Senhor Jesuis Quer Sua Grana
- RicardoVitor
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Senhor Jesuis Quer Sua Grana
Senhor Jesuis Quer Sua Grana
Janer Cristaldo
Por vezes, nas madrugadas, dedico alguns bons minutos aos programas dos pastores evangélicos que inundam a televisão aberta. É prática que recomendo ao leitor. Se as novelas consistem em ficções bobas para agrado de desmiolados, nos programas religiosos não há ficção alguma. É a realidade nua e crua: hábeis comunicadores extorquindo o último centavo de uma massa de crentes analfabetos ou semi-alfabetizados. Há milagres a granel. Pelo simples fato de comparecer ao culto, paralíticas passam a caminhar, ceguinhas passam a ver, cancerosos se curam de câncer, aidéticos se curam de Aids. Expulsam-se também demônios do corpo de endemoniados. Aleluia! Louvado seja o Senhor Jesuis!
Confesso que até hoje não entendi esse “senhor Jesuis”. Talvez seja recurso fonético dos pastores da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) para diferenciar-se das vigarices milenares daqueles outros da ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana) , que por sua também exploram o cadáver do Senhor Jesus. Sem o "i". O programa que mais me fascina é aquele da IURD, o Congresso Empresarial dos 318 pastores. São 318 pastores que intercedem ante o Altíssimo pela sua fortuna e prosperidade. E porque 318? Porque no Gênesis lemos:
"Ouvindo, pois, Abrão, que seu irmão estava preso, levou os seus homens treinados, nascidos em sua casa, em número de trezentos e dezoito, e perseguiu os reis até Dã. Dividiu-se contra eles de noite, ele e os seus servos, e os feriu, perseguindo-os até Hobá, que fica à esquerda de Damasco. Assim tornou a trazer todos os bens, e tornou a trazer também a Ló, seu irmão, e os bens dele, e também as mulheres e o povo".
O roteiro é divino. Público alvo, pequenos e médios empresários. De preferência, empresárias. Você tem uma dívida de três milhões de reais? Basta pedir a intercessão dos 318 pastores e dia seguinte você está fora do vermelho e cheio de grana no bolso. Você tem um carro caindo aos pedaços que não lhe dá nenhum prestígio? Freqüente as vigílias e logo o bom Deus lhe dará uma BMW. Os depoimentos se multiplicam e as benesses são sempre as mesmas: prosperidade na empresa, dinheiro na conta corrente, carro novo, casa na praia, jardim e piscina, em suma, todas essas pequenas ambições da pequena burguesia ascendente. A "reportagem" se dá ao luxo de entrevistar os abençoados por Deus no estacionamento do templo. Cada um, cada uma, sentado ao volante de um flamante carro de prestígio. Graças ao Senhor Jesuis!
Por enquanto, ainda não ouvi: "Depois que encontrei o senhor Jesuis, fiz um cruzeiro pelas ilhas gregas!" Como só vejo esporadicamente tais programas, não duvido que tal depoimento já tenha ocorrido. Se não ocorreu, ocorrerá. O Senhor Jesuis faz maravilhas.
Perplexo! É como fico. Não se vê um só assento vazio nos templos. Vazia deve ser a vida daquelas quatro ou cinco mil pessoas que lotam cada galpão. Que perdem noites de repouso ou lazer, convivência com a família, para ouvir o bíblico besteirol de um vigarista bem falante. Não por acaso evangélicos e católicos estão agora disputando acirradamente as mentes dos bugres no Brasil. Os criadores de religiões desde há muito sabem que, nos dias atuais, só podem esperar colheita se semearam entre os brutos. Nestes dias em que a Polícia Federal parece ter tomado vergonha e está colocando juízes e desembargadores na cadeia, é difícil entender como os 318 pastores ainda não estão vendo o sol quadrado. Ou será que temos de esperar que a polícia americana ponha estes senhores onde merecem estar?
Não bastasse esta exploração vil dos baixos instintos do povo, que constitue crime óbvio contra a economia popular, um destes senhores, o senador Marcelo Crivella, pastor da IURD, quer agora enfiar a mão no bolso inclusive dos não-crentes. Não bastasse esta corrupção propiciada pela lei Rouanet, que permite o financiamento do teatro, do cinema e agora da literatura pelo contribuinte, o pastor Crivella considera que as religiões estão entre os elementos culturais de uma nação. E apresentou projeto no sentido de que a lei Rouanet passe a despejar abundantes benesses sobre os templos da IURD.
