A Espanha dá o exemplo
A Espanha dá o exemplo
A reportagem é grande , mas vale a pena.
Vejam os números na tabela comparativa entre os dois países (Brasil e Espanha ). Esta é uma boa comparação entre as duas economias.
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A Espanha dá o exemplo
Por Rodrigo Mesquita, de Madri
No final de janeiro, o governo espanhol anunciou os melhores índices de desemprego do país em 36 anos. A taxa de 2006 ficou em 8,3% e algumas regiões, como Aragão e Navarra, já vivem uma inédita situação de pleno emprego. Em uma reunião com empresários, o primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero comemorou dizendo que o país tinha passado pelo "mais brilhante ano em termos econômicos da etapa democrática". O presidente do Banco Central espanhol, Miguel Ángel Fernández Ordóñez, por sua vez, comunicou que o produto interno bruto (PIB) cresceu 3,8% em 2006 e que o superávit fiscal atingiu 1,5% do PIB. Esse desempenho, afirmou Ordóñez, levou a economia da Espanha ao oitavo lugar no ranking mundial, atrás de Estados Unidos, Japão, Alemanha, China, Reino Unido, França e Itália. O PIB espanhol já beira 1,2 trilhão de dólares. Se o ritmo se mantiver (o crescimento estimado para 2007 é de 3,5%), a renda per capita dos espanhóis ultrapassará a dos italianos até dezembro e encostará na dos alemães em 2010.
É a coroação de um dos mais impressionantes casos mundiais de crescimento sustentado. A Espanha cresce ininterruptamente há mais de 30 anos. Desde 1994, o PIB vem evoluindo à média de 3,4% ao ano. É pouco, se comparado às taxas estratosféricas de China e Índia, mas um excelente desempenho para o contexto europeu. Por isso mesmo -- não ser calcado em números estupendos, mas caracterizar-se pela consistência no longo prazo --, o modelo de desenvolvimento espanhol talvez mereça do Brasil mais atenção do que as receitas de chineses e indianos. Quando morreu o ditador Francisco Franco, em 1975, após 36 anos de um dos regimes mais sombrios da Europa Ocidental, era piada corrente dizer que a África começava nos Pirineus, a cadeia de montanhas que separa a França da Península Ibérica. Nessa época, Brasil e Espanha exibiam quadros parecidos: economias subdesenvolvidas e com grande presença estatal, disparidades regionais, renda per capita rasa, burocracia infernal. De lá para cá, o cenário brasileiro mudou lentamente e aos soluços -- algumas conquistas, como a abertura e a estabilidade, são contrapostas a pioras em outros aspectos, como o tamanho do Estado. Já os espanhóis conseguiram multiplicar por cinco a renda per capita do país. "Tínhamos uma visão: queríamos chegar aonde estavam nossos vizinhos, a Europa desenvolvida", afirma Carlos Solchaga, ex-ministro espanhol da Indústria e, depois, da Economia, nos anos 80.
O que permitiu à Espanha dar esse salto qualitativo? Perseverança é o nome do jogo. O maior mérito dos espanhóis foi ter seguido consistentemente uma estratégia de longo prazo e atacado seus problemas um a um, com sucessivas gerações de reformas. "Em economia não existem modelos milagrosos", diz Guillermo de la Dehesa, presidente do Centre for Economic Policy Research de Londres e um dos artífices da arrancada espanhola -- foi secretário de Política Econômica de 1982 a 1986. Segundo ele, só há dois caminhos para um país ganhar a confiança dos investidores internacionais: políticas estáveis ou a entrada num clube com credibilidade. A Espanha usou as duas fórmulas. Antes da arrancada, ainda em 1977, as forças políticas do país iniciaram a transição democrática firmando uma série de acordos de consenso, os famosos Pactos de la Moncloa. Ali já se assentaram as bases de uma disciplina fiscal e monetária. Ao longo dos anos, independentemente da coloração política do governo de turno, esses princípios e o investimento sistemático em educação, saúde e infra-estrutura foram os pilares da política econômica. Em 1986, com a entrada na União Européia, a Espanha consolidou sua classificação de país seguro para investimento que havia conseguido anos antes. Em seu informe mais recente, a agência de classificação de riscos Standard & Poor's repetiu para o país a nota mais elevada, a mesma que atribui a Estados Unidos, Alemanha e Suíça. "As notas refletem a forte posição fiscal da Espanha e um crescimento econômico robusto", afirma Trevor Cullinan, analista da Standard & Poor's em Londres que responde pela avaliação do país.
Os espanhóis estão à frente
Brasil e Espanha têm economias de porte semelhante. Os indicadores mostram, entretanto, que os espanhóis encontram-se em um estágio de desenvolvimento econômico bem superior
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Produto interno bruto (PIB)
Espanha - 1,2 trilhão de dólares
Brasil - 967 bilhões de dólares(1)
Pib Per Capita
Espanha - 27 320 dólares
Brasil - 5 177 dólares(1)
Crescimento econômico
Espanha - 3,8%
Brasil - 2,7%(1)
Dívida líquida do governo
Espanha - 27% do PIB
Brasil - 50% do PIB
Inflação anual
Espanha - 2,7%
Brasil - 3,1%
Crédito para o setor privado
Espanha - 156% do PIB
Brasil - 34% do PIB
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Dados de 2006 (1) Estimado Fontes: Standard & Poor’s, Banco Central espanhol, Banco Central do Brasil
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Os anos prévios ao ingresso na UE foram vitais para o desenho da Espanha atual. A estabilidade macroeconômica já vinha ampliando o fluxo de investimentos estrangeiros e essa tendência se acentuou. A partir de 1985, 33% dos novos empregos passaram a ser criados pelo capital estrangeiro. Foi a época inicial das reformas econômicas. O primeiro ajuste estrutural significativo começou em 1983, com a implementação de um programa de modernização do setor industrial. O governo usou o poder de fogo da Sociedade Estatal de Participações Industriais -- holding que reúne ações que o Estado detém de diversas empresas -- para promover a reordenação de setores- símbolo da economia do período franquista, como o siderúrgico, o de mineração e o de indústria naval. Milhares de empregos foram extintos, fábricas foram fechadas e unidades isoladas reagrupadas em novas holdings. O governo também promoveu a reestruturação do sistema financeiro, que atravessava uma grave crise derivada da penúria do setor industrial. Assim como foi feito no Brasil com o Proer, o Banco Central espanhol interveio, liquidou entidades, reorganizou bancos públicos e criou um ambiente favorável ao surgimento de gigantes globais, como o Santander Central Hispano e o Bilbao Vizcaya Argentaria.
