O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

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RicardoVitor
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O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por RicardoVitor »

São inúmeros os teóricos a tentar responder uma simples questão: Por que um país imenso, de subsolo rico, vastas terras agricultáveis, sem conflitos internos (de ordem étnica nem religiosa) nem externos, insujeito a intempéries climáticas e enorme potencial energético não consegue se libertar dos grilhões do atraso? Como podemos ocupar a 69ª posição no ranking do IDH, logo atrás da potência que atende pelo nome de República Dominicana? Como podem estar os hermanos argentinos 35 posições a frente de nós, neste ranking da ONU?

De Sérgio Buarque de Holanda (com o homem cordial) a Fernando Henrique Cardoso (com a teoria de centro e da periferia), passando por Gilberto Freyre e Paulo Prado, todos são unânimes: a causa do nosso vexame encontra-se do lado de fora das fronteiras. São todos cúmplices do pensamento comum verde e amarelo que culpa, entre outros, a colonização de exploração, o imperialismo norte-americano, as multinacionais, a dívida externa, o FMI etc. Assim sendo, ficamos todos em paz para dormir à noite. A culpa é dos outros. Somos vítimas da maldade além-mar. Pobres brasileiros criados por Deus para ser explorados, hora pela Europa, hora pela potência guerreira do norte.

É uma pena constatar que as idéias reconfortantes da culpabilidade alheia não resistam ao menor questionamento socrático, nem encontrem o menor paralelo com a realidade histórica. Se somos pobres e atrasados porque fomos colônia de exploração há 500 anos, como explicar a Alemanha e o Japão - que há pouco mais de 50 anos foram "colônias de destruição", durante a segunda guerra mundial - e hoje somam o segundo e o terceiro PIBs do planeta? Se a causa do nosso infortúnio são os Estados Unidos com suas multinacionais usurpadoras de riqueza, por que São Paulo - estado onde mais este tipo de empresa está presente - é o estado mais rico e não o mais pobre do Brasil? Por que não são a Paraíba ou o Piauí - lugares onde estas vampiras quase não fincam seus caninos sedentos - antros de prosperidade e de pujança nacional? Se o problema é a dívida externa ou o FMI, por que não passamos direto para o primeiro mundo quando Sarney decretou a moratória? Por que a Argentina - dona do maior calote internacional da história - não se encontra agora ombro a ombro com a Europa? Por que mesmo sem dever um centavo ao FMI, temos que rezar todos os dias para que o Haiti permaneça em guerra civil e assim o ocupemos a penúltima posição, e não a rabeira, no ranking de crescimento do PIB em todo o continente americano, do Alasca à Patagônia?

Culpar os outros, além de não resolver nossos problemas nem fazer justiça histórica, só nos faz perder o foco. Muito mais produtivo - apesar de doloroso - é enxergar o óbvio: a origem nosso atraso está no lado de cá - e não no de lá - das nossas fronteiras. Crescer exige três pré-requisitos: educação; poupança interna e ambiente propício ao investimento. Tanto aqui quanto na China. Não temos nenhum dos três. E o motivo de tudo reside num detalhe do primeiro pré-requisito.

Desde cedo, fomos educados a ter ódio ao lucro. Seja nos bancos das escolas ou das igrejas, aprendemos que lucrar é sinônimo de roubar, de enganar, de levar vantagem, de ser "esperto". Lucrar no Brasil é, portanto, o oitavo pecado capital. "É mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus". O gene do ódio ao lucro está incrustado no DNA brasileiro. Passa de pai para filho. A verdade é que odiamos todos os tipos de lucro: o lucro dos bancos; das multinacionais; das empresas de saúde; das empresas farmacêuticas; dos estacionamentos dos shoppings; dos supermercados; da quitanda da esquina... Pensando bem, a vida era mais feliz quando não havia cartões de crédito, nem coca-cola, nem unimeds ou antibióticos. Vida boa era a de comprar roupa no centro da cidade e comida nas feiras livres. Tão boa essa vida que recomendo fortemente a todos que assim desejam viver, tornem isto realidade. Não alimentem os lucros destes ladrões. Rasguem seus cheques, não lanchem no Mc donald´s, não utilizem remédios e deixem seus carros em casa.

