Aborto

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Huxley
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Mensagem por Huxley »

Bem, a Najma citou uma paper de Steven Levitt e John Donohue sobre a correlação entre criminalidade e aborto.Só lembrando que tem um trecho do livro de Levitt que resume de forma mais esclarecedora a opinião dele sobre o assunto:

Texto extraído do livro Freakonomics, de Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner.

"A legalização do aborto nos Estados Unidos, decidido pela Suprema Corte Americana em 22/01/1973, teve uma série de consequências, mas o efeito mais dramático da legalização - e que levaria anos para se fazer sentir - talvez tenha sido o seu impacto sobre a criminalidade. O aborto legalizado resultou num número menor de filhos indesejados; filhos indesejados levam a altos índices de criminalidade. A legalização do aborto, assim, levou a menos crimes. Esta constatação persiste até mesmo quando descontada uma variedade de fatores que influem na criminalidade: o nível de prisões efetuadas, o número de policiais e a situação econômica.

Essa teoria está fadada a provocar inúmeras reações, que vão da descrença à repulsa, bem como uma variedade de objeções, das triviais às morais.

Uma forma de testar o efeito do aborto sobre a criminalidade seria examinar os dados da criminalidade nos cinco estados que em 1970 legalizaram o aborto antes que a Suprema Corte americana estendesse este direito ao restante do país. Em Nova York, na Califórnia, em Washington, no Alasca e no Havaí, estados percussores da legalização, a criminalidade baixou antes dos outros 45 estados. Entre 1988 e 1997, os crimes violentos nos estados que primeiro legalizaram o aborto caíram 13% se comparados aos demais; entre 1994 e 1997, seus índices de homicídio caíram 23% mais do que os dos outros estados.

Na verdade, os estados com os mais altos índices de aborto nos anos 70 apresentaram as maiores quedas na criminalidade nos anos 90, enquanto os estados com baixos índices de aborto mostraram uma queda menor na criminalidade. Desde 1985 os estados com alto índice de abortos tiveram uma queda aproximadamente 30% maior do que os estados com baixos índices de aborto.

Muitos consideram o aborto em si um crime violento. Um jurista americano afirmou que a legalização do aborto foi pior que a escravidão (já que implica em morte) ou que o Holocausto (o aborto nos Estados Unidos -aproximadamente 37 milhões até 2004- superou o dos 6 milhões de judeus mortos na Europa). Quer se tenha ou não opinião extremada em relação ao aborto, o tema continua a ser extremamente delicado.

Seja qual for a posição assumida frente ao aborto, uma pergunta geralmente vem à mente: que atitude tomar quanto à troca de mais abortos por menos crimes ?"

http://fmachado.blogspot.com/2006/07/o- ... s-eua.html
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”

Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)

"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."

John Maynard Keynes

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Najma
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Re.: Aborto

Mensagem por Najma »

Obrigada, Huxley!

Estava faltando uma versão do assunto em português. :emoticon1:
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Apocaliptica

Re.: Aborto

Mensagem por Apocaliptica »

Engraçado que os anti-aborto e os anti-pena-de- morte vivem falando que nos países onde o aborto é liberado e a pena de morte é utilizada, não houve vantagem alguma, ou melhoria dos problemas que geraram a liberação ou despenalização dos dois eventos. Alguns moralistas chegam a dizer que piorou.

Fico muito desconfiada destas afirmações. São totalmente ilógicas e tendenciosas. Parecem querer encerrar o assunto com uma falácia da pior espécie.

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Samael
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Mensagem por Samael »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Acauan escreveu:Nossos atos têm conseqüências e estas conseqüências implicam em responsabilidades das quais nem sempre é possível fugir.



Eu me considero um entusiasta intransigente da Liberdade. Posso nao ter o talento dos seus maiores defensores, reconheco, mas faco o que posso, e imagino que amo tanto a Liberdade quanto eles. Acho que a Liberdade e o Bem maior, e que devemos lutar sempre por ela, ora com palavras, ora com acoes. E sempre justo lutar pela Liberdade.

O problema reside no fato de que muitas pessoas distorcem o conceito de Liberdade para uma autorizacao para que as pessoas facam o que quiserem sem assumir as devidas responsabilidades sobre seus atos. Nunca nenhum dos grandes defensores da liberdade propos algo assim. Atribuir a palavra Liberdade para o que e na verdade um retorno a barbarie, a lei do mais forte, ao faca o que que tiver vontade pois "tudo e a Lei", uma pregacao mascarada da violencia.

No caso em questao, a liberdade da mulher (e do homem tambem) reside no fato de que nem o Estado nem ninguem deve obriga-la a fazer ou deixar de fazer sexo, com essa ou aquela pessoa, ou usar ou nao preservativos ou outros metodos contraceptivos. Quando essa liberdade for infringida, devem-se perseguir os culpados e puni-los com rigor.

Mas a partir do momento que ela (ou ele) se permite usufruir dessas liberdades de forma arriscada, por qualquer motivo que lhes pareca justo, ela deve saber que caso crie uma responsabilidade ela nao podera fugir dela, sobre tudo numa forma hibrida de infantilidade e violencia. Isso e imoral.

A imoralidade nao reside em praticar ou nao sexo, com ou sem protecao. A imoralidade reside em destruir as responsabilidades criadas por uma conduta arriscada de forma covarde.