O Santander é o melhor exemplo dessa transformação. Até então um banco de província, saiu com voracidade ao mercado nos anos 80, inovando produtos (criou a primeira conta remunerada da Espanha) e comprando concorrentes. Na década de 90, já estava entre os primeiros do país e, em 1994, deu sua tacada mais emblemática ao comprar em leilão o vetusto Banco Espanhol de Crédito (Banesto), maior entidade bancária do país durante o franquismo e então sob intervenção do Banco Central. Hoje, o Santander é a sétima instituição bancária do ranking global, com valor de mercado em torno de 90 bilhões de euros e ativos de 798 bilhões.
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Trajetória consistente
Nos últimos 30 anos, a Espanha fez mudanças sucessivas para consolidar a democracia e revigorar a economia :
1975
Morre o ditador Francisco Franco, que havia governado a Espanha durante 36 anos. O país inicia sua transição para a democracia.
1977
As forças políticas assinam os Pactos de la Moncloa, série de acordos que incluem uma política econômica baseada em disciplina fiscal.
1983
Tem início um programa de modernização de setores como siderurgia e construção naval. Telefonia e bancos são privatizados.
1986
A Espanha passa a ser membro da União Européia. O risco-país diminui e o fluxo de investimento estrangeiro cresce.
1999
Para que o país possa tornar-se membro fundador da união monetária européia, o governo espanhol ajusta o gasto público.
2002
O euro substitui a moeda nacional — a peseta —, num cenário de inflação e taxas de juro em queda.
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As reformas tiveram uma contrapartida social. O país do general Franco era marcado pela desigualdade. Os governos democráticos universalizaram o atendimento público na área de saúde, criaram programas de bolsas de estudo e implantaram seguro-desemprego. "O reforço da coesão social foi fundamental numa época em que o país enfrentou taxas de desemprego da ordem de 20%", afirma Solchaga. O ambiente de crescimento e maior segurança originou uma nova categoria de consumidores. Gente exposta às novidades internacionais pela abertura da economia e com maior poder aquisitivo. Propiciou também a expansão de empresas que souberam interpretar os novos signos, fabricando produtos modernos a preços competitivos. Como o grupo Inditex, proprietário da rede varejista Zara e terceiro maior conglomerado têxtil do planeta. O grupo fundado por Amancio Ortega, hoje o homem mais rico da Espanha, começou com um galpão onde trabalhava a família e entrou na transição democrática produzindo e vendendo o que os "novos espanhóis" queriam: roupa com "design" a preços acessíveis.
Participar do clube dos ricos também ajudou. Ao longo do tempo, a Espanha recebeu 165 bilhões de euros dos fundos que a União Européia destina a novos membros. Além de ajudar nas políticas sociais, esse dinheiro serviu para financiar a renovação da infra-estrutura. Implantou-se o trem de alta velocidade, estendeu-se a rede de autopistas, modernizaram-se os aeroportos. O esforço ainda não acabou, mas agora a Espanha é quem paga a conta. No orçamento de 2007, o governo prevê investir 17 bilhões de euros em portos, aeroportos, estradas, ferrovias e meio ambiente -- mais que o triplo do investimento público federal brasileiro no ano passado.
Talvez a maior conquista dos governos posteriores a Franco tenha sido a reforma do mercado de trabalho. Flexibilizar o custo da mão-de-obra era vital para a compe titividade espanhola. A tarefa tocou, ironicamente, a um governo socialista que, em 1986, enfrentou a única greve geral posterior à transição democrática. Coube ao segundo governo de Felipe González romper com um tabu da esquerda, barateando o custo das demissões e implantando o contrato temporário. O desemprego, que atingiu a impressionante cifra de 24,5% em 1994, vem caindo de forma consistente desde então. Atualmente, de cada dez novos postos criados, três são temporários.
Os anos 90 foram marcados pelo que se considera a segunda fase das reformas. Para que o país pudesse se tornar um dos fundadores da união monetária européia, o governo espanhol promoveu rigoroso ajuste nas contas públicas. O prêmio veio na forma de redução vertiginosa na taxa de juro (então de 15%, caiu até os 4% atuais) e de um novo ciclo de investimentos. "As pessoas começaram a endividar-se mais e os mercados de crédito desenvolveram-se rapidamente", diz De la Dehesa. O crescimento do consumo e a oferta de dinheiro barato deram mais um impulso à economia. A exuberância dos mercados financeiros internacionais na segunda metade da década facilitou, por sua vez, outra etapa, a da desmontagem dos antigos monopólios estatais, tarefa levada a cabo pelo governo conservador de José María Aznar. Em 1995, ele iniciou a privatização da Telefónica, que, ao lado do monopólio petroleiro Repsol, foi, provavelmente, a desestatização mais bem-sucedida. Em pouco mais de dez anos, a Telefónica evoluiu de uma empresa de expressão local à terceira posição no ranking global de número de clientes. A Repsol, por sua vez, surgiu do agrupamento em uma única holding de todos os ativos estatais no setor de hidrocarbonetos, em 1981. Dez anos depois, o governo separou as atividades que deram origem a outro gigante, a Gás Natural. Em 1997, foram vendidos os últimos 10% que o Estado ainda possuía e, dois anos mais tarde, a empresa concluiu a compra da argentina YPF. Atualmente, a Repsol YPF está entre as dez maiores do mundo no ramo, com valor de mercado de 31 bilhões de euros.
