Escola Pública

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Samael
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Re: Re.: Escola Pública

Mensagem por Samael »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Eu acho que um ítem que deveria ser gradualmente abolido é a faculdade pública.

Isso é uma fantasia, uma irrealidade. Eu estudo numa e sei disso. Faculdades públicas podem funcionar bem na França, mas no Brasil é estupidez. Os recursos para educação devem ser destinados para a formação fundamental e secundária sólida, e pública.

O ensino superior deveria ser todo ele pago, com as pessoas de menor renda trabalhando durante o curso ou conseguindo uma bolsa por processos meritocráticos.

Esse é o sistema mais funcional, o que implica em menores desperdícios.

Só para constar, os sindicatos de professores das universidades federais rejeitou uma proposta do MEC de reajuste de 30%, pois de acordo com eles, o justo seria 48%. Outra observação pertinente é que esses gananciosos são todos (ou quase todos) de orientação marxista.

Isso é absurdo. Os salários devem ser regulados pelo mercado, ou tudo vira uma palhaçada.


Ai, meu estômago...como dói...

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Samael
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Re: Re.: Escola Pública

Mensagem por Samael »

O ENCOSTO escreveu:
Leo Vieira escreveu:
O ENCOSTO escreveu:Qualquer neanderthal entenderia oque escrevi no início:

Se você deseja tornar-se professor do ensino fundamental para se realizar financeiramente, tem mais é que se FUDER mesmo.

Não disse em lugar algum que professores devem ganhar pouco. Disse sim que quem está pensando em ganhar dinheiro com essa profissão TEM MAIS É QUE SE FUDER.


Taquilpariu...

Então pelo jeito você ainda não saiu do Pleistoceno.

Eu quis dizer que independente da forma como o professor almeja se realizar, ele deveria ser bem remunerado, e que você pensando dessa forma, estaria apenas perpetuando a banalização da idéia que o professor ganha mal, sem defender que essa situação deva ser mudada, pois esse posicionamento não dá margens para se pensar numa atitude crítica, pois assim você apenas aceita esta condição com dada.

Entendeu agora? Ou repetindo os termos que o Acauan utilizou há algum tempo: Quer que eu te explique com macarrõezinhos coloridos?


O ENCOSTO escreveu:Veja a situação e história do nosso pais. Não será em uma geração que as coisas irão melhorar.


Jura?! Puxa vida... E eu pensando que mudanças estruturais ocorressem num piscar de olhos...


Leu, não entendeu e ficou revoltadinho.

Repetindo: Eu não disse que os professores devam ganhar pouco. Disse E REPITO que se você deseja formar-se professor achando que irá se satisfazer financeiramente TEM MAIS É QUE TOMAR NO RABO. No seu caso, nem com macarrões parece que você entende oque eu digo. Então, recomendo que você os use para outra finalidade.

Outra coisa: Enquanto nossas universidades formam um bando de bostinhas comunistas nas áreas onde deveriam sair os grandes pensadores, nosso pais vai para a cucuia! Nossa universidade está longe de formar pessoas com o mínimo de senso critico. Prova disso é você que não tem a capacidade de interpretar um texto simples.

Além disso, eu evidenciei em outro tópico quando debatia com o samael algo muito interessante: ESTÃO PREPARANDO NOSSOS JOVENS PARA PROCURAR EMPREGO! Isso é um absurdo!

Definitivamente, esse pais não irá sair do lugar.


Depois de ler essa postagem, acho que é o mundo que não irá sair do lugar...

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Samael
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Re: Re.: Escola Pública

Mensagem por Samael »

Acauan escreveu:O atual sistema de educação no Brasil é produto de um pacto absurdo entre militares de direita e pedagogos de esquerda. Uma daquelas maluquices típicas destes trópicos, na qual os inimigos esqueceram suas diferenças ideológicas e se uniram visando o nobre objetivo de fazer merda.

Nos anos sessenta e setenta os militares no poder entenderam que a educação brasileira era elitista e cheia de conteúdos inúteis para o que interessava a eles – formar mão de obra suficientemente qualificada para sustentar a demanda da indústria em franco crescimento.
Os pedagogos de esquerda também entendiam que a educação brasileira era elitista e cheia de conteúdos inúteis para o que interessava a eles – conscientizar as massas sobre seu papel no processo histórico (ou qualquer outra coisa igualmente estúpida).

O julgamento das grades curriculares foi sumário:

Latim? Para que estudar algo que responde pelo nome de língua morta?
Filosofia? Coisa de quem não tem o que fazer.
Demonstração de teoremas? Se alguém já demonstrou, para que perder tempo com isto?

O resultado foi o despejo porta da escola afora direto para a rua da amargura de todas as disciplinas que formatavam o pensamento abstrato e crítico.
Para os militares, que queriam operários espertos, tava ótimo e também para os pedagogos esquerdistas, para quem o marxismo fornecia todo o pensamento que queriam.

Só que os militares deixaram o poder há vinte anos – uma geração, tempo mais que suficiente para seus sucessores democraticamente eleitos consertarem esta bagunça.
Para variar, preservaram e ampliaram o que o sistema herdado dos militares tinha de ruim e destruíram o que tinha de bom.
As escolas da rede pública adotaram de vez o pragmatismo tecnicista, enquanto o último reduto do pensamento abstrato no ensino de nível médio – ironicamente as escolas técnicas estaduais e federais – foram sucateadas, desmanteladas e reduzidas à indigência de suas irmãs convencionais, tudo isto sobre o veredicto de, oh céus, serem as escolas técnicas elitistas.

Educação é um assunto no qual ninguém precisa inventar a roda, muito menos os pedagogos brasileiros que produziram duas gerações de analfabetos funcionais, mas aparecem falando na TV com a arrogância de quem tem todas as soluções e nada a ver com o problema.
Estão aí para ser copiados os modelos orientais (coreano e japonês), europeu (alemão, francês e britânico) e americano (que todos por aqui dizem ser uma porcaria, mas produz os universitários mais competentes do mundo).
E não venham com aquele papo furado de barreira cultural, isto é desculpa de preguiçoso. Com algumas adaptações dá para construir um sistema educacional mil vezes melhor que o presente apenas requentando estas fórmulas já experimentadas.