Permitir os abortos contraceptivos e dar esse aval para imoralidade, para a conduta irresponsavel e para uma das formas mais covardes de agressao. E mesmo que o teor emocional fale muito alto nessas horas, e que a carga sobre a mae seja muito pesada, isso apenas pode atenuar a gravidade de seu crime, mas nunca autoriza-la a comete-lo.

E quando as pessoas evocam o nome Liberdade para defender esse "direito" de brutalizar, sinto um profundo mal estar por todos aqueles que lutaram por definir e defender a Liberdade com todas as suas armas, desde aqueles grandes nomes que batalhavam nas instancias intelectuais ate os anonimos que pereceram nos muitos campos de batalha onde se tiveram de se enfrentar contra seus inimigos.

Seus inimigos hoje portam o seu nome e se escondem nas suas fileiras, mas o Mal pretendido e sempre o mesmo, e sempre o mais longe possivel da verdadeira Liberdade.


Você está apenas abstraindo em cima de uma abstração, Vitor. E dando a sua definição arbitrária daquilo que já é pessoalmente e arbitrariamente definido, como a "liberdade".

De resto, me faz sentir um certo maniqueísmo, como se houvessem tanto aqui quanto no mundo à fora os "defensores da liberdade e do bem" e os "inimigos malignos que querem fazer valer sua moral suja". E isso é papinho de religioso, cara.

Mas, em algo que você está correto em fazer, mas incorreto em não referir que faz quando posta, é usar juízos de valor para definir o caso do aborto. Todos nós utilizamos. Mas alguns tentam obscurecê-los em nome de uma proclamada "verdade imanente" presente no assunto.

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Najma
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Re: Re.: Aborto

Mensagem por Najma »

Apocaliptica escreveu:Engraçado que os anti-aborto e os anti-pena-de- morte vivem falando que nos países onde o aborto é liberado e a pena de morte é utilizada, não houve vantagem alguma, ou melhoria dos problemas que geraram a liberação ou despenalização dos dois eventos. Alguns moralistas chegam a dizer que piorou.

Fico muito desconfiada destas afirmações. São totalmente ilógicas e tendenciosas. Parecem querer encerrar o assunto com uma falácia da pior espécie.


:emoticon1:

Talvez porque fechar os olhos, ou alegar inconsistência das pesquisas que apontam para benefícios à sociedade é mais fácil do que encarar a realidade?
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Apocaliptica

Re: Re.: Aborto

Mensagem por Apocaliptica »

Najma escreveu:
Apocaliptica escreveu:Engraçado que os anti-aborto e os anti-pena-de- morte vivem falando que nos países onde o aborto é liberado e a pena de morte é utilizada, não houve vantagem alguma, ou melhoria dos problemas que geraram a liberação ou despenalização dos dois eventos. Alguns moralistas chegam a dizer que piorou.

Fico muito desconfiada destas afirmações. São totalmente ilógicas e tendenciosas. Parecem querer encerrar o assunto com uma falácia da pior espécie.


:emoticon1:

Talvez porque fechar os olhos, ou alegar inconsistência das pesquisas que apontam para benefícios à sociedade é mais fácil do que encarar a realidade?


Eu estou com uma preguiça tremenda, mas queria muito fazer uma grande pesquisa a respeito destes índices. Eles devem existir. Mas nunca se sabe se as fontes são confiáveis sob todos os aspectos.

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Najma
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Mensagem por Najma »

Huxley escreveu:Bem, eu estou respondendo de forma detalhada a uma contra-argumentação de Acauan que ele apresentou há dois dias atrás.Isso inclui os dois questionamentos levantados no texto que ele apresentou na página 1 do tópico.

Huxley escreveu:

A justificativa do critério que referi já foi dado e é muito simples.Devemos procurar o que diferencia um ser senciente de um ser não-senciente.O critério da consciência põe um ponto final nesta questão.Porque será que a maioria das pessoas acha que matar um animal é crime, enquanto é praticamente aceito que não é imoral abortar um bebê anencéfalo ou arrancar um pé de capim? A resposta é óbvia.

Claro, no caso do bebê anencéfalo irá se dizer. “O bebê não é uma vida humana em potencial.Ele morrerá poucos segundos depois do parto.”

A premissa neste caso é: O feto é, em potência, um ser humano; Premissa b: Todos os seres humanos, mesmo os seres humanos em potência, têm direito à vida; Conclusão: O feto tem.direito à vida.
*
Essa questão foi rebatida de forma brilhante pelo filósofo português Pedro Madeira:
"(...) é, de qualquer modo, falso que, se um ser tem potencialmente um direito, então tem, efectivamente, esse direito. Enquanto cidadão português, sou potencialmente presidente da República; o presidente da República é o Comandante Supremo das Forças Armadas; no entanto, daí não se segue que eu seja agora o Comandante Supremo das Forças Armadas. Poderá ser objectado que estou simplesmente a fugir à questão: a analogia não funciona — o feto tem o direito à vida desde a concepção, mas eu só adquirirei o estatuto de Comandante Supremo das Forças Armadas caso venha a ser eleito Presidente da República. O problema com esta objecção é que foge, ela própria, à questão! Se estivéssemos desde logo a partir do princípio de que o feto tem o direito à vida desde a concepção, então para que é que precisaríamos de invocar o estatuto de potencialidade do feto?”