A economia espanhola conseguirá manter o ritmo de crescimento? Há indicadores saudáveis, como a taxa de investimento de 30% do PIB (a do Brasil está em 20%). Por outro lado, num informe recente, a Organização para Cooperação e De senvolvimento Econômico (OCDE), grupo de 30 países do qual a Espanha faz parte, chamou a atenção para a perda de competitividade e para o elevado grau de endividamento da população. As famílias espanholas somavam ao final de 2006 dívidas de 717 bilhões de euros. São as mesmas reticências lançadas pelo Banco Central europeu, que destaca também o cenário futuro de elevação das taxas de juro. Esse movimento pode engripar o principal motor da economia espanhola nos últimos anos: a construção civil, responsável por 70% do investimento total no país. Há no país uma espécie de bolha imobiliária. A Espanha já conta com 23 milhões de residências, uma para cada dois habitantes. A OCDE estima que o preço dos imóveis espanhóis esteja sobrevalorizado em 30%. A febre imobiliária dos últimos anos alimentou em larga medida um segundo motor do crescimento: a imigração. Nos últimos seis anos, estabeleceram-se na Espanha 4,5 milhões de imigrantes, que ocuparam postos de trabalho rejeitados por uma população envelhecida e com baixos índices de natalidade.
A baixa competitividade é outro problema. O trabalhador espanhol produz, em média, 13% menos que o europeu e 27% menos que o americano. Alguns economistas, no entanto, enxergam nesse diferencial não um problema, mas o espaço de crescimento latente. É o que pensa o último Nobel de economia, o americano Edmund Phelps. "Partindo de bases firmes, é fácil crescer se a diferença de produtividade é ampla", afirma Phelps. "Assim ocorreu com o Japão nos anos 50, com a Coréia nos 70 e com Alemanha, França e Itália entre os 50 e os 70." O terceiro calcanhar-de-aquiles é o desequilíbrio nas contas externas. O ano de 2006 fechou com déficit comercial de 18% do PIB (o segundo maior do mundo em termos relativos, atrás do americano) e de 8% nas transações correntes. Phelps, no entanto, não vê maiores problemas. "O desequilíbrio externo é sintoma do crescimento rápido e do aumento do investimento", diz ele. "Não creio que a Espanha tenha problema grave nesse aspecto. Quando uma criança está crescendo e o tamanho de seus pés aumenta, não tratamos de parar seu crescimento. O que fazemos é comprar sapatos maiores."
Fonte:http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0886/economia/m0122180.html
Vejam os números na tabela comparativa entre os dois países (Brasil e Espanha ). Esta é uma boa comparação entre as duas economias.
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A Espanha dá o exemplo
Por Rodrigo Mesquita, de Madri
No final de janeiro, o governo espanhol anunciou os melhores índices de desemprego do país em 36 anos. A taxa de 2006 ficou em 8,3% e algumas regiões, como Aragão e Navarra, já vivem uma inédita situação de pleno emprego. Em uma reunião com empresários, o primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero comemorou dizendo que o país tinha passado pelo "mais brilhante ano em termos econômicos da etapa democrática". O presidente do Banco Central espanhol, Miguel Ángel Fernández Ordóñez, por sua vez, comunicou que o produto interno bruto (PIB) cresceu 3,8% em 2006 e que o superávit fiscal atingiu 1,5% do PIB. Esse desempenho, afirmou Ordóñez, levou a economia da Espanha ao oitavo lugar no ranking mundial, atrás de Estados Unidos, Japão, Alemanha, China, Reino Unido, França e Itália. O PIB espanhol já beira 1,2 trilhão de dólares. Se o ritmo se mantiver (o crescimento estimado para 2007 é de 3,5%), a renda per capita dos espanhóis ultrapassará a dos italianos até dezembro e encostará na dos alemães em 2010.
É a coroação de um dos mais impressionantes casos mundiais de crescimento sustentado. A Espanha cresce ininterruptamente há mais de 30 anos. Desde 1994, o PIB vem evoluindo à média de 3,4% ao ano. É pouco, se comparado às taxas estratosféricas de China e Índia, mas um excelente desempenho para o contexto europeu. Por isso mesmo -- não ser calcado em números estupendos, mas caracterizar-se pela consistência no longo prazo --, o modelo de desenvolvimento espanhol talvez mereça do Brasil mais atenção do que as receitas de chineses e indianos. Quando morreu o ditador Francisco Franco, em 1975, após 36 anos de um dos regimes mais sombrios da Europa Ocidental, era piada corrente dizer que a África começava nos Pirineus, a cadeia de montanhas que separa a França da Península Ibérica. Nessa época, Brasil e Espanha exibiam quadros parecidos: economias subdesenvolvidas e com grande presença estatal, disparidades regionais, renda per capita rasa, burocracia infernal. De lá para cá, o cenário brasileiro mudou lentamente e aos soluços -- algumas conquistas, como a abertura e a estabilidade, são contrapostas a pioras em outros aspectos, como o tamanho do Estado. Já os espanhóis conseguiram multiplicar por cinco a renda per capita do país. "Tínhamos uma visão: queríamos chegar aonde estavam nossos vizinhos, a Europa desenvolvida", afirma Carlos Solchaga, ex-ministro espanhol da Indústria e, depois, da Economia, nos anos 80.
O que permitiu à Espanha dar esse salto qualitativo? Perseverança é o nome do jogo. O maior mérito dos espanhóis foi ter seguido consistentemente uma estratégia de longo prazo e atacado seus problemas um a um, com sucessivas gerações de reformas. "Em economia não existem modelos milagrosos", diz Guillermo de la Dehesa, presidente do Centre for Economic Policy Research de Londres e um dos artífices da arrancada espanhola -- foi secretário de Política Econômica de 1982 a 1986. Segundo ele, só há dois caminhos para um país ganhar a confiança dos investidores internacionais: políticas estáveis ou a entrada num clube com credibilidade. A Espanha usou as duas fórmulas. Antes da arrancada, ainda em 1977, as forças políticas do país iniciaram a transição democrática firmando uma série de acordos de consenso, os famosos Pactos de la Moncloa. Ali já se assentaram as bases de uma disciplina fiscal e monetária. Ao longo dos anos, independentemente da coloração política do governo de turno, esses princípios e o investimento sistemático em educação, saúde e infra-estrutura foram os pilares da política econômica. Em 1986, com a entrada na União Européia, a Espanha consolidou sua classificação de país seguro para investimento que havia conseguido anos antes. Em seu informe mais recente, a agência de classificação de riscos Standard & Poor's repetiu para o país a nota mais elevada, a mesma que atribui a Estados Unidos, Alemanha e Suíça. "As notas refletem a forte posição fiscal da Espanha e um crescimento econômico robusto", afirma Trevor Cullinan, analista da Standard & Poor's em Londres que responde pela avaliação do país.
