sim é algo "arbitrário" (ok, vc vai dizer, "foi pela observação, etc..". Tudo bem, mas o fato é que não é uma conclusão de seu possível sistema).


Chegamos bem perto realmente.Eu diria que o materialismo histórico se baseia nas evidencias materiais da história, atraves de exemplos nas experiencias concretas dos individuos estabelecendo dialogo com discurso dos individuos.No caso da religião varios exemplos em que foi alienante permite dizer que essa é uma caracteristica que se apresenta com frequencia, não podendo se fazer a generalização que vai apresentar sempre.

Já ser o opio do povo, o caráter suavizador de dores,que leva a ilusões, isso é comum as religioes como judaismo, cristianismo, entre outras.Mas existem tantas que é possivel ter alguma que não se aplique.

Se pelo método vc queria algo válido sempre uma tautologia, isso realmente Marx não fornece, ele rejeita o que eu chamaria de filosofia absoluta.A filosofia materialista, opera com o real, material, logo não é ideal, tem limites, impostos pelas evidencias concretas.

Ele não tirou de Hegel todas suas idéias.O próprio materialismo é uma concepção criada por Marx. Eu diria que segue o materialismo pois o sistema que Marx desenvolveu se baseia justamente na observação de experiencias reais, e não no desenvolvimento filosofico descolado da realidade.O nome materialismo é justamente por se prender ao material, ao concreto, e não ao imaginavel.Logo ele seguiu seu método mas esse é diferente do de Hegel.

Os gregos usavam muito o dever ser na política, que não era como as coisas eram, mas como eles queriam que fosse, logo fruto de uma filosofia que imaginava baseada em principios.Embora diferentes penso que ambas as formas tem sua utilidade, a de Marx mais eficiente para analise histórica, a dos gregos, para se pensar baseado em principios.

Devo reconhecer que o debate é complexo.As vezes até para compreender o que o outro está escrevendo não é facil.

Nada disso nos impede de discordar dele em varios aspectos.Inclusive de dizer que qualquer tendencia generalizante para com fenomenos humanos sem atentar para o tempo, cai em equivocos.Talvez por isso tenha centrado na Alemanha que conhecia melhor assim seus equivocos são menores.Ainda assim suas generalizaçoes são passiveis de crítica.Não concordo com encaminhamentos políticos de extinção da religião.
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Resumindo.A maioria dos filósofos antes de Marx incluindo Hegel, ou trabalhavam com o "Dever Ser" ou eram conceitualistas normativos.Isso não é ruim nem bom essas perspectivas não tratavam das experiências reais.Mas é diferente de Marx cuja perspectiva filosófica materialista representa uma ruptura com essas, invés de se basear em abstrações se baseia em experiências, no concreto material, invés de fazer grandes generalizações, faz generalizações restritas ao seu objeto.Então tratar essencialmente da Alemanha é parte de seu método, pois restringe o objeto.

Logo ele segue seu método quando tira a religião dos céus e a traz para Terra, pois na essência essa tratando a religião como um fenômeno humano não divino.Que é o que ela é. Deus pode até existir, mas a religião é coisa humana.

Os religiosos podem discordar dele, mas dizer que seu trabalho não é legitimo, ou não segue o seu método, para mim não procede.Podem dizer isso claro, liberdade de expressão é uma benção, mas para mim não procede.

O que mais procede são as críticas aos encaminhamentos políticos que podem ser extraidos de alguns trechos em que ele fala da exigencia.

Cito

"A verdadeira felicidade do povo implica que a religião seja suprimida, enquanto felicidade ilusória do povo. A exigência de abandonar as ilusões sobre sua condição é a exigência de abandonar uma condição que necessita de ilusões. Por conseguinte, a crítica da religião é o germe da critica do vale de lágrimas que a religião envolve numa auréola de santidade."

Concordo com "é a exigência de abandonar uma condição que necessita de ilusões." Mas quando ele escreve sobre implicar suprimir religião, abre a porta para intolerancia ateia, que não sei se foi sua intensão, mas é um equivoco, ao meu ver, em termos de encaminhamento político que entende o respeito a diferença algo fundamental.
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Re: Re.: “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel “.Karl Ma

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Sr. Incógnito escreveu:Tudo bem, André. Mas o fato é que você precisa se comprometer com uma interpretação "mais fraca" (não em qualidade, mas sim no sentido de "MArx disse menos coisas do que se pensa") sobre MArx. Isto é, você se compromete a dizer que o materialismo não quer alcançar um entendimento tal que mostre como as coisas devem ser, mas somente que descreve como as coisas são e, dada um vontade (arbitrário, portanto) o que se deve fazer para que o fim desse vontade seja alcançada. Ao meu ver, Marx, precisa, sim, se comprometer em dizer que as coisas DEVERIAM ser de determinada forma. Porém, isso seria uma outra discussão.

Vc diz: "Os religiosos podem discordar dele, mas dizer que seu trabalho não é legitimo, ou não segue o seu método, para mim não procede."

Eu digo: Eu não disse que não é legítimo, e sim que não se seguia do seu método (e, caso ele pretendesse que se seguisse, aí sim essa passagem o seria). Porém, como eu disse mais acima, vc parace ter um entendimento diferente do que Marx, afinal de contas, pretendia com seu materialismo histórico. Obviamente, esse ponto terá que ficar em aberto, a não ser se fizessemos uma espécie de grupo de estudos sobre Marx (o que não é uma má idéia...). O fato é que chegamos, aqui, em uma divergência nas interpretações sobre Marx. Assunto que, caso seguíssemos em frente, deveria ser tratado com mais atenção e seriedade, não concorda?

Até mais


TRanquilo.A questão do materialismo histórico é complexa mesmo.Se fosse sugerir leitura a principal mas dificil de achar é "Miséria da Teoria" de Thompson.

Acho que para definir se ele seguiu ou não seu método, teriamos que debater seu método.Discussão bem academica e complexa.

Resumidamente seu método é uma ruptura com relação a maior parte da produção filosofica anterior, que trabalhava como já exmpliquei com o ideal.Inves disso se focou no material, real, e particular.

Eu teria que perguntar.O que vc acha que ele pretendia com o materialismo em relação a religião?Pela sua interpretação talvez seja mais facil ver a diferença.

Em todo caso respeito sua opinião e o assunto é por demais complexo para ser tratado com veemencia por qualquer um.Humildade é realmente fundamental.
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Trancado