É O PETRÓLEO, CLARO!
A primeira razão para a guerra são os recursos. Depois vem o orgulho, depois as mulheres e depois a segurança. A liberdade não é razão para a guerra contra outros países... porque, como defende o cientista politico John Gray (mentor da senhora Tatcher)... vivemos num capitalismo oligárquico e não em democracia...
Re.: É O PETRÓLEO, CLARO!
Porque razao as bases americanas no médio Oriente estao em sítios estratégicos (perto do petro)? 

- betossantana
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Re: Re.: É O PETRÓLEO, CLARO!
o anátema escreveu:As relações entre esses países mudaram com o passar do tempo, talvez até com parte ao menos em reflexo de coisas relacionadas aos DHs.
Isso é o quê, UMA PIADA?
o anátema escreveu:(...) não quer dizer que as pessoas contrárias a algum extremo sejam totalmente adversas a qualquer coisa rotulável como "direito humano" ou "ecológica".
MEU DEUS! Sempre fico ABISMADO quando os foristas aqui falam COMO SE as pessoas fossem algo mais do que SIMPLES e ESTEREOTIPADAS, por quê não é assim O TEMPO TODO??
É um problema espiritual, chupe pau!
Acauan escreveu:Abmael escreveu:- Não vejo em que esta afirmação invalida o que eu postei!!!
- Você quer dizer que uma vez que Bush e os seus seguiram uma tradição isto os torna automaticamente sinceros em suas intenções e pronunciamentos?!?!?!
Abmael,
Você é muito meu amigo, mas é um cara-de-pau.
Já era tempo que alguém dissesse isso...
TULIO
WE ARE ALL MONKEYS

Abmael escreveu:- Se esquece da origem do debate? - As ambições inconfessáveis de Bush e sua turma estão escritas no texto inicial,...
Como poderia esquecer?
A origem do debate é um texto xinfrim, que tinha como ponto central a "revelação" de que contratos de 30 bilhões de dólares teriam sido decisivos para deflagrar uma guerra que vem custando centenas de bilhões.
Destruído este argumento ridículo, resta aos que se empolgaram com aquele texto recorrer ao "é, mas..." e tentar costurar às pressas alguma escapatória, até agora não alcançada, pois a única coisa que ficou provada sobre as tais "ambições inconfessáveis" de W. Bush é que você tem a opinião de que ele tem ambições inconfessáveis, sem apresentar nada em favor disto, além do tal texto inicial que, como visto, é simplesmente ridículo como análise geo-política, coisa que vou demonstrar em um breve resumo.
O autor do texto desconhece, subestima ou esconde os fatores decisivos, amplamente conhecidos que influenciaram a decisão sobre a guerra, obviamente porque seu único interesse é juntar seu nome ao imenso hall dos que metem o pau nos Estados Unidos e ganham notoriedade apenas por isto. Alguns pontos não colocados:
1. A primeira Guerra do Golfo foi interrompida por motivos políticos, após uma seqüência de vitórias espetaculares que permitiriam às forças da coalizão conquistar Bagdá e derrubar Saddam Husseim. Havia na época a expectativa de que a derrota enfraqueceria o regime e provocaria sua queda pela própria oposição interna, poupando os Estados Unidos da acusação de intervencionismo;
2. Quando Saddam não caiu, pelo contrário consolidou-se no poder, ficou claro o erro estratégico, a partir do que a derrubada do regime iraquiano passou a constar da pauta do governo Clinton, que não a executou por falta de um clima político propício. Os Estados Unidos viviam um período de excepcional prosperidade econômica, que poderia ser encerrado com uma guerra custosa;
3. O 11 de Setembro reverteu esta situação, criando um clima político favorável à deflagração de uma guerra, cujo primeiro alvo foi o Afeganistão, por seu apoio direto a Bin Laden;
4. Bem sucedido no Afeganistão, o Pentágano e Donald Rumsfeld indicaram que este seria o momento ideal para um ataque ao Iraque, dado que as forças armadas estavam plenamente mobilizadas, o inimigo estava vulnerável e o momento político era propício;
5. A derrota e ocupação do Iraque não apenas concluiria os planos estratégicos para o Oriente Médio traçados para a Primeira Guerra do Golfo, como permitiria que os Estados Unidos reduzissem sua dependência da Arábia Saudita, transferindo suas tropas lá alocadas desde a citada guerra para o país invadido;
