A Igreja Mórmon Retira seus Missionários na Venezuela
Por JUAN FORERO
BOGOTÁ, Colombia, Out. 25 - Em meio a tensões crescentes na Venezuela entre o Presidente Hugo Cháves e várias ordens religiosas, a Igreja Mórmon, baseada em Utah, retirou todos os seus 220 missionários americanos do país, disse um porta-voz na sede da Igreja em Salt Lake City, na quinta-feira.
A igreja, conhecida como a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, disse que tem tido meses de problemas para renovar vistos ou conseguir vistos novos para missionários americanos que trabalham na Venezuela. O primeiro grupo de missionários americanos começou a deixar Caracas semana passada para novas atribuições na América Latina, e a retirada foi completada na noite de segunda-feira, disse Michael Purdy, o porta-voz.
O desenvolvimento vêm duas semanas depois do Sr. Cháves ter ordenado a expulsão da Missão Novas Tribos, baseada na Flórida, um grupo evangélico que ele acusou de ajudar a administração Bush no que alegou ser um plano para invadir a Venezuela. "Eles são agentes de penetração imperial", ele disse num discurso em 12 de outubro.
Relações entre evangélicos americanos e o governo ferozmente nacionalista do Sr. Chávez tem sido severamente prejudicadas desde agosto, quando Pat Robertson, o televangelista conservador, disse a espectadores de seu programa, "The 700 Club", que a administração Bush deveria assassinar o líder venezuelano.
O presidente e a Igreja Católica Roana, cujos líderes na Venezuela tem ladeado com líderes da oposição, tem também escalado sua guerra de palavras nos meses recentes.
Em agosto, o cardeal Rosalio Castillo Lara disse que o governo Cháves era uma ditadura. O Sr. Cháves revidou, chamando o cardeal de um "fora-da-lei, bandido, imoral". O novo representante do Vaticano na Venezuela, Núncio Papal Giacinto Berlocco, tem tentado acalmar os dois lados.
Mas analistas políticos dizem que a percepção para relações igreja-estado não é boa num país onde o presidente, cuja taxa de aprovação chega a 90 por cento depois de quase sete anos no cargo, é muito mais poderoso e intolerante a críticas.
"Penso que é um cara que est[a tentando consolidar o poder, e ele o está fazendo pela repressão em espaços que ainda estão de certa forma abertos, como as igrejas", disse Eduardo Gamarra, diretor de Estudos Latino Americanos na Universidade Internacional da Flórida em Miami.
O confronto do presidente com a Missão Novas Tribos, que opera na Venezuela há 59 anos, levantou preocupações sobre futuras repressões. O Sr. Cháves acusou os missionários de reunirem informação estratégica para os Estados Unidos, enquanto administravam pista de decolagem ilegais e exploravam os índios.
A Novas Tribos, composta por quase 300 missionários e seus filhos, trabalha com 12 tribos indígenas no sul da Venezuela, focando em traduções da Bíblia e alfabetização, não em coletar informações para a C.I.A., disse Nita Zelenak, uma porta-voz da igreja em sua sede em Sanford, Flórida. Falando por telefone, ela disse que seus missionários permaneceram na Venezuela aguardando uma ordem final de expulsão.
"Nossa meta tem sido esclarecer o que realmente estamos fazendo na Venezuela, para que ele entenda que estamos lá apenas para ajudar os cidadãos venezuelanos", disse a Srta. Zelenak sobre o Sr. Chávez.
Fonte: http://www.nytimes.com/2005/10/26/inter ... venez.html