Alter-ego escreveu:Engraçado...
Rousseau criou, ardilosamente, a idéia de que numa época longínqua o homem viveu sem a idéia de uma propriedade privada, pois era naturalmente bom. Um dia teria alguém dito que algo era sua propriedade e desde então, nos dizeres de Hobbes, o homem é o lobo do homem.
Essa tese vêm sendo indistintamente cultivada nas academias, mesmo carecendo de fundamentação histórica.
Esse tempo imaginado por Rousseau nunca existiu, e ele o admitiu ao reconhecer que se tivesse existido teria deixado profundas marcas no inconsciente coletivo*. Outras idéias, como o dilúviu por exemplo, cumprem com rigor o fluxograma de validação de Rousseau, mas são academicamente rejeitados. Mas a idéia do homem bom e do posterior contrato social é abraçada como dogma...
Não só inexistem marcas culturais desse passado distante, como não há qualquer demonstração, na psicologia evolutiva, de que isso possa fazer parte da natureza humana.
Pelo contrário: a posse, a disputa por ela e os contratos de uso são inerentes a nossa natureza, moldada pela seleção natural.
* O termo é, ideologicamente, "criado" a posteriori, mas a idéia é a mesma.
Freud e o próprio Marx endossaram essa idéia. Entretanto, quase todos os socialistas posteriores descartaram a idéia com facilidade, inclusive, o próprio Marcuse no seu Eros.
Irrelevante ao debate, entretanto. Existiram inúmeras sociedades (neolíticas ou não) que NUNCA abraçaram os tais contratos de uso ou "a disputa por posse". Até porque, se temos mesmo tanto parentesco genético com macacos, viveríamos sim em coletividades, coisa que os individualistas bobos odiariam. E ainda não perceberam que o homem é um ser social.
Ainda assim, a sua tese naturalista carece de argumentos além de "a posse, a disputa por ela e os contratos de uso são inerentes a nossa natureza, moldada pela seleção natural." Assertivas têm mero efeito retórico.