As pessoas que têm como função gerar lucros (empresários) não poderiam ter por aqui melhor sorte: são vistas como ladrões, enganadores de consumidores desavisados e trabalhadores indefesos.

Nossas mães nos querem médicos, advogados, dentistas, professores. Empresário, nunca. Na cabeça dos nossos intelectuais, riqueza é algo que o mais forte ROUBA do mais fraco e não algo que se PRODUZA. Para eles, entre 1 quilo de uvas de R$1,00 e uma garrafa de vinho que custe R$ 100,00 não se produziram R$99,00 de riqueza. De forma alguma. No ideário nativo, algum consumidor otário perdeu R$ 99,00 ao comprar o rótulo; algum trabalhador foi explorado e algum empresário "esperto" ganhou R$ 99,00. Pobre país onde quem gera emprego, investe e paga impostos é visto por este prisma.

Enquanto o gene do ódio ao lucro permanecer ativo e determinando, de maneira mais ou menos inconsciente, nossos atos, nunca haverá poupança interna, tampouco ambiente propício ao investimento. De onde irão se acumular recursos para aumentar a poupança interna, se o lucro é execrável? De onde sairá o dinheiro para ampliação de vagas de trabalho? De onde sai a verba para pesquisa de novos componentes? De onde sai o dinheiro necessário para aumentar a produção? O brasileiro precisaria entender que o ódio ao lucro é uma declaração de amor à pobreza. Nossa ira contra as empresas lucrativas é nosso apego às empresas falidas. Só posso entender que brasileiro gosta mesmo é de empresa que demite. De empresa que não tem como investir em pesquisas nem em aumento de produção. Essas são as boas empresas nacionais. Não é por outro motivo que amamos nossas estatais - empresas criadas para dar empregos para os amigos, negócios para os padrinhos e prejuízos para a nação. A estatal é a felicidade do brasileiro. Quanto mais o Estado cuida de entregar cartas, emitir talões de cheque e cavar poços de petróleo, mais amaremos esta terra. Que se dane educação, saúde, segurança e justiça. Aqui governo não precisa se preocupar com isto. Se sobrar algum dinheiro para investimentos, para que melhorar uma escola? Para que um novo hospital? Para que outro fórum? Usemos este dinheiro para uma nova agência dos correios, ou quem sabe, outro posto de gasolina.

Com este ódio latente, toda nossa legislação foi construída. Meticulosamente planejada para não permitir o pecado em terras tupiniquins. Leis, decretos, regulamentações em quanto maior número, melhor. Carimbos, certidões negativas, cartórios, bombeiros, autorizações, assinaturas. Qual a filosofia por trás de toda essa burocracia, que não seja a de impedir e inviabilizar o lucro? E se algum empresário-herói consegue suplantar tudo isso e obter alguma margem de vergonhoso lucro, logo serão produzidos mais impostos, taxas, contribuições, vinculações e fundos. Assim sendo, tudo volta ao status quo. Ninguém lucra, ninguém investe, ninguém emprega e todos vivemos felizes no paraíso, cada vez mais distantes do oitavo pecado capital e mais próximos do Haiti.

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zencem
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Mensagem por zencem »

.

O Brasil é o pais, onde ter lucro é feio.

A iniciativa privada é a responsável por todas as nossas injustiças sociais.

O capitalismo, definitivamente, é uma coisa selvagem, uma coisa ruim.

O idealismo é isto aquí, óh!: :emoticon147:

Esta é a atividade que os ideologistas consideram normal, que não produz nenhum mal, nem é responsável pela miséria:


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Isto não faz mal, seja um Juiz do Supremo, Um Deputado, Um presidente, Um dirigente partidário, ou um obreiro, também conhecido como militante.

Quanto à iniciativa privada, esta atividade maligna do capitalismo, têm que ser punida com impostos escorchantes, invasões de suas propriedades, que foram indevidamente obtidas com o lucro de suas atividades.

Com a palavra, os que não tem vergonha na cara.
Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

- "Conhece-te a ti mesmo;
O 'Eu' é o caminho (da sabedoria)".


500 anos depois, um cara estragou tudo, tascando essa, num gesto de egolatria e auto-contemplação patológica:

- "EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA".

Deu no que deu !!! ... :emoticon147:


Sharuelmonfs
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Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por Sharuelmonfs »

Depois tem gente que se recusa a acreditar que todos os males do brasil é culpa da sua propria sociedade... :emoticon20:
Abandoned !!!