Os espanhóis estão à frente
Brasil e Espanha têm economias de porte semelhante. Os indicadores mostram, entretanto, que os espanhóis encontram-se em um estágio de desenvolvimento econômico bem superior
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Produto interno bruto (PIB)
Espanha - 1,2 trilhão de dólares
Brasil - 967 bilhões de dólares(1)
Pib Per Capita
Espanha - 27 320 dólares
Brasil - 5 177 dólares(1)
Crescimento econômico
Espanha - 3,8%
Brasil - 2,7%(1)
Dívida líquida do governo
Espanha - 27% do PIB
Brasil - 50% do PIB
Inflação anual
Espanha - 2,7%
Brasil - 3,1%
Crédito para o setor privado
Espanha - 156% do PIB
Brasil - 34% do PIB
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Dados de 2006 (1) Estimado Fontes: Standard & Poor’s, Banco Central espanhol, Banco Central do Brasil
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Os anos prévios ao ingresso na UE foram vitais para o desenho da Espanha atual. A estabilidade macroeconômica já vinha ampliando o fluxo de investimentos estrangeiros e essa tendência se acentuou. A partir de 1985, 33% dos novos empregos passaram a ser criados pelo capital estrangeiro. Foi a época inicial das reformas econômicas. O primeiro ajuste estrutural significativo começou em 1983, com a implementação de um programa de modernização do setor industrial. O governo usou o poder de fogo da Sociedade Estatal de Participações Industriais -- holding que reúne ações que o Estado detém de diversas empresas -- para promover a reordenação de setores- símbolo da economia do período franquista, como o siderúrgico, o de mineração e o de indústria naval. Milhares de empregos foram extintos, fábricas foram fechadas e unidades isoladas reagrupadas em novas holdings. O governo também promoveu a reestruturação do sistema financeiro, que atravessava uma grave crise derivada da penúria do setor industrial. Assim como foi feito no Brasil com o Proer, o Banco Central espanhol interveio, liquidou entidades, reorganizou bancos públicos e criou um ambiente favorável ao surgimento de gigantes globais, como o Santander Central Hispano e o Bilbao Vizcaya Argentaria.
O Santander é o melhor exemplo dessa transformação. Até então um banco de província, saiu com voracidade ao mercado nos anos 80, inovando produtos (criou a primeira conta remunerada da Espanha) e comprando concorrentes. Na década de 90, já estava entre os primeiros do país e, em 1994, deu sua tacada mais emblemática ao comprar em leilão o vetusto Banco Espanhol de Crédito (Banesto), maior entidade bancária do país durante o franquismo e então sob intervenção do Banco Central. Hoje, o Santander é a sétima instituição bancária do ranking global, com valor de mercado em torno de 90 bilhões de euros e ativos de 798 bilhões.
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Trajetória consistente
Nos últimos 30 anos, a Espanha fez mudanças sucessivas para consolidar a democracia e revigorar a economia :
1975
Morre o ditador Francisco Franco, que havia governado a Espanha durante 36 anos. O país inicia sua transição para a democracia.
1977
As forças políticas assinam os Pactos de la Moncloa, série de acordos que incluem uma política econômica baseada em disciplina fiscal.
1983
Tem início um programa de modernização de setores como siderurgia e construção naval. Telefonia e bancos são privatizados.
1986
A Espanha passa a ser membro da União Européia. O risco-país diminui e o fluxo de investimento estrangeiro cresce.
1999
Para que o país possa tornar-se membro fundador da união monetária européia, o governo espanhol ajusta o gasto público.
2002
O euro substitui a moeda nacional — a peseta —, num cenário de inflação e taxas de juro em queda.
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As reformas tiveram uma contrapartida social. O país do general Franco era marcado pela desigualdade. Os governos democráticos universalizaram o atendimento público na área de saúde, criaram programas de bolsas de estudo e implantaram seguro-desemprego. "O reforço da coesão social foi fundamental numa época em que o país enfrentou taxas de desemprego da ordem de 20%", afirma Solchaga. O ambiente de crescimento e maior segurança originou uma nova categoria de consumidores. Gente exposta às novidades internacionais pela abertura da economia e com maior poder aquisitivo. Propiciou também a expansão de empresas que souberam interpretar os novos signos, fabricando produtos modernos a preços competitivos. Como o grupo Inditex, proprietário da rede varejista Zara e terceiro maior conglomerado têxtil do planeta. O grupo fundado por Amancio Ortega, hoje o homem mais rico da Espanha, começou com um galpão onde trabalhava a família e entrou na transição democrática produzindo e vendendo o que os "novos espanhóis" queriam: roupa com "design" a preços acessíveis.
Participar do clube dos ricos também ajudou. Ao longo do tempo, a Espanha recebeu 165 bilhões de euros dos fundos que a União Européia destina a novos membros. Além de ajudar nas políticas sociais, esse dinheiro serviu para financiar a renovação da infra-estrutura. Implantou-se o trem de alta velocidade, estendeu-se a rede de autopistas, modernizaram-se os aeroportos. O esforço ainda não acabou, mas agora a Espanha é quem paga a conta. No orçamento de 2007, o governo prevê investir 17 bilhões de euros em portos, aeroportos, estradas, ferrovias e meio ambiente -- mais que o triplo do investimento público federal brasileiro no ano passado.
Talvez a maior conquista dos governos posteriores a Franco tenha sido a reforma do mercado de trabalho. Flexibilizar o custo da mão-de-obra era vital para a compe titividade espanhola. A tarefa tocou, ironicamente, a um governo socialista que, em 1986, enfrentou a única greve geral posterior à transição democrática. Coube ao segundo governo de Felipe González romper com um tabu da esquerda, barateando o custo das demissões e implantando o contrato temporário. O desemprego, que atingiu a impressionante cifra de 24,5% em 1994, vem caindo de forma consistente desde então. Atualmente, de cada dez novos postos criados, três são temporários.
