Acauan escreveu:Se podemos tentar um Estado que administre eficazmente o aborto legalizado e ainda reprima eficazmente o aborto clandestino,
Na verdade se o aborto fosse lícito até determinado período da gestação e ilícito após esse termo final, a estatística de aborto ilícito tenderia a inexistente simplesmente porque as mulheres que optassem pela prática abortiva já o teriam feito durante o período lícito. Não há porque supôr que haveria mulheres que esperariam a gestação alcançar o terceiro ou quarto mês pra DEPOIS se decidirem pelo aborto. Não considero portanto isso relevante nesse cenário hipotético. E se eu não considero, é porque não é relevante. E ninguém deve considerar isso relevante. Jamais.
Acauan escreveu:por que não tentar o Estado que reprime eficazmente o aborto clandestino e presta assistência suficiente à gestante sem recorrer ao aborto, inclusive facilitando a adoção, em último caso?
Sinceramente, não creio que haja nenhuma maneira realmente eficaz de um Estado democrático de Direito reprimir o aborto. Um dos princípios de um Estado desses é o de que ninguém pode produzir prova contra si mesmo, e portanto a abortante não estaria obrigada a se submeter a perícia pra produção de prova do seu crime, prova essa que precisaria ser suprida por indícios ou por testemunhas, o que é sempre trabalhoso demais no caso de crimes não-transeuntes (crimes que deixam vestígios materiais de sua ocorrência), pros quais o laudo pericial é quase sempre fundamental. É por isso que a casuística judiciária do aborto é praticamente zero, pode-se vasculhar e vasculhar jurisprudências do Brasil inteiro e vai se encontrar pouquíssimos casos de júri por aborto. No máximo encontram-se algumas condenações a médicos que faziam do aborto uma atividade corriqueira, por causa da apreensão no local das práticas de objetos destinados a esse uso e também por haver prova testemunhal mais abundante, mas condenação de mulher abortante provavelmente não existe um caso sequer há décadas no Brasil.
Além disso, francamente, pra quê escrever 784 páginas pra arruinar o Flush e depois dizer que os fetos gerados por estupro são menos importantes, menos indivíduos, menos vida, menos fofitchos, etc, porque misteriosamente a "humanidade intrínseca" de todo fetchenho é "menos humana" nesses fetchenhos específicos? Tsc, tsc, francamente. Olha, sinceramente, vou te dizer, francamente, honestamente, faça-me uma garapa. Quem concorda comigo que isso destrói toda a panca de defensor de Dominó-eu-tô-na-guerra-pela-vida de alguém, levante a mão. 1, 2, 3... 47 a 3. Sinto muito, Acauan, isso dói muito mais em mim do que em você, dói mais do que a nova crise dos aeroportos, mas tenho que continuar DESTRUINDO você, não tenho escolha. É algo além de mim, uma força que me guia.
Por isso uma força me leva a te destruir... por isso essa força estranha no ar... por isso é que eu te destruo, não posso parar... por isso esses posts tamanhos!