No fim, o problema da educação no Brasil é típico. Todo mundo culpa os outros e no fim ninguém assume a responsabilidade, que passa por políticos fisiológicos (alguém ainda usa este adjetivo neste contexto?), pedagogos estúpidos, administradores escolares incompetentes e corruptos, professores ignorantes e preguiçosos, pais omissos e alunos vagabundos.

Pois é, todos nós temos culpa.
Quanto antes assumirmos isto, mais chance de que a próxima geração de brasileiros não seja produto de um sistema asinino de educação.


Acauan, muito bom ler postagens como essa no fórum.

Infelizmente, e no ReV isto é regra, muitos ainda pensam sob a mentalidade dos exemplos citados no seu terceiro parágrafo.

Abraços!

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Edson Jr
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Mensagem por Edson Jr »

Claudio Loredo escreveu:Penso que a categoria dos professores deveria reinvindicar mais. Deveria ir a TV, aos rádios e falar à população o tanto que a educação é vital para o Brasil e a população convencida pelos professores fizesse sua parte.

Concordo com você, Claudio.

Seria uma longa jornada, não!?:emoticon178:

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Acauan
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Re: Re.: Escola Pública

Mensagem por Acauan »

Edson Jr escreveu:Acauan,

Na sua opinião, quais são os reais interesses dos pedagogos?


A maioria dos pedagogos brasileiros vive num mundo de faz de conta, completamente desvinculados de compromissos com a realidade.
Ao contrário das outras profissões, cuja competência é medida objetivamente pelos resultados, os pedagogos avaliam a eles mesmos com base apenas em seus próprios discursos.

Ninguém precisa pensar duas vezes para avaliar engenheiros que constroem pontes que sempre caem, médicos cujos pacientes sempre morrem ou advogados cujos clientes sempre terminam em cana.

Os pedagogos do Brasil produzem alunos analfabetos funcionais aos milhões, mas ainda assim têm a pachorra de se apresentarem ao público como portadores da solução e não responsáveis pelo problema.

Isto deve ter relação com o fato de o ídolo da maioria deles até hoje ser o Florestan Fernandes, o cara que pregava que a função da escola era promover a "transformação social" e foi o principal articulador da Lei de Diretrizes e Bases da Educação em vigor.
Só este fato evidencia o interesse desta turminha em testar rançosas fórmulas marxistas que ninguém deveria ter levado a sério mesmo antes da queda do Muro de Berlim (quanto mais depois).

Um dos problemas da escola pública brasileira é que não há metas específicas a serem cumpridas.
Isto ocorre quando se estabelecem coisas como "o objetivo da escola é formar o cidadão".
Como não há modos de se aferir o cumprimento deste objetivo, por piores que sejam os resultados efetivos da educação, os pedagogos podem sempre usar esta peneira para tentar tapar o sol.
O ruim da coisa é que fica todo mundo discutindo esta coisa vaga que é formar cidadãos enquanto poucos parecem estar preocupados com problemas reais como se os alunos sabem ler, interpretar um texto, conhecem taboada e as quatro operações.

Claro que é muito mais glamouroso ficar dissertando sobre "o papel dos métodos pedagógicos na construção de uma sociedade justa e solidária" do que queimar pestana para descobrir porque o Tiãozinho lá da favela tá na sexta série e não consegue ler um jornal.

O mal de nossos pedagogos reside nisto.
Nós, Índios.

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Edson Jr
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Re.: Escola Pública

Mensagem por Edson Jr »

Obrigado pelas considerações, Acauan!

Ao seu ver, quais seriam as possíveis soluções para resolver o problema da educação? O que você faria se tivesse o poder nas mãos?

Acho que você seria um bom político.
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

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Acauan
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Mensagem por Acauan »

Edson Jr escreveu:Obrigado pelas considerações, Acauan!

Ao seu ver, quais seriam as possíveis soluções para resolver o problema da educação? O que você faria se tivesse o poder nas mãos?


Oi Edson,

O problema principal da educação pública no Brasil é a baixa qualidade dos recursos humanos.
Quem achar isto ofensivo que verifique quantos dos professores que ensinam inglês nas escolas públicas falam inglês. The book's on the table não vale.

Só que a constituição dá estabilidade aos professores concursados, daí não ser possível substituir os deficientes sem uma improvável reforma constitucional ou esperando até que todos se aposentem.
Mas é possível estancar a sangria e minimizar o problema com algumas ações de efeito imediato.
A mais urgente delas é o que se convencionou chamar de "choque de gestão", administrar o ensino conforme as técnicas e regras da empresa privada, com foco em resultados.

Assim como em qualquer empresa os funcionários são constantemente avaliados pelo seu desempenho, professores e administradores escolares devem ser avaliados pelo aprendizado efetivamente demonstrado por seus alunos. A experiência do provão mostrou o quanto medir o conhecimento do aluno é eficaz para impulsionar as escolas a buscar melhorias.

Os professores e administradores cujos alunos obtiverem melhor desempenho teriam direito a um bônus salarial, enquanto professores e administradores das escolas de pior resultado seriam encaminhados para programas de reciclagem (além de não ganhar bônus nenhum, claro). Se não houver melhora nos índices, estes professores e administradores seriam realocados em funções em que causassem menor dano aos resultados e substituídos por outros de competência confirmada.
Isto não só forçaria os preguiçosos a se mexer, como resolveria um problema clássico do serviço público, que se nivela no desempenho mais baixo porque não existem instrumentos de valorização da competência.
Também estimularia profissionais competentes a se dedicarem integralmente ao ensino.

Seria preciso criar mecanismos para ponderar fatores extra-escola, como o fato de crianças de comunidades faveladas viverem em um ambiente nocivo ao bom desempenho escolar, mas estes mecanismos não devem adotar o paternalismo simplista de poupar estas crianças da avaliação e muito menos assumir o preconceito velado de associar pobreza à burrice. Favelados não são menos inteligentes que outras pessoas, logo pode-se e deve-se esperar destes alunos um bom desempenho.

O choque de gestão teria que atuar principalmente no aproveitamento das verbas públicas.
Ao contrário do que muitos pensam o Estado brasileiro gasta muito em educação. Só que gasta muito mal, com a maior parte das verbas desaparecendo numa teia de corrupção e sustento de uma burocracia parasitária.

Com os gastos saneados seria possível investir em infra-estrutura das escolas, com ênfase nas instalações esportivas, laboratórios e salas de informática.
Com tais recursos se poderia diminuir o número de aulas expositivas, enfadonhas e de baixo resultado, por aulas demonstrativas, que despertam o interesse e fixam melhor o conhecimento.