6. A transferência das tropas da Arábia Saudita era um fator estratégico decisivo, dado ser notório que a Casa de Wahab é a fonte ideológica do terrorismo fundamentalista islâmico sunita. Enquanto os Estados Unidos estivessem dependentes da boa vontade da Casa de Saud, a família real saudita, não poderiam tomar ações incisivas contra o apoio ao terrorismo que provinha do quintal de seu aliado. Com o Iraque ocupado ficaria não só claramente demonstrado que os Estados Unidos estavam decididos a impor sua política de contenção ao terrorismo fundamentalista islâmico a qualquer custo, como que não dependia tanto dos sauditas quanto eles contavam que fosse;
7. Tiranetes do mundo árabe-muçulmano, cujo principal objetivo é se perpetuar no poder, se sentiram bem menos motivados a apoiar o terrorismo fundamentalista islâmico quando ficou claro que o preço poderia ser terminar em um buraco de rato, como Saddam;
8. A União Européia e as Nações Unidas escolheram o governo Bush para experimentar uma medição de forças, tentando estabelecer um novo ponto de equilíbrio na balança de poder internacional. Os americanos optaram por reafirmar sua posição hegemônica e não fazer concessões aos poderes internacionais emergentes;
9. Petróleo é importante, claro, mas guerras por matérias-primas estratégicas é coisa dos séculos XVII e XVIII, que já não despertavam grande interesse no século XIX, sendo que não houve uma única guerra por este motivo ao longo de todo o século XX;
10. A China, como grande potência emergente, tem interesses muito maiores que os Estados Unidos no petróleo da região, dado que uma crise de fornecimento seria o fim de seu milagre econômico. Controlando militarmente a região os Estados Unidos detém o poder de asfixiar a economia chinesa caso os mandarins comunistas resolvam botar as manguinhas de fora.
Há outros fatores relevantes a ser considerados, não necessariamente mais ou menos importantes do que estes, mas qualquer um destes permite uma compreensão melhor da Guerra do Iraque do que as baboseiras do texto inicial.
Abmael escreveu:...você então colocou este documento e eu o questionei, agora, ao invés de você me demonstrar que ele é sincero, você retorna o ônus da prova contra mim e ainda me acusa de cara-de-pau?
O que você chama de questionar o documento se limitou à sua "denúncia" de que ele é público, sem analisar um único parágrafo de seu conteúdo.
Logo você não questionou o documento coisa nenhuma, pois não apresentou um motivo razoável para que uma única linha dele fosse considerada inválida, mesmo porque, não apresentou linha nenhuma.
Quanto ao ônus da prova, você diz que o presidente dos Estados Unidos tem propósitos inconfessáveis, não apresentou nenhuma evidência objetiva que provasse isto, me cobrou que eu não demonstrei que ele é sincero e sou eu que estou retornando o ônus?
Abmael escreveu:...- Veja bem seu argumento, “todo mundo fez isso antes de Bush e cumpriu”, e daí? - Isso não prova que não houve interesses escusos por trás de um tanto quanto de outro, você só me provou que existe uma tradição, apenasmente isso e mais nada.
O que já é mais do que você provou, ou seja, nada.
Abmael escreveu:- Você desconsiderou completamente vários variáveis, algumas delas bastante óbvios:
1. O Iraque estava sob embargo o que não o permitia obter todo seu potencial de ganho;
2. O Iraque está situado bem no meio de 2/3 das reservas mundiais de petróleo. O que permitiria aos EUA influenciar decisivamente sobre o preço;
3. A própria guerra provocaria elevação dos preços;
4. Com suas tecnologias mais desenvolvidas e com mais disponibilidade de recursos para investimentos, os americanos poderiam aumentar a produção;
5. Grande parte dos gastos militares retorna à economia americana, pois as empresas vendem armas e suprimentos para o exército;
6. Os americanos poderiam estar contando com contribuição dos seus aliados.
Eu poderia refutar item por item desta lista, mas basta compara-la com os fatores de influência para a guerra que apresentei no início desta postagem para que fique claro qual das duas é mais consistente.
