As 7 Maravilhas de Senna II
4. Grande Prêmio do Japão de 1988
As McLaren haviam dominado a temporada de maneira incontestável, alternando apenas o vencedor. Prost estava em vantagem numérica no certame, mas tinha uma vitória a menos que Senna – o regulamento só contabilizava os 11 melhores resultados. Desse modo, a corrida em poderia ser palco de duas situações: ou o primeiro título de Senna, ou um adiamento da decisão a favor de Prost no encalço do tri. Na classificação, Senna largou mais uma vez na pole – a 12ª em 15 provas –, com Prost novamente ao seu lado no grid. Na largada, Senna tem problemas no câmbio e sai atrasado, caindo para a 14ª posição. A partir daí, a F-1 veria aquela que talvez tenha sido a maior "prova de recuperação" de sua história. Na primeira curva o piloto brasileiro pulou para 13º, e somente naquela primeira volta ele ganharia outras 5 posições. Na segunda volta, ultrapassou a Williams de Riccardo Patrese e a Benetton de Alessandro Nanini. Na terceira livrou-se de Thierry Boutsen, também da Benetton. Michele Alboreto da Ferrari foi ultrapassado na quarta volta. Na volta de número 11, Senna passaria a outra Ferrari, de Gerhard Berger. Ivan Capelli, com a March, perderia sua posição para Senna na 20ª volta. Senna se via então na 2ª colocação, 11 segundos atrás do líder Prost. Em cinco voltas a diferença foi reduzida para pouco mais de 2 segundos. Então, começou a garoar. Senna passou Prost na volta 27. A garoa cessava e Prost descontava a diferença (5 a 1,5s era a oscilação da diferença de acordo com as condições da pista). A dez voltas do final, começou a chover novamente: Senna disparou vencendo com 13 segundos de vantagem conquistando seu primeiro título na F-1.
http://www.youtube.com/watch?v=nUr_Yu1M-vg
5. Grande Prêmio do Japão de 1989
O quadro de Suzuka em 89 era diferente do ano anterior: dessa vez, Prost tinha uma vantagem de 16 pontos para Senna, com um máximo de 20 pontos disponíveis – o brasileiro precisaria vencer as duas provas finais para assegurar o título. Para Prost, bastaria terminar a frente do brasileiro em uma das duas corridas. Novamente, assim como em 88, Senna largaria na pole – uma de suas 13 naquele ano – mas Prost conseguiu sair na frente. Os carros haviam sido ajustados de forma diferente, com Senna mais veloz nas curvas, mas Prost com vantagem nas retas. Prost se manteve com uma vantagem média de 3 segundos até a volta 41, quando Senna colou no francês. Correram praticamente juntos até a volta de número 47. Foi então que Senna partiu para o "Tudo ou nada". Na chicane final da volta, mergulhou por dentro.
Prost lançou seu carro para cima do de Senna antes que realizassem a curva. Com a batida, Prost era o virtual campeão. Mas Senna não havia desistido. Conseguiu voltar à pista após ser empurrado pelos fiscais. No entanto, teve de entrar nos boxes para trocar o "nariz" do carro que fora danificado na batida. Após a parada, volta à pista na volta 48 com 5 segundos de desvantagem para Nanini, o novo líder. Senna alcançou a Benetton duas (duas!) voltas depois, no mesmíssimo ponto em que tentara superar Prost.
Venceu a corrida, mas acabou sendo desclassificado, sob a alegação de que "não completou a volta 47, uma vez que não contornou a chicane". O mundo sabe muito bem os verdadeiros motivos e a repercussão dessa penalidade, mas, acima disso, vibrou com um desempenho magnífico de Senna.
http://www.youtube.com/watch?v=RVsRPQ_aN34
6. Grande Prêmio do Brasil de 1991
Foi a 28ª vitória de Senna na Fórmula 1 (superando a marca de Jackie Stewart), e sua primeira em casa, após 7 tentativas frustradas. Além disso, pode ser lembrada como provavelmente o mais difícil dos triunfos de Ayrton. Senna havia vencido a primeira corrida com ligeira superioridade. Mas em Interlagos a Williams mostrava ao mundo o seu FW14, carro totalmente inovador e promissor com seu câmbio semi-automático. Ayrton conquistou a pole-position mais uma vez. Largou melhor, mas não conseguia se distanciar das Williams. Mansell fez o pit-stop primeiro, mas logo estava no encalço de Senna. Mais ou menos na volta de número 40, a 4ª marcha do McLaren de Senna – câmbio manual – travou, e Senna tinha de se esforçar um pouco mais para fazer a troca da 3ª para a 5ª. Algumas voltas depois, Mansell fura o pneu e tem de parar novamente nos boxes. Retornou meio minuto atrás, e imediatamente recuperou 10 segundos. Foi então que ele rodou na entrada do S.