A propósito, o senador e pastor começa a surgir como um dos personagens da operação Hurricane, que está desmantelando a máfia dos bingos e caça-níqueis no país. Íntimo do juiz Ernesto Dória, desembargador do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, que hoje curte o xilindró, Crivella chegou a sugerir-lhe que se candidatasse a "vereador ou deputado pela nossa Igreja", a IURD. Em um dos diálogos grampeados pela Polícia Federal, o ilibado juiz comenta que se Lula vencesse a disputa no Rio, Crivella sairia fortalecido. "Tá colocando 4 milhões e meio de gente, quase 5, pra votar no Lula. Tá uma máfia humana".
Como se algum animal organizasse máfias! É claro que o Supremo Apedeuta será sensível a tal afago. O projeto do senador e pastor já foi aprovado pela Comissão de Educação do Senado. A matéria vai a plenário e ainda precisa ser votada na Câmara.
28/04/2007
http://www.rplib.com.br/artigos_detalhe ... texto=4489
Janer Cristaldo
Por vezes, nas madrugadas, dedico alguns bons minutos aos programas dos pastores evangélicos que inundam a televisão aberta. É prática que recomendo ao leitor. Se as novelas consistem em ficções bobas para agrado de desmiolados, nos programas religiosos não há ficção alguma. É a realidade nua e crua: hábeis comunicadores extorquindo o último centavo de uma massa de crentes analfabetos ou semi-alfabetizados. Há milagres a granel. Pelo simples fato de comparecer ao culto, paralíticas passam a caminhar, ceguinhas passam a ver, cancerosos se curam de câncer, aidéticos se curam de Aids. Expulsam-se também demônios do corpo de endemoniados. Aleluia! Louvado seja o Senhor Jesuis!
Confesso que até hoje não entendi esse “senhor Jesuis”. Talvez seja recurso fonético dos pastores da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) para diferenciar-se das vigarices milenares daqueles outros da ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana) , que por sua também exploram o cadáver do Senhor Jesus. Sem o "i". O programa que mais me fascina é aquele da IURD, o Congresso Empresarial dos 318 pastores. São 318 pastores que intercedem ante o Altíssimo pela sua fortuna e prosperidade. E porque 318? Porque no Gênesis lemos:
"Ouvindo, pois, Abrão, que seu irmão estava preso, levou os seus homens treinados, nascidos em sua casa, em número de trezentos e dezoito, e perseguiu os reis até Dã. Dividiu-se contra eles de noite, ele e os seus servos, e os feriu, perseguindo-os até Hobá, que fica à esquerda de Damasco. Assim tornou a trazer todos os bens, e tornou a trazer também a Ló, seu irmão, e os bens dele, e também as mulheres e o povo".
O roteiro é divino. Público alvo, pequenos e médios empresários. De preferência, empresárias. Você tem uma dívida de três milhões de reais? Basta pedir a intercessão dos 318 pastores e dia seguinte você está fora do vermelho e cheio de grana no bolso. Você tem um carro caindo aos pedaços que não lhe dá nenhum prestígio? Freqüente as vigílias e logo o bom Deus lhe dará uma BMW. Os depoimentos se multiplicam e as benesses são sempre as mesmas: prosperidade na empresa, dinheiro na conta corrente, carro novo, casa na praia, jardim e piscina, em suma, todas essas pequenas ambições da pequena burguesia ascendente. A "reportagem" se dá ao luxo de entrevistar os abençoados por Deus no estacionamento do templo. Cada um, cada uma, sentado ao volante de um flamante carro de prestígio. Graças ao Senhor Jesuis!
Por enquanto, ainda não ouvi: "Depois que encontrei o senhor Jesuis, fiz um cruzeiro pelas ilhas gregas!" Como só vejo esporadicamente tais programas, não duvido que tal depoimento já tenha ocorrido. Se não ocorreu, ocorrerá. O Senhor Jesuis faz maravilhas.