Só para constar, dizer que não há problema em gastos militares da ordem de centenas de bilhões de dólares porque o dinheiro volta para economia americana é um absurdo econômico.
Abmael escreveu:...- Poderia colocar mais, mas não vou me alongar, espero que seja suficiente para demonstrar que seus números não são tão frios assim.
Eu estou esperando os TEUS números, tenham que temperatura tiverem.
Abmael escreveu:- Oras Acauan, estás se vingando da minha cara-de-pau sendo mais cara-de-pau ainda?
- As atuais pesquisas de opinião falam melhor que eu o que os americanos pensam de Bush (Bush é o presidente mais impopular em 50 anos), inclusive os que votaram nele, você deve estar careca de assistir programas americanos na TV a cabo onde Bush é sempre caracterizado como um panaca incompetente, veja o David Letterman, veja o Saturday Night Live, cansei de ver gente que votou em FHC e/ou Collor e/ou Lula chamá-los de incompetentes, tenha dó Acauan, essa doeu.
E foi batido o recorde dos argumentos fracos.
Julgar um chefe de estado pelo modo como é retratado por programas humorísticos é o fim da picada. Gostaria de saber quando o Saturday Night Live retratou um presidente americano como inteligente, competente e honesto.
No mais, popularidade vai e vem, Lula apresentou altos e baixos de popularidade, o que não quer dizer que sua competência (?) variou.
Ficamos pois onde começamos, muitas opiniões e nenhuma prova.
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
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Acauan escreveu:Abmael escreveu:- Se esquece da origem do debate? - As ambições inconfessáveis de Bush e sua turma estão escritas no texto inicial,...
Como poderia esquecer?
A origem do debate é um texto xinfrim, que tinha como ponto central a "revelação" de que contratos de 30 bilhões de dólares teriam sido decisivos para deflagrar uma guerra que vem custando centenas de bilhões.
Destruído este argumento ridículo, resta aos que se empolgaram com aquele texto recorrer ao "é, mas..." e tentar costurar às pressas alguma escapatória, até agora não alcançada, pois a única coisa que ficou provada sobre as tais "ambições inconfessáveis" de W. Bush é que você tem a opinião de que ele tem ambições inconfessáveis, sem apresentar nada em favor disto, além do tal texto inicial que, como visto, é simplesmente ridículo como análise geo-política, coisa que vou demonstrar em um breve resumo.
- Você parece não ter lido que eu já afirmei que o “texto xinfrim” não se propõe a esgotar o assunto, que é complexo, coloquei isto lá no primeiro post da página 3.
- Quanto a evidências das ambições inconfessáveis de Bush, não pensei ser necessário cita-las, elas são notórias, Bush e sua turma são republicanos, notórios pelas suas relações com a indústria petrolífera e armamentista, são do Texas da Texaco, notório pelas fortunas formadas pelo petróleo, a própria família Bush tem uma petrolífera chamada Arbusto Oil, seus financiadores de campanha são empresas petrolíferas, uma delas é a Halliburton, da qual seu vice, Richard Cheney é diretor-presidente e tem contratos de U$ 13 Bi no Iraque ocupado, Executivos da Exxon e da Chevron até se encontraram a portas fechadas com Cheney e a sua Força-tarefa para Energia em 2001, a fim de analisar os mapas dos campos de petróleo do Iraque e listar as companhias que buscavam contratos com Bagdá, coincidentemente a Exxon Móbil, a Chevron e a Conoco Philips—anunciaram lucros recordes em 2006, graças à alta dos preços proporcionada pela guerra do Iraque e ameaça de guerra contra o Irã.