As grades curriculares precisariam ser totalmente reformadas.
A partir dos cursos superiores de pedagogia, que precisam ser limpos das influências ideológicas e direcionados para o que interessa, formar profissionais que saibam como as escolas devem funcionar para que os alunos aprendam

No ensino fundamental a ênfase nos primeiros anos deveria ser as práticas esportivas, valendo-se de instalações e recursos adequados, principalmente a adoção do banho e troca de roupa entre as aulas de atividade física e as de atividade intelectual.
Isto é extremamente necessário, principalmente nas áreas urbanas faveladas ou áreas rurais pobres, para sedimentar a auto-estima das crianças através do esporte – que busca a vitória dentro de regras, da higiene e asseio pessoal.
Junto com uma merenda escolar adequada, estas atividades manteriam as crianças afastadas de ambientes socialmente nocivos e desenvolveriam nelas a auto-confiança, além de tornar a escola mais divertida e atraente.

As aulas de ciências sociais, principalmente História do Brasil, deveriam ter o máximo de horas extra-classe, com visitas a museus e locais históricos.
Uma das coisas que me chamou a atenção quando estive em Buenos Aires foi que havia grupos de escolares em praticamente todos os monumentos históricos e cívicos da cidade (outra é que nunca vi tantas livrarias em uma cidade só). A capital argentina é cheia de estátuas de personagens de sua História e as aulas sobre aquele personagem eram dadas sob o monumento que o homenageia.
Não por acaso, não se vê monumentos históricos pichados na cidade portenha.

O mesmo recurso de aulas extra-classe deveria ser aplicado no ensino das demais ciências, com aulas de biologia no jardim da escola, sempre repletos de formas de vida e ensino de física a partir de explicações ao ar livre sobre como se forma o vento que agita as folhas.

Matemática e língua portuguesa devem, claro, continuar ocupando a maior parte das grades, só que seus conteúdos devem ser aplicados de modo a incentivar a criatividade e o pensamento abstrato, com uso de ferramentas adequadas que podem ser desde o jogo de xadrez até o teatro.

É claro que é muito mais fácil dar pitacos sobre este assunto do que corrigir séculos de formação cultural inadequada de toda uma população, mas nada justifica a inépcia de nossos governantes e pedagogos, que se limitam a repetir lamúrias e discursos panfletários diante do anunciado colapso futuro desta nação por conta da falência de seu sistema de ensino.

Muitas ações poderiam ser adotadas imediatamente e sem custo, bastando os responsáveis tirarem suas honoráveis bundas de suas confortáveis cadeiras e trabalharem na dosagem requerida pela dimensão do problema.

E o que se vê, tragicamente, é o oposto.
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Leo
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Re: Re.: Escola Pública

Mensagem por Leo »

O ENCOSTO escreveu:Leu, não entendeu e ficou revoltadinho.

Repetindo: Eu não disse que os professores devam ganhar pouco. Disse E REPITO que se você deseja formar-se professor achando que irá se satisfazer financeiramente TEM MAIS É QUE TOMAR NO RABO. No seu caso, nem com macarrões parece que você entende oque eu digo. Então, recomendo que você os use para outra finalidade.

Outra coisa: Enquanto nossas universidades formam um bando de bostinhas comunistas nas áreas onde deveriam sair os grandes pensadores, nosso pais vai para a cucuia! Nossa universidade está longe de formar pessoas com o mínimo de senso critico. Prova disso é você que não tem a capacidade de interpretar um texto simples.

Além disso, eu evidenciei em outro tópico quando debatia com o samael algo muito interessante: ESTÃO PREPARANDO NOSSOS JOVENS PARA PROCURAR EMPREGO! Isso é um absurdo!

Definitivamente, esse pais não irá sair do lugar.


E eu não consigo interpretar um texto simples? :emoticon5:

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Neuromancer
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Mensagem por Neuromancer »

Acauan escreveu:A mais urgente delas é o que se convencionou chamar de "choque de gestão", administrar o ensino conforme as técnicas e regras da empresa privada, com foco em resultados.

No Estado de Minas o chamado choque de gestão se resume em encostar o professor ainda mais na parede, a prática aqui se resume em: porque pagar 1200 reais por mês a um professor se pagando 540 ainda temos uma fila de candidatos ansiosos por uma oportunidade?
Aqui, em minas, pagam mal e exigem muito.
Fazer isso só está tendo um resultado, quem é bom e consegue passar em um concurso público sai, quem não é tão bom e não consegue tal proeza vai ficando...
Não estou dizendo com isso que a exigencia deva cair, mas que o ganho deve subir com a exigência.
Fazer mestrado ou pós aqui para conseguir um adicional no salário é motivo de risos, dá prejuízo. Gasta-se em torno de 2000 reais em uma pós graduação e se consegue talvez 15 reais, ou até menos, de adicional. Eu sempre digo aos meus colegas, se vc pegar esse dinheiro e comprar uma geladeira nova, que consuma menos energia, vc estará fazendo um investimento melhor, sob o ponto de vista econômico.

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Edson Jr
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Re.: Escola Pública

Mensagem por Edson Jr »

Acauan,

O que Neuromancer está dizendo é pura verdade. Não adianta nada esse "choque de gestão" se não aumentar o salário do professor. Vai exigir muito e pagar muito pouco. Para o professor conseguir um salário razoável atualmente, precisa trabalhar muito. Não há condições de fazer um trabalho bem feito com uma carga horário puxada. Imagine ter que trabalhar 50, 60 tempos por semana para ter um salário melhor!?

Muitos professores precisam dessa carga horária para dar uma boa educação para os filhos, pagar aluguel, sustentar a família. Imagine você dando 12 tempos de aula quase sem intervalo num só dia. Imagine você fazendo isso dia após dia! Tudo isso num cenário horrível de alunos carentes, rebeldes e problemáticos! O stress é inevitável...

Tudo que você disse é muito legal e bonito, mas infelizmente está infinitamente distante da realidade. Aqui no Rio existe o "programa nova escola" onde cada escola recebe uma gratificação. Aprovação pesa na balança. Conseqüência: um monte de analfabetos são aprovados. O Estado não quer melhorias, quer estatística.