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Fernando Silva
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Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por Fernando Silva »

No Brasil se acredita em que há uma abundância natural de recursos que, entretanto, está toda nas mãos de uns poucos capitalistas malvados que impedem sua redistribuição e provocam a miséria generalizada.

Quando alguém batalha, poupa e consegue juntar algum patrimônio, é visto como criminoso.
Quando alguém monta uma empresa, enfrentando todos os riscos envolvidos e mais a burocracia brasileira, é visto como explorador do povo, ainda que dê empregos com carteira assinada a milhares (e muitos desses empregados verão o patrão como um explorador).

quereu
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Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por quereu »

O Sérgio Buarque de Holanda não culpa os estrangeiros. Ele explica como nossa mentalidade foi desenvolvida, herança da mentalidade portuguesa que desejava enriquecer sem esforço e folgar, enxergando o trabalho como castigo divino. Da mesma maneira, se diz que os americanos herdaram a mentalidade dos puritanos que fugiam da Inglaterra. Isso não é culpa, é consequência.

Quanto ao mais está corretíssimo. Todo sujeito subdesenvolvido tem por hábito culpar o competente pela sua incompetência.
MALDITO É QUEM PENSA DIFERENTE

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Huxley
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Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por Huxley »

Esse papinho que a "ideologia do ódio ao lucro" limita ou limitou nosso crescimento e desenvolvimento é conversa para boi dormir.Já li uma reportagem que diz que o Brasil é um dos países com maior índice de coeficiente de empreendedorismo do mundo e que isso se deve principalmente a necessidade de ascender socialmente e falta de oportunidade em empregos formais.Temos uma população dotada de grande espírito empreendedor, mas que não consegue deslanchar por causa dos entraves que o Estado brasileiro põe para abrir uma empresa.É só ver o número de dias que é necessário para se abrir e fechar uma empresa formal.Como quase sempre é inviável abrir uma empresa formal, os empreendedores são praticamente obrigados a viver na informalidade, onde a produtividade e a acesso ao crédito são piores.O problema é que a chance de falência precoce de uma firma nestas condições é muito maior e chega a ser admirável o número de brasileiros que se arriscam tanto assim.
Editado pela última vez por Huxley em 25 Mar 2007, 11:39, em um total de 1 vez.
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”

Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)

"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."

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zencem
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Re: Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por zencem »

Huxley escreveu:Esse papinho que a "ideologia do ódio ao lucro" limita ou limitou nosso crescimento e desenvolvimento é conversa para boi dormir.Já li uma reportagem que diz que o Brasil é um dos países com maior índice de coeficiente de empreendedorismo do mundo e que isso se deve principalmente a necessidade de ascender socialmente e falta de oportunidade em empregos formais.Temos uma população dotada de grande espírito empreendedor, mas que não consegue deslanchar por causa dos entraves que o Estado brasileiro põe para abrir uma empresa.É só ver o número de dias que é necessário para se abrir e fechar uma empresa formal.Como quase sempre é inviável abrir uma empresa formal, os empreendedores são praticamente obrigados a viver na informalidade, onde a produtividade e a acesso ao crédito são piores.O problema é que a chance de falência precoce de uma firma nestas condições é muito maior e chega a ser admirável o número de brasileiros que se arriscam tanto assim.


Aah!!! Você leu uma reportagem....!!!

Aquí é o país do desemprego, do salário humilhante para a maioria, que fica assistindo uma máfia legalizada, no poder, sugando tudo o que se paga em impostos escorchantes.

A informalidade é uma tentativa de sobrevivência, não de enriquecimento, para quem não tem outra opção digna.

O resto é miséria, comprada pelo fomiséria, e que garante essa máfia impune e no poder.


Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

- "Conhece-te a ti mesmo;
O 'Eu' é o caminho (da sabedoria)".


500 anos depois, um cara estragou tudo, tascando essa, num gesto de egolatria e auto-contemplação patológica:

- "EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA".

Deu no que deu !!! ... :emoticon147:


quereu
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Re: Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por quereu »

Huxley escreveu:Esse papinho que a "ideologia do ódio ao lucro" limita ou limitou nosso crescimento e desenvolvimento é conversa para boi dormir.Já li uma reportagem que diz que o Brasil é um dos países com maior índice de coeficiente de empreendedorismo do mundo...


