Espíritos: matéria de capa da SI

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Alter-ego
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Espíritos: matéria de capa da SI

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Eles vêem espíritos
Para a ciência, ver e ouvir fantasmas não tem nada de sobrenatural: tudo é criado pelo cérebro. Agora os cientistas tentam explicar por que tanta gente, em diferentes épocas e civilizações, afirma ver espíritos.
Por Aryane Cararo

Dona Rosa, a tia de Maurício que apareceu no carro de repente, reclamava de que estava perdida e ninguém tinha ido buscá-la. "Só vi o Zé [o irmão dela], mas parecia que ele estava de fogo", disse. Sem saber o que fazer, o sobrinho sugeriu que ela aguardasse para seguir seu caminho. Antes de sumir do veículo, a mulher agradeceu a coroa de flores e só não deixou mais perplexo o administrador e engenheiro eletricista Maurício Casagrande porque essa não era a primeira vez que algo parecido acontecia. As primeiras manifestações estranhas apareceram na infância, mas foi depois dos 27 anos que ele passou a protagonizar cenas de horror: acordava durante a noite e via figuras cadavéricas no quarto, ouvia vozes e começou a adivinhar data e hora da morte de pessoas próximas. Entre o susto e o incômodo, buscou ajuda médica com psicólogos, psiquiatras, neurologistas. Nunca encontrou nada errado.

Para a ciência, espíritos não existem. Nossa personalidade, nossa inteligência, nosso caráter, tudo é determinado pelas conexões cerebrais. Quando morremos, as células têm o mesmo fim, sem deixar possibilidade para alma ou fantasmas aflorarem. Mas os próprios cientistas reconhecem que relatos de experiências sobrenaturais e de contato com os mortos, como o do engenheiro Maurício, estão presentes em diversas civilizações e são quase tão antigos quanto a escrita. A possessão por deuses e demônios aparece desde 2000 a.C. O Tratado do Diagnóstico Médico e do Prognóstico, um conjunto de 40 pedras babilônicas dedicadas à medicina, descreve as alucinações auditivas e as ausências súbitas com um caráter sobrenatural. Hieróglifos também revelam que os egípcios acreditavam que mortos ou demônios entravam no corpo dos vivos e provocavam tais sintomas. O caráter sagrado também esteve presente na Grécia antiga, onde alucinações eram chamadas de "doença sagrada" ou "doença da Lua". Com o advento do cristianismo, os inúmeros deuses deixaram de ser a causa para esses fenômenos. Surgiram as explicações naturais, como a de que a Lua provocava o aquecimento da Terra e isso faria o cérebro derreter, gerando as crises. Na Idade Média, quem tinha alucinações era considerado herege. Joana D'Arc, queimada em 1431 quanto tinha 29 anos, começou a ouvir vozes e perceber luzes estranhas ainda adolescente. Hoje, os espíritos inspiram todo um gênero de cinema - os filmes de terror -, sem falar em contos da literatura universal, novelas e conversas em família. Com tantas histórias distantes, porém parecidas, é muito fácil acreditar que há algo além ao nosso redor.

Apesar de tantos relatos semelhantes, só nos últimos 20 anos é que o assunto saiu dos filmes de terror e voltou a ocupar as páginas de estudos científicos sérios. As pesquisas focam desde o perfil dos chamados médiuns a análises neurológicas que relacionam alucinações a epilepsia e ao fenômeno do déjà vu. Ainda não existe uma explicação definitiva do fenômeno da mediunidade, mas há conclusões suficientes para destruir vários mitos sobre o tema.


Quem vê gente morta?

Primeiro mito: o de que pessoas que afirmam ver espíritos são malucas. Em boa parte dos casos, quem vive esse fenômeno são profissionais com ensino superior, pais e mães de famílias de classe média e alta, que mantêm a experiência em segredo e recorrem a dezenas de médicos para saber o que está acontecendo. Em 2005, o psiquiatra Alexander Moreira de Almeida, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora e membro do Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos (Neper) da USP, aplicou testes psicológicos em 115 médiuns da capital paulista. A maioria deles era formada por pessoas que afirmavam incorporar espíritos, falar coisas que estão sendo ditas por mortos, ter visões e ouvir vozes. Almeida descobriu que pessoas bem instruídas e ocupadas formavam sua amostra: 46,5% tinham escolaridade superior e apenas 2,7% estavam desempregados. "Esses dados mostram que não são pessoas desajustadas socialmente", diz. A maior revelação veio dos resultados do SQR (Self-Report Psychiatric Screening Questionnaire), um questionário aplicado para detectar transtornos mentais. Quanto mais respostas positivas, mais alta é a probabilidade de a pessoa ter um transtorno. "Em menos de 8% delas o resultado deu positivo, o que é muito pouco. Na população brasileira, esse índice fica entre 15% e 25%." Outra surpresa veio com o teste de Escala de Adequação Social. O psiquiatra verificou que os médiuns que relatavam incorporar espíritos com uma freqüência maior eram os mais ajustados socialmente e também aqueles que menos tinham sintomas de transtornos psiquiátricos.

A notícia é um alívio para quem sofre a pressão de viver experiências mediúnicas e se pergunta o tempo todo onde está o limite entre a loucura e a sanidade. "Sou um cara cético. Até hoje me pergunto se o que vejo não é criação da minha cabeça", diz Maurício Casagrande. "Quando as imagens ficaram mais freqüentes, achei que estava ficando esquizofrênico e fui procurar ajuda na medicina." Maurício chegou a dormir duas noites no Hospital São Paulo, vigiado por equipamentos de mapeamento cerebral, e a tomar ansiolíticos, que não o impediram de continuar acordando com presenças fantasmagóricas. Apesar das inúmeras tentativas, não se descobriu nenhum transtorno mental. "Até que um dia um médico falou para eu procurar um lado mais espiritual. Veja só: um médico falando isso!", diz ele.