Acauan escreveu:
O autor do texto desconhece, subestima ou esconde os fatores decisivos, amplamente conhecidos que influenciaram a decisão sobre a guerra, obviamente porque seu único interesse é juntar seu nome ao imenso hall dos que metem o pau nos Estados Unidos e ganham notoriedade apenas por isto. Alguns pontos não colocados:
1. A primeira Guerra do Golfo foi interrompida por motivos políticos, após uma seqüência de vitórias espetaculares que permitiriam às forças da coalizão conquistar Bagdá e derrubar Saddam Husseim. Havia na época a expectativa de que a derrota enfraqueceria o regime e provocaria sua queda pela própria oposição interna, poupando os Estados Unidos da acusação de intervencionismo;
2. Quando Saddam não caiu, pelo contrário consolidou-se no poder, ficou claro o erro estratégico, a partir do que a derrubada do regime iraquiano passou a constar da pauta do governo Clinton, que não a executou por falta de um clima político propício. Os Estados Unidos viviam um período de excepcional prosperidade econômica, que poderia ser encerrado com uma guerra custosa;
- Ora, ora, quer dizer que aqueles superassessores do maior império do mundo também cometem erros? – Até agora você deixava transparecer que era impossível eles não saberem avaliar o cenário, não saberem calcular os custos, etc., agora você admite que eles cometeram um erro grosseiro, até o aracnídeo bobão aqui sabe que Saddam utilizaria a retirada para se autopropagandear de vencedor e que a minoria Sunita o manteria no poder a todo custo, mas os superassessores do pentágono não viram nada, que nem um certo molusco das terras de cá.
Acauan escreveu:
3. O 11 de Setembro reverteu esta situação, criando um clima político favorável à deflagração de uma guerra, cujo primeiro alvo foi o Afeganistão, por seu apoio direto a Bin Laden;
4. Bem sucedido no Afeganistão, o Pentágono e Donald Rumsfeld indicaram que este seria o momento ideal para um ataque ao Iraque, dado que as forças armadas estavam plenamente mobilizadas, o inimigo estava vulnerável e o momento político era propício;
5. A derrota e ocupação do Iraque não apenas concluiria os planos estratégicos para o Oriente Médio traçados para a Primeira Guerra do Golfo, como permitiria que os Estados Unidos reduzissem sua dependência da Arábia Saudita, transferindo suas tropas lá alocadas desde a citada guerra para o país invadido;
6. A transferência das tropas da Arábia Saudita era um fator estratégico decisivo, dado ser notório que a Casa de Wahab é a fonte ideológica do terrorismo fundamentalista islâmico sunita. Enquanto os Estados Unidos estivessem dependentes da boa vontade da Casa de Saud, a família real saudita, não poderiam tomar ações incisivas contra o apoio ao terrorismo que provinha do quintal de seu aliado. Com o Iraque ocupado ficaria não só claramente demonstrado que os Estados Unidos estavam decididos a impor sua política de contenção ao terrorismo fundamentalista islâmico a qualquer custo, como que não dependia tanto dos sauditas quanto eles contavam que fosse;
7. Tiranetes do mundo árabe-muçulmano, cujo principal objetivo é se perpetuar no poder, se sentiram bem menos motivados a apoiar o terrorismo fundamentalista islâmico quando ficou claro que o preço poderia ser terminar em um buraco de rato, como Saddam;
8. A União Européia e as Nações Unidas escolheram o governo Bush para experimentar uma medição de forças, tentando estabelecer um novo ponto de equilíbrio na balança de poder internacional. Os americanos optaram por reafirmar sua posição hegemônica e não fazer concessões aos poderes internacionais emergentes;
9. Petróleo é importante, claro, mas guerras por matérias-primas estratégicas é coisa dos séculos XVII e XVIII, que já não despertavam grande interesse no século XIX, sendo que não houve uma única guerra por este motivo ao longo de todo o século XX;
Vamos lá (Retirado de Reportagem do Lê Monde):
A princípio Paul Wolfowitz, secretário-adjunto para a Defesa, o sub-secretário da Defesa Douglas Feith e o secretário-geral da vice-presidência Lewis Libby elaboraram um plano para o Iraque que envolvia pesquisas de novas reservas e o aumento rápido da capacidade de produção, a fim de inundar o mercado mundial o mais depressa possível, isso levaria à derrocada da cotação abaixo do patamar dos 15 dólares o barril – que oscilava, na época, em torno dos 30 dólares. Contavam com essa queda para, além de estimular o crescimento nos EUA e no Ocidente, destruir a OPEP e as economias dos “Estados delinqüentes” (Irã, Síria, Líbia) e criar novas oportunidades de “mudanças de regime” e de democratização.
