É um pseudoargumento usado de diferentes formas por ateus e teístas, mas que troca o argumento por uma falácias conhecida como apelo à multidão e outras vezes associadas ao apelo à autoridade e ataques pessoais.
Na falta de argumento, se esquivam apelando.
Bem, vamos a interpretação que deu origem ao tópico:
Montfort escreveu:trecho da bíblia escreveu:Mateus 26:
48 E o que o traía tinha-lhes dado um sinal, dizendo: O que eu beijar é esse; prendei-o.
49 E logo, aproximando-se de Jesus, disse: Eu te saúdo, Rabi; e beijou-o.
50 Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Então, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam. 51 E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.
52 Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.
53 Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?
54 Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?
Repare que Cristo não mandou São Pedro jogar fora a espada. Não proibiu que a usasse. Mandou guardá-la, porque, no futuro, quando Pedro fosse o representante de Cristo, ele deveria mandar matar à espada, quem matasse à espada.
http://www.montfort.org.br/index.php?se ... 0&lang=bra
Agora veja o tamanho do absurdo.
Em uma passagem que apóia muitas outras passagens que demonstram o pacifismo de Cristo e sua idéia de justiça divida e não humana. O autor distorce ela de forma absurdamente apelativa, para defender a pena de morte.
Ele não mandou jogar a espada fora, a conclusão lógica do sujeito é que isso significa que depois que Pedro se tornar representante de Cristo, deve sair matando a espada, aqueles que matam a espada... contrariando o que o próprio Cristo acabou de dizer...
Bom, quem quiser ver o show de horrores completo, pode acessar o site indicado ou um tópico aqui mesmo no RV. (Cristo e a pena de morte)
Bem, porque eu trouxe isso à tona?
Porque estou falando da falácia "muitas interpretações bíblicas".
Ela é usada com muita frequência, tanto por ateus, quanto por teísta e, é encontrada na maioria dos textos sobre falácias e erros de raciocínio. Achei ela semelhante ao apelo a multidão, mas por ateus costuma ser usada como um "apelo a falta de consenso", isso seria um "apelo ao consenso" de forma negativa.
É a falácias apelo a multidão... mas disfarçada, costuma passar desapercebida.
É uma tentativa de fugir da argumentação e, ao invés de tentar refutar o argumento, apenas dizem coisas como:
"Isso é interpretação sua, porque todos os evangélicos dizem o oposto?"
"Então estão todos errados, você é o sabe-tudo e só você conhece o verdadeiro cristianismo. Deveria criar uma igreja só sua, óh iluminado..."
"O que torna sua interpretação melhor que as outras? Só sua interpretação está certa e todas as outras (grande maioria) estão erradas... não é muita arrogância sua?"
"Porque deveria aceitar a sua intrepretação e não as muitas outras contraditorias, que dizem muitas coisas diferentes?"
Veja que é um apelo a multidão, mas ao invés de dizer coisas como: "Se nossa igreja tem milhões de membros, não pode estar errada".
Faz o oposto: "Se existem milhões de outras interpretações, a sua só pode estar errada."
Quando usada por teístas, pode incluir o apelo a autoridade:
"Então só você sabe interpretar a bíblia? Santo Agostinho que interpretou diferente está errado? Os papas e a grandes nomes entre os teólogos estão todos errados?"
O mais intrigante disso vindo de ateus, é que os que normalmente usam essa falácia, normalmente são contrários a qualquer idéia religiosa e consideram os argumentos religiosos como não passando de um monte de falácias e crenças fantasiosas.
Mesmo assim, quando afrontados contra um argumento que não podem refutar, tentam desmerecer esse argumento apelando para a falácia das muitas interpretações bíblicas. Apelam para aquelas "interpretações", que eles mesmo consideram um monte de besteiras.
Interpretações essas, que muitas vezes são apelativas e facilmente refutadas. Basta seguir uma lógica e argumentação firme, que não recorre a falácias, nem cai em erros de raciocínio. Uma argumentação isenta, que leva em conta muitas fontes que falam sobre o mesmo tema, não apenas a biblia ou o cristianismo.
Existem interpretações e interpretações, algumas com muita lógica e qualidade, outras apelativas e que chegam a cair em falácias grossas.
Enfim, está apresentada aqui essa falácia.
Creio que é do interesse de qualquer um aqui, manter-se o mais racional possível, bem como manter uma boa qualidade em um debate, sem cair nesse tipo de falácia ou apelação.
Nesse fórum já tive boas discussões, com pessoas racionais e capacitadas para argumentar sem apelar, mas que não progrediram por causa dessa estória de: "existem muitas interpretações".
Espero que o tópico ajude a evitar isso no futuro, pois isso não é argumento, mas sim um erro de raciocínio bastante apelativo.