As consultas médicas também fizeram parte da adolescência de Regina Braga, hoje com 52 anos. Aos 15, ela começou a acordar rodeada de estranhos. "Eram figuras grotescas. Eu via pessoas com os olhos esbugalhados em cima de mim. Comecei a entrar em parafuso", diz. Os pais passaram a levá-la a médicos, que receitavam calmantes. "O tranqüilizante era uma porta de acesso maior. Eu relaxava, ficava indefesa e os ataques à noite eram mais ferozes." Aos 17 anos, Regina entrou em uma espécie de coma. "Os médicos fizeram de tudo para que eu despertasse, mas eu não tinha nenhuma reação." Ao sair do que chama de "transe", foi transferida para a clínica de um médico espírita, que soube tratá-la (leia sobre a doutrina nos links relacionados). "Se fosse outro médico, acho que me mandaria para um hospício."

O medo de ter problemas mentais impede muitas pessoas de falarem abertamente sobre o assunto. "A literatura médica diz que de 15% a 30% da população tem algum tipo de vivência sobrenatural. Essas pessoas não contam para ninguém por medo de acharem que estão loucas", afirma o psiquiatra Almeida. O engenheiro Maurício é um exemplo de quem evita propagandear. "Se tem uma coisa que não suporto são os 'esochatos', aquele bando de esotéricos que ficam tentando convencer a pessoa a seguir alguma idéia. Tenho medo de rótulos, por isso prefiro não comentar", diz.

Os médiuns na história

De fato, os cientistas que começaram a estudar esses fenômenos foram os que tratavam doenças mentais. Em 1889, o psiquiatra francês Pierre Janet foi o primeiro a propor a existência de uma segunda consciência. Para ele, quando a personalidade perdia a coesão (o fluxo normal de idéias e pensamentos), uma corrente secundária de idéias, vontades e imagens se sobrepunha à consciência, gerando automatismos motores e sensoriais - responsáveis pelos chamados fenômenos paranormais. O contemporâneo William James, psicólogo americano, defendeu a tese de que a possessão mediúnica era uma forma de personalidade alternativa em pessoas que não tinham problemas mentais: uma espécie de dupla personalidade. Ele não descartou que um espírito desencadeasse essa segunda identidade. Já o professor de cultura clássica Frederic Myers dedicou-se a estudar o inconsciente. Ele defendeu que existia na mente uma consciência subliminar, que raramente emergia - quando isso acontecia, o resultado era a manifestação mediúnica. Até mesmo Sigmund Freud deu palpites sobre a mediunidade. Para ele, os estados de possessão correspondiam às nossas neuroses: os demônios seriam os desejos considerados maus que foram reprimidos. "Aos nossos olhos, os demônios são desejos maus e repreensíveis, derivados de impulsos instintivos que foram repudiados e reprimidos", afirmou ele no livro Uma Neurose Demoníaca do Século 17, de 1923.

A neurologia também tentou cercar o mistério. O inglês John Hughlings Jackson sugeriu que as crises não passavam de uma descarga ocasional, excessiva e inadequada do tecido nervoso sobre os músculos, assim como a epilepsia. Na década de 1950, os médicos Wilder Penfield e Theodore Brown Rasmussen, do Instituto Neurológico de Montreal, no Canadá, fizeram cirurgias em pacientes com epilepsia acordados. Graças a elas, o mundo descobriu muito sobre o cérebro. Quando os médicos estimulavam uma área do cérebro, o paciente mexia a mão; em outra, o pé. Ao estimularem áreas relacionadas à gustação, o paciente sentia um gosto na boca. Também ouvia sons sem sentido, via bolas e estrelas. "Foi assim que mapearam o cérebro humano", afirma Elza Yacubian, neurologista especializada em epilepsia da Universidade Federal de São Paulo.

A busca por explicações para os fenômenos tidos como paranormais rendeu também descobertas de instrumentos da neurologia usados até hoje, como o eletroencefalograma, que registra a atividade elétrica do cérebro por meio de eletrodos colocados na cabeça do paciente. O aparelho foi criado pelo psiquiatra alemão Hans Berger, fascinado pelos poderes da mente desde a década de 1890, quando foi soldado do Exército alemão. Durante um exercício militar, Berger sofreu um acidente de cavalo. Logo depois, seu pai, sem saber o que havia acontecido, enviou-lhe um telegrama para saber como o filho estava - a irmã de Berger tinha dito ao pai que sabia que ele havia sofrido um acidente. O psiquiatra ficou fascinado pela adivinhação da irmã: passou a acreditar em paranormalidade e decidiu estudá-la. "Ao criar o eletroencefalograma, em 1929, ele esperava que o aparelho desse respostas a experiências que julgava fora do comum", diz Elza. "Uma de suas maiores decepções foi constatar que o eletroencefalograma é normal em pacientes que têm problemas psiquiátricos e nas pessoas que relatam experiências sobrenaturais."

O que diz a ciência

Depois da criação do eletroencefalograma, apareceram a ressonância magnética, a tomografiacomputadorizada e a ressonância funcional. Com elas, já se conseguiu mapear no cérebro até as áreas que despertam as emoções e controlam funções específicas do corpo, como enxergar em profundidade ou reconhecer faces. Mas esses equipamentos não são suficientes para detectar a química envolvida na troca de impulsos elétricos e as alterações celulares de quem afirma ver espíritos. Para os cientistas, é por causa dessa falta de recursos mais precisos que os exames feitos pelo engenheiro Maurício não apontam anormalidades. "Quando o bebê está sendo formado, bilhões de células embrionárias migram para formar 6 camadas do córtex", afirma a neurologista Elza. "Nem a melhor ressonância magnética consegue detectar falhas nesse nível."