Em "Argumentos sobre o aborto":
http://criticanarede.com/aborto1.html




*Parte sublinhada representa a parte que foi omitida no quote do último post de Acauan direcionado a mim.

Acauan escreveu:Toda esta "brilhante" argumentação se esfarela diante de um simples questionamento.
Por que o direito do feto à vida é apenas potencial?
Por que o filósofo português Pedro Moreira, do alto de sua divina autoridade assim decretou?


Antes de mais nada, coloquei o trecho da minha citação de forma integral, porque dizer que eu meramente postulei que o direito a vida do feto é apenas potencial, simplesmente porque o filósofo Pedro Madeira assim decretou é um apelo ao argumento “straw man”.Dá para perceber claramente que eu já respondi a penúltima pergunta do post acima, Acauan.A resposta foi:o direito a vida só se aplica a seres sencientes e existe um critério adequado para saber quando existe um ser senciente e quando não há.Se nos referirmos a um ser humano EM POTÊNCIA apenas, é ÓBVIO que esse ser tem apenas potencialmente esse direito a vida, que só será efetivado a partir de certo momento da gestação.

A justificativa para considerar que um feto de 3 meses NÃO é apenas um humano em potência ainda não foi exposto.Foi dito que qualquer pessoa que reconheça que o feto tem direito a vida só a partir de certo momento da gestação postula que "a identidade humana é um fato material, definida pela estrutura biológica do feto".Obviamente, isso está errado.Como eu expliquei detalhadamente na página 20 do tópico, a consciência pode emergir de uma estrutura física, mas não é uma conseqüência desta.

Um exemplo análogo que ajuda a entender isso é o da minha avó.Ela se encontra em estado avançado de mal de Alzeheimer, distúrbio do cérebro que deteriora as memórias autobiográficas e a lucidez da pessoa.Talvez a única pergunta que ela consiga responder é "qual é o seu nome?".Quando era lúcida, ela amou muito minha mãe, que ainda hoje se encontra viva.Entretanto, minha avó não a ama mais, pelo simples fato que ela se encontra em estado avançado de mal de Alzheimer, que por sua vez ocorre graças a uma causa material (o Alzheimer desenvolve proteínas emaranhadas no neurônio e isso afeta regiões envolvidas nas memórias autobiográficas).O amor que ela sentia por minha mãe dependia de uma estrutura biológica existente em seu cérebro, mas NÃO ERA uma mera consequência desta.Isso porque o amor de minha avó dependia de coisas extra-biológicas, como a amizade entre elas, o fato de que minha mãe sempre foi uma filha obediente, ao fato de minha mãe cuidou dela durante a velhice, etc.Se você seguisse o raciocínio exposto no texto da página 1, você poderia dizer:"Se você reconhece que o fato de sua avó não sentir amor por sua mãe está intimamente ligado a uma estrutura material, então você está postulando que a identidade do amor se encontra na materialidade".

Conclusão: Não é verdade que qualquer pessoa que reconheça que o feto tem direito a vida só a partir de certo momento da gestação postula que "a identidade humana é um fato material, definida pela estrutura biológica do feto".

Outra coisa que me chama atenção é o argumento da "dignidade humana", que é baseado exclusivamente em perplexidade moral.Segundo esse argumento, quem defende o aborto a partir de certo momento da gestação "adota escalas de tempo para se decretar se um feto possui ou não dignidade humana".Acredito que esse raciocínio tem uma falha básica.Não se "decreta" o momento que um feto tenha dignidade humana.O momento em que existe a dignidade humana surge pode ser definida de forma justa e racional.A dignidade humana só começa quando existe o ser humano.Falar em dignidade humana para um ser não-senciente tem tanta lógica falar em "norte do Pólo Norte".O "critério da consciência" que é defendido pelos especialistas em Bioética, estabelesce que a fronteira onde se torna premissível abortar é quando surge no feto atividade organizada do córtex cerebral.Algumas estimativas indicam que isso ocorre entre 25 e 32 semanas.Claro, segundo este critério, não se sabe quando exatamente começa o ser humano e a sua dignidade.Mas isso não impede que se postule que é absolutamente seguro dizer que o feto de 3 meses é um não é um ser senciente, mas um de 7 meses é.O que implica que nós podemos dizer que há seres são decididamente humanos e aqueles que decididamente não são.

Não vejo absolutamente nenhum problema na defesa da permissibilidade do aborto e em se "adotar escalas de tempo para se decretar se um feto possui ou não dignidade humana".Não há absolutamente nenhuma anti-ética nisso.Filósofos morais reconhecem que atos privados entre adultos de comum acordo e que não prejudiquem outros seres sensíveis jamais são imorais.Este é o caso que tratamos aqui.Existem atos piores que parecem "ferir a dignidade humana", mas se examinados de perto não são imorais.O fato de alguém comer seu próprio cachorro de estimação que morreu atropelado ou praticar incesto consentido uma única vez com a irmã em segredo são atos que dão asco em 99,99% das pessoas, mas não são em si,atos anti-éticos.Eles parecem anti-éticos devido a organização neurobiológica e evolutiva dos órgãos que chamamos de emoções morais.Coisa que foi explicada por Steve Pinker em "Tábula Rasa", e exposta num trecho deste tópico do forista "o anátema" intitulado "Perplexidade Moral":

