Religião e a Pedagogia.

Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.
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betossantana
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Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por betossantana »

Eu estou pendendo mais pro lado da Clara. Antipatizo com essa idéia maluca de ensinar religiões em escolas públicas, até porque é muito bizarro essa iniciativa ser tomada em pleno século XXI, não existe um PARADOXO aqui??? Na história do Ocidente, o Estado se dissociou progressivamente da religião institucional, por quê estamos VOLTANDO ATRÁS agora????

A meu ver, essa disciplina tem que ser:
1 - FACULTATIVA;
2 - Dar mais ênfase ao caráter HISTÓRICO das diferentes religiões, não a nenhuma porra de "espiritualidade", já que se assim for, os alunos terão contato com o CONCEITO DO PROFESSOR de "espiritualidade", sendo essa idéia fluidíssima e vaguíssima.

Afinal de contas, o que tem essa palavra, espiritualidade, que gato e cachorro gostam de usá-la? Ela me irrita, que caralho é espiritualidade? Espírito que eu saiba é um nome que se dá a entidades sobrenaturais, sejam deuses, demônios, consciências humanas sem corpo físico, etc, ter espiritualidade é acreditar nessas merdas? Acreditar que o indivíduo permanece existindo sem seu corpo físico? O QUE é "espiritualidade"?????

E outra coisa de Santa Catarina que achei abominável, que merda é essa de "Transcendente"??? O QUE é "o Transcendente"??? Como eles podem querer ter em sala de aula como uma DIRETRIZ de ensino um outro conceito totalmente subjetivo e que pode ser apenas uma INVENÇÃO da carente necessidade existencial humana?? Quando muito, "o Transcendente" poderia ser ensinado na mesma perspectiva histórica e antropológica das religiões, já que cada uma se relaciona com o que ELA considera "o Transcendente"!
É um problema espiritual, chupe pau!

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André
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Re: Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por André »

betossantana escreveu:Eu estou pendendo mais pro lado da Clara. Antipatizo com essa idéia maluca de ensinar religiões em escolas públicas, até porque é muito bizarro essa iniciativa ser tomada em pleno século XXI, não existe um PARADOXO aqui??? Na história do Ocidente, o Estado se dissociou progressivamente da religião institucional, por quê estamos VOLTANDO ATRÁS agora????

A meu ver, essa disciplina tem que ser:
1 - FACULTATIVA;
2 - Dar mais ênfase ao caráter HISTÓRICO das diferentes religiões, não a nenhuma porra de "espiritualidade", já que se assim for, os alunos terão contato com o CONCEITO DO PROFESSOR de "espiritualidade", sendo essa idéia fluidíssima e vaguíssima.

Afinal de contas, o que tem essa palavra, espiritualidade, que gato e cachorro gostam de usá-la? Ela me irrita, que caralho é espiritualidade? Espírito que eu saiba é um nome que se dá a entidades sobrenaturais, sejam deuses, demônios, consciências humanas sem corpo físico, etc, ter espiritualidade é acreditar nessas merdas? Acreditar que o indivíduo permanece existindo sem seu corpo físico? O QUE é "espiritualidade"?????

E outra coisa de Santa Catarina que achei abominável, que merda é essa de "Transcendente"??? O QUE é "o Transcendente"??? Como eles podem querer ter em sala de aula como uma DIRETRIZ de ensino um outro conceito totalmente subjetivo e que pode ser apenas uma INVENÇÃO da carente necessidade existencial humana?? Quando muito, "o Transcendente" poderia ser ensinado na mesma perspectiva histórica e antropológica das religiões, já que cada uma se relaciona com o que ELA considera "o Transcendente"!


Esse é o segundo tópico que eu chego e praticamente tudo ou quase tudo que teria a dizer sobre o assunto já foi dito pela Clara e pelo Beto.

Bem como professor de História o aspecto digamos da atuação de instituiçoes religiosas, e o papel da religião historicamente já é examinado, e deve continuar sendo.Não sendo necessario outra disciplina para isso.Criar seria dar espaço a gente com interesses proselitistas que passam longe dos ideais de educação.