Mesmo assim, no mundo das hipóteses médicas, os relatos de retorno dos mortos à Terra não passam de ficção criada pela máquina chamada cérebro. Desde os primeiros estudos, a epilepsia virou explicação para manifestações de mediunidade, idéia que é seguida até hoje. Ataques epilépticos são o ponto máximo da hiperexcitabilidade do cérebro, que responde mandando ao corpo reflexos não só motores. Epilépticos sofrem também reações olfativas - como sentir cheiros estranhos repentinamente - visuais e sonoras, como ter alucinações. Isso mesmo, alucinações, muito parecidas com as de quem afirma ver espíritos. "Uma excitabilidade diferente poderia ser a explicação para fenômenos não patológicos de visões e audições", afirma Elza Yacubian. Há tipos de epilepsia que são muito relacionados a relatos sobrenaturais. A epilepsia do lobo temporal do cérebro, por exemplo, provoca alucinações e induz à religiosidade. Essa parte do cérebro é tida como a responsável pela religiosidade: pessoas com lesões nela costumam desenvolver uma religiosidade extrema. Acredita-se, por exemplo, que o fanatismo religioso do pintor Vincent Van Gogh tenha vindo da epilepsia no lobo temporal.

Para o InterPsi, um grupo de pesquisadores da PUC-SP que se dedica a encontrar explicações lógicas e científicas para fenômenos sobrenaturais, a epilepsia é só uma das possíveis soluções do mistério. Além dela, outros estados alterados da mente se relacionam a alucinações. "Freqüências sonoras, campos magnéticos e estados de transe podem provocar efeitos sensoriais", afirma o psicólogo Welling ton Zangari, pesquisador do Laboratório de Psicologia Social da Religião na USP e membro do InterPsi.

Zangari cita o caso que aconteceu num escritório de engenharia da Inglaterra na década de 1980.Vários funcionários afirmavam ver fantasmas em uma das salas, que em pouco tempo ficou conhecida como mal-assombrada. Foi um engenheiro do próprio escritório, chamado Vic Tandy, que desfez o mito: as aparições eram, na verdade, uma reação do globo ocular, que vibrava influenciado pela freqüência de infrasom de um ventilador, borrando a visão de quem entrava ali.

Sabe-se, também, que alucinações são comuns em pessoas com estados graves de fome ou em quem fica 3 dias sem dormir. "Nessas situações, os neurônios funcionam de forma anormal, criando uma realidade paralela", afirma a neurologista Kátia Lin, da Unifesp. "Não significa que a pessoa esteja louca ou doente."

Se o cérebro é a chave para as alucinações, os cientistas se dedicam agora a saber quais circuitos movem essa engrenagem. Em setembro passado, o médico Olaf Blanke, da Escola Politécnica de Lausanne, na Suíça, criou em laboratório aquela sensação desagradável de ter uma presença parada às costas. A cobaia foi uma mulher de 22 anos, com epilepsia, que se submetia a uma cirurgia para retirar a lesão que provocava as crises.

A equipe de Blanke aplicou estímulos elétricos em pontos do lado esquerdo do cérebro. A reação foi sinistra: a mulher sentiu que alguém estava atrás dela. Empolgados, os médicos estimularam ainda mais a área e a paciente foi capaz de descrever o ser invisível como uma pessoa jovem. Os pesquisadores, então, pediram que ela tentasse abraçar os joelhos. Ao se abaixar, a mulher podia jurar que a presença que sentia tinha segurado seus braços.

A área estimulada está relacionada à noção corporal - sem ela fica impossível, por exemplo, mexer os braços na hora de trocar de roupa, por mais que o braço esteja perfeito. Para o médico Olaf Blanke, estímulos nesse ponto podem explicar não só a presença fantasma, como também os relatos sobre viagens feitas fora do corpo. A tese é reforçada por uma experiência similar realizada em 2002. Ao tentar identificar a área de lesão de uma inglesa de 43 anos, com epilepsia havia 11, Blanke estimulou o giro angular, uma área que fica na parte posterior do lobo temporal, e se surpreendeu com o resultado: a mulher sentiu como se tivesse saído do corpo e levitado 2 metros acima da mesa de cirurgia. "O giro angular é importante para processos cerebrais associados à experiência extracorpórea", afirmou Blanke na revista Nature.

Tentar reproduzir fenômenos espirituais em laboratório não é novidade. Desde a década de 1980, o neurologista canadense Michael Persinger faz testes com ondas eletromagnéticas em pessoas normais. A experiência consiste em colocar capacetes, que geram uma espécie de campo magnético, em voluntários vendados, dentro de uma sala escura e com isolamento acústico. À medida que o pesquisador estimula o lobo temporal, os voluntários têm sensações de fazer inveja a qualquer usuário de alucinógenos: olhos que se mexem e viram luzes roxas, visões de incêndios, demônios, deslocamento do corpo e cenas da infância como se acontecessem no presente.

Ou seja: para a neurologia, ver espíritos é resultado de uma disfunção cerebral ainda não diagnosticada. Os sintomas são parecidos com os de doenças como epilepsia, esquizofrenia (que provoca alucinações auditivas e delírios de perseguição), tumores cerebrais (que podem causar alucinações) e transtorno de identidade dissociativa, quando o doente tem dupla identidade, ouve vozes e muda sua caligrafia. Mas a causa seria bem diferente da dessas doenças e estaria relacionada a erros de sinapse do cérebro. "Se há áreas do cérebro capazes de fazer contatos por telepatia, a ciência simplesmente não tem como refutar ou comprovar", diz a neurologista Kátia Lin. Talvez nem mesmo o cérebro abrigue todas as explicações. "Há uma tendência hoje de reduzir tudo a causas cerebrais", diz o psicólogo Wellington Zan gari, do InterPsi. "Mas não dá para entender tudo sem um olhar antropológico, cultural e psicológico."