https://antigo.religiaoeveneno.com.br/viewtopic.php?t=84 ... be3b373af0


Huxley escreveu:A “analogia original” é inválida porque ela não faz distinção entre potencialidade no sentido forte e potencialidade no sentido fraco.Os dois casos que mostrei, é uma omissão, num sentido forte, de se evitar uma morte.Ambos indivíduos nas duas analogias, são pessoas potencialmente mortas, num sentido forte.Por isso ambas analogias que citei são válidas.Veja a primeira. Se nós vamos passando na estrada e vemos uma pessoa atropelada no chão, temos o dever de a ir ajudar.Não importa se a culpa do atropelamento não foi nossa.Se a pessoa que presenciou o atropelamento tem um telefone a disposição e nada faz (sequer liga para o telefone da ambulância), então isso caracteriza uma omissão de socorro. Logo, o simples fato de a mulher não ter gerado o feto voluntariamente em caso de estupro, não chega para justificar a permissibilidade do aborto em caso de estupro, pelo menos para quem defende que o aborto é um crime.O caso da não-assistência a uma criança faminta é uma omissão, num sentido fraco, de se evitar uma morte.O simples fato que uma criança esteja faminta não implica que ela irá morrer ou que envio de uma cesta básica salvará sua vida de forma semelhante a prestação de socorro de uma pessoa que está agonizando numa beira de estrada devido a uma forte hemorragia provocada pelo ferimento de um atropelamento.

A situação da mulher que aborta é pior.Poderia argumentar-se até que a mãe não apenas omite a salvação da criança.Poderia-se dizer até que ela é a responsável direta pela morte do feto, já que ela poderia evitar esse “homicídio” apenas se alimentando bem e tomando alguns cuidados com sua própria saúde, além de executar a nada difícil tarefa de não pisar numa clínica de aborto.


Acauan escreveu:Mais retórica.

Minha abordagem da não aplicação do preceito de omissão de socorro no exemplo citado é juridicamente válido, assim como a analogia com a isenção de responsabilidade da gestante em caso de aborto por motivo de estupro.

A contra-argumentação se sustenta em definições criadas exclusivamente para sustenta-la (isto forte, aquilo fraco e coisas tais), sendo portanto apenas outro raciocínio circular.


Foi dito que minha definição se baseava em definições criadas exclusivamente para sustentá-la simplesmente porque usei os adjetivos "forte" e "fraco".E não foi explicado o porquê.E depois sou eu que raciocino em círculos. :emoticon5:

Porque a distinção de "potencialidade no sentido forte" e "potencialidade no sentido fraco" NÃO se baseia num raciocínio circular?Tomemos o caso de uma criança de 11 anos que está num clube e liderou os títulos de seu time em categorias infanto-juvenais. Há um sentido claro em que essa criança é, potencialmente, um jogador de futebol. Tomemos agora o caso de uma criança de onze anos que tem um grande talento para jogar futebol, embora nunca tenha sequer jogado uma pelada na vida.Digamos que é dito isso porque ela demonstra grande preparo físico, inteligência espacial e habilidade para drible em provas de Educação Física de sua escola. Há também um sentido em que podemos dizer que esta criança é, potencialmente, um jogador de futebol. No entanto, a primeira criança não é potencialmente um jogador de futebol no mesmo sentido em que a segunda é potencialmente um futebolista. A primeira criança é potencialmente um jogador de futebol no sentido forte; a segunda criança é potencialmente um jogador de futebol no sentido fraco.Se levarmos em conta que a distinção de "potencialidade no sentido forte" e "potencialidade no sentido forte" é válida, explica-se porque clubes como Real Madrid e Barcelona não saem atrás de garotos sul-americanos de 11 anos que apresentam características do segundo caso, mas sai atrás de garotos de 11 anos que apresentam características do primeiro caso.Como ocorre nesta notícia:

"Barcelona e Real Madrid disputam argentino de 11 anos":
http://esportes.terra.com.br/futebol/eu ... 91,00.html

É perfeitamente concebível que eles dessem a mesma atenção a um garoto que está na situação de potencialidade forte de ser um jogador de futebol e um que estivesse num estado de potencialidade num sentido fraco.Mas como vemos nos noticiários de esportes. não é isso o que acontece.Simplesmente porque a lógica da distinção da "potencialidade no sentido forte" e "potencialidade no sentido fraco" é válida.

A minha definição também permite outra coisa.Postula-se em forma de caricatura que o onanismo poderia ser considerado um genocídio segundo a lógica dos detratores da legalização do aborto.Esse é um péssimo argumento utilizado.Você diz que isso é um péssimo argumento devido a isso:

"O fato é que aquilo que nos faz humanos, seja lá o que for, não está presente no espermatozóide, uma célula que se lha dada todas as condições ambientais para que se desenvolva, por si só nunca resultará em outra coisa. Para que um espermatozóide resulte em ovo, embrião e feto são necessários uma segunda célula e todo um processo de combinação."