Quando propuseram esse plano em 2002, encontraram oposição de várias frentes, pois, se o projeto de baixa do preço do petróleo põe em risco a economia dos “Estados delinqüentes”, ameaça também muitos dos amigos de Washington, como o México, o Canadá, a Noruega, a Indonésia, o Kuait e a Arábia Saudita. Por outro lado, os investimentos no Iraque dependem do preço do barril: quanto mais o preço do barril está baixo, menos os investimentos no setor são lucrativos. Ora, os dirigentes sauditas disseram, em alto e em bom som, que defenderiam a OPEP, aumentando, conforme a necessidade, sua própria produção para fazer baixar o preço e impedir as companhias de arriscar capital em busca de novas jazidas no Iraque. Além disso, dezenas de pequenas companhias, muitas das quais instaladas no TEXAS, que extraem o petróleo do subsolo norte-americano ou de jazidas offshore, têm necessidade da cotação elevada para sobreviver, na Arábia Saudita, o custo de produção de um barril não ultrapassa U$ 1,50, mas extrair um barril do Golfo do México pode custar U$ 13 ou mais. Portanto, essas companhias não querem a derrocada da cotação de forma alguma.
Em janeiro de 2003, o Pentágono implantou seu próprio grupo de planejamento, sob a direção de Douglas Feith, a fim de estudar, entre outras coisas, o que é conveniente fazer com o petróleo iraquiano após a “libertação” de Bagdá. Depois de um mês, esse grupo acabou aprendendo exatamente o suficiente sobre a economia do petróleo para se afastar das propostas iniciais dos neoconservadores. As autoridades do Pentágono (e da Casa Branca) imaginaram que poderiam ser reembolsadas pelos custos da guerra servindo-se do lucro do petróleo do Iraque. E que, se ainda tivessem necessidade de dinheiro, teriam apenas que abrir as torneiras em Bagdá. Mas, quando começaram a fazer as contas, descobriram não só o aumento da produção iraquiana levaria tempo, mas também necessitaria de investimentos inviáveis.
Um Detalhe: O Congressional Budget Office considerava que o preço da manutenção de tropas norte-americanas no Iraque seria de 12 a 45 bilhões de dólares por ano (mais um erro dos superassessores), tanto é que Bush demitiu, em 2003, seu mais alto assessor econômico, Larry Lindsey, por ter ousado sugerir que o custo da guerra podia chegar a US$ 200 bilhões. A Casa Branca irritou-se na época e se desdobrou no Congresso para acalmar os parlamentares. Despachou Paul Wolfowitz (era o número 2 do Pentágono e é, hoje, presidente do Banco Mundial, e voltaremos a ele mais a frente) para ir lá e jurar a deputados e senadores que o próprio Iraque financiaria tudo com o petróleo que jorra de seu solo.
A nova estratégia ficou sendo a seguinte: Os neoconservadores e a oposição iraquiana, aplaudidos pelo coro dos pequenos produtores de petróleo e pelos especialistas do Pentágono sob o impacto dos números, abandonaram agora a idéia de acabar com a OPEP. Buscam, pelo contrário, meios de maximizar os futuros ganhos com o petróleo do Iraque, com concorrência e cotações cada vez mais altas e garantia de abastecimento dos EUA.
Acauan escreveu:
10. A China, como grande potência emergente, tem interesses muito maiores que os Estados Unidos no petróleo da região, dado que uma crise de fornecimento seria o fim de seu milagre econômico. Controlando militarmente a região os Estados Unidos detém o poder de asfixiar a economia chinesa caso os mandarins comunistas resolvam botar as manguinhas de fora.
Há outros fatores relevantes a ser considerados, não necessariamente mais ou menos importantes do que estes, mas qualquer um destes permite uma compreensão melhor da Guerra do Iraque do que as baboseiras do texto inicial.
- Faz muito sentido, mas o texto inicial dá a entender um fator que você não analisou, a direita norte-americana tem arraigada a crença de controle das jazidas do petróleo como necessidade estratégica, e um argumento que vem ficando cada vez mais forte à medida que o consumo aumenta e que aumenta o poderio econômico Chinês, como você bem observou.
Acauan escreveu:Abmael escreveu:...você então colocou este documento e eu o questionei, agora, ao invés de você me demonstrar que ele é sincero, você retorna o ônus da prova contra mim e ainda me acusa de cara-de-pau?
O que você chama de questionar o documento se limitou à sua "denúncia" de que ele é público, sem analisar um único parágrafo de seu conteúdo.