Mais longe ainda está a explicação para fenômenos como previsões do futuro, o meio como os médiuns costumam saber da morte de parentes. Como alguém pode ser capaz de atravessar o tempo? Será só uma coincidência? Também há o problema dos relatos de luzes que acendem sozinhas à noite, gavetas, portas que aparecem inexplicavelmente abertas. Enquanto uma explicação definitiva não aparece, quem acredita ver espíritos prefere tentar levar a vida normalmente, como a advogada Margareth Pummer. "O assunto é tão sério que não faço propaganda. Evito conversar sobre isso e assim vou vivendo", diz.


O que diz o espiritismo
Seguidores acreditam que espíritos vivem em simbiose com os vivos.
Por Aryane Cararo


É por causa de perguntas sem respostas satisfatórias que doutrinas como o espiritismo fazem adeptos. Por dia, passam pela sede da Federação Espírita de São Paulo cerca de 9 mil pessoas. O entra-e-sai não é só de quem vê assombração - aliás, essa é uma minoria. Muitos chegam lá à procura da cura para uma doença ou desejam se comunicar com mortos. Para o espiritismo, não há dúvida: espíritos existem e vivem em simbiose com pessoas de carne e osso, algumas vezes dando uma forcinha e em outras tocando o terror.

Segundo a religião, existem vários mundos em diferentes estágios de evolução. Espíritos de luz, mais evoluídos, dificilmente são vistos vagando por aí - em geral, só os médiuns conseguem senti-los. Nós, pobres mortais, estamos mais sujeitos a topar com um brincalhão - daqueles que gostam de assustar, fazer caretas e atrapalhar o bom andamento da vida. "Podemos ver esses espíritos zombeteiros principalmente em situações de desequilíbrio. Se aceitarmos vibratoriamente a sua condição, e isso acontece quando não estamos desprendidos do egoísmo, do orgulho, das vaidades e do apego material, eles poderão nos acessar", diz Silvia Cristina Puglia, presidente da Federação Espírita de São Paulo.

O que vemos, explica ela, não é o espírito em si, mas seu perispírito - um meio-termo entre o corpo e a alma. "Temos mais condição de ver espíritos atrasados, que parecem carnais." Para a doutrina, a comunicação só acontece por causa de uma troca do que Allan Kardec, o pai do espiritismo, chamou de "fluido". O protestante francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869), que mais tarde viria a adotar o nome "Allan Kardec", teve o primeiro "contato espiritual" aos 50 anos. Na época, as festas francesas eram animadas pelos fenômenos das mesas girantes - as mesas giravam, pulavam e responderiam a perguntas dando pancadas no chão. Dessas e de outras observações, Rivail chegou à conclusão da existência de um plano espiritual e reuniu suas idéias em O Livro dos Espíritos (1857).

"Os espíritos revelaram a Kardec que a natureza material é uma coisa fluida, que tem o mesmo princípio da matéria densa, mas é mais sutil", afirma o físico espírita Alexandre Fontes da Fonseca, da USP. "Há hipóteses tratando os fluidos como ondas eletromagnéticas."

Os fluidos seriam a base da explicação para a materialização das assombrações e fenômenos como as portas que abrem sozinhas, os copos que mexem e os ruídos inexplicáveis.

Depoimentos
A experiência de quem já viu ou conversou com os espíritos.
Por Aryane Cararo

"Foi feliz o cara que fez o sexto sentido. Eu tinha experiências similares às do filme. Aos 27 anos, aconteceu um episódio horroroso. Estava em Ubatuba e tive uma visão: gente ensangüentada, faltando um pedaço da cabeça, aquele branco cadavérico. Me acostumei a acordar gritando, sentidno que alguém me cutucava. O ponto culminante foi antes de eu casar. Procurava apartamento na Vila Mascote, em São Paulo. E nada dava certo. Uma noite, veio aquele monte de visões insuportáveis no meu quarto e alguém falou: 'você não vai conseguir morar nesse bairro, porque ele foi uma fazenda, houve disputas em família e mataram gente ali'. Fiquei assustado e decidi morar em outro lugar. Há 5 anos, uma prima distante teve um AVC. Uma noite, veio um ser e falou:'A Vera já foi. Em dois dias ela sai do físico'. Nunca tinha tido nada tão claro. Contei pra minha mãe e dois dias depois a mulher morreu. Chega a um ponto tão horroroso que, se alguém vai para o hospital, já sei se sai ou não. Aliás, hospital é um dos lugares que não posso ir. Cemitério, de jeito nenhum - sempre que vou, volto acompanhado."

Maurício Casagrande, de 31 anos, administrador e engenheiro eletricista especializado na área de telecomunicações. Já psicografou duas vezes. Ateu.

"Aos 15 anos, comecei a acordar à noite e ver espíritos rodeando minha cama. Eram figuras grotescas, machucadas, que faziam ameaças. Eu chorava muito. Por causa das crises, perdi o ano na escola e passei a tomar calmantes. Achavam que eu estava doida, mas eu tinha certeza do que via. Graças a um médico espírita, não fui parar num hospital psiquiátrico. Comecei a entender que o que chamamos de sobrenatural não era incomum nem assustador. Hoje, reservo uma ou duas horas por semana para psicografar um livro. Vou ao computador, o espírito senta ao meu lado e começa a ditar."

Regina Braga, de 52 anos, secretária-executiva. Católica, começou a seguir o espiritismo aos 17 anos.





"Começou depois que voltei do Japão, em 2001. um dia a TV ligou de madrugada, passando a nota de falecimento do Mário Covas. Por 3 meses, acordei naquela hora. Depois, comecei a ver sombras embaixo da porta e roupas flutuando. Pensei que tinha um problema psiquiátrico. Essa descrença é o pior: seus olhos presenciam algo e sua mente não quer aceitar. Outra vez, no trabalho, a tia de minha assistente ligou para saber se sua irmã, no Hospital, passava bem. Eu atendi e ela me disse seu nome: Carmela. Quando contei para minha assistente, ela começou a chorar: sua tia Carmela tinha morrido havia 4 anos. Como foi que eu adivinhei o nome da tia dela?"