Não é à toa que os professores representam uma das classes mais doentes que têm, com muitas licenças, problemas de cordas vocais, ansiedade, stress, depressão. Quase todos os professores que trabalham comigo precisam tomar medicação para dormir. Pagam pouco e ainda atrasam o pagamento para depois descontarem ainda mais no imposto de renda.

Acho muito bom esse "choque de gestão" que você está falando, mas que valorize o profissional, pagando bem melhor! É muito complicado evitar a preguiça e o desânimo quando não é dado o devido valor para os professores.
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

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zencem
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Re: Re.: Escola Pública

Mensagem por zencem »

Edson Jr escreveu:Obrigado pelas considerações, Acauan!

Ao seu ver, quais seriam as possíveis soluções para resolver o problema da educação? O que você faria se tivesse o poder nas mãos?

Acho que você seria um bom político.


Não vou debater Escola Pública, porque, afinal de contas, nem estou habilitado pra isso.
Mas não posso perder a oportunidade de dar aquele abraço no amigo e professor desaparecido, Edson Jr.
De quebra, estendo o amplexo ao mestre Acauan.

abçs!




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Edson Jr
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Re: Re.: Escola Pública

Mensagem por Edson Jr »

zencem escreveu:Mas não posso perder a oportunidade de dar aquele abraço no amigo e professor desaparecido, Edson Jr.
De quebra, estendo o amplexo ao mestre Acauan.


Oi, meu amigo!

Obrigado pela recepção tão agradável!

Estive sumido por vários motivos. Deixei um pouco minha vida de vagabundo e comecei a trabalhar como professor do Estado com uma carga horária um pouco puxada. Vou me casar, provavelmente em janeiro de 2006, e por isso, estou numa fase apertada de mudanças, compras, dívidas, etc...

Agora estou com o tempo um pouquinho mais livre para participar do fórum, pois o ano letivo já está acabando e estou com a mudança praticamente feita.

Estou aprendendo muitas coisas novas e interessantes, Orlando! O magistério é um meio bastante legal para o aperfeiçoamento e amadurecimento, pois sempre há o contado direto com vários pessoas com visões de vida, cultura e comportamento distintos. Também é preciso tomar cuidado com o stress, pois é desgastante. Infelizmente o Estado do Rio, representado por Rosinha Garotinho, não valoriza esta profissão e é necessário ter uma longa jornada para ter um salário razoável.

Um grande abraço para você também, amigão!

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zencem
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Re: Re.: Escola Pública

Mensagem por zencem »

Edson Jr escreveu:
zencem escreveu:Mas não posso perder a oportunidade de dar aquele abraço no amigo e professor desaparecido, Edson Jr.
De quebra, estendo o amplexo ao mestre Acauan.


Oi, meu amigo!

Obrigado pela recepção tão agradável!

Estive sumido por vários motivos. Deixei um pouco minha vida de vagabundo e comecei a trabalhar como professor do Estado com uma carga horária um pouco puxada. Vou me casar, provavelmente em janeiro de 2006, e por isso, estou numa fase apertada de mudanças, compras, dívidas, etc...

Agora estou com o tempo um pouquinho mais livre para participar do fórum, pois o ano letivo já está acabando e estou com a mudança praticamente feita.

Estou aprendendo muitas coisas novas e interessantes, Orlando! O magistério é um meio bastante legal para o aperfeiçoamento e amadurecimento, pois sempre há o contado direto com vários pessoas com visões de vida, cultura e comportamento distintos. Também é preciso tomar cuidado com o stress, pois é desgastante. Infelizmente o Estado do Rio, representado por Rosinha Garotinho, não valoriza esta profissão e é necessário ter uma longa jornada para ter um salário razoável.

Um grande abraço para você também, amigão!


Tenho certeza que deste limão sairá uma saborosa limonada.
Sucesso pra você e todos os seus alunos, que, certamente, saberão tirar proveito da honestidade e sabedoria que fazem parte do seu caráter.

Abraços,

zencem



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Acauan
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Re: Re.: Escola Pública

Mensagem por Acauan »

zencem escreveu: De quebra, estendo o amplexo ao mestre Acauan.


Um abraço para você também, abaré.
Nós, Índios.

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Acauan
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Mensagem por Acauan »

Edson Jr escreveu:Acauan,

O que Neuromancer está dizendo é pura verdade. Não adianta nada esse "choque de gestão" se não aumentar o salário do professor. Vai exigir muito e pagar muito pouco. Para o professor conseguir um salário razoável atualmente, precisa trabalhar muito. Não há condições de fazer um trabalho bem feito com uma carga horário puxada. Imagine ter que trabalhar 50, 60 tempos por semana para ter um salário melhor!?


O que o Neuromancer descreveu não é choque de gestão, é politicagem picareta no pior estilo dos políticos picaretas brasileiros, que não têm a mais mínima intenção de resolver problemas, querem apenas dar a impressão que o estão fazendo e manter esta impressão até o próximo pleito, após o qual inventam outros engodos.

Choque de gestão, como disse, transfere para a máquina do Estado as técnicas gerenciais das melhores empresas privadas. Nenhuma empresa entre as melhores remunera mal seus funcionários-chave, ficando claro que estas empresas também põem no olho da rua quem não atinge as metas.


Edson Jr escreveu:Muitos professores precisam dessa carga horária para dar uma boa educação para os filhos, pagar aluguel, sustentar a família. Imagine você dando 12 tempos de aula quase sem intervalo num só dia. Imagine você fazendo isso dia após dia! Tudo isso num cenário horrível de alunos carentes, rebeldes e problemáticos! O stress é inevitável...


Posso parecer insensível, mas a solução do problema da educação não passa por envolvimento sentimental com os problemas pessoais dos professores.
A maioria dos operários brasileiros também ganham mal e têm mil problemas e isto, por si só, não é motivo para seus empregadores lhes pagarem mais. O único motivo para se pagar melhor seus empregados é quando eles apresentam uma produtividade que justifique isto.
A produtividade dos professores não se mede pelo número de horas-aulas dadas, mas pelo efetivo aprendizado dos alunos.
Como ninguém mede isto, então o Estado sequer distingue os professores altamente produtivos dos vagabundos.
Separar produtivos de improdutivos, recompensar os primeiros e reduzir o estrago dos vagabas devia ser uma das prioridades do choque de gestão.