Obviamente, este argumento é fraco.É só fazer uma paródia com ele para perceber isto:

"O fato é que aquilo que nos faz o bolo, seja lá o que for, não está presente na farinha de trigo, um só ingrediente do bolo que se lha dada todas as condições ambientais para que se desenvolva, por si só nunca resultará em outra coisa. Para que a farinha de trigo resulte em um bolo são necessários outros ingredientes e todo um processo de combinação."

Percebe-se que o que faz o bolo está sim na farinha de trigo (claro, devido à existência de outros ingredientes, não está APENAS nela, mas TAMBÉM está nela), porque quando o bolo é preparado ou mesmo assado, a farinha de trigo não desaparece e nem é destruída.Transformação não é destruição.Mas claro.Uma coisa é você chegar numa casa e jogar fora o estado dos ingredientes do bolo recombinados pouco antes do mesmo entrar no forno.Outra coisa é você chegar numa casa onde as pessoas raramente fazem bolos e jogar fora um ingrediente do bolo num dia qualquer.São duas atitudes completamente diferentes.Obviamente, a primeira atitude é análoga ao aborto e o segunda atitude é análogo ao onanismo.Quando se “aborta” o bolo está se eliminando uma potencialidade no sentido forte, quando se pratica a segunda atitude está se eliminando uma potencialidade no sentido fraco.De forma semelhante, quando se aborta um feto se elimina uma potencialidade no sentido forte e quando se pratica onanismo se elimina uma potencialidade no sentido fraco.A distinção entre estes dois tipos de potencialidade é que permite que a alegação em forma de caricatura que o “onanismo poderia ser considerado um genocídio segundo a lógica dos detratores da legalização do aborto”, seja considerado um péssimo argumento.E não porque “aquilo que nos faz humanos, seja lá o que for, não está presente no espermatozóide”.

Isso mostra claramente que o não-envio por parte de Acauan de cestas básicas a famílias de crianças famintas em nada poderia ser comparado a isenção de responsabilidade jurídica a uma mulher que aborta um feto em caso de estupro.Se for verdade que o aborto é uma forma de homicídio, então tem pouquíssima importância se o ato que gerou o bebê não é culpa de quem engravidou, da mesma forma que tem pouquíssima importância se o atropelamento de uma pessoa não é culpa de quem viu a pessoa agonizando na estrada pela primeira vez (já que é juridicamente válido que é obrigação de uma testemunha de atropelamento socorrer a vítima).Em ambos os casos, apenas uma única pessoa pode anular uma chance eminente de uma morte.Neste sentido, a morte é uma potencialidade no sentido forte.Claro, poder-se-ia dizer que a mãe que foi vítima do estupro não tem obrigação de criar o filho.Neste caso, ela poderia enviá-lo ao juizado de menores.Mas isso não autorizaria a mesma a se decidir pela realização do aborto.No caso do não-envio de cestas básicas para famílias famintas, a morte pode ser (e na maioria das vezes é) uma potencialidade num sentido fraco.Existem milhões de pessoas faveladas (inclusive crianças) que passaram fome e nunca morreram.Entretanto, pode existir o caso de uma não-assistência a uma criança faminta que poderia ser caracterizada como omissão de socorro.Por exemplo, se você passa em frente a uma favela e tem uma mãe desesperada dizendo que tem um filho a beira da morte devido a desnutrição e você está com 50 reais na carteira (ou com comida mesmo) e não faz absolutamente nada...é semelhante a situação de uma das duas analogias que citei na página 20 do tópico, que tratava da criança perdida no deserto que de repente encontra um turista andando com um jipe carregado com comida e este não faz nada para evitar a morte da criança por fome.A morte em ambos os casos é uma potencialidade no sentido forte.Veja o que você mesmo disse na página 24 do tópico “Omissão de socorro é um preceito legal que se aplica exclusivamente a emergências pontuais- como a citada criança no deserto.”.Então, não seria as definições de “emergências pontuais” um resultado da aplicação do raciocínio que a omissão de socorro ocorre porque há uma distinção entre potencialidade no sentido forte e de uma potencialidade no sentido fraco de uma morte?Outra coisa ser considerada.Uma pessoa que não evita uma morte por fome de uma criança numa favela não é a ÚNICA pessoa que poderia evitar esta morte.O Estado (se o ministério público for acionado) e parentes próximos da família que tem mais condições também poderiam evitar esta morte.No caso da mulher que sofreu estupro e opta pelo aborto, ela decide ATIVAMENTE a eliminar o feto de seu ventre.Ela é a ÚNICA responsável pela morte do feto, porque só ela é só ela quem pode decretar se o aborto será realizado ou não.Por isso que eu disse que talvez possamos postular que a omissão de socorro num caso de atropelamento seja um crime MENOS PIOR do que a mulher vítima de estupro que aborta, caso levemos em conta que o aborto é uma forma de homicídio.Conclusão: a legislação brasileira é hipócrita.


Muito lúcida esta postagem, Huxley. Parabéns.
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Apocaliptica

Mensagem por Apocaliptica »

Samael escreveu:
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Acauan escreveu:Nossos atos têm conseqüências e estas conseqüências implicam em responsabilidades das quais nem sempre é possível fugir.



Eu me considero um entusiasta intransigente da Liberdade. Posso nao ter o talento dos seus maiores defensores, reconheco, mas faco o que posso, e imagino que amo tanto a Liberdade quanto eles. Acho que a Liberdade e o Bem maior, e que devemos lutar sempre por ela, ora com palavras, ora com acoes. E sempre justo lutar pela Liberdade.