Empreendedorismo é investimento. Mas o que se chama de investimento aqui no Brasil é de uma economia de recursos que fico tentado a dizer que o seu êmulo é menos a vontade diligente de empreender e mais o desejo de ganhar a qualquer custo. Não quero cometer uma injustiça, mas o que regula a vida econômica é o princípío de avareza - traço marcante que enxergo do brasileiro. Não é vontade de trabalhar, é vontade de enriquecer.

Como sempre, a nossa cultura desvirtua um conceito, dá um jeito nele, e o dobra para torná-lo a nossa cara e enchê-lo de virtude, quando na verdade é só vícios. Quando o Schumpeter criou o conceito de empreendedor nada mais distante do que o que praticamos.
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André
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Re: Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por André »

Fernando Silva escreveu:No Brasil se acredita em que há uma abundância natural de recursos que, entretanto, está toda nas mãos de uns poucos capitalistas malvados que impedem sua redistribuição e provocam a miséria generalizada.

Quando alguém batalha, poupa e consegue juntar algum patrimônio, é visto como criminoso.
Quando alguém monta uma empresa, enfrentando todos os riscos envolvidos e mais a burocracia brasileira, é visto como explorador do povo, ainda que dê empregos com carteira assinada a milhares (e muitos desses empregados verão o patrão como um explorador).


Quem nesse país consegue sucesso e patrimônio trabalhando duro e com competência merece aplausos.


O fato é que boa parte da elite é via herança, e as oligarquias rurais não trabalham duro coisa nenhuma. Mais do que isso essa lógica de culpar apenas a população mais pobre, e elogiar a elite, quando essa tem lá sua parcela de responsabilidade é injusto. As elites controlam a política, ou seja, como as coisas são feitas a muito tempo. Essa democracia representativa, parcial, com problemas e limites, é recente, e é bom lembrar isso.

Eu não tenho ódio ao lucro, mas negar a responsabilidade da nossa elite, inclusive em não desenvolver reformas necessárias ao desenvolvimento inclusive de caráter liberal é não ver a nossa história. Na nossa história uma elite conservadora tradicional, faz de tudo para conservar seus privilégios.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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André
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Re: Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por André »

quereu escreveu:O Sérgio Buarque de Holanda não culpa os estrangeiros. Ele explica como nossa mentalidade foi desenvolvida, herança da mentalidade portuguesa que desejava enriquecer sem esforço e folgar, enxergando o trabalho como castigo divino. Da mesma maneira, se diz que os americanos herdaram a mentalidade dos puritanos que fugiam da Inglaterra. Isso não é culpa, é consequência.

Quanto ao mais está corretíssimo. Todo sujeito subdesenvolvido tem por hábito culpar o competente pela sua incompetência.


Concordo somente um reparo, não é por competência que a maior parte da nossa elite é rica.E sim por herança e transferência de privilégios.

A responsabilidade não é apenas da população mais pobre.Alias se considerarmos que a elites estiveram no controle do poder político na maior parte da nossa história e tem mais poder devido a sua posição, essas tem mais responsabilidade sobre a falta de desenvolvimento.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

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Pug
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Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por Pug »

ai as raças superiores...
"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido

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Huxley
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Re: Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por Huxley »

zencem escreveu:
Huxley escreveu:Esse papinho que a "ideologia do ódio ao lucro" limita ou limitou nosso crescimento e desenvolvimento é conversa para boi dormir.Já li uma reportagem que diz que o Brasil é um dos países com maior índice de coeficiente de empreendedorismo do mundo e que isso se deve principalmente a necessidade de ascender socialmente e falta de oportunidade em empregos formais.Temos uma população dotada de grande espírito empreendedor, mas que não consegue deslanchar por causa dos entraves que o Estado brasileiro põe para abrir uma empresa.É só ver o número de dias que é necessário para se abrir e fechar uma empresa formal.Como quase sempre é inviável abrir uma empresa formal, os empreendedores são praticamente obrigados a viver na informalidade, onde a produtividade e a acesso ao crédito são piores.O problema é que a chance de falência precoce de uma firma nestas condições é muito maior e chega a ser admirável o número de brasileiros que se arriscam tanto assim.


Aah!!! Você leu uma reportagem....!!!