Emerson Ogata, 31 anos, cabeleireiro, procurou ajuda na doutrina espírita.





"No início, eu tinha medo. Durante os pesadelos, me esforçava para acordar e gritar. Quando meu marido acordava, tudo sumia. Um dia lembrei de uma prece. Saí do corpo e fui conversar com os espíritos. Virou um exercício comum. Às vezes, vem uns que querem me assustar, mostram a língua, xingam. Nesse momento, eu falo: 'fora daqui'. Mas muitas vezes eles vêm para conversar. Já aconteceu de funcionários entrarem na minha sala quando eu respondia em voz alta. É como se fossem grandes amigos. Em 2005, meu filho mais velho foi seqüestrado. Ficou 53 dias em cativeiro e a melhor coisa que aconteceu foi ter contado com espíritos. A primeira coisa que ouvi foi 'tenha fé, seu filho vai voltar'. Todos os dias eu tinha esse estímulo. Depois do 35 dia, as pessoas me ligavam para dizer que ele estava morto. Nessas horas, eu ouvia: 'seu filho está vivo, fique calma'. As vozes estavam certas. Não tem dinheiro que pague esse apoio."

Margareth Pummer, 48 anos, advogada e gerente de departamento de qualidade e meio ambiente. Segue a doutrina espírita há 17 anos e hoje é médium.

Para saber mais:
Epilepsia: Da Antiguidade ao Segundo Milênio, Elza yacubian, Lemos Editorial, 2000.

http://www.pesquisapsi.com
Site do grupo de pesquisa InterPsi, da PUC-SP

http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista
Revista de Psiquiatria Clínica
"Noite escura agora é manhã..."

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Ateu Tímido
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Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Ateu Tímido »

Ou seja: para a neurologia, ver espíritos é resultado de uma disfunção cerebral ainda não diagnosticada. Os sintomas são parecidos com os de doenças como epilepsia, esquizofrenia (que provoca alucinações auditivas e delírios de perseguição), tumores cerebrais (que podem causar alucinações) e transtorno de identidade dissociativa, quando o doente tem dupla identidade, ouve vozes e muda sua caligrafia. Mas a causa seria bem diferente da dessas doenças e estaria relacionada a erros de sinapse do cérebro. "Se há áreas do cérebro capazes de fazer contatos por telepatia, a ciência simplesmente não tem como refutar ou comprovar", diz a neurologista Kátia Lin.


Existem espíritos?

:emoticon13: :emoticon131:

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Najma
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Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Najma »

Zangari cita o caso que aconteceu num escritório de engenharia da Inglaterra na década de 1980.Vários funcionários afirmavam ver fantasmas em uma das salas, que em pouco tempo ficou conhecida como mal-assombrada. Foi um engenheiro do próprio escritório, chamado Vic Tandy, que desfez o mito: as aparições eram, na verdade, uma reação do globo ocular, que vibrava influenciado pela freqüência de infrasom de um ventilador, borrando a visão de quem entrava ali.


:emoticon1: ... engraçado. Lembro de quando escrevi o artigo O Som e a PES. Essa situação envolvendo infra-sons e perturbação visual realmente é interessante... :emoticon19:

Legal o Zangari ter citado isso.
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betossantana
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Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por betossantana »

Ih, Najma, você escrevia pro jornal daquela Vera doida?

Bjs.
É um problema espiritual, chupe pau!

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Najma
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Re: Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Najma »

betossantana escreveu:Ih, Najma, você escrevia pro jornal daquela Vera doida?

Bjs.


Escrevia pra Vera sim. Você a conhece de onde? :emoticon1:
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Apocaliptica

Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Apocaliptica »

O ser humano precisa aprender que não sabe tudo com explicações completas, precisas, inquestionáveis...há muita coisa por aí. Precisa ser humilde para apenas ter a dúvida e ir atrás de elos de ligação que façam sentido lógico e não imaginário. O imaginário é tão ou mais fértil do que o número de possibilidades existentes no Universo e em outras não conhecidas dimensões.

A ânsia de querer explicar o que foge de nosso total entendimento através do pensamento mágico obstrui a verdadeira capacidade de encontrar as respostas.
Por isto surgem tantas teorias sem pé nem cabeça, um sem número de alterações do juízo.

A convicção é a principal característica do delírio. Sem convicção , delírio algum se mantém. Acreditamos no que imaginamos ser a realidade para nós e a defendemos com garras e dentes, ou do contrário , a desestruturação da lógica desmorona a certeza.
Desestruturada a certeza, uma rede infindável de dúvidas, desestrutura a lógica do indivíduo. E isto é doloroso demais.

Por isto , acreditar acima de tudo é tentar fazer a mente não perder o controle das convicções criadas para minimizar as incertezas da realidade ( sejá lá o que for uma realidade ).

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betossantana
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Re: Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por betossantana »

Najma escreveu:Escrevia pra Vera sim. Você a conhece de onde? :emoticon1:


Do Yahoo, grupo Ceticismo Aberto. Ela me parecia meio psicopata. Eu não aguentava os emails gigantescos dela com mil histórias mirabolantes sobre a própria vida.

Bjs.
É um problema espiritual, chupe pau!

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Led Zeppelin
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Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Led Zeppelin »

Até minha mãe disse que vê, foi depois que ela me disse ter visto que tive certeza que isso é coisa de quem tem algum tipo de maluquice. :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:
"Sua calcinha nos joelhos, sua bunda detonada... fazendo o velho movimento de entra e sai"

Apocaliptica

Re: Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Apocaliptica »

betossantana escreveu:
Najma escreveu:Escrevia pra Vera sim. Você a conhece de onde? :emoticon1:


Do Yahoo, grupo Ceticismo Aberto. Ela me parecia meio psicopata. Eu não aguentava os emails gigantescos dela com mil histórias mirabolantes sobre a própria vida.