Perplexo! É como fico. Não se vê um só assento vazio nos templos. Vazia deve ser a vida daquelas quatro ou cinco mil pessoas que lotam cada galpão. Que perdem noites de repouso ou lazer, convivência com a família, para ouvir o bíblico besteirol de um vigarista bem falante. Não por acaso evangélicos e católicos estão agora disputando acirradamente as mentes dos bugres no Brasil. Os criadores de religiões desde há muito sabem que, nos dias atuais, só podem esperar colheita se semearam entre os brutos. Nestes dias em que a Polícia Federal parece ter tomado vergonha e está colocando juízes e desembargadores na cadeia, é difícil entender como os 318 pastores ainda não estão vendo o sol quadrado. Ou será que temos de esperar que a polícia americana ponha estes senhores onde merecem estar?
Não bastasse esta exploração vil dos baixos instintos do povo, que constitue crime óbvio contra a economia popular, um destes senhores, o senador Marcelo Crivella, pastor da IURD, quer agora enfiar a mão no bolso inclusive dos não-crentes. Não bastasse esta corrupção propiciada pela lei Rouanet, que permite o financiamento do teatro, do cinema e agora da literatura pelo contribuinte, o pastor Crivella considera que as religiões estão entre os elementos culturais de uma nação. E apresentou projeto no sentido de que a lei Rouanet passe a despejar abundantes benesses sobre os templos da IURD.
A propósito, o senador e pastor começa a surgir como um dos personagens da operação Hurricane, que está desmantelando a máfia dos bingos e caça-níqueis no país. Íntimo do juiz Ernesto Dória, desembargador do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, que hoje curte o xilindró, Crivella chegou a sugerir-lhe que se candidatasse a "vereador ou deputado pela nossa Igreja", a IURD. Em um dos diálogos grampeados pela Polícia Federal, o ilibado juiz comenta que se Lula vencesse a disputa no Rio, Crivella sairia fortalecido. "Tá colocando 4 milhões e meio de gente, quase 5, pra votar no Lula. Tá uma máfia humana".
Como se algum animal organizasse máfias! É claro que o Supremo Apedeuta será sensível a tal afago. O projeto do senador e pastor já foi aprovado pela Comissão de Educação do Senado. A matéria vai a plenário e ainda precisa ser votada na Câmara.
28/04/2007
http://www.rplib.com.br/artigos_detalhe ... texto=4489
Logical, responsible, practical.
Clinical, intellectual, cynical.
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Acceptable, respectable, presentable, a vegetable!
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- Ateu Tímido
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Re.: Senhor Jesuis Quer Sua Grana
Por mais reacionário que seja, o "Satanaldo" era o que havia de menos desinteressante no M* sem Mosca. Era... Até brigar com o Olavo.
- RicardoVitor
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Re.: Senhor Jesuis Quer Sua Grana
Projeto do senador Crivella inclui igrejas na Lei Rouanet
O Globo - RJ, Adriana Vasconcelos, 18/04/2007
O Senado está a um passo de aprovar um projeto de lei, de autoria do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que inclui as igrejas entre as beneficiárias do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Mais conhecido como Lei Rouanet, aprovado em 1991 pelo Congresso Nacional, o Pronac permite que empresas invistam em projetos culturais até 4% do equivalente ao Imposto de Renda devido.
— Nada expressa melhor a formação de nossa cultura que o caldeamento das diversas religiões, seitas, cultos e sincretismos que moldaram o processo civilizatório nacional — argumenta Crivella, sobrinho de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus.
O projeto chegou a ser aprovado em caráter terminativo na Comissão de Educação, mas um recurso para que fosse apreciado pelo plenário impediu que seguisse para a Câmara. Uma emenda apresentada pelo senador Sibá Machado (PT-AC) obrigou a volta do texto para a comissão.
Ainda precisará ser votado no plenário do Senado e depois ir à Câmara.
Como o projeto original fazia referência apenas a “templos”, sem especificar sua natureza, ao estender a eles os benefícios da Lei Rouanet, o senador Sibá considerou necessário acrescentar um adendo. A emenda, que teve o parecer favorável do senador Paulo Paim (PT-RS), foi aprovada ontem pela Comissão de Educação e deixa mais claro que o Pronac poderá ser usado para contemplar não só museus, bibliotecas, arquivos e entidades culturais, como também “templos de qualquer natureza ou credo religioso”.