Os anos 90 foram marcados pelo que se considera a segunda fase das reformas. Para que o país pudesse se tornar um dos fundadores da união monetária européia, o governo espanhol promoveu rigoroso ajuste nas contas públicas. O prêmio veio na forma de redução vertiginosa na taxa de juro (então de 15%, caiu até os 4% atuais) e de um novo ciclo de investimentos. "As pessoas começaram a endividar-se mais e os mercados de crédito desenvolveram-se rapidamente", diz De la Dehesa. O crescimento do consumo e a oferta de dinheiro barato deram mais um impulso à economia. A exuberância dos mercados financeiros internacionais na segunda metade da década facilitou, por sua vez, outra etapa, a da desmontagem dos antigos monopólios estatais, tarefa levada a cabo pelo governo conservador de José María Aznar. Em 1995, ele iniciou a privatização da Telefónica, que, ao lado do monopólio petroleiro Repsol, foi, provavelmente, a desestatização mais bem-sucedida. Em pouco mais de dez anos, a Telefónica evoluiu de uma empresa de expressão local à terceira posição no ranking global de número de clientes. A Repsol, por sua vez, surgiu do agrupamento em uma única holding de todos os ativos estatais no setor de hidrocarbonetos, em 1981. Dez anos depois, o governo separou as atividades que deram origem a outro gigante, a Gás Natural. Em 1997, foram vendidos os últimos 10% que o Estado ainda possuía e, dois anos mais tarde, a empresa concluiu a compra da argentina YPF. Atualmente, a Repsol YPF está entre as dez maiores do mundo no ramo, com valor de mercado de 31 bilhões de euros.
A economia espanhola conseguirá manter o ritmo de crescimento? Há indicadores saudáveis, como a taxa de investimento de 30% do PIB (a do Brasil está em 20%). Por outro lado, num informe recente, a Organização para Cooperação e De senvolvimento Econômico (OCDE), grupo de 30 países do qual a Espanha faz parte, chamou a atenção para a perda de competitividade e para o elevado grau de endividamento da população. As famílias espanholas somavam ao final de 2006 dívidas de 717 bilhões de euros. São as mesmas reticências lançadas pelo Banco Central europeu, que destaca também o cenário futuro de elevação das taxas de juro. Esse movimento pode engripar o principal motor da economia espanhola nos últimos anos: a construção civil, responsável por 70% do investimento total no país. Há no país uma espécie de bolha imobiliária. A Espanha já conta com 23 milhões de residências, uma para cada dois habitantes. A OCDE estima que o preço dos imóveis espanhóis esteja sobrevalorizado em 30%. A febre imobiliária dos últimos anos alimentou em larga medida um segundo motor do crescimento: a imigração. Nos últimos seis anos, estabeleceram-se na Espanha 4,5 milhões de imigrantes, que ocuparam postos de trabalho rejeitados por uma população envelhecida e com baixos índices de natalidade.
A baixa competitividade é outro problema. O trabalhador espanhol produz, em média, 13% menos que o europeu e 27% menos que o americano. Alguns economistas, no entanto, enxergam nesse diferencial não um problema, mas o espaço de crescimento latente. É o que pensa o último Nobel de economia, o americano Edmund Phelps. "Partindo de bases firmes, é fácil crescer se a diferença de produtividade é ampla", afirma Phelps. "Assim ocorreu com o Japão nos anos 50, com a Coréia nos 70 e com Alemanha, França e Itália entre os 50 e os 70." O terceiro calcanhar-de-aquiles é o desequilíbrio nas contas externas. O ano de 2006 fechou com déficit comercial de 18% do PIB (o segundo maior do mundo em termos relativos, atrás do americano) e de 8% nas transações correntes. Phelps, no entanto, não vê maiores problemas. "O desequilíbrio externo é sintoma do crescimento rápido e do aumento do investimento", diz ele. "Não creio que a Espanha tenha problema grave nesse aspecto. Quando uma criança está crescendo e o tamanho de seus pés aumenta, não tratamos de parar seu crescimento. O que fazemos é comprar sapatos maiores."
Fonte:http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0886/economia/m0122180.html
Um link para o partido do primeiro-ministro da Espanha José Luis Rodríguez Zapatero.
http://es.wikipedia.org/wiki/Partido_So ... pa%C3%B1ol
Ta em espanhol.Partido Socialista Obrero Español ou pela sigla o PSOE.
um dos mais importantes da Espanha ao lado do Partido Popular.Desde de 2004 no poder o PSOE.
Obviamente os louros do desenvolvimento espanhol são repartidos e não apenas do PSOE mas é bom saber que tal partido e o primeiro ministro Zapatero estão fazendo sua parte.
http://es.wikipedia.org/wiki/Partido_So ... pa%C3%B1ol
Ta em espanhol.Partido Socialista Obrero Español ou pela sigla o PSOE.
um dos mais importantes da Espanha ao lado do Partido Popular.Desde de 2004 no poder o PSOE.
Obviamente os louros do desenvolvimento espanhol são repartidos e não apenas do PSOE mas é bom saber que tal partido e o primeiro ministro Zapatero estão fazendo sua parte.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/
Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.
http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196
O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.
Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.
http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196
O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.
- betossantana
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Re.: A Espanha dá o exemplo
Não entendo bosta nenhuma de economia, então queria fazer uma pergunta que sempre quis fazer: é realmente possível que uma economia "cresça" ininterruptamente para sempre, já que todo mundo está sempre procurando "crescer", ou as recessões e crises são simplesmente indissociáveis do fenômeno econômico?
Bjs.
Bjs.
É um problema espiritual, chupe pau!
- Ateu Tímido
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Re.: A Espanha dá o exemplo
Como a Espanha saiu do atraso?
Do mesmo jeito que a Irlanda, Portugal, etc.
Com muito dinheiro da União Européia investido.
Do mesmo jeito que a Irlanda, Portugal, etc.
Com muito dinheiro da União Européia investido.
- Ateu Tímido
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Re.: A Espanha dá o exemplo
Como diria o célebre filósofo "Falcão", "dinheiro não é tudo, só 100%".



Re: Re.: A Espanha dá o exemplo
betossantana escreveu:Não entendo bosta nenhuma de economia, então queria fazer uma pergunta que sempre quis fazer: é realmente possível que uma economia "cresça" ininterruptamente para sempre, já que todo mundo está sempre procurando "crescer", ou as recessões e crises são simplesmente indissociáveis do fenômeno econômico?
Bjs.
Tb não sou nenhum especialista.