Bjs.


Este tipo de gente, tem necessidade de extravasar conteúdo metalingüístico o tempo todo.

Os outros que agüentem.

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Botanico
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Re: Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Botanico »

Apocaliptica escreveu:O ser humano precisa aprender que não sabe tudo com explicações completas, precisas, inquestionáveis...há muita coisa por aí. Precisa ser humilde para apenas ter a dúvida e ir atrás de elos de ligação que façam sentido lógico e não imaginário. O imaginário é tão ou mais fértil do que o número de possibilidades existentes no Universo e em outras não conhecidas dimensões.

Mas Apoca, os céticos têm se apresentado com os tais que sabem tudo, ou pelo menos essa foi a minha impressão sobre eles. Quanto a sentido lógico e não imaginário... Bem, a imaginação também corre solta na mente do pessoal cético. Que outra coisa eu poderia pensar quando os céticos argumentam comigo que William Crookes _ cientista de alta competência como se vê pelo seu currículo _ na hora de investigar fantasmas era acometido de uma estranha crise de incompetência, cegueira, burrice, idiotice, paixão, etc e tal?

Oh! O cético sabe que tem que controlar o ambiente onde o fantasma deve aparecer _ e segundo o cético, Crookes JAMAIS teria pensado nisso, certo? O cético sabe que o fantasma pode ser o médium disfarçado ou um cúmplice _ e me garante o cético que Crookes JAMAIS se deu conta disso, certo? E por aí vai, não vou desfiar os argumentos. E insistem os céticos comigo, que os mais de 200 outros cientistas que investigaram os fantasmas TIVERAM OS MESMOS EXATOS ESTADOS DE INCOMPETÊNCIA.

Será isso lógica ou imaginação?


Apocaliptica escreveu:A ânsia de querer explicar o que foge de nosso total entendimento através do pensamento mágico obstrui a verdadeira capacidade de encontrar as respostas.
Por isto surgem tantas teorias sem pé nem cabeça, um sem número de alterações do juízo.

Bem, as teorias céticas para explicar o que foge ao nosso total entendimento também me parecem bem mágicas. Afinal elas só funcionam para alguns relatos, mas não para outros. E para esses outros às quais as explicações céticas não se encaixam, então apela-se para: _ O cientista poderia mentir, o médium poderia mentir, a testemunha poderia mentir...

Apocaliptica escreveu:A convicção é a principal característica do delírio. Sem convicção , delírio algum se mantém. Acreditamos no que imaginamos ser a realidade para nós e a defendemos com garras e dentes, ou do contrário , a desestruturação da lógica desmorona a certeza.
Desestruturada a certeza, uma rede infindável de dúvidas, desestrutura a lógica do indivíduo. E isto é doloroso demais.

Já disse mais de uma vez que os centros espíritas seriam excelentes laboratórios para os psiquiatras. Sabe, a Psiquiatria é uma modalidade médica muito ingrata, afinal o coitado do psiquiatra tem de correr atrás do ônibus andando. Ele pega um paciente cuja mente já está pra lá de Tóquio; não pode acompanhar o processo que levou essa pessoa a ficar lelé.
Já num centro espírita ele poderia acompanhar distúrbios de loucura diversos, que ocorrem com dia e hora marcados. Vai ter gente com alucinações, com dupla ou múltipla personalidades, esquizofrenia, etc e tal durante a sessão. Antes da dita sessão e terminada esta, essas pessoas voltam completamente ao normal. Mas que gozado... nunca nenhum psiquiatra pensou em se servir de tal laboratório...

Que situação delirante, não?

E quanto à rede infindável de dúvidas, a única coisa que não me deixa dúvidas é incompetência das argumentações céticas.


Apocaliptica escreveu:Por isto , acreditar acima de tudo é tentar fazer a mente não perder o controle das convicções criadas para minimizar as incertezas da realidade ( sejá lá o que for uma realidade ).

Pois é, tenho visto muito isso na comunidade cética. Querem acreditar que a realidade é só esse mundo que vemos e por isso lutam desesperadamente para invalidar qualquer coisa que desminta isso.

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Johnny
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Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Johnny »

Queria saber o que leva pessoas a acreditarem em coisas impossíveis como vida não corpórea. Gente, é tão simples: Não pode existir deus, portanto, nãopode existir nada além da matéria. COm tanta tecnologia nós já teríamos detectado alguma coisa. Nem mesmo o personagem de revista em quadrinhos para adultos, o tal de JESUS CRISTO DE NAZARÉ existiu!
Mas a bomba atêomica existe esta sim pode mover montanhas, destruiri não só uma cidade mas muitas e ainda deixar sua assinatura por muito tempo.
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."

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Najma
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Re: Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Najma »

Apocaliptica escreveu:
betossantana escreveu:
Najma escreveu:Escrevia pra Vera sim. Você a conhece de onde? :emoticon1:


Do Yahoo, grupo Ceticismo Aberto. Ela me parecia meio psicopata. Eu não aguentava os emails gigantescos dela com mil histórias mirabolantes sobre a própria vida.

Bjs.


Este tipo de gente, tem necessidade de extravasar conteúdo metalingüístico o tempo todo.

Os outros que agüentem.


Eu gostava dela... Ela foi das poucas pessoas com conteúdo que conheci na net. E das poucas que conheci pessoalmente. Aquilo tudo era extravazamento mesmo.

Agora me diz: qual era o seu apelido ali, Beto? :emoticon1:
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betossantana
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Re: Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por betossantana »

Najma escreveu:Agora me diz: qual era o seu apelido ali, Beto? :emoticon1:


Continuo no Yahoo Grupo Ceticismo Aberto como Beto Santana.