A proposta agora segue novamente para o plenário, onde alguns senadores prometem reagir contra a idéia. Para o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), o projeto é absurdo, na medida que abre uma brecha para entidades religiosas de caráter duvidoso serem beneficiadas com recursos que deveriam ser aplicados efetivamente em projetos culturais.
— Isso é um absurdo porque permite que a gente comece a dividir recursos que deveriam ser destinados para a arte e a cultura. E abre brecha para o uso indevido desses recursos.
No país, existem igrejas e templos de todos os tipos, inclusive alguns sob suspeita — criticou Tasso, prometendo mobilizar o PSDB contra a proposta.
http://www.cultura.gov.br/noticias/na_m ... 1&c=1&pb=1
O Globo - RJ, Adriana Vasconcelos, 18/04/2007
O Senado está a um passo de aprovar um projeto de lei, de autoria do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que inclui as igrejas entre as beneficiárias do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Mais conhecido como Lei Rouanet, aprovado em 1991 pelo Congresso Nacional, o Pronac permite que empresas invistam em projetos culturais até 4% do equivalente ao Imposto de Renda devido.
— Nada expressa melhor a formação de nossa cultura que o caldeamento das diversas religiões, seitas, cultos e sincretismos que moldaram o processo civilizatório nacional — argumenta Crivella, sobrinho de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus.
O projeto chegou a ser aprovado em caráter terminativo na Comissão de Educação, mas um recurso para que fosse apreciado pelo plenário impediu que seguisse para a Câmara. Uma emenda apresentada pelo senador Sibá Machado (PT-AC) obrigou a volta do texto para a comissão.
Ainda precisará ser votado no plenário do Senado e depois ir à Câmara.
Como o projeto original fazia referência apenas a “templos”, sem especificar sua natureza, ao estender a eles os benefícios da Lei Rouanet, o senador Sibá considerou necessário acrescentar um adendo. A emenda, que teve o parecer favorável do senador Paulo Paim (PT-RS), foi aprovada ontem pela Comissão de Educação e deixa mais claro que o Pronac poderá ser usado para contemplar não só museus, bibliotecas, arquivos e entidades culturais, como também “templos de qualquer natureza ou credo religioso”.
A proposta agora segue novamente para o plenário, onde alguns senadores prometem reagir contra a idéia. Para o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), o projeto é absurdo, na medida que abre uma brecha para entidades religiosas de caráter duvidoso serem beneficiadas com recursos que deveriam ser aplicados efetivamente em projetos culturais.
— Isso é um absurdo porque permite que a gente comece a dividir recursos que deveriam ser destinados para a arte e a cultura. E abre brecha para o uso indevido desses recursos.
No país, existem igrejas e templos de todos os tipos, inclusive alguns sob suspeita — criticou Tasso, prometendo mobilizar o PSDB contra a proposta.
http://www.cultura.gov.br/noticias/na_m ... 1&c=1&pb=1
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- RicardoVitor
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Re.: Senhor Jesuis Quer Sua Grana
acabou... perdi. 

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Re.: Senhor Jesuis Quer Sua Grana
Lamentável. Jô rabiscou, mas logo se dobrou à "simpatia" e à lábia do Senador. Raso raso.



Re.: Senhor Jesuis Quer Sua Grana
Também assisti, Crivella disse que os recursos seriam destinados a templos históricos
BALELA. Falou-se também do homossexualismo quando crivella deixou claro o preconceito "homossexualismo é pecado"
BALELA. Falou-se também do homossexualismo quando crivella deixou claro o preconceito "homossexualismo é pecado"
Deus é um só...
...mas com várias caras: uma para cada religião
O homem é um animal inteligente o bastante para criar o seu próprio criador
Ei, porque acreditar em alguem que pune todos os descendentes e também todos os animais por causa da desobediência de dois indivíduos?
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Re.: Senhor Jesuis Quer Sua Grana



igrejolas pelo brasil a fora já causam enormes prejuizos economicos...
e agora estão inventando de desviar recursos publicos para alimentanhar a "orgia" capitalista dessas igrejolas e os bolsos de seus picaretíssimos lideres...