O problema reside no fato de que muitas pessoas distorcem o conceito de Liberdade para uma autorizacao para que as pessoas facam o que quiserem sem assumir as devidas responsabilidades sobre seus atos. Nunca nenhum dos grandes defensores da liberdade propos algo assim. Atribuir a palavra Liberdade para o que e na verdade um retorno a barbarie, a lei do mais forte, ao faca o que que tiver vontade pois "tudo e a Lei", uma pregacao mascarada da violencia.

No caso em questao, a liberdade da mulher (e do homem tambem) reside no fato de que nem o Estado nem ninguem deve obriga-la a fazer ou deixar de fazer sexo, com essa ou aquela pessoa, ou usar ou nao preservativos ou outros metodos contraceptivos. Quando essa liberdade for infringida, devem-se perseguir os culpados e puni-los com rigor.

Mas a partir do momento que ela (ou ele) se permite usufruir dessas liberdades de forma arriscada, por qualquer motivo que lhes pareca justo, ela deve saber que caso crie uma responsabilidade ela nao podera fugir dela, sobre tudo numa forma hibrida de infantilidade e violencia. Isso e imoral.

A imoralidade nao reside em praticar ou nao sexo, com ou sem protecao. A imoralidade reside em destruir as responsabilidades criadas por uma conduta arriscada de forma covarde.

Permitir os abortos contraceptivos e dar esse aval para imoralidade, para a conduta irresponsavel e para uma das formas mais covardes de agressao. E mesmo que o teor emocional fale muito alto nessas horas, e que a carga sobre a mae seja muito pesada, isso apenas pode atenuar a gravidade de seu crime, mas nunca autoriza-la a comete-lo.

E quando as pessoas evocam o nome Liberdade para defender esse "direito" de brutalizar, sinto um profundo mal estar por todos aqueles que lutaram por definir e defender a Liberdade com todas as suas armas, desde aqueles grandes nomes que batalhavam nas instancias intelectuais ate os anonimos que pereceram nos muitos campos de batalha onde se tiveram de se enfrentar contra seus inimigos.

Seus inimigos hoje portam o seu nome e se escondem nas suas fileiras, mas o Mal pretendido e sempre o mesmo, e sempre o mais longe possivel da verdadeira Liberdade.


Você está apenas abstraindo em cima de uma abstração, Vitor. E dando a sua definição arbitrária daquilo que já é pessoalmente e arbitrariamente definido, como a "liberdade".

De resto, me faz sentir um certo maniqueísmo, como se houvessem tanto aqui quanto no mundo à fora os "defensores da liberdade e do bem" e os "inimigos malignos que querem fazer valer sua moral suja". E isso é papinho de religioso, cara.

Mas, em algo que você está correto em fazer, mas incorreto em não referir que faz quando posta, é usar juízos de valor para definir o caso do aborto. Todos nós utilizamos. Mas alguns tentam obscurecê-los em nome de uma proclamada "verdade imanente" presente no assunto.


Certamente. Tenho observado neste tópico que a noção de liberdade, dos que defendem a despenalização do aborto, é bem mais ampla. Ampla no sentido de empatizar com a protagonista alvo do problema e sua relação com o embrião, tendo em vista sua vida antes do acontecimento da fecundação ( vida, trabalho, companheiro ou ausência de apoio de um, pais, filhos anteriores, saúde física e emocional, impossiblidades variáveis) e o futuro dela e da presença de mais um ser humano que vai acabar sendo responsabilidade dela por toda a vida ( ou vai abandoná-lo num orfanato, ou numa esquina qualquer, ou até matá-lo, ou matar-se a si e ao feto, em caso de desespero).

Os anti-aborto chamam de liberdade os direitos do feto e o não direito da gestante e de todo o contexto que citei acima, negando que várias vidas estão em jogo. E que vida não se resume à existência de sangue circulante, possibilidades de ser feliz ou não ( que são uma incógnita que tende ao fracaso para uma crianças destas, basta conhecer a realidade e como o ser humano funciona).

Esquecem do que já existe, do que é provável, e apelam para valores discutíveis e de profunda moralidade irracional.
E dizem que os apoiadores da descriminalização do aborto estão tirando a liberdade de escolha do embrião. Ou citam um suposto livre arbítrio do feto ( noção religiosa), como impeditivo para a ação de quem vive a existência real muito antes.
Infeliz ou felizmente, quem decide os rumos de algumas vidas são as que estão por aqui primeiro. O julgamento a respeito das limitações de existência de vida, e sob que regras e circunstâncias é permitido viver, é do ser que pré-existe no tempo e no espaço.
A história se faz assim.
Se formos colocar em cheque que não temos este direito, então estamos sendo assassinos com toda a raça humana que impedimos de nascer, não deixando que as mulheres tenham filhos por toda a vida fértil, desde 11 ou 12 anos.

Finalizando, retiram dos interessados diretos no drama o poder de decisão sobre suas vidas para colocar a entidade divina trancendente e irreal o poder de vida ou morte.
É religioso, como bem dissestes, nega o lívre arbítrio dos envolvidos e inclusive o direito à liberdade de modificar a Lei , colocando uma pretensa valoração moral intransigente acima de tudo.