Bjs.
É um problema espiritual, chupe pau!

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Najma
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Re: Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Najma »

betossantana escreveu:
Najma escreveu:Agora me diz: qual era o seu apelido ali, Beto? :emoticon1:


Continuo no Yahoo Grupo Ceticismo Aberto como Beto Santana.

Bjs.


Acho que você entrou quando eu saí... não me lembro de você por lá. :emoticon1:
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Botanico
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Re: Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Botanico »

Johnny escreveu:Queria saber o que leva pessoas a acreditarem em coisas impossíveis como vida não corpórea. Gente, é tão simples: Não pode existir deus, portanto, nãopode existir nada além da matéria. COm tanta tecnologia nós já teríamos detectado alguma coisa. Nem mesmo o personagem de revista em quadrinhos para adultos, o tal de JESUS CRISTO DE NAZARÉ existiu!
Mas a bomba atêomica existe esta sim pode mover montanhas, destruiri não só uma cidade mas muitas e ainda deixar sua assinatura por muito tempo.


E eu gostaria de saber o que leva essa gente tão sábia, culta, racional e inteligente _ que com toda a sua sabedoria _ sabe que não existe Deus, nem nada além da matéria, a ficar tão preocupada com aqueles que acreditam nessas coisas inacreditáveis...

Essa gente pode ser muito sábia... mas não sabe fazer coisa melhor com a sua sabedoria.

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Fernando Silva
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Re: Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Fernando Silva »

Botanico escreveu:E eu gostaria de saber o que leva essa gente tão sábia, culta, racional e inteligente _ que com toda a sua sabedoria _ sabe que não existe Deus, nem nada além da matéria, a ficar tão preocupada com aqueles que acreditam nessas coisas inacreditáveis...

Essa gente pode ser muito sábia... mas não sabe fazer coisa melhor com a sua sabedoria.

Talvez a gente não consiga esquecer o assunto porque os crentes não deixam. Eles fazem questão de compartilhar suas crendices e experiências espirituais.

No trabalho, estou cercado de crentes, católicos da RCC e espíritas. Eles me mandam emails com mensagens "bonitas", para qualquer lado que eu olhe há algum livro ditado pelo espírito André Luís, um protetor de tela com frases da Bíblia, há "santinhos" com alguma representação piegas de Jesus, há alguém enviando emails cheios de louvaminhas a Deus.

Em qualquer setor da firma, há um rádio ligado em programas evangélicos ou nas baboseiras do padre Marcelo. Na rua, de vez em quando passa um carro de som anunciando o culto da IURD do bairro. Na esquina, há uma igreja do RR Soares e umas mocréias na calçada tentando atrair os otários para dentro.

Por outro lado, nunca me ocorreu falar mal dos deuses gregos ou africanos. Ninguém me incomoda quanto a eles (a não ser os crentes, para dizer que são coisa do diabo).

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Johnny
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Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Johnny »

O Fernando ultimamente anda fazendo de tudo para me agradar :emoticon1:

Concordo em genero, numero e grau Fernando...
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."

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Botanico
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Re: Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Botanico »

Botanico escreveu:E eu gostaria de saber o que leva essa gente tão sábia, culta, racional e inteligente _ que com toda a sua sabedoria _ sabe que não existe Deus, nem nada além da matéria, a ficar tão preocupada com aqueles que acreditam nessas coisas inacreditáveis...

Essa gente pode ser muito sábia... mas não sabe fazer coisa melhor com a sua sabedoria.

Fernando Silva escreveu:Talvez a gente não consiga esquecer o assunto porque os crentes não deixam. Eles fazem questão de compartilhar suas crendices e experiências espirituais.

No trabalho, estou cercado de crentes, católicos da RCC e espíritas. Eles me mandam emails com mensagens "bonitas", para qualquer lado que eu olhe há algum livro ditado pelo espírito André Luís, um protetor de tela com frases da Bíblia, há "santinhos" com alguma representação piegas de Jesus, há alguém enviando emails cheios de louvaminhas a Deus.

Bem, quanto aos emails, faça o computador reconhecer que são spans e já os mande direto pro lixo. Quanto ao livro ditado pelo André ou santinhos, faço-lhe mesma recomendação que fiz a um chato que criticava anúncios de lojas de roupas íntimas: se não gosta, não olhe. Quanto aos protetores de tela, faça o seu protetor ateu. Ponha lá: Estatísticas bíblicas: o Deus bom, justo e amoroso, adorado por todos os cristãos, muçulmanos e judeus matou 2.500.000 pessoas; o Diado, tão execrado e amaldiçoado, matou só 10 (os filhos de Jó) e ainda assim com autorização de Deus. Têm certeza de que está adorando o Deus certo? Se pegar alguém enviando emails piegas, caso seja assunto da sua autoridade, pegue no pé. Mas se você for "otoridade" então vá se queixar pro seu chefe.

Fernando Silva escreveu:Em qualquer setor da firma, há um rádio ligado em programas evangélicos ou nas baboseiras do padre Marcelo. Na rua, de vez em quando passa um carro de som anunciando o culto da IURD do bairro. Na esquina, há uma igreja do RR Soares e umas mocréias na calçada tentando atrair os otários para dentro.

Bem, tapar os ouvidos já é mais difícil... Mas se for se queixar pro seu chefe, seja coerente: não faz sentido criticar um programa evangélico e aplaudir rock pauleiras... O que é mesmo mocréia? Se for o mesmo que bruaca, não há muito o que fazer exceto dizer o que digo: _ Não creio na Bíblia. Mas se por acaso a dona anunciante for bonita e boa, pode fazer que nem um cara fez para colocar sua casa livre dos testemunhas de Juvená: convidou-a para ir ao motel.