Filosofia se estiver presente, e acredito deva estar, embora em muitos colegios tenha sido abandonada, e inexista em varios colegios particulares, poderia se ocupar do que Clara chamou de "Religião Comparada" ou seja analise não tanto do papel histórico, mas das doutrinas, e modos de pensar, presentes nessas doutrinas.Inclusive expondo modo de pensar de ateus, agnosticos e outros.Não tratando apenas de religião, mas de filosofia grega, romantica, e outras.Enfim se fosse uma disciplina para ensino fundamental a partir da 5 serie, e presente nos 2 primeiros anos do ensino medio seria suficiente, para cobrir muita coisa.

Considero que com a adição de Filosofia, a existencia de uma disciplina voltada para religião, é dispensavel.História já pega sua atuação pratica, e muito do que sua forma de pensar influencia, e para aprofundar na doutrina Filosofia daria conta.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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Will
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Re: Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por Will »

clara campos escreveu:
Will escreveu:
clara campos escreveu:tu achas que a espiritualida, enquanto sinónimo de religiosidade, é essencial à socialização?


Evidentemente me referindo ao ecumenismo pelos moldes proposto no documento que apresentei, seria positivo para questões como a dos curdos e xiitas... Não acha?

não vejo como é que discordas de mim

que exista diálogo ecuénico entre religiões eu apoio, defendo e trabalho para isso

mas que a religiosidade seja encarada como um bem essencial, eu n posso defender.


Veja só Clara,

O Beto levantou um ponto importante e que tange a minha única discordância ao seu posicionamento... A ciencia Antropológica, que é a ciência do estudo do homem, no estudo da ciência social considera a questão religiosa um dos fatores determinante na parametrização do homem enquanto elemento integrante de um grupo organizado...

Creio que desconsiderar o aspecto religioso como essencial a sociedade, é querer desconsiderar um dos aspectos mais importante do ser humano que é sua religiosidade, dificilmente em toda a história da humanida houve algum período em que a religião esteve separado da organização social... Não é por não concordarmos com a religião e sua necessidade que devemos desconhecer isso como fato.
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clara campos
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Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por clara campos »

Will, tenho a sensação de não estar a ser compreendida.
Vou tentar ser mais clara :emoticon4:

Então,
1ºeu não nego a importância social da religião e religiosidade no presente e no passado.

2ºNão nego o valor do ecumenismo, muito pelo contrário, acho-o tão importante que perco algum tempo da minha vida lutando por ele.

MAS

1ºApesar de eu admitir a relevância socio-cultural (e obviamente antropológica) da religiosidade, eu não a considero essencial; ou seja, a meu ver a religiosidade em si não torna as pessoas ou sociedades melhores em contraponto a uma não-religiosidade.
Em suma, eu considero que individuos e sociedades podem ser plenos SEM religiosidade

2ºApesar da tolerância INTER-religiões ser benéfica, aconselhável e digna de se promover, esses movimentos GERALMENTE não estendem essa tolerância à EXtra-religião, ou seja; grupos ecuménicos cristãos, muçulmanos, hindus e judeus podem pregar a tolerância entre eles, mas intoleram grupos de não-crentes, ateus e agnósticos.


Se após este esclarecimento continuas a discordar de mim, então é porque realmente pensas que a religiosidade/espiritualidade ou qualquer outro sentido trasncendente ou do divino é NECESSÁRIO à realização individual e social, permissa da qual discordo em absoluto.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

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Will
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Re: Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por Will »

clara campos escreveu:Will, tenho a sensação de não estar a ser compreendida.
Vou tentar ser mais clara :emoticon4:

Então,
1ºeu não nego a importância social da religião e religiosidade no presente e no passado.

2ºNão nego o valor do ecumenismo, muito pelo contrário, acho-o tão importante que perco algum tempo da minha vida lutando por ele.