Mas acrescento uma reflexão.Crescimento necessariamente amplia exploração de recursos naturais, e existem recursos não renováveis, além do que amplia poluição e outros problemas.Seria crescer de fato a solução? Ou na verdade um paliativo dentro de um contexto que o exige em termos competitivos.Buscar um equilíbrio de produção, distribuição e acesso, procurando alternativas mais duráveis e renováveis, tanto em termos energéticos, como a forma com que lidamos com os outros recursos não seria um imperativo? Isso claro se nos importamos com o futuro da humanidade.
Tal reflexão está também em um livro “A Marcha Da Insensatez” de Barbara Wertheim Tuchman. Embora não tenha gostado muito do livro e de algumas premissas faz algumas reflexões interessantes.
Em outros termos acho que o objetivo deve ser desenvolvimento sustentável.É como uma receita crescimento acompanhado de melhoramentos nas instituições políticas, mais aplicação de leis de responsabilidade social e ambiental.Isso combinado com prioridade da educação, e investimento em ciência, para se buscar alternativas melhores tanto em eficiência, como na busca por soluções que estão em maior equilíbrio com o meio ambiente.Depois de um tempo não seria tão necessário crescer tanto.
Isso se percebe em países super desenvolvidos com altos índices de desenvolvimento humano, eles em geral crescem, mas não muito até pq não tem para onde crescer.E se por acaso enfrentarem recessão por algum fator externo tem uma economia forte o suficiente e estável para suportar isso.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/
Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.
http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196
O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.
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Re: Re.: A Espanha dá o exemplo
Apocaliptica escreveu:Né nada. Vê se isto ia funcionar por aqui.
Ai eu tenho que te dar uma certa dose de razão, corrupção, investimentos mau feitos, incompetência, prioridades equivocadas, tudo isso pode fazer muito dinheiro desaparecer sem que nada deixe no caminho (Talvez enriqueça alguns políticos corruptos não mais que isso).
Antes disso ou simultaneamente, reformas políticas, e administrativas, na forma da gestão democrática, a ampliando, são essenciais.Sem isso, dinheiro, boas idéias, alguns poucos bem intencionados, não serão suficientes.
Se não conseguir minimizar (seria preferível erradicar, mas ai o pessoal vai me chamar de utópico) corrupção, os excessos nos gastos públicos, e uma agenda de definição de prioridades nacionais e locais, que leve em conta a ampliação das oportunidades facultativas de participação periódica.Para que decisões possam ser democraticamente construídas, com dialogo, entre a população e a classe política.Bem sem isso, qualquer solução mirabolante me parece uma utopia ainda maior do que esta.
Editado pela última vez por André em 27 Fev 2007, 04:51, em um total de 1 vez.
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Re.: A Espanha dá o exemplo
Olha o pouco que aprendi de economia, pouquíssimo mesmo, diz que as economias têm ciclos de crescimento interno ( oscilações entre os segmentos da economia interna de acordo com o mercado, claro em economias de mercado ) e um processo que tende a se estagnar no limite máximo das relações comercias com o restante dos países do mundo.
Assim acontecem as bolhas de crescimento em determinadas regiões do planeta como foi com os tigres asiáticos.
Assim acontecem as bolhas de crescimento em determinadas regiões do planeta como foi com os tigres asiáticos.
Re: Re.: A Espanha dá o exemplo
André escreveu:Apocaliptica escreveu:Né nada. Vê se isto ia funcionar por aqui.
Ai eu tenho que te dar uma certa dose de razão, corrupção, investimentos mau feitos, incompetência, prioridades equivocadas, tudo isso pode fazer muito dinheiro desaparecer sem que nada deixe no caminho (Talvez enriqueça alguns políticos corruptos não mais que isso).
Antes disso ou simultaneamente, reformas políticas, e administrativas, na forma da gestão democrática, a ampliando, são essenciais.Sem isso, dinheiro, boas idéias, alguns poucos bem intencionados, não serão suficientes.
Se não conseguir minimizar (seria preferível erradicar, mas ai o pessoal vai me chamar de utópico) corrupção, os gastos públicos, e uma agenda de definição de prioridades nacionais e locais, que leve em conta a ampliação das oportunidades facultativas de participação periódica.Para que decisões possam ser democraticamente construídas, com dialogo, entre a população e a classe política.Bem sem isso, qualquer solução mirabolante me parece uma utopia ainda maior do que esta.
Sim. A minha principal refutação ao argumento dos contra-capitalistas é que a culpa não é do capital e sim do que se faz com ele.
Dinheiro não se movimenta sozinho.
Re: Re.: A Espanha dá o exemplo
Apocaliptica escreveu:André escreveu:Apocaliptica escreveu:Né nada. Vê se isto ia funcionar por aqui.
Ai eu tenho que te dar uma certa dose de razão, corrupção, investimentos mau feitos, incompetência, prioridades equivocadas, tudo isso pode fazer muito dinheiro desaparecer sem que nada deixe no caminho (Talvez enriqueça alguns políticos corruptos não mais que isso).
Antes disso ou simultaneamente, reformas políticas, e administrativas, na forma da gestão democrática, a ampliando, são essenciais.Sem isso, dinheiro, boas idéias, alguns poucos bem intencionados, não serão suficientes.
Se não conseguir minimizar (seria preferível erradicar, mas ai o pessoal vai me chamar de utópico) corrupção, os gastos públicos, e uma agenda de definição de prioridades nacionais e locais, que leve em conta a ampliação das oportunidades facultativas de participação periódica.Para que decisões possam ser democraticamente construídas, com dialogo, entre a população e a classe política.Bem sem isso, qualquer solução mirabolante me parece uma utopia ainda maior do que esta.
Sim. A minha principal refutação ao argumento dos contra-capitalistas é que a culpa não é do capital e sim do que se faz com ele.
Dinheiro não se movimenta sozinho.
O capital em si não é o culpado ou responsável.O sistema ou forma de organização que é desenvolvido por pessoas, em complexas redes de relações de poder, envolvendo nações, esse tem sua responsabilidade.
Mas o Brasil, os brasileiros, logicamente têm sua parcela, considerável até, diria principal parcela de responsabilidade no destino do país.Claro que as elites, sejam econômicas ou políticas, tem mais responsabilidade, penso que não se pode culpar o pobre por ser pobre, na maioria dos casos.A vítima da exploração, desmando, autoritarismo, tem sua parcela, e essa foi aumentada com a Democracia representativa, mas a parcela maior ainda pertence às elites.Elites políticas, por exemplo, uma boa parcela está no jogo por poder, dinheiro, e servido seus próprios interesses ou de terceiros, somente em alguns casos a serviço do bem comum.As elites econômicas com sua ganância sem limites, em sua maioria tb não estão nem ai.