Qual das duas posições é mais racional? A religiosa para mim é muito menos.
Aqui a emocionalidade nem conta. Se for contar, ela se soma a racinalidade e supera em tudo o argumento anti-aborto.

Atila
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Re: Re.: Aborto

Mensagem por Atila »

Najma escreveu:
Atila escreveu:OK...

seria preciso mais objectividade para decidir.


Se não levar em conta que um óvulo fecundado depende de um útero para sobreviver e originar um ser humano, a idéia de impedir "assassinatos" está presente até na proibição do uso da pílula do dia seguinte... :emoticon1:


Como a objectividade não está disponível... cada um com a sua ideia :emoticon1:

Atila
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Re: Re.: Aborto

Mensagem por Atila »

Najma escreveu:
Atila escreveu:Se o feto for ontologicamente tao humano como um adolescente (que também está em formaçao)... entao que se assuma que a vida do feto é menos importante que a liberdade da mulher de nao ser mae... e que se aceite isto.


Não entendi... :emoticon15:


Ontologia... a ciencia do ser. Ninguém entende de qualquer forma... :emoticon16:

Apocaliptica

Re.: Aborto

Mensagem por Apocaliptica »

A postagem do Huxley realmente é de uma clareza ímpar.

Parabéns a ele.

Apocaliptica

Re: Re.: Aborto

Mensagem por Apocaliptica »

Atila escreveu:
Najma escreveu:
Atila escreveu:Se o feto for ontologicamente tao humano como um adolescente (que também está em formaçao)... entao que se assuma que a vida do feto é menos importante que a liberdade da mulher de nao ser mae... e que se aceite isto.


Não entendi... :emoticon15:


Ontologia... a ciencia do ser. Ninguém entende de qualquer forma... :emoticon16:


E por que aceitar isto? Não entendi também.

Atila
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Re.: Aborto

Mensagem por Atila »

ah... agora reparei que a frase está mal feita.

É a vida...

Se fosse possível provar ontologicamente que um óvulo tem tanto valor como um bebé de 5 anos (que também não acabou a sua formação)... nesse caso seria tão criminoso em princípio matar um Zigoto como matar o bébé de 5 anos. Mas a sociedade poderia ir contra a ontologia e ir pelos sentimentos não atribuindo na prática o mesmo valor. Tempos houve em que espartamos matavam bebés por pequenos defeitos. Hoje isso seria inaceitável para quase todos ("abortistas" incluidos) Mas naqueles tempos... matar um bebé com um defeito não era diferente de abortar.

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Najma
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Re: Re.: Aborto

Mensagem por Najma »

Atila escreveu:ah... agora reparei que a frase está mal feita.

É a vida...

Se fosse possível provar ontologicamente que um óvulo tem tanto valor como um bebé de 5 anos (que também não acabou a sua formação)... nesse caso seria tão criminoso em princípio matar um Zigoto como matar o bébé de 5 anos. Mas a sociedade poderia ir contra a ontologia e ir pelos sentimentos não atribuindo na prática o mesmo valor. Tempos houve em que espartamos matavam bebés por pequenos defeitos. Hoje isso seria inaceitável para quase todos ("abortistas" incluidos) Mas naqueles tempos... matar um bebé com um defeito não era diferente de abortar.


Sim, o infanticídio acontecia porque não dava pra diagnosticar problemas de má formação congênita com os bebês dentro do útero.
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Atila
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Re.: Aborto

Mensagem por Atila »

O infanticidio poderia ocorrer sem que houvessem defeitos... em celebrações para acalmar os deuses. A Biblia mostra que isso era feito... para acalmar Javé.

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videomaker
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Re: Re.: Aborto

Mensagem por videomaker »

Fabi escreveu:
Alexandre escreveu: É normal cometer um erro. Repetir o erro 12 vezes é que é burrice.

Mas acontece.


O que????????? :emoticon165: Imagina se facilitarem...
Há dois meios de ser enganado. Um é acreditar no que não é verdadeiro; o outro é recusar a acreditar no que é verdadeiro. Søren Kierkegaard (1813-1855)

Apocaliptica

Re.: Aborto

Mensagem por Apocaliptica »

A Fabi pegou pesado aqui...não deve ser esta a intenção de pensamento dela...

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videomaker
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Mensagem por videomaker »

Huxley escreveu:Bem, a Najma citou uma paper de Steven Levitt e John Donohue sobre a correlação entre criminalidade e aborto.Só lembrando que tem um trecho do livro de Levitt que resume de forma mais esclarecedora a opinião dele sobre o assunto:

Texto extraído do livro Freakonomics, de Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner.

"A legalização do aborto nos Estados Unidos, decidido pela Suprema Corte Americana em 22/01/1973, teve uma série de consequências, mas o efeito mais dramático da legalização - e que levaria anos para se fazer sentir - talvez tenha sido o seu impacto sobre a criminalidade. O aborto legalizado resultou num número menor de filhos indesejados; filhos indesejados levam a altos índices de criminalidade. A legalização do aborto, assim, levou a menos crimes. Esta constatação persiste até mesmo quando descontada uma variedade de fatores que influem na criminalidade: o nível de prisões efetuadas, o número de policiais e a situação econômica.