MAS

1ºApesar de eu admitir a relevância socio-cultural (e obviamente antropológica) da religiosidade, eu não a considero essencial; ou seja, a meu ver a religiosidade em si não torna as pessoas ou sociedades melhores em contraponto a uma não-religiosidade.
Em suma, eu considero que individuos e sociedades podem ser plenos SEM religiosidade

2ºApesar da tolerância INTER-religiões ser benéfica, aconselhável e digna de se promover, esses movimentos GERALMENTE não estendem essa tolerância à EXtra-religião, ou seja; grupos ecuménicos cristãos, muçulmanos, hindus e judeus podem pregar a tolerância entre eles, mas intoleram grupos de não-crentes, ateus e agnósticos.


Se após este esclarecimento continuas a discordar de mim, então é porque realmente pensas que a religiosidade/espiritualidade ou qualquer outro sentido trasncendente ou do divino é NECESSÁRIO à realização individual e social, permissa da qual discordo em absoluto.


Não Clara, vc que parece não me entender... Por Favor releia o que escrevi!!! Inclusive releia considerando o post inaugural do tópico. :emoticon4:
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NadaSei
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Re: Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por NadaSei »

clara campos escreveu:não vejo como é que discordas de mim

que exista diálogo ecuénico entre religiões eu apoio, defendo e trabalho para isso

mas que a religiosidade seja encarada como um bem essencial, eu n posso defender.

Não acho que a religiosidade em si, seja um bem essencial, mas o conhecimento religioso em si, é sim um bem essencial, como também o é, o conhecimento filosófico.

betossantana escreveu:Eu estou pendendo mais pro lado da Clara. Antipatizo com essa idéia maluca de ensinar religiões em escolas públicas, até porque é muito bizarro essa iniciativa ser tomada em pleno século XXI, não existe um PARADOXO aqui??? Na história do Ocidente, o Estado se dissociou progressivamente da religião institucional, por quê estamos VOLTANDO ATRÁS agora????

Ensinar religiões na escola, é afastar as pessoas e o estado da religião institucional e, não o oposto.
Um estado que apresente diferentes religiões, argumentações e refutação entre os pontos de vista de seitas diversas sobre certos temas, os conceitos de diversas religiões, etc... Estaria promovendo o ceticismo e apresentando o conhecimento religioso de forma a ajudar que as pessoas não conheçam apenas um único ponto de vista deturpado, de uma seita ou instituição especifica.
Isso é ótimo.

Acho que o correto seria primeiro ensinar as pessoas a questionar e, pensar por si mesmas, ensinar o ceticismo e a diferença entre ceticismo cientifico e filosófico.
Depois ensinar um pouco de filosofia ocidental e, após algum tempo, introduzir a filosofia oriental e religiosa.
Nesse ponto se ensina um pouco de religião, comparando as diferentes religiões, apresentando as diferentes opiniões das seitas de uma mesma religião e, comparando com conceitos semelhantes de outras religiões.

Isso incentiva o questionamento, o ceticismo e a busca do saber de forma não-tendenciosa.
Em muitas ocasiões e discussões filosóficas, pode-se inclusive misturar a filosofia e a religião, apresentado o ceticismo filosófico de Descartes e Buda, o mito da caverna de Platão e o véu de Maya Hinduísta, etc...

O ideal seria ensinar filosofia e religião, dando maior ênfase à filosofia.

O difícil é que isso é utópico, pois no Brasil, nem as matérias atuais tem sido ensinadas direito... Depois, não existe muito material sobre religião, que seja disponibilizado de uma forma séria e não tendenciosa.
Quem iria decidir o quê deve ser apresentado?
Mas já que é pra discutir o que seria o “ideal”... esse sem duvida seria ensinar religião e filosofia.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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Re: Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por NadaSei »

clara campos escreveu:
2ºApesar da tolerância INTER-religiões ser benéfica, aconselhável e digna de se promover, esses movimentos GERALMENTE não estendem essa tolerância à EXtra-religião, ou seja; grupos ecuménicos cristãos, muçulmanos, hindus e judeus podem pregar a tolerância entre eles, mas intoleram grupos de não-crentes, ateus e agnósticos.