Algo tem que ser feito.Aguardo sugestões.A maioria das minhas são conhecidas, mas continuo a pensar, tanto para aprimorar, como para modificar se ver a necessidade.
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- betossantana
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Re: Re.: A Espanha dá o exemplo
André, obrigado pelos esclarecimentos.
Sempre me cheirou meio mal o entusiasmo selvagem sobre o "crescimento" da economia e o "crescimento" como eterno objetivo. Da mesma forma que, dizem alguns, o capitalismo não é um fim em si mesmo e sim um meio para a felicidade (blá, blá), como pode o "crescimento" ser um FIM? Quer dizer, olha só esse verbo, "crescer": nada "cresce" PRA SEMPRE, então POR QUÊ o jornalismo econômico nunca apresenta a recessão como NATURAL? Me sinto meio idiota com tanta gente escrevendo sobre como é maravilhoso crescermos, como se fôssemos continuar crescendo sem parar ou como se isso fosse possível.
Bjs.
Apocaliptica escreveu:Olha o pouco que aprendi de economia, pouquíssimo mesmo, diz que as economias têm ciclos de crescimento interno ( oscilações entre os segmentos da economia interna de acordo com o mercado, claro em economias de mercado ) e um processo que tende a se estagnar no limite máximo das relações comercias com o restante dos países do mundo.
Assim acontecem as bolhas de crescimento em determinadas regiões do planeta como foi com os tigres asiáticos.
Sempre me cheirou meio mal o entusiasmo selvagem sobre o "crescimento" da economia e o "crescimento" como eterno objetivo. Da mesma forma que, dizem alguns, o capitalismo não é um fim em si mesmo e sim um meio para a felicidade (blá, blá), como pode o "crescimento" ser um FIM? Quer dizer, olha só esse verbo, "crescer": nada "cresce" PRA SEMPRE, então POR QUÊ o jornalismo econômico nunca apresenta a recessão como NATURAL? Me sinto meio idiota com tanta gente escrevendo sobre como é maravilhoso crescermos, como se fôssemos continuar crescendo sem parar ou como se isso fosse possível.
Bjs.
É um problema espiritual, chupe pau!
Re: Re.: A Espanha dá o exemplo
betossantana escreveu:André, obrigado pelos esclarecimentos.Apocaliptica escreveu:Olha o pouco que aprendi de economia, pouquíssimo mesmo, diz que as economias têm ciclos de crescimento interno ( oscilações entre os segmentos da economia interna de acordo com o mercado, claro em economias de mercado ) e um processo que tende a se estagnar no limite máximo das relações comercias com o restante dos países do mundo.
Assim acontecem as bolhas de crescimento em determinadas regiões do planeta como foi com os tigres asiáticos.
Sempre me cheirou meio mal o entusiasmo selvagem sobre o "crescimento" da economia e o "crescimento" como eterno objetivo. Da mesma forma que, dizem alguns, o capitalismo não é um fim em si mesmo e sim um meio para a felicidade (blá, blá), como pode o "crescimento" ser um FIM? Quer dizer, olha só esse verbo, "crescer": nada "cresce" PRA SEMPRE, então POR QUÊ o jornalismo econômico nunca apresenta a recessão como NATURAL? Me sinto meio idiota com tanta gente escrevendo sobre como é maravilhoso crescermos, como se fôssemos continuar crescendo sem parar ou como se isso fosse possível.
Bjs.
Tranquilo cara(fiz algumas reflexoes mas o tema vale mais).Alias queria ver se um dia a gente marca num bar ou algo para se conhecer.Tb sou soteropolitano e acho que vc é um dos caras mais engraçados do forum, se não for o mais.So manere nas escatologias

Voltando ao assunto na verdade os idiotas são os que não refletem para além dos paradigmas predominantes.Aceitam o paradigma como natural, não o questionam e passam a repetir sem nunca pensar pelos dois lados da questão.Além de fatores outros.
Alias política atualmente tem um componente personalista e de disputa de gestão e ausensia de propostas sistematicas muito grande.Explico os políticos ficam tentando enumerar qualidades pessoais, e feitos, ou criticar feitos dos outros, para argumentar como administraria melhor que outrem, ou como já administra melhor do que o outro vai administrar.Nisso inves de uma disputa por idéias, por soluçoes, por projetos de desenvolvimento concorrentes, vemos disputa apenas de individuos.Não é atoa sermos o país do Getulismo, Carlismo, Lulismo, e dos outros ismos colados a pessoas.Os partidos e seus programas existem, mas raramente tem real relação o programa com sua atuação política.Principios passam longe, e são localizados em raras figuras.
Isso é apenas uma das tragedias brasileiras, infelizmente acentuada na minha triste Bahia, a qual tem tantos ismos ligados a pessoas que eu as vezes me esqueço até dos partidos, ninguém comenta sobre eles nos textos, e até nos documentos o pessoal se esquece.Chega a ser ridiculo se não fosse tragico.
Ai vem os políticos defendo como "ele", e é importante o carater pessoal, tem "capacidade" a qualidade, de levar ao "crescimento" o objetivo.Ai ele completa o esquema com algumas coisas especificas, e pronto o discurso padrão se consolidou.
Um dos poucos que falou um pouco diferente foi o Cristovão Buarque e que apresentou algumas boas idéias.Mas no geral, e nas campanhas para governo de Estado a coisa chega a piorar, pelo menos por aqui.
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O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.
Re.: A Espanha dá o exemplo
Crescimento é uma palavra muito mais usada pelos países que sofrem com alguns pontinhos percentuais a mais, do que pelos que crescem ao natural, sem fazer força (por "força" leia-se manipular mídia e opinião pública, bolar planos econômicos que nunca saem do papel, ou executar programas de resultados duvidosos).
A maioria dos países desenvolvidos ou em real e consistente transformação econômica e humana preocupam-se com o processo em si, ou com o quanto perdem em cada detalhe, para se manter onde estão ou alavancar ainda mais o desenvolvimento.
É o tal " Crescimento Sustentável" que os dirigentes gostam de falar, mas não sabem como fazer.