Vendo a justificável insistência de todos, humildemente sou forçado à admitir que sou um cara incrível !
Re.: Senhor Jesuis Quer Sua Grana
Sendo um só orando Deus pode não ouvir, mas sendo 318...
Deus é um só...
...mas com várias caras: uma para cada religião
O homem é um animal inteligente o bastante para criar o seu próprio criador
Ei, porque acreditar em alguem que pune todos os descendentes e também todos os animais por causa da desobediência de dois indivíduos?
Re: Re.: Senhor Jesuis Quer Sua Grana
Cabula escreveu:Sendo um só orando Deus pode não ouvir, mas sendo 318...
318, sem falar no barulho ensurdecedor que eles fazem



marta
Se deus fosse bom, amá-lo não seria mandamento.
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Re.: Senhor Jesuis Quer Sua Grana
TV & RELIGIÃO
Joaquim Ferreira dos Santos
"O Senhor das Luzes contra o Pai do Encosto", copyright no. (http://www.no.com.br), 17/01/02
"Vinte e sete caroços desapareceram do corpo de 24 pessoas - uma delas tinha três - na terça-feira pela manhã durante culto evangélico no programa Igreja da Graça em seu Lar, transmitido pela RedeTV! e CNT. Um dos caroços teria o tamanho de uma laranja e estava no bíceps de uma senhora. Outro teria o volume de um limão e estava no cangote de um senhor.
Dez pessoas deram testemunho de que uma insistente dor na nuca passara poucos segundos atrás depois que ouviram a oração do Pastor Jaime, nove outras relataram o súbito desaparecimento do mal da 'vista embaçada' e uma senhora informou que ficou com o bumbum mais firme e as coxas mais bem torneadas - mas essa, desculpem nossa falha técnica, já agradecia ao método de ginástica passiva Elysée Belt Plus e seu depoimento fazia parte de um dos quadros do Brazil Connection, o programa de vendas que vem logo depois da Igreja da Graça em seu Lar.
A propaganda, a alma do negócio, e a Igreja da Graça, o negócio da alma, estão juntas todas as manhãs para fornecer o trash, o creme-do-creme-podre, na televisão. Os mais espertos perceberão que poderia ser um único programa.
‘Deus chamou você para ser associado e colaborar com 50, 100 ou mais reais para a continuação desta obra’, diz o pastor Jaime segurando uns boletos bancários do Bradesco. ‘Não quer dizer que você vá ficar curado de suas dores e de suas dívidas financeiras, mas Deus dá condições a quem é associado. Não protele, assine agora e seja associado’.
Em seguida, o pastor Jaime passa o microfone pela igreja em busca de depoimentos de evangélicos que já experimentaram o método associado de juntar o pão do espírito ao mel do contracheque: ‘Onze pessoas foram demitidas no trabalho do meu filho. Ele não’, agradece uma velhinha devota do boleto de Deus. ‘Eu consegui a graça de um emprego de 7 às 13 horas, que era o que eu queria, e dobrei minha colaboração de associada. E o dinheiro todo mês ainda me sobra’, diz outra senhora.
Os fiéis desta igreja não só acreditam que Deus exista como parecem achar muito natural que ele esteja fazendo um bico no departamento de marketing da agência de publicidade.
O programa Brazil Connection entra logo em seguida prometendo mais milagres. Não se ganha dinheiro, ganha-se no máximo alguns fios de cabelo se você comprar - ‘ligue agora!’ - o kit capilar da Hairsink, produzido na Finlândia, ‘o maior centro de combate à calvície do mundo’. Sai o pastor Jaime, entra a Feiticeira Joana Prado - mas as promessas de que o paraíso está próximo, e nem custa tão caro assim, continuam. ‘Usando o novo exercitador por apenas 15 minutos ao dia, você emagrece e massageia a musculatura, dissolvendo nódulos de tensão e stress’ - diz a Feiticeira enquanto a imagem mostra seu bumbum vibrando feliz ao sabor dos choques do método de ginástica passiva Elysée Belt Plus.
