Exercício mental: filhos

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Tranca
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Re: Re.: Exercício mental: filhos

Mensagem por Tranca »

clara campos escreveu:é um tipo de mosquito, muito comum em portugal, que suga o sangue causando inchaços dérmicos.
Costumamos chamar melgas aos mosquitos que entram em casa, e são maiores e de pernas mais alongadas que os mosquitos que temos geralmente em zonas fluviais, humidas ou pertos de lagos.
Têm o hábito estúpido de entrarem nos quartos e ficam quitinhas até que apagamos a luz, aí, quando estás quase a adormecer, começam com um zunido super irritante e acabas por ter que te levantar e andar à cata do monstrinho.

Por isso que, além de chato, também chamos melga a pessoas muito incomodativas, a que vós chamais de "mala". :emoticon1:


Ela estava falando de pernilongo.

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"Seria uma ressurreição satânica retirarmos Lula e Brizola - esse casamento do analfabetismo econômico com o obsoletismo ideológico - do lixo da história para o palco do poder."

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Re.: Exercício mental: filhos

Mensagem por Tranca »

Respondendo a 1ª etapa: procuraria salvar o filho.

Respondendo a 2ª etapa: procuraria salvar a mãe, mas se ela insistisse muito em querer prosseguir com a gravidez até o fim, eu acataria sua decisão, manifestando minha discordância.
Palavras de um visionário:

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Re: Re.: Exercício mental: filhos

Mensagem por clara campos »

Alter-ego escreveu:Parte 2: Quase todos consideraram que, embora não pudessem responder com absoluta certeza (devido às contigências da situação), que imaginam que repetiriam o ato da mãe, arriscando a vida para salvar a vida do filho.
Agora, imaginemos uma segunda situação, análoga, e, relativamente, mais comum.
Imagine que você, ou sua parceira, será mãe. Durante a gravidez, costumam ser estabelecidos os laços com a criança. Imagine que já se está num grau avançado, onde você já deslumbra a "personalidade" da criança: já se sabe o sexo, ela já tem nome, já tem até um quarto com roupinhas e brinquedos.
Nesta situação, o médico identifica que se trata de uma gravidez de risco, onde salvar a criança poderia custar a vida da mãe. A solução, para salvar a mãe, seria um aborto, por vias legais lógico.
Qual seria sua atitude nesta segunda situação? Não há certeza de que tentando salvar a criança esta resista e mãe morra... Pode até ser que sobrevivam os dois. Ou que morram os dois... Praticando o aborto a "chance" de que a mãe (você/sua parceira) sobreviva é de 100%.
Qual a sua decisão?


Curiosamente, enquanto a resposta à parte I não depende necessariamente do sexo do progenitor (porque questiona se daríamos a vida por um filho) a parte II já pode depender do género do progenitor.

Então: se eu fosse homem (logo não seria a minha vida, mas sim a da minha companheira em risco), eu tentaria por todos os meios convencê-la a abortar. Obviamente no fim acataria a decisão dela, mas tentaria concencê-la a abortar até ao último minuto.


Sendo mulher (e tendo a minha própria vida em risco) não sei realmente o que faria (nunca estive grávida) mas, sem grande orgulho, penso que provavelmente optaria pelo aborto, por uma questão de autopreservação.

Contudo o problema não deixa claro se essa gravidez seria de risco per si, ou se no futuro ou teria hipóteses de engravidar com melhores resultados. Talvez se eu soubesse que todas as possíveis gravidezes futuras implicassem o mesmo tipo de risco, quem sabe eu me sentiria impelida a arriscar.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

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Re.: Exercício mental: filhos

Mensagem por Alter-ego »

Por enquanto, vou dando minha opinião:
Parte 1: Sim.
Parte 2: se fosse minha esposa, deixaria a cargo dela. Se fosse comigo, sim.

Agora, para aprimentar a discussão, não parece ser um contra-senso responder sim à primeira questão e não à segunda?
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Re.: Exercício mental: filhos

Mensagem por clara campos »

Não...
- Não salvar um filho não é a mesma coisa que não ter um filho.
- Uma decisão instantânea, basicamente instintiva, não está no mesmo patamar que uma decisão reflectida, com tempo para poderar e analisar racionalmente prós e contras
- Uma decisão individual não é a mesma coisa que uma decisão a dois
-Deixar um filho ser atropelado não está ao nível do aborto
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Re: Re.: Exercício mental: filhos

Mensagem por Alter-ego »

clara campos escreveu:Não...
- Não salvar um filho não é a mesma coisa que não ter um filho.
- Uma decisão instantânea, basicamente instintiva, não está no mesmo patamar que uma decisão reflectida, com tempo para poderar e analisar racionalmente prós e contras
- Uma decisão individual não é a mesma coisa que uma decisão a dois
-Deixar um filho ser atropelado não está ao nível do aborto

Clarinha
entendo suas colocações.
Mas fiquei a pensar: você disse que, no segundo caso, seu instinto de autopreservação provavelmente falaria mais alto.
Imagino que com a maioria das pessoas, por mais que diga o contrário, se daria o mesmo.
Então fico pensando: o que faz com que uma mãe ignore o instinto de auto-preservação e arrisque a vida para salvar o filho em meio a um tiroteio, mas tenha uma atitude diferente durante uma gravidez?
Seria apenas o fato de que no primeiro exercicio se agiria pelo instinto puro e no segundo daria tempo para pensar a situação?
Ou contaria a carga emocional já depositada num filho nascido, que é deveras maior à de um filho ainda no ventre?