O conhecimento de diversas religiões, só vem a ajudar na tolerância e no desprendimento de seitas e instituições.

Mostrar trechos do Bhagavad Gita e como nele, Krishna ensina que todas as religiões são a mesma verdade de Deus, mostrar como sua estória é muito semelhante a de Cristo, bem como seus ensinamentos, mostrar o ceticismo pregado por Buda e a tolerância pregada por Buda, Cristo e Lao Tsé, só favorece a tolerância INTER-religiões.

Ensinando religião nas escolas, estaríamos impedindo que apenas uma delas, fosse ensinada de forma deturpada por uma empresa vendendo Deus e, que ensina que as outras religiões e seitas, são satânicas... Isso é o que ocorre hoje.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por clara campos »

NadaSei

Em teoria concordo com quase tudo o que defendeste.
Digo em teoria porque, para que o Estado pudesse prover de forma eficaz o tipo de educação "religiosa" (porque na verdade é a educação da consciência e do Ser que defendeste), não teria como. Só é possível abrenger o tipo de profundidade que advagaste com um tipo de educaçõa rousseauniana o que, obviamente não é possível num sistema de ensino massificado.

Na prática discordo do que defendes pois, sendo inaplicável, seria facilmente deturpado.

E se é para fazer mal feito, mais vale nem fazer.
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Re: Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por clara campos »

NadaSei escreveu:O conhecimento de diversas religiões, só vem a ajudar na tolerância e no desprendimento de seitas e instituições.

Depende.

Nem todos tÊm o despreendimento religioso que tu demonstras. A maioria dos crentes vive a sua religião como fonte única de Verdade, e assume somente que essa Verdade pode assumir diferentes formas, ou ser expressa de formas diferentes.

Assim, a união "filosófica" ou até moral de diferentes religiões (que têm por trás fortes instituições e círculos de poder), pode facilmente reforçar a essencialidade da religiosidade ou do reconhecimento do transcendente.
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Re: Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por clara campos »

Will escreveu:Não Clara, vc que parece não me entender... Por Favor releia o que escrevi!!! Inclusive releia considerando o post inaugural do tópico. :emoticon4:

Esquece.
Obviamente está aqui a ocorrer uma falha na comunicação que nenhum dos dois está a conseguir detectar.
Seria mais fácil se te predisposesses a comentar os meus posts, senão julgo que chegámos a um beco sem saída.
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Kool
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Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por Kool »

É fato que a religião tem alguns ensinos que podem ser adotados dependendo do tipo de pessoa a qual se dirigir.Pode sim ter boas influencias em certos comportamentos, mas com a realidade em que a religião se encontra hoje é melhor pensar um pouco antes de se enroscar em uma!!!! :emoticon23: Ao passo que "Deus é amor",as pessoas deviam pensar mais nisso e não "Deus é terro" :emoticon12: Pretendo deixar a cada um uma escolha individual...Por mais que já andei por várias religiões.... :emoticon16: cada uma me ensinou algo......algumas coisas dá pra aproveitar, só que outras NEM MORTO!!!!!!!!!! :emoticon6: FALOWWWWWWWWW! :emoticon13:
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NadaSei
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Re: Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por NadaSei »

clara campos escreveu:NadaSei

Em teoria concordo com quase(...)sistema de ensino massificado.

Na prática discordo do que defendes pois, sendo inaplicável, seria facilmente deturpado.

E se é para fazer mal feito, mais vale nem fazer.

Concordo...
Imagine professores com uma criação evangelica ou catolica muito forte, ensinando sobre o Budismo...
Esse é um dos motivos que me levam a pensar que o ensino religioso seja uma coisa utópica, principalmente no Brasil.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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Re: Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por NadaSei »

clara campos escreveu:
NadaSei escreveu:O conhecimento de diversas religiões, só vem a ajudar na tolerância e no desprendimento de seitas e instituições.

Depende.