Essa teoria está fadada a provocar inúmeras reações, que vão da descrença à repulsa, bem como uma variedade de objeções, das triviais às morais.

Uma forma de testar o efeito do aborto sobre a criminalidade seria examinar os dados da criminalidade nos cinco estados que em 1970 legalizaram o aborto antes que a Suprema Corte americana estendesse este direito ao restante do país. Em Nova York, na Califórnia, em Washington, no Alasca e no Havaí, estados percussores da legalização, a criminalidade baixou antes dos outros 45 estados. Entre 1988 e 1997, os crimes violentos nos estados que primeiro legalizaram o aborto caíram 13% se comparados aos demais; entre 1994 e 1997, seus índices de homicídio caíram 23% mais do que os dos outros estados.

Na verdade, os estados com os mais altos índices de aborto nos anos 70 apresentaram as maiores quedas na criminalidade nos anos 90, enquanto os estados com baixos índices de aborto mostraram uma queda menor na criminalidade. Desde 1985 os estados com alto índice de abortos tiveram uma queda aproximadamente 30% maior do que os estados com baixos índices de aborto.

Muitos consideram o aborto em si um crime violento. Um jurista americano afirmou que a legalização do aborto foi pior que a escravidão (já que implica em morte) ou que o Holocausto (o aborto nos Estados Unidos -aproximadamente 37 milhões até 2004- superou o dos 6 milhões de judeus mortos na Europa). Quer se tenha ou não opinião extremada em relação ao aborto, o tema continua a ser extremamente delicado.

Seja qual for a posição assumida frente ao aborto, uma pergunta geralmente vem à mente: que atitude tomar quanto à troca de mais abortos por menos crimes ?"

http://fmachado.blogspot.com/2006/07/o- ... s-eua.html



Filhos indesejados? sei, e como eles foram "contraidos"?asegurar um aborto seguro é compartilhar com a iresponsabilidade de quem vai para uma tranza sem medir consequencias,o estado não tem que facilitar coisa alguma, se não quiser engravidar e parar numa clinica clandestina, que se cuide e faça sexo seguro! ou que sofra as consequencias de seus atos! Nem vou entrar no merito do futuro adulto que é assasinado ... que digam que não...
Há dois meios de ser enganado. Um é acreditar no que não é verdadeiro; o outro é recusar a acreditar no que é verdadeiro. Søren Kierkegaard (1813-1855)

Apocaliptica

Re.: Aborto

Mensagem por Apocaliptica »

:emoticon11: :emoticon11: :emoticon11: :emoticon11: :emoticon11: :emoticon11: :emoticon11:

Joguei a toalha, video.

Atila
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Re.: Aborto

Mensagem por Atila »

como se pode exigir a adolescentes bebados ou com as hormonas aos pulos que sejam responsáveis????

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Re: Re.: Aborto

Mensagem por Apáte »

Atila escreveu:como se pode exigir a adolescentes bebados ou com as hormonas aos pulos que sejam responsáveis????

Realmente. Por exemplo, eu estava bêbado e morto de vontade de dar umazinha este final de semana. Como a garota não queria, eu a obriguei.

aFF, é cada uma que a gente lê...
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi

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Re: Re.: Aborto

Mensagem por Apáte »

Apocaliptica escreveu::emoticon11: :emoticon11: :emoticon11: :emoticon11: :emoticon11: :emoticon11: :emoticon11:

Joguei a toalha, video.

Mesmo sendo contra o aborto, minha visão sobre o assunto muito pouco tem a ver com a do vídeo.
"Da sempre conduco una attività ininterrotta di lavoro, se qualche volta mi succede di guardare in faccia qualche bella ragazza... meglio essere appassionati di belle ragazze che gay" by: Silvio Berlusconi

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Re.: Aborto

Mensagem por Poindexter »

Fala, video!

Sabe como é, né... as mulheres estão na rua e de repente o zigoto entra pelo ar no sistema respiratório, dali vai para o circulatório e dali para o endométrio!

:emoticon22:
Si Pelé es rey, Maradona es D10S.

Ciertas cosas no tienen precio.

¿Dónde está el Hexa?

Retrato não romantizado sobre o Comun*smo no século XX.

A child, not a choice.

Quem Henry por último Henry melhor.

O grito liberalista em favor da prostituição já chegou à este fórum.

Lamentável...

O que vem de baixo, além de não me atingir, reforça ainda mais as minhas idéias.

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Re: Re.: Aborto

Mensagem por Poindexter »

Apáte escreveu:
Atila escreveu:como se pode exigir a adolescentes bebados ou com as hormonas aos pulos que sejam responsáveis????

Realmente. Por exemplo, eu estava bêbado e morto de vontade de dar umazinha este final de semana. Como a garota não queria, eu a obriguei.

aFF, é cada uma que a gente lê...


Liberalistas tendem a ser irresponsáveis e acharem que isso é inevitável neles e nos outros.
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¿Dónde está el Hexa?

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Lamentável...

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DaviDeMogi
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Re.: Aborto

Mensagem por DaviDeMogi »

Deprimente :emoticon2:
Creio na morte, única amante absolutamente fiel,
Creio na estupidez humana, única força com que se pode contar sempre,
E creio no humor, única forma de encarar a primeira e suportar a segunda.

Trancado