A maioria dos países desenvolvidos ou em real e consistente transformação econômica e humana preocupam-se com o processo em si, ou com o quanto perdem em cada detalhe, para se manter onde estão ou alavancar ainda mais o desenvolvimento.
É o tal " Crescimento Sustentável" que os dirigentes gostam de falar, mas não sabem como fazer.
Re: Re.: A Espanha dá o exemplo
betossantana escreveu:Não entendo bosta nenhuma de economia, então queria fazer uma pergunta que sempre quis fazer: é realmente possível que uma economia "cresça" ininterruptamente para sempre, já que todo mundo está sempre procurando "crescer", ou as recessões e crises são simplesmente indissociáveis do fenômeno econômico?
Bjs.
Não. Bem por cima, crescimento econômico é um somatório de muitas coisas, os produtos que mais alavancam riquezas são os tecnológicos, alimentícios e manufaturados. Sobre tudo isso estão os juros de mercado, que são estipulados pelo governo. O objetivo dos juros é proteger o mercado interno contra a invasão de importados e também atrair investidores estrangeiros e aumentar as exportações de produtos nacionais.
Isso faz girar o mercado interno e elevar a entrada de capital estrangeiro no país, estabilizando a moeda, não a economia. Pois pode acontecer por exemplo, de empresas metalurgicas nacionais exportarem até o que não tem, enquato produtores de grãos não fazem nem pra quitarem dívidas.
Isso é o suficiente pra desestabilizar a economia, pois aqueles que dependem da agricultura, como bioquimicas e derivadas, também ficam a ver navios.
Em resumo, mesmo que aos olhos as cifras percentuas de crescimento pareçam baixas, os economistas brasileiros são verdadeiros mágicos para chegarem nessas médias que divulgam.
Editado pela última vez por Shanaista em 27 Fev 2007, 22:00, em um total de 1 vez.
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Re: Re.: A Espanha dá o exemplo
Apocaliptica escreveu:Né nada. Vê se isto ia funcionar por aqui.
- E é esse o problema, eu tenho repetido isto por aqui a tempos, mas os ingênuos continuam acreditando em fórmulas mágicas que provocam crescimento instantâneo, enquanto não evoluirmos nossa índole e nossas instituições teremos que ir adotando soluções tampão, foi assim que todos que chegaram lá fizeram.
Abraços,
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
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Re: Re.: A Espanha dá o exemplo
Abmael escreveu:Apocaliptica escreveu:Né nada. Vê se isto ia funcionar por aqui.
- E é esse o problema, eu tenho repetido isto por aqui a tempos, mas os ingênuos continuam acreditando em fórmulas mágicas que provocam crescimento instantâneo, enquanto não evoluirmos nossa índole e nossas instituições teremos que ir adotando soluções tampão, foi assim que todos que chegaram lá fizeram.
Abraços,
Estes são os que acreditam nos eternos e reincidentes "milagres brasileiros".
Triste.
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Re: Re.: A Espanha dá o exemplo
Ateu Tímido escreveu:Como a Espanha saiu do atraso?
Do mesmo jeito que a Irlanda, Portugal, etc.
Com muito dinheiro da União Européia investido.
A adesao ao mercado comum europeu deveria prejudicar a Espanha, na retorica esquerdista padrao, ja que o livre comercio com naçoes mais desenvolvidas so tras prejuizos.
Alem disso, para entrar nessa a Espanha, assim como todos os membros, teve que adotar medidas economicas e fiscais que arrepiariam o ultimo pelo da nuca de um esquerdista latino.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem
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André escreveu:Um link para o partido do primeiro-ministro da Espanha José Luis Rodríguez Zapatero.
http://es.wikipedia.org/wiki/Partido_So ... pa%C3%B1ol
Ta em espanhol.Partido Socialista Obrero Español ou pela sigla o PSOE.
um dos mais importantes da Espanha ao lado do Partido Popular.Desde de 2004 no poder o PSOE.
Obviamente os louros do desenvolvimento espanhol são repartidos e não apenas do PSOE mas é bom saber que tal partido e o primeiro ministro Zapatero estão fazendo sua parte.
Alguém ai lembra o nome do partido do Hitler? Se não me engano era Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores.
Se o partido tinha a palavrinha "social" no meio, só pode ser porque o partido governava a alemanha com base nos ideais socialistas.
O ENCOSTO
http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”
http://www.manualdochurrasco.com.br/
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Onde houver fé, levarei a dúvida.
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”
O ENCOSTO escreveu:André escreveu:Um link para o partido do primeiro-ministro da Espanha José Luis Rodríguez Zapatero.
http://es.wikipedia.org/wiki/Partido_So ... pa%C3%B1ol
Ta em espanhol.Partido Socialista Obrero Español ou pela sigla o PSOE.
um dos mais importantes da Espanha ao lado do Partido Popular.Desde de 2004 no poder o PSOE.
Obviamente os louros do desenvolvimento espanhol são repartidos e não apenas do PSOE mas é bom saber que tal partido e o primeiro ministro Zapatero estão fazendo sua parte.
Alguém ai lembra o nome do partido do Hitler? Se não me engano era Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores.
Se o partido tinha a palavrinha "social" no meio, só pode ser porque o partido governava a alemanha com base nos ideais socialistas.
Eu lembro e o nome é esse mesmo.O nome do partido Nazista.Porém comparar Zapatero que é um democrata a Hitler que foi um genocida não tem nada a ver.
Sobre ideais socialistas eles trabalham com a noção de promover igualdade não apenas jurídica, mas de condições socioeconômicas, se não absoluta pq não é possível pelo menos mais justa.E essa trabalha com o conceito de classes sociais é à base dessas idéias.Já o Nazismo desprezava o conceito de classes e adotou o de raças.E dizer que classes e raças esses dois conceitos absolutamente diferentes podem ser substituídas facilmente que não muda a essência dos ideais é equivalente a comparar Zapatero a Hitler, ou seja, não tem nada a ver.
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O ENCOSTO escreveu:Se o partido tinha a palavrinha "social" no meio, só pode ser porque o partido governava a alemanha com base nos ideais socialistas.
"Social" = "Socialista".
O Encosto sempre nos brindando com tais pérolas de sabedoria diarréica. Adoro você, Encosto, você é lindo!
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