Edson Jr escreveu:Tudo que você disse é muito legal e bonito, mas infelizmente está infinitamente distante da realidade. Aqui no Rio existe o "programa nova escola" onde cada escola recebe uma gratificação. Aprovação pesa na balança. Conseqüência: um monte de analfabetos são aprovados. O Estado não quer melhorias, quer estatística.


O que disse não é legal e nem bonito. É apenas lógico.
Se está infinitamente distante da realidade brasileira é porque aberrações como o "programa nova escola" dominam a cena no Estado Brasileiro.
Não há problema, em princípio, de o Estado querer estatísticas. Empresas privadas também se valem delas. O problema é que o Estado quer as estatísticas erradas. Os únicos números que interessam são aqueles que dizem o quanto os alunos efetivamente aprenderam. Coisas como índice de aprovação ou mesmo assiduidade ou cursos de reciclagem do professor tornam-se apenas bobagens se este aprendizado efetivo não é medido e analisado conforme as modernas técnicas de benchmarking.


Edson Jr escreveu:Não é à toa que os professores representam uma das classes mais doentes que têm, com muitas licenças, problemas de cordas vocais, ansiedade, stress, depressão. Quase todos os professores que trabalham comigo precisam tomar medicação para dormir. Pagam pouco e ainda atrasam o pagamento para depois descontarem ainda mais no imposto de renda.


Os operadores de tráfico aéreo têm problemas parecidos, só que os aviões não caem por causa disto.
Voltando à insensibilidade, não podemos tolerar que as dificuldades de uma categoria profissional impliquem em condescendência com resultados desastrosos em uma questão de importância crucial como é a formação das futuras gerações.


Edson Jr escreveu:Acho muito bom esse "choque de gestão" que você está falando, mas que valorize o profissional, pagando bem melhor! É muito complicado evitar a preguiça e o desânimo quando não é dado o devido valor para os professores.


Como eu disse, esta é uma das primeiras medidas, mas aplicável apenas àqueles cuja produtividade os faça merecer.
Nós, Índios.

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Re: Re.: Escola Pública

Mensagem por emmmcri »

[A postagem foi apagada por não acrescentar nada à discussão em curso e conter ofensa gratuíta. (Acauan)]


Sua "imparcialidade" fica cada ve mais clara Acauam.Expressei minha opinião aos comentários dele, ele fez o mesmo comigo neste tópico e em outros e você não fez nada.
Lamentável sua postura...
"Assombra-me o universo e eu crer procuro em vão, que haja um tal relógio e um relojoeiro não.
VOLTAIRE

Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ?
A Guerra faz de heróis corajosos assassinos covardes e de assassinos covardes heróis corajosos .
No fim ela mostra o que somos , apenas medíocres humanos.



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Re: Re.: Escola Pública

Mensagem por Edson Jr »

Tenho certeza que deste limão sairá uma saborosa limonada.
Sucesso pra você e todos os seus alunos, que, certamente, saberão tirar proveito da honestidade e sabedoria que fazem parte do seu caráter.


Estou muito grato pelo seu incentivo, caríssimo amigo!

Abraços! :emoticon19:

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Re.: Escola Pública

Mensagem por Edson Jr »

Acauan escreveu:Posso parecer insensível, mas a solução do problema da educação não passa por envolvimento sentimental com os problemas pessoais dos professores. A maioria dos operários brasileiros também ganham mal e têm mil problemas e isto, por si só, não é motivo para seus empregadores lhes pagarem mais. O único motivo para se pagar melhor seus empregados é quando eles apresentam uma produtividade que justifique isto.


Não vejo sentido em ignorar os problemas que os professores enfrentam que são decorrentes da desvalorização que o governo lhes oferece. Perceber os reais motivos que os levam a ter um mal desempenho na sala de aula e procurar minimizá-los é, ao meu ver, fundamental.

É inútil exigir produtividade de um profissional que mal consegue se sustentar. Conheço professores que ganham 480 reais líquidos e precisam pegar duas ou mais conduções para chegar ao local de trabalho, o que dá uma despesa que ultrapassa os 100 reais mensais. Somente de passagem! Não é raro alguns professores pedirem dinheiro emprestado para poder pegar o ônibus de volta. Não é raro o professor adoecer por trabalhar muito e não conseguir apresentar atestado médico na escola porque não tem dinheiro para pagar uma consulta ou plano de saúde particular, ou não conseguiu atendimento em hospitais públicos ou postos de saúde, muitas das vezes por estarem em greve.

Somente melhorando as condições de trabalho dos professores, o que inclui salários decentes, é que será possível perceber com clareza aquele que realmente é bom e competente.

Acauan escreveu:A produtividade dos professores não se mede pelo número de horas-aulas dadas, mas pelo efetivo aprendizado dos alunos.
Como ninguém mede isto, então o Estado sequer distingue os professores altamente produtivos dos vagabundos.
Separar produtivos de improdutivos, recompensar os primeiros e reduzir o estrago dos vagabas devia ser uma das prioridades do choque de gestão.


Para mim está bastante claro que muitos professores (acredito que seja a grande maioria) não são mais produtivos por falta de condições, não por opção ou falta de capacidade ou potencial.

Talvez você conheça professores altamente produtivos em outros contextos, não em escolas altamente precárias dentro de uma comunidade carente. E são tais escolas que representam a maioria.

Em relação ao número de horas/aulas dadas, o que eu quis dizer foi que a produtividade a que você se refere é bastante afetada quando o professor é obrigado a dar muitas aulas para ter um salário razoável. Se o salário do professor fosse maior, a necessidade de dar aulas seria menor e as aulas tenderiam a serem mais produtivas.

Acauan escreveu:Os operadores de tráfico aéreo têm problemas parecidos, só que os aviões não caem por causa disto.
Voltando à insensibilidade, não podemos tolerar que as dificuldades de uma categoria profissional impliquem em condescendência com resultados desastrosos em uma questão de importância crucial como é a formação das futuras gerações.


Comparar um operador de tráfico com um professor, nesse caso, não faz muito sentido. Professor precisa estar com a mente fresca e sossegada, pois lida com pessoas diariamente. Precisa demonstrar amor e simpatia pelo que faz, com o tesão dos grandes conquistadores. Lidar com pessoas não é o mesmo que apertar um ou outro botão, fazer a manutenção de máquinas ou sinalizar para aviões. É muito mais do que isso! É olhar nos olhos dos alunos e fazer com que se sintam confiantes e seguros. É olhar com a ternura dos mansos e a compaixão dos verdadeiros heróis.