Nem todos tÊm o despreendimento religioso que tu demonstras. A maioria dos crentes vive a sua religião como fonte única de Verdade, e assume somente que essa Verdade pode assumir diferentes formas, ou ser expressa de formas diferentes.

Assim, a união "filosófica" ou até moral de diferentes religiões (que têm por trás fortes instituições e círculos de poder), pode facilmente reforçar a essencialidade da religiosidade ou do reconhecimento do transcendente.

Nesse ponto não concordo contigo.
Um certo número de pessoas sempra será imune a razão e entrege a crenças tolas, mas em um sistema de ensino onde desde cedo as pessoas são expostas as diferentes religiões, seus conceitos, os pontos de vistas, argumentações e refutações desses pontos de vistas nas diferentes seitas, etc... só tende a fortalecer o questionamento.

Existem pontos de vistas diferentes sobre Cristo, por exemplo.
Gnósticos, evangelicos, catolicos e testemunhas de jeova, encaram a questão Cristo Homem/Deus, de diferentes formas e, com boas argumentações e refutações sobre essas diferentes visões.
Isso permite as pessoas serem apresentadas a religião de forma mais cética, questionadora e livre. Evita que elas venham a ouvir falar apenas em uma unica visão de Cristo, de uma unica empresa/igreja especifica.
Penso que isso evite o fanatismo e a crença cega em uma interpretação. Claro, alguns sempre serão atingidos, mas ao menos, não no mesmo número de pessoas que hoje em dia.

Isso tudo sem falar na comparação com outras religiões, onde eles podem encontrar os mesmo ensinamentos de Cristo, apresentados de uma forma muitas vezes mais clara e acessível, bem como mais cética.
Seria ótimo ver pessoas aprendendo os mesmos ensinamentos de Cristo, ditos por uma pessoa que ensina que não devemos acreditar em nada e, que não fala sobre Deus.
Ou velôs aprendendo que alguém com uma estória muito semelhante a de Cristo, ensinava que todas as religiões são a mesma verdade de Deus.

Não vejo como isso poderia não diminuir o número de intolerantes, fanáticos e crentes iludidos.
Certamente o número de céticos e religiosos sem uma religião especifica e, que não frequentam igrejas, iria aumentar muito, bem como o número de ateus também aumentaria.
Vejo isso como algo certo, mas talvez eu esteja subestimando a estupidez humana...
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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Re: Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por clara campos »

NadaSei escreveu:Não vejo como isso poderia não diminuir o número de intolerantes, fanáticos e crentes iludidos.
Certamente o número de céticos e religiosos sem uma religião especifica e, que não frequentam igrejas, iria aumentar muito, bem como o número de ateus também aumentaria.
Vejo isso como algo certo, mas talvez eu esteja subestimando a estupidez humana...

Eu aqui já não me referia ao "conhecimento" profundo, mas ao conhecimento social, tipo relações ecuménicas entre instituições religiosas.
E eu pessoalmento vejo com bons olhos este ecumenismo mas sinto que muitas vezes ele se transforma numa Super-Religião cujo opositor seria a Não-Religião-De-Todo.

Repara o ponto comum entre todas as religiões é a existência do divino (vamos abster-nos de considerações filósificas sobre este ponto, visto que reconhecemos as divergências pessoais, mas também reconhecemos que para o crente-comum, isto é um facto).

Assim, todos os-que-crêm-em-deus/es se sentem mais fortes nessa crença, em contraposição aos descrentes.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

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Re: Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por betossantana »

NadaSei escreveu:Existem pontos de vistas diferentes sobre Cristo, por exemplo.
Gnósticos, evangelicos, catolicos e testemunhas de jeova, encaram a questão Cristo Homem/Deus, de diferentes formas e, com boas argumentações e refutações sobre essas diferentes visões.
Isso permite as pessoas serem apresentadas a religião de forma mais cética, questionadora e livre. Evita que elas venham a ouvir falar apenas em uma unica visão de Cristo, de uma unica empresa/igreja especifica.
Penso que isso evite o fanatismo e a crença cega em uma interpretação. Claro, alguns sempre serão atingidos, mas ao menos, não no mesmo número de pessoas que hoje em dia.
(...)Não vejo como isso poderia não diminuir o número de intolerantes, fanáticos e crentes iludidos.
Certamente o número de céticos e religiosos sem uma religião especifica e, que não frequentam igrejas, iria aumentar muito, bem como o número de ateus também aumentaria.