Aquí é o país do desemprego, do salário humilhante para a maioria, que fica assistindo uma máfia legalizada, no poder, sugando tudo o que se paga em impostos escorchantes.

A informalidade é uma tentativa de sobrevivência, não de enriquecimento, para quem não tem outra opção digna.

O resto é miséria, comprada pelo fomiséria, e que garante essa máfia impune e no poder.




Ser dono de uma firma informal não é sinônimo de ter uma empresa do tamanho de uma mercearia de esquina.E as firmas informais não crescem, e não é porque seus donos querem.Eles não crescem porque a informalidade os põe num círculo vicioso.Quando as firmas informais começam a ganhar eficiência, elas crescem, o que aumenta o risco de vigilância sobre elas.Daí como elas não podem ser maiores, não há incentivo para elas ganharem eficiência e produtividade.Elas continuam ou voltam a ser menores, o que limite sua eficiência e produtividade e assim por diante.Dêem condições para o pessoal do setor informal sair da ilegalidade, e aí veremos se não haverá um número grande de empreendedores querendo que sua empresa ganhe escala.
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”

Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)

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quereu
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Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por quereu »

André,

O maior pecado cometido pelas elites nacionais foi se ancorar no Estado para subsidiar as sua atividades e ter certo o lucro. É essa a história do Brasil: o Estado gerindo tudo e sendo controlado por uma malta corrupta e incompetente com os aplausos altissonantes da elite em busca do fácil e do certo. Atualmente o faz a elite do setor financeiro, rindo á toa com as benesses que o governo Lula lhes dá. E sempre foi assim. Essa promiscuidade com o poder, qualquer poder, de qualquer moral.
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Pug
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Re: Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por Pug »

Ateu Tímido escreveu:http://www.terra.com.br/istoe/1940/entrevista/1940_vermelhas_01.htm
"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido

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André
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Re: Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por André »

quereu escreveu:André,

O maior pecado cometido pelas elites nacionais foi se ancorar no Estado para subsidiar as sua atividades e ter certo o lucro. É essa a história do Brasil: o Estado gerindo tudo e sendo controlado por uma malta corrupta e incompetente com os aplausos altissonantes da elite em busca do fácil e do certo. Atualmente o faz a elite do setor financeiro, rindo á toa com as benesses que o governo Lula lhes dá. E sempre foi assim. Essa promiscuidade com o poder, qualquer poder, de qualquer moral.


Concordo plenamente.Alias já disse isso ao Night.O nosso povo é desinformado para se organizar e a elite acomodada com as beneces que recebe.

Vejam os cargos.É comum a indicação de gente sem competência para cargos públicos relevantes, apenas pq "conhece alguém", alias cargo público é cabide da elite há muito tempo.

Essa coisa do lucro certo é parte do problema.O lucro deve ser disputado, e ai quem tiver mais competência se mantêm.Da forma que é elites com competência duvidosa garantem um lucro com mínima competição, e travam a disputa que seria saudável para economia, mas elas temem, e por isso conservam seus privilégios.

É claro que minhas generalizações tratam da maioria e não de todos seja da elite seja dos mais pobres.
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Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

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Huxley
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Re: Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por Huxley »

quereu escreveu:
Huxley escreveu:Esse papinho que a "ideologia do ódio ao lucro" limita ou limitou nosso crescimento e desenvolvimento é conversa para boi dormir.Já li uma reportagem que diz que o Brasil é um dos países com maior índice de coeficiente de empreendedorismo do mundo...


Empreendedorismo é investimento. Mas o que se chama de investimento aqui no Brasil é de uma economia de recursos que fico tentado a dizer que o seu êmulo é menos a vontade diligente de empreender e mais o desejo de ganhar a qualquer custo. Não quero cometer uma injustiça, mas o que regula a vida econômica é o princípío de avareza - traço marcante que enxergo do brasileiro. Não é vontade de trabalhar, é vontade de enriquecer.

Como sempre, a nossa cultura desvirtua um conceito, dá um jeito nele, e o dobra para torná-lo a nossa cara e enchê-lo de virtude, quando na verdade é só vícios. Quando o Schumpeter criou o conceito de empreendedor nada mais distante do que o que praticamos.