Fernando Silva escreveu:Por outro lado, nunca me ocorreu falar mal dos deuses gregos ou africanos. Ninguém me incomoda quanto a eles (a não ser os crentes, para dizer que são coisa do diabo).

O que me diverte nos céticos é que eles são pessoas cheias de muita fé: acreditam em QUALQUER BESTEIRA, desde que endosse a fé cética. Quando criticam a fé dos outros, é como o roto falando do rasgado...

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Najma
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Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Najma »

Botanico... admita: O Fernando Silva foi coerente. Você está apelando ao nonsense. :emoticon1:
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Johnny
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Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Johnny »

O Botânico está tendo ataques Johnnysticos ultimamente...

É o Stress...vamos tomar umas Botânico...isso é falta de:

Cerveja e/ou
Cigarro e/ou
Sexo e/ou

Todos.
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Benetton
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Mensagem por Benetton »



Antes de quaisquer considerações, o termo "crente" servirá, neste caso, para designar, genericamente, o indivíduo religioso.


O fato é que boa parte dos crentes é muito chata mesmo.

Cada um fica arrotanto a verdade, ( a sua verdade ) a quem estiver por perto. Sejam eles Católicos, Espíritas, Evangélicos, etc. Mas existem "crentes" e "crentes". Alguns ( graças a Deus ) sabem respeitar as convicções alheias e abstêm-se desse "proselitismo indireto".

Acho ridículo aqueles adesivos para carros, onde se lê : "Sou feliz porque sou católico" ; "Propriedade de Jesus" ( O que Jesus faz com tanto carro ? Ele paga IPVA e seguro ? ) ; ou aquele com o terço em forma do mapa do Brasil ; “O Senhor é meu pastor. Nada me faltará” ; “Dirigido por mim, guiado por Deus” ; "Deus é fiel" ( Putz! essa é de doer! ). Tem também slogans espíritas resumidos como "Nascer, Morrer, Renascer sem cessar, tal é a Lei".

Não sei se tem slogans ateístas. Nunca vi.

Não acho nada demais se ter uma religião, desde de que haja respeito às crenças contrárias, e desde que suas práticas se limitem ao círculo das igrejas, sociedades espíritas, etc. O fato é que não é bem assim.

Talvez isso ocorra porque o número de ateus seja bem pequeno. Creio que no Brasil não chega a 1%. No meu local de trabalho, por exemplo, não há nenhum ateu. Se fosse o contrário, ou seja, se os ateus fossem maioria no Brasil e no mundo, é possível que o proselitismo fosse às avessas. Poderíamos ver adesivos como : "Propriedade minha mesmo, pô!" ; "Dirigido por mim, guiado pelo mapa" ; "Deus é infiel", "Nascer, morrer, e fim de papo", etc, etc.


" Duvidar de tudo ou acreditar em tudo são duas soluções igualmente cômodas : Ambas nos dispensam do trabalho de pensar. "

Jules Henri Poincare - Físico e Matemático Francês.

_________________

"Sempre que possivel, converse com um saco de cimento. Nessa vida só devemos acreditar no que é concreto."

Autor Desconhecido.


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Botanico
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Re: Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Botanico »

Johnny escreveu:O Botânico está tendo ataques Johnnysticos ultimamente...

É o Stress...vamos tomar umas Botânico...isso é falta de:

Cerveja e/ou
Cigarro e/ou
Sexo e/ou

Todos.


Quanto a estresse, está certo: sou vice-coordenador de curso e tenho de correr para colocar os computadores do lig da Biologia em ordem pros alunos poderem usar e para manter tenho de ser cruel (bloquear mudanças, apaguei joguinhos e liquidei com codecs e mídia-player _ não vai dar para verem a Cicarelli no YouTube...); tenho de ouvir reclamações de alunos e professores porque não gostaram de tal horário de aula ou de tal nota; preciso pesquisar compostos químicos para colocar nos projetos; tenho que acertar a situação patrimonial minha e dos meus colegas; tenho que ajudar duas pós-graduandas e para isso tenho de caçar bibliografias para ler e explicar... Tô maus, gente!

Quanto a cerveja, sem problemas: eu não bebo.
Quanto ao cigarro, sem problemas: eu não fumo.
Quanto ao sexo, sem problemas: deste eu não abro mão.

Quanto ao papo por aqui, problemas: é sempre a mesma ladainha.

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betossantana
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Re: Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por betossantana »

Botanico escreveu:O que me diverte nos céticos é que eles são pessoas cheias de muita fé: acreditam em QUALQUER BESTEIRA,


Os espíritas também.
É um problema espiritual, chupe pau!

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Botanico
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Re: Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por Botanico »

betossantana escreveu:
Botanico escreveu:O que me diverte nos céticos é que eles são pessoas cheias de muita fé: acreditam em QUALQUER BESTEIRA,


Os espíritas também.


Tem toda razão. Só que no meu caso eu fico um pouco em dúvida se é besteira mesmo, pelo fato dos céticos precisarem mentir ou aceitar mentiras para justificar porque acham que são besteiras...

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O ENCOSTO
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Re: Re.: Espíritos: matéria de capa da SI

Mensagem por O ENCOSTO »

Botanico escreveu:
betossantana escreveu:
Botanico escreveu:O que me diverte nos céticos é que eles são pessoas cheias de muita fé: acreditam em QUALQUER BESTEIRA,


Os espíritas também.


Tem toda razão. Só que no meu caso eu fico um pouco em dúvida se é besteira mesmo, pelo fato dos céticos precisarem mentir ou aceitar mentiras para justificar porque acham que são besteiras...


O Bobotanico consegue, além de inverter o onus da prova, inverter o onus da religiosidade. Todo mundo é crente e vive iludido. Menos ele.

A propósito, andei lendo ai que você trabalha em laboratórios de análises quimicas. Já pensou em criar ectoplasma em laboratório?
O ENCOSTO


http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

Trancado