Benetton escreveu:Ok. Deixemos as outras considerações de lado. Se há um consenso de que João Paulo II não era um grande teólogo ( sinceramente, nunca tinha ouvido uma afirmação dessa antes ), então ele poderia errar em suas teses. O que acho estranho, é que não precisa ser um papa para saber que não se pode contrariar um dogma, sob o risco da pena herética. Qualquer católico sabe disso. E com certeza o papa JP II também sabia. No entanto, ele enfrentou toda a Cúria, contrariou interesses milenares da sua igreja e, independente de seus pares tradicionalistas, pronunciou-se acerca desse controvertido tema e surpreendeu todos os fiéis. E dentro em breve será canonizado ...
Sua canonização baterá rercordes, pois nenhum outro, foi agraciado em tão pouco tempo. São João P II ...
Sim. João Paulo não era um grande teólogo. E no Concílio vaticano II sempre esteve ao lado dos derrotados. Ao contrário de Ratzinger. O que o fez ascender foi o seu carisma pessoal.
Quanto a ser canonizado, quando a Igreja eleva alguém aos altares não significa, absolutamente, que tenha sido um exemplo de perfeição teológica, antes, um exemplo de vida cristã. Há até santos que tiveram obras pessoais com leitura rejeitada pela Igreja, mas se destacaram pelas suas virudes e/ou morreram martirizados. Ou seja, canonizar JPII não significa elevar ao estado de verdade suas idéias.
E contrariar um dogma nem sempre é considerado herege.
Bom, quanto a Pedro ter sido papa, acho isso bem interessante. Acho que nem ele sabia disso.
A palavra papa teve origem do latim "papas", variante de pappos: o avô, o antepassado. Porém somente a partir do século VI é que adquiriu a conotação atual, ou seja, o Sumo Pontífice. Alguns estudiosos vêem no termo papa uma referência direta ao deus frígio Átis. Então como Pedro, no século I, já poderia ser considerado um papa de uma igreja que nem existia como organização formal ?
Mesmo que Santo Inácio de Antioquia, no século I, tenha utilizado pela primeira vez o termo "católica", a igreja não existia como entidade constituída.
Há que se ressaltar que, igreja naquela época não era a igreja que entendemos hoje, pois se lermos os Evangelhos duma ponta à outra veremos que a palavra «Igreja», no sentido que hoje lhe damos, nem sequer neles é mencionada exceto por aproximação e apenas três vezes em dois versículos no Evangelho de Mateus (Mt 16, 18 e Mt 18, 17), pois a palavra grega original, usada por Mateus, ekklêsia, significa simplesmente «assembleia de convocados», neste caso a comunidade dos seguidores da doutrina de Jesus, ou a sua reunião num local, geralmente em casas particulares onde se liam as cartas e as mensagens dos apóstolos. Sabemos pelo testemunho de outros textos do Novo Testamento, já que os Evangelhos a esse respeito são omissos. Veja por exemplo, a epístola aos Romanos (16, 5) onde Paulo cita o agrupamento (ekklêsia) que se reunia na residência dum casal de tecelões, Aquila e Priscila, ou a epístola a Filémon (1, 2) onde o mesmo Paulo saúda a ekklêsia que se reunia em casa do dito Filémon; num dos casos, como lemos na epístola de Tiago (2, 2), essa congregação cristã é designada por «sinagoga». Nada disto tem a ver, portanto, com a imponente Igreja católica enquanto instituição formal estruturada e oficializada, sobretudo a partir do Concílio de Nícéia, presidido pelo Imperador Constantino, mais de 300 anos após a morte de Cristo.
Quanto à passagem exaustivamente usada na Bíblia para justificar Pedro como fundador da Igreja, temos incontáveis interpretações : "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja" (Mt 16,18). Existe inúmeras controvérsias sobre o real significado dessa passagem. Possuo interpretações de várias correntes e muitas apontam a Cristo como a verdadeira pedra de fundação. Resumindo :
Quando Cristo falou “...esta pedra...” não estava se referindo a Pedro, mas sim à anterior declaração de Pedro a respeito de Jesus – “Tu és o Cristo, O Filho do Deus vivo”. Cristo é a pedra fundamental da igreja. Paulo afirmou: “Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já esta posto, o qual é Jesus Cristo.” (I Co 3.11). No grego, a palavra Pedro é petros, do gênero masculino, enquanto pedra ou rocha é petra, do gênero feminino. O que Cristo disse: “Tu és Petros (masculino), e sobre esta petra (feminino) eu edificarei a minha igreja.”
“Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posto como cabeça de esquina” (At 4.11).
O fato de não se usar antes o titulo de papa ou de católica, em principio, não significa absolutamente nada.
A liderança de Pedro sobre os 12 é clara. Observe que quando chegou com João na túmulo de Jesus, João o aguradou para que então pudessem entrar. Ou quando Pedro tomou para si o dever de defender Jesus.
Mais claro ainda é pelo fato de que é o único que tem o nome trocado por Jesus: de Simão para Pedro. Qualquer bibliófilo sabe que coisa semelhante se dera com Jacó (Israel) e com Abrão (Abraão). E sabem o que essa mudança significa. Qualquer bibliofilo sabe, ainda, que a casa de Pedro é a única onde Jesus se hospedou dentre os 12, bem como que Jesus preferiu subir à barca de Pedro. Sabe, ainda, que quando foi cobrado por não pagar impostos, Jesus operou um milagre e pagou por si e por Pedro, apenas por Pedro.
E muito me admira que tenhas recorrido a um texto protestante para defender sua tese.

Esse texto é um dos meus "favoritos", já que, para que fosse verdadeiro, Jesus teria que ser esquizofrênico. Veja a contradição:
Pedro tu és pedra. Mas não há absolutamente qualquer motivo para eu ter dito que você é pedra, porque é sobre mim, e não sobre você, que edificarei, eu mesmo, a minha igreja...

Há alguma coerência?