Se empreendedorismo é investimento, então não há nada de errado de chamar um dono de mercearia da esquina da minha rua de empreendedor.Ele é um empreendedor (além de está no setor formal da economia), já que ele compra equipamentos e bens de capital.Qualquer um que já estudou macroeconomia sabe que o gasto feito por ele nesse bens é incluído no cálculo do PIB como investimento e não cmo consumo das famíilias.

Não deixa curioso você citar Schumpeter.Tal economista diz que um dono de armazém numa cidade do interior não apenas pode ser um empreendedor, mas também um monopolista.

"O dono do armazém numa cidade do interior pode ser um verdadeiro monopolista por horas ou mesmo dias quando de uma inundação.Qualquer movimento bem-sucedido pode resultar num monopólio por algum tempo".

(Schumpter,1943."Capitalismo, socialismo e democracia".Rio de Janeiro.Jorge Zahar Editor,1984;p.135,136)

Para as teorias da firmas modernas, não existe o menor sentido fazer uma separação entre empresa pequena e empresa grande.Não há limite para o crescimento da firma, já que o limite para seu crescimento é definido endogenamente, não exogenamente.Basta ver o número de empreendedores ricos que começaram com um pequeno negócio.Claro, no Brasil as condições para se premiar o empresário inovador é muito restrita, devido aos problemas que já mencionei.Daí é que se propõe modelos schumpeterianos adaptados para os países subdesenvolvidos.

Quanto a restrição da "vontade de enriquecer" dos empreendedores informais, isso se deve as condições extremamente inadequadas para se fazer isso no Brasil, como já mencionei no post anterior.
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”

Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)

"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."

John Maynard Keynes

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Samael
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Re: Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por Samael »

Huxley escreveu:Esse papinho que a "ideologia do ódio ao lucro" limita ou limitou nosso crescimento e desenvolvimento é conversa para boi dormir.Já li uma reportagem que diz que o Brasil é um dos países com maior índice de coeficiente de empreendedorismo do mundo e que isso se deve principalmente a necessidade de ascender socialmente e falta de oportunidade em empregos formais.Temos uma população dotada de grande espírito empreendedor, mas que não consegue deslanchar por causa dos entraves que o Estado brasileiro põe para abrir uma empresa.É só ver o número de dias que é necessário para se abrir e fechar uma empresa formal.Como quase sempre é inviável abrir uma empresa formal, os empreendedores são praticamente obrigados a viver na informalidade, onde a produtividade e a acesso ao crédito são piores.O problema é que a chance de falência precoce de uma firma nestas condições é muito maior e chega a ser admirável o número de brasileiros que se arriscam tanto assim.


Entenda uma coisa, Huxley. Boa parte do mundo é pobre e miserável PORQUE QUER.

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Ateu Tímido
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Re: Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por Ateu Tímido »

Samael escreveu:
Huxley escreveu:Esse papinho que a "ideologia do ódio ao lucro" limita ou limitou nosso crescimento e desenvolvimento é conversa para boi dormir.Já li uma reportagem que diz que o Brasil é um dos países com maior índice de coeficiente de empreendedorismo do mundo e que isso se deve principalmente a necessidade de ascender socialmente e falta de oportunidade em empregos formais.Temos uma população dotada de grande espírito empreendedor, mas que não consegue deslanchar por causa dos entraves que o Estado brasileiro põe para abrir uma empresa.É só ver o número de dias que é necessário para se abrir e fechar uma empresa formal.Como quase sempre é inviável abrir uma empresa formal, os empreendedores são praticamente obrigados a viver na informalidade, onde a produtividade e a acesso ao crédito são piores.O problema é que a chance de falência precoce de uma firma nestas condições é muito maior e chega a ser admirável o número de brasileiros que se arriscam tanto assim.


Entenda uma coisa, Huxley. Boa parte do mundo é pobre e miserável PORQUE QUER.


Esseé o único jeito de quem pensa assim conseguir se sentir superior a alguém... :emoticon13: :emoticon131:

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Samael
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Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por Samael »

Na verdade, não, é um jeito prático de retirar o estigma da pobreza do próprio capitalismo e atirá-lo aos governos e a determinadas "mentalidades".

E nisso, não conta a abertura de portos do Collor, não conta o fato de lidarmos com empresas estrangeiras aqui mesmo na época de colônia, não conta o fato das privatizações em massa de FHC.