Tens alguma opinião?

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Re: Re.: Exercício mental: filhos

Mensagem por Luis Dantas »

Alter-ego escreveu:Ou contaria a carga emocional já depositada num filho nascido, que é deveras maior à de um filho ainda no ventre?


Respondendo à pergunta que não foi dirigida a mim: conta sim.

Mas mais importante ainda é o fato de que uma criança abortada não chegou a ter consciência de si mesma, ou pelo menos não alcançou pensamento sofisticado o bastante para sentir tristeza por morrer, não tem apegos para ser frustrados.

Esse respeito pelas esperanças e vontades de uma criança que já nasceu é na minha opinião um fator muito mais válido do que o apego emocional à criança.
"Faça da tua vida um reflexo da sociedade que desejas." - Mahatma Ghandi
"First they ignore you, then they laugh at you, then they fight you, then you win." - describing the stages of establishment resistance to a winning strategy of nonviolent activism


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Re.: Exercício mental: filhos

Mensagem por Storydor »

Alter-ego escreveu:Ou contaria a carga emocional já depositada num filho nascido, que é deveras maior à de um filho ainda no ventre?


Conta sim! Esse filho já nascido, já crescido, não volta! O filho que tá no ventre, mesmo morrendo, pode ser refeito. Ok, não será o mesmo, mas não será tão diferente quanto ao que vai morrer.
"E quem era inocente, hoje já virou bandido, só para comer um pedaço de pão fudido" Chico Science
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Re: Re.: Exercício mental: filhos

Mensagem por Alter-ego »

Luis Dantas escreveu:Mas mais importante ainda é o fato de que uma criança abortada não chegou a ter consciência de si mesma, ou pelo menos não alcançou pensamento sofisticado o bastante para sentir tristeza por morrer, não tem apegos para ser frustrados.

Mesmo quem tem consciência de si não se sentiria triste por morrer. A não ser numa perspectiva de vida pós-morte.

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Re: Re.: Exercício mental: filhos

Mensagem por Alter-ego »

Storydor escreveu:
Alter-ego escreveu:Ou contaria a carga emocional já depositada num filho nascido, que é deveras maior à de um filho ainda no ventre?


Conta sim! Esse filho já nascido, já crescido, não volta! O filho que tá no ventre, mesmo morrendo, pode ser refeito. Ok, não será o mesmo, mas não será tão diferente quanto ao que vai morrer.

Pode ser refeito? :emoticon5:

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Re: Re.: Exercício mental: filhos

Mensagem por Malamen »

Alter-ego escreveu:Parte 1:

Durante a onda de violência que ocorreu, recentemente, no Hell de Janeiro, aconteceu um fato que marcou o período.
Durante um dos ataques, uma mãe desesperada diante da perspectiva de ver seu filho morrer atingido por uma bala, o fez deitar-se no chão e jogou-se sobre ele para protegê-lo.
O garoto escapou, a mãe não...

Existia a possibilidade de que, mesmo com sua atitude, o garoto também viesse a morrer, mas ela preferiu arriscar-se, pois havia uma posibilidade.

Ela só tinha duas vias:
1. Correr e salvar-se. Deixando o garoto no meio do tiroteio.
2. Fazer o que fez, mesmo sabendo que corria grande risco (como veio a se confirmar), pois preferiu arriscar a vida a viver sem o filho a quem amava.

Quem seria capaz de ter a mesma atitude?


Sem a mínima dúvida.
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Re.: Exercício mental: filhos

Mensagem por Malamen »

Parte 2:

Apelaria ao aborto, mas deixaria a decisão final a ela.
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Re: Re.: Exercício mental: filhos

Mensagem por clara campos »

Alter-ego escreveu:Seria apenas o fato de que no primeiro exercicio se agiria pelo instinto puro e no segundo daria tempo para pensar a situação?
Ou contaria a carga emocional já depositada num filho nascido, que é deveras maior à de um filho ainda no ventre?

Tens alguma opinião?


Eu penso que ambos teriam um peso forte e não um ou outro.
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Re: Re.: Exercício mental: filhos

Mensagem por Luis Dantas »

Alter-ego escreveu:Mesmo quem tem consciência de si não se sentiria triste por morrer. A não ser numa perspectiva de vida pós-morte.


Cuma?
"Faça da tua vida um reflexo da sociedade que desejas." - Mahatma Ghandi
"First they ignore you, then they laugh at you, then they fight you, then you win." - describing the stages of establishment resistance to a winning strategy of nonviolent activism


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Re: Re.: Exercício mental: filhos

Mensagem por Storydor »

Alter-ego escreveu:
Storydor escreveu:
Alter-ego escreveu:Ou contaria a carga emocional já depositada num filho nascido, que é deveras maior à de um filho ainda no ventre?


Conta sim! Esse filho já nascido, já crescido, não volta! O filho que tá no ventre, mesmo morrendo, pode ser refeito. Ok, não será o mesmo, mas não será tão diferente quanto ao que vai morrer.

Pode ser refeito? :emoticon5:


Dá pra ter denovo, eu quis dizer. :emoticon16:
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