Eu NÃO ESTOU CONSEGUINDO PARAR DE CONCORDAR com o NadaSei, estou com MEDO.
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Re: Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por NadaSei »

clara campos escreveu:Eu aqui já não me referia ao "conhecimento" profundo, mas ao conhecimento social, tipo relações ecuménicas entre instituições religiosas.

Ok.
clara campos escreveu:E eu pessoalmento vejo com bons olhos este ecumenismo mas sinto que muitas vezes ele se transforma numa Super-Religião cujo opositor seria a Não-Religião-De-Todo.

Repara o ponto comum entre todas as religiões é a existência do divino (vamos abster-nos de considerações filósificas sobre este ponto, visto que reconhecemos as divergências pessoais, mas também reconhecemos que para o crente-comum, isto é um facto).

Assim, todos os-que-crêm-em-deus/es se sentem mais fortes nessa crença, em contraposição aos descrentes.

hum... entendo.
Talvez o Budismo original, que não fala em Deus, não deixe isso ocorrer... mas acho que tem razão.

A questão de que o estudo sério da religião, pode dar margem a apelos irracionais para fortalecer essa "certeza" dos crentes, é algo bastante provável, mesmo no ensino estadual. (sem vinculos com instituições religiosas)

O perigo disso é que todo e qualquer conhecimento é, em si, amoral e importante... Apelos irracionais, crenças, mau uso do conhecimento ou mesmo estupidez generalizada, podem ocorrer com base em qualquer fonte de conhecimento. Mesmo a religião contendo um risco maior, como fonte importante de conhecimento, não deveria ser deixada pra trás por esse medo.
Sei lá... sinto que isso seria o mesmo que tirar a fisica da grade curricular, pelo medo das bombas atômicas.

Acho que a ignorância das massas e, do homem como ser coletivo, não deve ser levada em conta na hora de se decidir que tipo de materia devemos incluir na grade curricular. Deveriamos apenas levar isso em conta, na hora de decidir de que forma vamos apresentar a materia aos alunos.

Eu acho que no caso da religião... o correto mesmo, seria proibir a existência de igrejas, busquem elas o "ecumenismo" ou não, pois essas instituições acabam por tornarem-se empresariais e politicas.
Sou totalmente contrario a existência de instituições religiosas e, por isso, creio que o ensino de religião na escola é algo fundamental... isso separa os problemas das instiuições, como citou, dos problemas inerentes ao ensino não-institucional da religião. (melhor dizendo, de religiões).
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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Re: Re.: Religião e a Pedagogia.

Mensagem por clara campos »

NadaSei escreveu:(...)
Sei lá... sinto que isso seria o mesmo que tirar a fisica da grade curricular, pelo medo das bombas atômicas.

Acho que a ignorância das massas e, do homem como ser coletivo, não deve ser levada em conta na hora de se decidir que tipo de materia devemos incluir na grade curricular. Deveriamos apenas levar isso em conta, na hora de decidir de que forma vamos apresentar a materia aos alunos.

Sim tens razão. O conhecimento poderá sempre usado da pior fomra, e certamente tal não nos deve impedir de fomentar a sua busca.

Contudo, há que reconherque física atómica é demasiado complexo para o ensino médio...

Tal como seria o conhecimento profundo das diversas correntes religiosas.

De qualquer forma, eu não uso esta possibilidade - do mau uso do conhecimento - para refutar a sua utilidade pedagógica. A minha contra-argumentação baseia-se essencialmente em critérios pragmáticos.

Esta possibilidade foi apenas... uma constatação.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

Trancado