Logo você não questionou o documento coisa nenhuma, pois não apresentou um motivo razoável para que uma única linha dele fosse considerada inválida, mesmo porque, não apresentou linha nenhuma.
- Sim, coloquei que, uma vez sendo ele público, nunca traria coisas como: “As armas de destruição em massa eram um pretexto inventado”, ou: “Nós invadiremos o Iraque por causa do Petróleo”, estamos tratando aqui de coisas que acontecem nos conchavos dos gabinetes e não são publicadas para todo mundo ver, dentro deste quadro, que relevância teria eu analisar tal documento?
Acauan escreveu:
Quanto ao ônus da prova, você diz que o presidente dos Estados Unidos tem propósitos inconfessáveis, não apresentou nenhuma evidência objetiva que provasse isto, me cobrou que eu não demonstrei que ele é sincero e sou eu que estou retornando o ônus?
- Eu quis dizer que, caso ele tenha propósitos inconfessáveis, ele não os revelaria num documento público, pelo menos não antes de sua morte.
Acauan escreveu:Abmael escreveu:...- Veja bem seu argumento, “todo mundo fez isso antes de Bush e cumpriu”, e daí? - Isso não prova que não houve interesses escusos por trás de um tanto quanto de outro, você só me provou que existe uma tradição, apenasmente isso e mais nada.
O que já é mais do que você provou, ou seja, nada.
- Uma evidência é o anteprojeto de lei apresentado pelos americanos ao Governo e o Congresso do Iraque receberam sobre o futuro do petróleo iraquiano, elaborado com a participação dos Estados Unidos. O projeto de lei autoriza as empresas petrolíferas ocidentais - British Petroleum, Shell, Exxon e a Chevron - a explorarem as reservas iraquianas. Conforme o jornal britânico The Independent, o anteprojeto foi elaborado pela empresa de consultoria Bearing Point a pedido dos Estados Unidos. Em julho e 2006 ele foi submetido ao governo e às principais petrolíferas norte-americanas, o Iraque, conforme o documento, detém a propriedade das reservas, enquanto as empresas estrangeiras cuidarão dos investimentos em infra-estrutura, perfuração de poços e refino - além de dividirem os lucros. O modelo é único no Oriente Médio. A Arábia Saudita e o Irã, dois maiores exportadores mundiais de petróleo, exercem um profundo controle sobre o petróleo, assim como os demais membros da Organização de Exportadores de Petróleo. O anteprojeto prevê ainda uma concessão de 30 anos às multinacionais no Iraque. Durante este prazo, as medidas e taxas de lucros não vão mudar. Além disso, As multinacionais ficarão com 20% dos lucros. A taxa não tem precedentes no segmento. Ao mesmo tempo, poderão transferir seus lucros ao exterior livres de qualquer tipo de imposto.
- Outra: As tropas chegaram ao Iraque conscientes de que deveriam proteger as instalações petrolíferas. Depois da queda do regime de Saddam Hussein, o então ministro de Defesa norte-americano, Donald Rumsfeld, anistiou os iraquianos que saquearam os bens públicos, com exceção aos patrimônios do Ministério do Petróleo.
- O conglomerado Halliburton de Cheney, foi contemplado com US$ 13 bilhões em contratos desde o início do processo de reconstrução do Iraque - incluindo as obras de modernização das instalações petrolíferas iraquianas, estimadas em US$ 7 bilhões.
- O testemunho do diplomata sueco Hans Blix, na época chefe dos inspetores da ONU no país, acredita que Washington sabia que não havia no Iraque o tipo de armamento que serviu de justificativa para a invasão. Pouco mais de dois anos após a queda de Saddam, Blix afirma ter "fortes suspeitas" de que a invasão foi motivada por dois interesses dos EUA. O primeiro, transferir as bases militares americanas da hostil Arábia Saudita para um país transformado em aliado. O segundo, mais importante, garantir o acesso ao petróleo. "Havia Saddam e as armas de destruição de massa, mas por trás de tudo estava um país sedento de petróleo, que não tem perspectiva de reduzir seu consumo".