Não posso concordar com você, quando enquadra os professores como preguiçosos e os alunos como um bando de vagabundos. A vida não oferece para todos um painel de controle onde, com um simples toque no botão, seja escolhido o que se quer ser. A vida impõe regras. O sistema mina e sufoca as esperanças de muitos a ponto de não terem muitas alternativas, os impelindo a encontrarem caminhos sinistros como opção.

Não olho para os professores e alunos dessa forma. Todos nós somos muito mais do que isso. E, talvez, olhar para os outros, focalizando aquilo que há de bom, fazendo-os com que se sintam amados, respeitados e compreendidos, seja um ponto de partida mais correto e humano para chegarmos a uma boa solução, não só para os problemas educacionais, como também para os da vida, pois todos nós costumamos ficar mais empolgados quando percebemos que, além de nós, outros apostam e confiam no nosso valor.

Anauê Acauan!

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Acauan
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Re: Re.: Escola Pública

Mensagem por Acauan »

Edson,

Antes de continuarmos esta conversa, quero deixar claro que tenho pelo ofício do mestre a mesma reverência ancestral que dedico ao do guerreiro, homens que vinculam sua honra ao cumprimento do dever.

É grande o fardo de quem aceita este vínculo.
Parte do peso vem de não podermos conceder a quem o carrega o julgamento condescendente, típico do homem cordial destes trópicos (de quem tanto falou o pai do Chico).

Pois é desta condescendência sentimental que se sustenta a demagogia e o populismo, que prometem solução para todos os graves problemas e sempre fogem da dura realidade que graves problemas pedem graves soluções, que desagradam muitos com seus enunciados que dizem coisas que ninguém quer ouvir.

Como você me perguntou sobre soluções de graves problemas, tenho que falar sobre coisas que nem sempre queremos ouvir, mas que precisam ser consideradas, se queremos chegar lá.


Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu: Posso parecer insensível, mas a solução do problema da educação não passa por envolvimento sentimental com os problemas pessoais dos professores. A maioria dos operários brasileiros também ganham mal e têm mil problemas e isto, por si só, não é motivo para seus empregadores lhes pagarem mais. O único motivo para se pagar melhor seus empregados é quando eles apresentam uma produtividade que justifique isto.


Não vejo sentido em ignorar os problemas que os professores enfrentam que são decorrentes da desvalorização que o governo lhes oferece. Perceber os reais motivos que os levam a ter um mal desempenho na sala de aula e procurar minimizá-los é, ao meu ver, fundamental.

É inútil exigir produtividade de um profissional que mal consegue se sustentar. Conheço professores que ganham 480 reais líquidos e precisam pegar duas ou mais conduções para chegar ao local de trabalho, o que dá uma despesa que ultrapassa os 100 reais mensais. Somente de passagem! Não é raro alguns professores pedirem dinheiro emprestado para poder pegar o ônibus de volta. Não é raro o professor adoecer por trabalhar muito e não conseguir apresentar atestado médico na escola porque não tem dinheiro para pagar uma consulta ou plano de saúde particular, ou não conseguiu atendimento em hospitais públicos ou postos de saúde, muitas das vezes por estarem em greve.

Somente melhorando as condições de trabalho dos professores, o que inclui salários decentes, é que será possível perceber com clareza aquele que realmente é bom e competente.


Edson, se medirmos os resultados efetivos do trabalho dos professores vamos constatar, com certeza, que não há correlação direta entre mau desempenho e dificuldades dos professores. Esteja certo que se devidamente avaliados, muitos professores cheios de problemas se mostrarão excelentes educadores enquanto outros com vidas muito mais confortáveis se revelarão fracassos completos.
Por isto defendo a medição, para que a real influência das tais más condições seja determinada e tratada de modo objetivo e não sentimental.


Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu:A produtividade dos professores não se mede pelo número de horas-aulas dadas, mas pelo efetivo aprendizado dos alunos.
Como ninguém mede isto, então o Estado sequer distingue os professores altamente produtivos dos vagabundos.
Separar produtivos de improdutivos, recompensar os primeiros e reduzir o estrago dos vagabas devia ser uma das prioridades do choque de gestão.


Para mim está bastante claro que muitos professores (acredito que seja a grande maioria) não são mais produtivos por falta de condições, não por opção ou falta de capacidade ou potencial.

Talvez você conheça professores altamente produtivos em outros contextos, não em escolas altamente precárias dentro de uma comunidade carente. E são tais escolas que representam a maioria.

Em relação ao número de horas/aulas dadas, o que eu quis dizer foi que a produtividade a que você se refere é bastante afetada quando o professor é obrigado a dar muitas aulas para ter um salário razoável. Se o salário do professor fosse maior, a necessidade de dar aulas seria menor e as aulas tenderiam a serem mais produtivas.


Conheço maus e bons professores em todas as condições.
Sei de ótimos que lecionam em escolas de periferia para alunos na fronteira da marginalidade e de outros que, lecionando confortavelmente em escolas públicas de bairros de classe média, só se destacam no quesito roubar merenda escolar para completar a janta.
Quanto aos salários, já tratei disto. Nenhum extra deve ser pago se isto não incrementar a produtividade. Não há porque gastar dinheiro do erário para pagar mais a funcionários públicos que se encostaram na estabilidade e desistiram de trabalhar.


Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu:Os operadores de tráfico aéreo têm problemas parecidos, só que os aviões não caem por causa disto.
Voltando à insensibilidade, não podemos tolerar que as dificuldades de uma categoria profissional impliquem em condescendência com resultados desastrosos em uma questão de importância crucial como é a formação das futuras gerações.


Comparar um operador de tráfico com um professor, nesse caso, não faz muito sentido. Professor precisa estar com a mente fresca e sossegada,...


E o operador de tráfico aéreo não precisa???

Edson Jr escreveu:...pois lida com pessoas diariamente. Precisa demonstrar amor e simpatia pelo que faz, com o tesão dos grandes conquistadores. Lidar com pessoas não é o mesmo que apertar um ou outro botão, fazer a manutenção de máquinas ou sinalizar para aviões. É muito mais do que isso! É olhar nos olhos dos alunos e fazer com que se sintam confiantes e seguros. É olhar com a ternura dos mansos e a compaixão dos verdadeiros heróis.


