Leonardo escreveu:Tratando de ciência, ou daqueles que usam conhecimentos que afirmam serem científicos, utilizar “todo conhecimento é frágil” não corresponde a fato.
Forneci-te um exemplo. Uma exceção já justifica o erro em usar a generalização TODO. Parece haver certo consenso no meio acadêmico quando escrevemos artigos em evitar palavras perigosas como: todos, sempre, nunca, nenhum e afins.
Todo conhecimento é frágil, porque nada podemos entender em profundidade e de forma totalmente certa... ao menos não por hora.
A base de tudo é incerta e existem possibilidades quase que infinitas.
Generalizações à parte, isso é fato, pois não posso pensar em nada que não seja assim.
Estou postando de forma descontraída, não escrevendo artigos acadêmicos.
Depois eu só generalizei ao dizer que todo conhecimento é frágil, isso porque transmite melhor o que eu quero dizer... é mais fácil que dizer: "na imensa maioria dos caso, salvo raríssimas exceções..." Todo é mais curto e vai direto ao ponto.. Isso nada tem haver com o restante da discussão.
Leonardo escreveu:É comum sim utilizarmos (portanto, as pessoas) a ciência apenas por informação que chegou a nós, sem estudo da mesma ou verificação, mas isso não ocorre SEMPRE.
Desculpe, mas você não entendeu o que eu disse.
Temos que confiar no que já está ai, isso ocorre SEMPRE. (traduzindo, sempre = na grande maioria dos casos, salvo raras exceções).
Não dá pra fazer ciência, sempre começando tudo do zero.
Aqui temos duas coisas, uma é a necessidade de fé na ciência, outra é a forma como fazemos uso desses conceitos na hora de entender o mundo.
São duas coisas bem diferentes, o primeiro caso, não é algo ruim para a pratica cientifica (muito pelo contrario, é necessário e permite a ciência avançar), é apenas um fato que também nos mostra em parte um pouco do porque não devemos cair no erro de fazer o segundo caso.
Leonardo escreveu:Veja que não tenho nada contra (pelo contrário) ao conhecimento não científico. Mas os meios (acusados de) duvidosos e resultados nem sempre reprodutíveis da metafísica não servem de argumento para dizer que o mesmo acorre na ciência, o que leva fatalmente aos cientistas e suas pesquisas (quando inclui o TODOS de suas citações).
Entende? Generalização é pecado meu filho (sei que não é católico a romano).
Isso só mostra que você não esta entendendo o que eu estou postando.
Eu jamais disse que o problema da ciência é o mesmo dos meios não cientificos.
O todo em minha citação, foi apenas na hora de dizer que todo conhecimento é frágil. Cada um a sua maneira, é claro...
Leonardo escreveu:Outra coisa: entre considerarmos algo, acreditarmos e isso ser realidade há um abismo. Além de uma posição pessoal sua, não notei os motivos pelos quais considera o conhecimento frágil, superficial e análogos. Baseado em q vc os considera desta forma?
Abç
Leo
Primeiro, em nossa falta de capacidade em formar conhecimento certo sobre o real e sobre a coisa em si, compreende-la e explica-la.
Segundo, no fato de nossa ignorância sobre o mundo que nos cerca, ser proporcional a absurda complexidade do mesmo.
Terceiro, em nossa dificuldade em desassociar um conhecimento de uma crença sobre o mesmo e de conhecer algo sem trata-lo como um conceito relativo.
Quarto, no fato de que nossa capacidade racional é extremamente limitada.
Vou dar um exemplo.
Eu tenho conhecimento sobre uma linguagem de programação e faço programas para linux.
Eu uso funções para diversos tipos de coisas, mas essa funções nativas da linguagem, tem por trás delas, outros comandos e códigos que fazem ela funcionar, eu não conheço o funcionamento dessas funções, como são feitas.
Em uma próxima versão da linguagem, eu posso usar a mesma função stripslashes() que sempre usei, mas ela foi modificada, melhorada e, eu nem ao menos estou sabendo disso.
Depois, por mais que eu tenha um conhecimento teórico sobre como isso vai funcionar até chegar na tela do micro, isso é superficial.
Eu não entendo em profundidade como o sistema operacional, vai mandar essa informação ao processador, nem como ele vai converter a linguagem de maquina e tratar isso em código binário.. quer dizer, o conhecimento teórico superficial eu tenho, mas só.
Depois eu não tenho conhecimento sobre como funciona exatamente o processador, os sinais elétricos que chagam até ele, o funcionamento das partículas desses sinais, etc...
Tudo o que eu tenho é um conhecimento relativo e superficial e, uma gigantesca quantidade de coisas sobre o processo que eu ignoro.
Isso tudo no Windows, já funcionaria ligeiramente diferente, se eu estivesse usando outro programa que não o Glade, já seria mais diferente ainda.
Tudo o que eu sei, se resume a algo como: Isso vai funcionar assim se você digitar esse comando. Esse comando funciona assim, porque nos convém por hora, mas pode ser mudado a qualquer momento se essa for nossa vontade.
Tudo isso preso à lógica humana, ao funcionamento de nossa razão.
Primeiro nossa razão aprende a construir conceitos e trabalhar com eles.
Isso é um carro, aquilo um computador, e quilo outro uma pessoa.
A razão humana compreende bem isso, mas isso é apenas uma realidade relativa, um conhecimento sobre conceitos relativos.
A razão humana, pode aprender a ver além desses conceitos e, compreender sua relatividade.
Um carro é um carro, ou é um conjunto de 4 rodas, um volante, bancos, porcas, parafusos e fios? Temos um carro ou um monte de coisas que juntas formam um "conceito" de algo que damos o nome carro? E cada uma dessas coisas não são também um conjunto de outras coisas?
A razão aprende a ignorar isso e ver o "carro" (que de forma absoluta não existe, ele não existe fora de nossa mente, não existe uma "essência-carro") é apenas um conceito relativo que nos convém.
A razão aprende a ver tanto o conceito, quanto à inexistência da essência-carro. Enxergamos o conceito e a relatividade que é esse conceito que não é existente por si só, é apenas relativo ao que nos convém.
Quando paramos de observar apenas o conceito e toma-lo como uma verdade, vamos chegando no limite da razão.
Vemos o conceito com seus contornos e sem os contornos.
Passamos a perceber como a razão, de fato, só trabalha com conceitos relativos, o que nos torna incapazes de compreender qualquer coisa de forma absoluta.
A razão só é capaz de lidar com realidades relativas, todo o conhecimento racional que criamos sobre algo, trabalha com esses conceitos relativos.
Infelizmente nossa realidade não é apenas relativa, mas é também absoluta.
Nossa razão trabalha fazendo cálculos em cima de conceitos relativos e, com isso, fica cega a realidade absoluta daquilo.
Isso cria uma imagem mental sobre "algo" que é relativa, porque foi construída encima de conceitos relativos e, isso é o que chamamos de ter conhecimento de "algo".
Nosso conhecimento é uma imagem mental relativa, um conceito que construimos e não compreendemo em profundidade.
A realidade está além do que a razão pode compreender.
Como podemos existir? como pode a existência de qualquer coisa?
Segundo a razão... não pode, é impossivel existir algo.
Todo conhecimento que formamos tem base principal nessa mesma razão que julga a existência impossível.
E olha que eu nem entrei nos problema mais profundos da razão. Existem ainda outros problemas.