Somos os eternos esquerdistas com ódio ao lucro. Ódio esse, aliás, que eu não vi em lugar nenhum.

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Fernando Silva
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Re: Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por Fernando Silva »

André escreveu:Eu não tenho ódio ao lucro, mas negar a responsabilidade da nossa elite, inclusive em não desenvolver reformas necessárias ao desenvolvimento inclusive de caráter liberal é não ver a nossa história. Na nossa história uma elite conservadora tradicional, faz de tudo para conservar seus privilégios.

Não confundir a elite que chegou ao poder com a capitanias hereditárias, e nunca mais o largou, com os empreendedores, os que realmente criam riquezas novas.

A velha elite é uma espécie de remanescente da nobreza por direito divino, que acha indigno trabalhar e vive de manipular o poder, bloqueando tudo o que se faz para melhorar o país.

Estranhamente, nunca são atacados pela esquerda.

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Fernando Silva
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Re: Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por Fernando Silva »

quereu escreveu:O Sérgio Buarque de Holanda não culpa os estrangeiros. Ele explica como nossa mentalidade foi desenvolvida, herança da mentalidade portuguesa que desejava enriquecer sem esforço e folgar, enxergando o trabalho como castigo divino. Da mesma maneira, se diz que os americanos herdaram a mentalidade dos puritanos que fugiam da Inglaterra. Isso não é culpa, é consequência.

No Brasil, de mentalidade católica, riqueza é vista como pecaminosa.
Nos EUA, a mentalidade calvinista permite que se enriqueça sem culpa.
Aqui, os ricos são odiados. Lá, são admirados.
Aqui, o trabalho é coisa de gentinha. Lá, é uma virtude.
Pode ser uma generalização, mas explica muita coisa.

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Ateu Tímido
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Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por Ateu Tímido »

Como se a Europa não estivesse cheia de países católicos...
E, sim, é uma generalização.

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Samael
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Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por Samael »

A Ética Protestante Weberiana explicando um certo "motor desenvolvimentista" nos EUA é de uma forçação absoluta. Os EUA tiveram duas guerras mundiais nas costas onde praticamente só tiveram lucros. Não houve ataque a seu parque industrial, eles alimentaram todo o mercado europeu até a reabilitação da Europa no cenário econômico mundial.

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André
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Re: Re.: O Ódio ao Lucro e a Pobreza Nacional

Mensagem por André »

Fernando Silva escreveu:
André escreveu:Eu não tenho ódio ao lucro, mas negar a responsabilidade da nossa elite, inclusive em não desenvolver reformas necessárias ao desenvolvimento inclusive de caráter liberal é não ver a nossa história. Na nossa história uma elite conservadora tradicional, faz de tudo para conservar seus privilégios.

Não confundir a elite que chegou ao poder com a capitanias hereditárias, e nunca mais o largou, com os empreendedores, os que realmente criam riquezas novas.

A velha elite é uma espécie de remanescente da nobreza por direito divino, que acha indigno trabalhar e vive de manipular o poder, bloqueando tudo o que se faz para melhorar o país.

Estranhamente, nunca são atacados pela esquerda.


Não sei de que esquerda vc está falando.Pq eu sempre critiquei essa elite tradicional, a que vc chama de "Velha elite".Os empreendedores, e os chamados empresários nacionalistas pelo desenvolvimento, esses em vários momentos estiveram aliados da esquerda democrática.Pessoalmente vejo esses como aliados, contra o autoritarismo e conservadorismo que graça o país.Podemos discordar em algumas coisas mas estamos em comum acordo contra a elite tradicional e seus privilégios.Assim como a necessidade de formar um mercado nacional mais forte e independente.

Rômulo Almeida economista de esquerda fala em "Voltado para o Futuro" as alianças com o empresariado empreendedor possibilitou iniciativas importantes como o Pólo Petroquímico de Camaçari.Claro que esses estão submetidos aos interesses do bem comum, mas tem esse critério em vista, benefícios e lucros são absolutamente legítimos e ajudam.O lucro em si nunca foi problema, e sim a visão que apenas o lucro interessa, passando por cima das leis, e do interesse coletivo.Essa visão é problemática.Como a "vencer a qualquer custo" pois nessa honra, retidão, e qualquer projeto que leve em conta melhorar a vida de todos, se perde de vista.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

Trancado