E os operadores de tráfico aéreo, apesar de ganhar mal e serem submetidos a estresse extremo, não podem falhar uma única vez ou então centenas de pessoas morrerão em conseqüência disto.

O fato é que algumas profissões não podem errar.
Isto pode ser cruel e desumano, mas é verdade.
Se deixarmos passar um boi ao tolerarmos um professor que não dá o melhor de si por conta das mazelas de seu emprego, deixaremos passar a boiada toda de continuar formando gerações inteiras de ignorantes, sendo que estes não tem culpa alguma das mazelas referidas.


Edson Jr escreveu: Não posso concordar com você, quando enquadra os professores como preguiçosos e os alunos como um bando de vagabundos. A vida não oferece para todos um painel de controle onde, com um simples toque no botão, seja escolhido o que se quer ser. A vida impõe regras. O sistema mina e sufoca as esperanças de muitos a ponto de não terem muitas alternativas, os impelindo a encontrarem caminhos sinistros como opção.


Professores preguiçosos há e alunos vagabundos também. Se eu não tocasse neste assunto pareceria mais simpático, mas não seria honesto.
Em postagem anterior comentei que um dos problemas da educação é que todos se acomodam culpando os políticos – que merecem ser culpados, mas se omitem de reconhecer que esta culpa se estende até você e eu.
Melhor faríamos se notássemos que apesar de políticos e de sistemas, há professores e alunos que se destacam e alcançam a excelência atuando no terreno mais infértil para isto.
A estes devemos tomar como exemplo e não os que esmorecem.
Digo-te isto Edson, por que confio que você será um dos que não esmorecerão.


Edson Jr escreveu: Não olho para os professores e alunos dessa forma. Todos nós somos muito mais do que isso. E, talvez, olhar para os outros, focalizando aquilo que há de bom, fazendo-os com que se sintam amados, respeitados e compreendidos, seja um ponto de partida mais correto e humano para chegarmos a uma boa solução, não só para os problemas educacionais, como também para os da vida, pois todos nós costumamos ficar mais empolgados quando percebemos que, além de nós, outros apostam e confiam no nosso valor.


Resultados Edson, resultados!
Estamos lidando com o futuro de gerações. Não podemos nos dar ao luxo de nos contentarmos com discursos sentimentais.
Se tudo que temos são limões, temos a obrigação de espreme-los até tirar deles o último sumo.
É este o fardo.
É esta a honra.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
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Edson Jr
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Re.: Escola Pública

Mensagem por Edson Jr »

Acabei de ler sua postagen, Acauan.

Nesse período, tenho pensado exaustivamente sobre esse assunto e procurei discutir isso com outros professores também. Quero elaborar uma resposta para você com mais calma, devido a importância que dou ao assunto.

Se não for um pedido descabido, gostaria de pedir que você fixasse este tópico no alto, para uma melhor apreciação dos foristas e também para ter mais tempo e tranquilidade para respondê-lo, sem que o tópico fique vagando como se fosse um qualquer. Talvez outros foristas participem também, pondendo acrescentar ainda mais em nossa discussão.

Vou respondê-lo em breve, meu amigo!

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carlo
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Re.: Escola Pública

Mensagem por carlo »

Tbm gostaria de pedir o que o Edson Jr pediu Acauan, como o que se propõe a discutir aqui é uma questão melindrosa e agora eu não conseguiria e gostaria de participar desta discussão sobre educação no brasil e aí vamos voltar à época que quem lecionava na nas séries de 1ª à 4ª do ensino fundamental eram as filhas dos desembargadores, que falavam francês, porque não saiam de paris, mesmo assim o salário de uma professorinha interessava a uma moça dessas, eu gostaria de ter feio o primnário com uma dessas.
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NOSSA SENHORA APARECIDA!!!!

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Claudio Loredo
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Mensagem por Claudio Loredo »


O Brasil, como todos sabem, precisa investir na educação do seu povo para deixar de ser um país pobre. Um povo educado, não é um povo apático e explorado. É´ um povo que sabe se organizar e construir uma sociedade melhor.

Pela importância que a educação representa para o Brasil, ela deve ser pública e de qualidade. Infelizmente, no Brasil, educação é mercadoria e só a tem quem pode pagar por ela.

A educação dada pelas escolas públicas está muito além do desejado. O pior é que os pais não cobram como deveriam cobrar, pois não tem consciência que a escola pública não é exatamente gratuita. Ela é paga com o dinheiro dos nossos impostos. Por isso, toda a sociedade deve exigir qualidade na educação, pois pagamos por isso.

Os nossos meios de comunicação não ajudam em nada. A TV, que deveria incentivar os jovens aos estudos, faz justamente o contrário. Se o IBOPE detecta que o povo quer ver porcaria, então é porcaria que a TV mostra para o povo. Os meios de comunicação que atingem a população mais pobre não orientam eles no sentido de valorizar os estudos. A redes de TV só querem saber de ter lucro.

Hoje o professor está perdendo a autoridade dentro da sala de aula. Ele perde a liberdade de impor a disciplina que ele precisa impor, pois para o governo o que importa é ter o maior número de alunos dentro das escolas, pagando o menor valor possível para isto.

Devido a diferença de estudo entre as pessoas vivemos numa sociedade dividida entre os diferentes níveis de estudo que cada um tem. Essa divisão isola as pessoas em suas classes sociais, claramente identificadas pelo modo como cada um fala corretamente ou incorretamente a língua portuguesa. O isolamento em classes, por grau de estudo, impede que a sociedade se una para reivindicar o que é do interesse de todos.

Tudo é um ciclo vicioso. O povo não tem estudo e por isso é governado por maus políticos, os maus políticos por sua vez procuram não dar educação ao povo para poderem se manter no poder. Para quebrar este ciclo, é necessário que os professores utilizem o prestígio que possuem junto a sociedade e convençam esta sociedade a se mobilizar para construir uma escola pública de qualidade no Brasil. O futuro do Brasil está na educação.

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Edson Jr
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Mensagem por Edson Jr »

Oi Acauan!

Se estivéssemos conversando cara a cara, creio que nos entenderíamos mais rapidamente. Na internet, infelizmente, os mal entendidos são mais fáceis de acontecer. Vou procurar ser o mais claro possível, bem como me esforçar para ter uma compreensão mais precisa do que você tem a dizer.