- Se Hans Blix não for suficiente para você, que tal umas declarações do subsecretário da Defesa dos EUA, Paul Wolfowitz aos delegados que participaram da cúpula de segurança asiática em Cingapura informadas pelo jornal alemão Der Tag-Spiegel em maio de 2003? – "Nadar em petróleo foi a principal razão para a ação militar". Também em maio de 2003, em entrevista à revista Vanity Fair, Wolfowitz afirmou: "Por razões ligadas à burocracia de nosso governo, fixamos como ponto principal algo com o qual todos poderiam concordar – as armas de destruição em massa". O jornal O Estado de S. Paulo apresentou o título "Razão do ataque foi o petróleo, diz Wolfowitz", em 5/6/2003.
Acauan escreveu:Abmael escreveu:- Você desconsiderou completamente vários variáveis, algumas delas bastante óbvios:
1. O Iraque estava sob embargo o que não o permitia obter todo seu potencial de ganho;
2. O Iraque está situado bem no meio de 2/3 das reservas mundiais de petróleo. O que permitiria aos EUA influenciar decisivamente sobre o preço;
3. A própria guerra provocaria elevação dos preços;
4. Com suas tecnologias mais desenvolvidas e com mais disponibilidade de recursos para investimentos, os americanos poderiam aumentar a produção;
5. Grande parte dos gastos militares retorna à economia americana, pois as empresas vendem armas e suprimentos para o exército;
6. Os americanos poderiam estar contando com contribuição dos seus aliados.
Eu poderia refutar item por item desta lista, mas basta compara-la com os fatores de influência para a guerra que apresentei no início desta postagem para que fique claro qual das duas é mais consistente.
- Os itens desta lista pouco tem a ver com os da outra, tampouco visam consistência, visam somente demonstrar que não basta apresentar dois números para esgotar a questão, e só o fato de você admitir a possibilidade de refutar item por item prova isso.
Acauan escreveu:
Só para constar, dizer que não há problema em gastos militares da ordem de centenas de bilhões de dólares porque o dinheiro volta para economia americana é um absurdo econômico.
- Não disse que não há problema, quis dizer que o estrago causado por esses gastos não é generalizado, para grupos de interesse específicos esses gastos são gordos lucros na verdade.
Acauan escreveu:Abmael escreveu:...- Poderia colocar mais, mas não vou me alongar, espero que seja suficiente para demonstrar que seus números não são tão frios assim.
Eu estou esperando os TEUS números, tenham que temperatura tiverem.
- Já demonstrei aqui que os superassessores do pentágono (A grande Condolezza entre eles) não esperavam um custo de U$ 170 Bilhões e que o anteprojeto de exploração prevê um prazo de 30 anos de exploração com remessas de lucros isenta de impostos, suficiente para recuperar o “investimento”, ainda mais quando se tem grande controle sobre o preço, que, por sinal, está aumentando que é uma beleza e já garantiu lucros gordos de mais de U$ 70 bilhões às 3 maiores petrolíferas americanas.
- Além disso, como o petróleo é visto como estratégico para a segurança nacional pelos republicanos, os números crescentes de consumo nos EUA também ajudam a tese.
Acauan escreveu:Abmael escreveu:- Oras Acauan, estás se vingando da minha cara-de-pau sendo mais cara-de-pau ainda?
- As atuais pesquisas de opinião falam melhor que eu o que os americanos pensam de Bush (Bush é o presidente mais impopular em 50 anos), inclusive os que votaram nele, você deve estar careca de assistir programas americanos na TV a cabo onde Bush é sempre caracterizado como um panaca incompetente, veja o David Letterman, veja o Saturday Night Live, cansei de ver gente que votou em FHC e/ou Collor e/ou Lula chamá-los de incompetentes, tenha dó Acauan, essa doeu.
E foi batido o recorde dos argumentos fracos.
Julgar um chefe de estado pelo modo como é retratado por programas humorísticos é o fim da picada. Gostaria de saber quando o Saturday Night Live retratou um presidente americano como inteligente, competente e honesto.
- Você que começou ao argumentar pela competência de Bush alegando sua eleição e reeleição.
- Clinton, por exemplo, não era retratado como Burro e incompetente, era sacaneado por outros atributos.
Acauan escreveu:
No mais, popularidade vai e vem, Lula apresentou altos e baixos de popularidade, o que não quer dizer que sua competência (?) variou.
Ficamos pois onde começamos, muitas opiniões e nenhuma prova.
- Eleições também vão e vem.
Abraços,
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
Ben Parker
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