Apocaliptica escreveu:A perspectiva de ser e estar e o que fazer sempre estão condicionadas à noção de tempo que temos.
Crianças muito pequenas não tem essa noção. Querem ficar ou não, querem brincar ou não, ficar acordadas ou não, independente da ordem externa que nós já temos, acerca da organização do ser e fazer dentro do tempo, do círculo de acontecimentos do dia, da semana, do mês...e da vida.
Fazemos isto porque aprendemos com a rotina imposta e com a consciência da finitude da vida, a cumprir metas e objetivos e buscar a felicidade.
A criança não busca. Ela é feliz ou não. O presente para ela é uma noção restrita ao que está fazendo.
A memória do que passou nos faz projetar para o futuro o que podemos e não fazer. E passamos a buscar realização e a tal felicidade dentro destes parâmetros temporais.
(...)
Portanto, não há como saber se gostaríamos ou não de viver para sempre numa consciência desprovida de tempo, apenas nesta de que dispomos. Isto torna a hipótese irracional.
Clap, Clap, Clap, Clap...
Belo post.
Vale alguns dados interessantes aqui sobre as religiões, afinal são elas quem tratam do assunto vida eterna.
Elas falam sobre diversas coisas importantes sobre o assunto.
Uma é sobre sermos como as crianças em diversos sentido, inclusive o que citou.
Falam também sobre nossa ânsia por um objetivo, por um destino, por um "aonde chegar" e, dizem que o que importa é aproveitar o "caminho", pois a rota é eterna e não chega a destino nenhum.
Falam sobre viver o "agora eterno", não se apegar ao passado e esquecer o futuro.
Algumas também dizem que o tempo é um tipo de ilusão.
Fora isso ainda falam sobre a questão do não desejar e de perder a identidade.
O desejo do "novo" e o sofrimento do tédio causado pelo "velho", são citados como problemas a se corrigir.
A perda de identidade culmina, entre outras coisas, do "não querer" do "não desejar" e do "não se apegar".
Isso leva também em conta o ser "pensante", o EU ilusório que pensa o tempo todo, sempre querendo satisfazer os seus desejos.
Existe um ponto na meditação, onde os pensamentos param por completo.
Sem pensamento, não nos aborrecemos, pois para isso, temos que pensar: "que droga, eu não queria isso, isso é chato, eu queria aquilo outro."
Sem pensamento não tem um EU que fica entediado, é o foco absoluto no presente eterno.
Outro ponto abordado é a mudança, tudo muda o tempo todo.
Seriam necessárias muitas coisas, para tornar uma vida eterna possível.
A religião aborda muitas delas, o que inclui coisas como aceitação da perda sem sofrimento, e outros bichos mais.
É interessante de se discutir e questionar, mas mesmo com tudo isso, só saberemos experimentando, pois isso tudo pode não bastar.
As vezes até o sofrimento parece ser proposital, um meio de se possibilitar isso.
Sofrer muito, para que comparado com todo esse sofrimento, uma vida eterna sem ele, se torne um verdadeiro êxtase... seria muito cruel isso?
Só completo dizendo que a hipótese da vida eterna, não é uma discussão irracional, ela apenas não é falseável. Isso significa apenas que por hora, não podemos chegar a uma conclusão.