Você parece criticar a ênfase exagerada que dão ao contexto político-social, eliminando a responsabilidade que todos nós temos pelos nossos atos. Concordo com sua critica. Por outro lado, você parece ir para outro extremo, praticamente anulando o contexto político-social, dando a entender que nossa responsabilidade é o único peso a medir. Se for realmente esse seu ponto de vista, teremos uma discordância. Para mim, realmente temos uma parcela de responsabilidade por nossos atos, mas ao mesmo tempo acredito que o sistema impõe regras tão duras e cruéis para tanta gente que fica muito difícil responsabilizá-las por alguma coisa.

Tomemos como exemplo os pobres e famintos da África. Seriam eles responsáveis caso roubassem um carneiro da aldeia vizinha para sustentar sua casa? O que seria correto: roubar um carneiro ou deixar o seu filho morrer de fome?

O mesmo ocorre com professores, pais e alunos. Existe uma parcela de culpa de cada um, mas uma maior parcela de culpa ao sistema que, como opressor, potencializa uma série de reações negativas nas pessoas. E quem manipula o sistema é uma pequena minoria.

Existe um ditado que diz que “o mundo seria bem melhor se os homens de bem tivessem a mesma audácia dos canalhas”. Acredito que isso seja verdadeiro. Talvez a solução só venha ocorrer quando as pessoas de bem desejarem os cargos e funções dos canalhas, com luta e coragem, sempre de acordo com os princípios corretos que estão atrelados em suas consciências.

Em sua postagem anterior você me pediu resultados, talvez por minha inclinação sentimental demasiada. Sendo assim, vou procurar colocar bem resumidamente o que eu faria se estivesse no poder. Talvez nossos métodos sejam bem semelhantes.

A primeira providência que faria seria dirigir a atenção para os pais, pois é muito necessário o apoio e incentivo dos pais para que os seus filhos fiquem na escola. Também é necessário que os pais acompanhem os resultados obtidos por seus filhos.

Sendo assim, deveria ser feito um investimento pesado na escola, oferecendo aos alunos uma boa alimentação e um ótimo serviço de atendimento médico. Toda escola deveria ter uma proteção policial, fortalecendo a segurança dos alunos, professores e funcionários. Além disso, os pais receberiam um bônus caso seus filhos tivessem uma ótima freqüência e bons resultados. Para garantir esse bônus, os pais deveriam também comparecer as reuniões e palestras que a escola oferece com o intuito de conscientizá-los ainda mais sobre o valor da educação dentre muitas outras coisas mais. Com apoio e incentivo dos pais, o índice de evasão escolar ficaria minimizado e os resultados dos alunos iriam melhorar.

A segunda providência seria a de aumentar o salário dos professores e reduzir a carga horária. Com um bom salário e uma carga horária mais suave, outras exigências poderiam se feitas como a do professor ter dedicação exclusiva numa escola e de participar de cursos de capacitação. Seria muito bom também que houvesse um incentivo para que os professores se especializassem ainda mais. Concursos deveriam ser abertos para preenchimento das vagas que ainda restam. Como o salário é bom, muita gente talentosa vai se sentir atraída pelo magistério, o que gerará professores mais qualificados, pois a concorrência será maior.

Tudo isso deixaria o professor num cenário mais positivo para o exercício do magistério onde, diferente dos operadores aéreos que possuem um trabalho mecânico, haveria um terreno propício para o bom desenvolvimento do pensamento criativo que os professores tanto precisam.

Uma terceira providência seria a de adotar um planejamento curricular único em todas as escolas e pelo menos uma avaliação por ano para verificar os resultados obtidos pelos alunos. Agora sim os professores que obtiveram um maior desempenho ganhariam um bônus adicional. Quanto melhor o resultado dos alunos, maior seria o aumento salarial. Se não houver melhoras durante um certo tempo, o professor seria encaminhado para cursos de reciclagem. Se os resultados continuarem insatisfatórios seria o caso de se pensar num outro cargo, talvez mais burocrático.

Com o tempo, os alunos tenderiam a ficar cada vez mais homogêneos, os pais cada vez mais conscientes da importância da educação, os professores cada vez mais qualificados. Nesse contexto, o “choque de gestão” seria totalmente válido.

Sou a favor do “choque de gestão”. Só acho que é importante preparar o terreno antes de utilizá-lo.

Um abraço, guerreiro!

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Edson Jr
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Mensagem por Edson Jr »

Claudio Loredo escreveu:Tudo é um ciclo vicioso. O povo não tem estudo e por isso é governado por maus políticos, os maus políticos por sua vez procuram não dar educação ao povo para poderem se manter no poder. Para quebrar este ciclo, é necessário que os professores utilizem o prestígio que possuem junto a sociedade e convençam esta sociedade a se mobilizar para construir uma escola pública de qualidade no Brasil. O futuro do Brasil está na educação.


É bem verdade isso.

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LAB
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Re.: Escola Pública

Mensagem por LAB »

Eu acho estranho que um país que nada mais é do que um pedaço de chão onde todos pisam e compartilham mais ou menos da mesma cultura precise brigar tanto para resolver seus problemas. Eu acredito que qualquer profissão com sua ética, seus valores e seu senso de utilidade é apenas uma crença a mais que a gente se apóia. Será que ninguém percebeu que a crença na profissão, na religião, enfim, qualquer opinião que possamos ter sempre será uma crença em algo. Uns crêem que a educação salvará o país, outros que a economia salvará o país, outros que Deus salvará o mundo. Sim... Todos querem valorizar o seu ego profissional e se esquecem de se valorizar como indivíduos. Por exemplo: imagine que eu seja professor de matemática como sempre desejei. Ao me aperceber da situação profissional dos professores e do descaso pela educação no país optei por algo mais lucrativo e gerador de status que foi a informática. Por isso que eu não entendo essa coisa de idealismo. Às vezes estamos emocionalmente presos em uma profissão e nosso idealismo não mais se sustenta em vista das condições profissionais em que trabalhamos. Nesse momento é bom mudar de área, prestar um concurso público, enfim, a educação tá uma droga? prá mim se estiver só se for a minha educação porque cada um tá contente com a sua. Outra, como professores devemos nos ater a ensinar a nossa matéria. O resto é com outros educadores. Por isso se quiserem educar não vão conseguir mas ensinar vão.
A diferença entre um ateu e um teísta é que as abobrinhas do primeiro são mais inteligentes que as do segundo.

Trancado