(Pausa: uma imagem que a televisão não captou, mas só quem esteve ali nas arquibancadas da reta dos boxes pode ver: Mansell, após a rodada, ficou sentado na mureta e, no momento em que Senna passou por ali, o Leão aponta para o piloto e, olhando para a torcida brasileira, faz um sinal de positivo, como quem diz "Esse cara é f..."). O abandono do inglês poderia ser a solução para os problemas de Senna, mas foi só o começo: Nas dez últimas voltas, o McLaren ficou preso na sexta marcha, e subitamente os tempos de Senna caíram na casa de seis segundos. Foi então que o piloto deu mostras definitivas de sua genialidade: []experimentando trajetórias diferentes no circuito, conseguiu melhorar suas voltas em 3 segundos![/b] Para coroar tudo isso, chuva. E Senna com espasmos musculares. Cruzou a linha de chegada com 2,9s de vantagem para Patrese. Precisou ser retirado do cockpit, pois não tinha mais forças. No pódio, sua imagem ao tentar erguer o troféu dizia tudo: Senna havia chego ao limite de suas forças.
http://www.youtube.com/watch?v=EiY09PO4apo
7. Grande Prêmio da Europa de 1993
Já se tornou lugar-comum falar da corrida de Donington como o mais absoluto desempenho de Senna e, muito provavelmente, a melhor corrida da história da Fórmula 1. Mas nunca é demais lembrar. A McLaren trocara recentemente os Honda pelos Ford; (Vale destacar que a McLaren, como cliente da empresa, apenas recebia esse motor (Cosworth), enquanto a Benetton era sócia, tendo direito ao mais potente (Zetec-Rocan), que tinha 60cv a mais...). A Williams-Renault FW15, num modelo ainda mais avançado do que o daquele de Mansell em Interlagos, era franca favorita a não apenas ser campeã, mas a vencer todas as corridas. Só mesmo pilotagens inspiradas dos adversários poderiam impedir que isso ocorresse. Foi o que aconteceu naquele dia. No grid, tínhamos, pela ordem, Prost, Hill, Schumacher e Senna. Logo na largada, Schumacher aperta Senna rudemente (típico do alemão) na primeira curva, e então começa o show. Tão logo Senna ultrapassa-o. Ele está em 4o (no momento do aperto de Schumy, Karl Wendlinger passou ambos) e ultrapassa Karl por fora, numa curva onde todos, sem exceção, fizeram por dentro. Agora ele está em 3o, faltando os Williams: Senna passa ambos magistralmente em pontos onde em condições normais não se tentaria uma ultrapassagem (como aquela chicane em Suzuka, estamos falando de Senna.). Antes de terminar a primeira (isso mesmo, primeira!) volta, Senna assumiu a liderança para não mais perdê-la.
Sua superioridade naquele dia foi tanta que a volta mais rápida da prova foi aquela em que ele fez um pit stop! Outro fator de destaque foi que o piloto brasileiro durante várias voltas dirigiu com pneus slick na chuva, mesmo assim girava até 3 segundos mais rápido que Prost, que tinha pneus para pista molhada. No final, vitória de Senna, pondo uma volta até o terceiro colocado – no segundo não deu, a vantagem foi só de 86s.
Naquele dia Senna recebeu ligações de dois grandes pilotos da F-1: Primeiro foi James Hunt, campeão de 1976, dizendo que "Você não precisa fazer mais nada esse ano". Depois, Niki Lauda, dizendo que "Nunca vi uma corrida assim. Você foi ao limite do ser humano nas condições que tinha". O próprio Senna reconheceu que não conseguiu ir além daquilo.
http://www.youtube.com/watch?v=Rkb51nahylQ
fonte:
http://www.gptotal.com.br/2005/Leitores ... 070221.asp parte I
http://www.gptotal.com.br/2005/Leitores ... 070223.asp parte II