‘Eu tinha, como todo mundo, uns probleminhas com uns pneuzinhos na cintura’, diz um tal de Jay Horn, americano, com a ajuda da incrível dublagem desincronizada que inspirou o Fucker e Sucker do Casseta, ‘mas depois que passei a usar o Abtronic, reduzi muitos centímetros e a minha mulher adorou. Eu também.’
O pastor e a Feiticeira foram se encontrar nas manhãs da CNT e da RedeTV! por causa do aluguel barato dos horários. Mas não só. Por mais que a princípio pareça estar o primeiro vendendo a salvação e a segunda, a perdição, eles estão no mesmo barco da camelotagem eletrônica. É um grande momento do humor televisivo vê-los juntos na grade de programação das sub-redes nacionais. Trancados durante 45 dias numa hipotética 'Feira dos Artistas', Feiticeira e Pastor ficariam logo amiguinhos, mas não repetiriam Bárbara e Supla fazendo cabaninha com o edredon. Eles venderiam imediatamente o edredon.
Duelo mesmo, com o bem de um lado e o mal do outro, entra no ar em seguida, às 13 horas, na Record. Já houve Marlene e Emilinha, o Dragão da Maldade contra o Santo Guereiro, Verdugo contra Ted Boy Marino, Collor versus Lula. O pastor Fernando atualiza essas batalhas da comédia brasileira apresentando todos os dias o duelo do Senhor da Luz contra o Pai do Encosto. Seu marido foi embora? Está sem emprego? Dói-lhe a barriga? Tudo culpa dele. O Encosto.
Não há qualquer informação sobre o que aconteceu com o Diabo, mas deve ter sido alguma coisa muito grave porque não se fala mais Dele nos programas evangélicos. O novo príncipe das trevas é o Encosto. Ainda não há representação gráfica, nada de chifres e rabinhos por enquanto. Mas trata-se do novo maior aprontador da paróquia. Nem o Vampeta fez pior no Flamengo. Era ele, o Encosto, quem estava por trás, no programa de terça-feira, do estranho hábito da ‘amiga de Niterói’, ouvida por telefone, comer tijolo nos intervalos dos 12 maços de cigarro que fuma por dia. Os relatos são feitos em tom dramático. Foi o Encosto também o responsável pela ‘amiga do Jacaré’ ter ido à falência com sua lojinha de roupas.
Pastor Fernando ouvia todas essas queixas - mais as dos maridos que tinham se mandado, o filho que ficou com catapora, uma menstruação subitamente irregular - e não só colocava tudo na conta do Encosto como convocava as senhoras chorosas para uma Sessão de Descarrego na Catedral Mundial da Fé, em Del Castilho, Zona Norte do Rio. São três por dia, às terças-feiras. Na platéia nunca menos de dez mil pessoas e todas sempre convocadas a participar com alguma ajuda financeira para que, pelo menos nesta guerra travada nas cavernas da alma, o nosso Bin Laden suburbano não fuja. Ao Encosto não se grita ‘Teje preso!’ Mas o contrário: ‘Sai já desse corpo em nome da Luz!’
O programa do Pastor Fernando chama-se Ponto de Luz. Além de ser um fecho de ouro perfeito para a maratona matutina da Feiticeira e do show dos caroços, bastaria para tranformá-lo num cult imperdível os telefonemas com as aflitas telefônicas. Mas Ponto de Luz tem mais atrações. Pastor Fernando apresenta o programa com três senhoras: Cidônia, Alice e Graça. São três comentaristas das artes do Encosto. É como se fosse uma mesa redonda de esportes. Da mesma maneira que o Jorge Kajuru analisa domingo à noite as jogadas do Romário no Rio-São Paulo à tarde, as senhoras resenham as façanhas do Encosto na vida das telespectadoras ao telefone.
As três falam com conhecimento de causa. Antes de se converterem à causa evangélica, eram macumbeiras e faziam feitiços contra o alheio. Ou seja, faziam Encosto. Uma delas contou terça-feira que chegou a ser contratada por um empresário para colocar o nome do sócio na boca do sapo - e viu como o infeliz, enfeitiçado, encostado, foi definhando junto com o batráquio, enquanto os negócios do primeiro empresário prosperavam.
A tarde mal começou lá fora, mas o cenário é escuro e de vez em quando, do nada, apesar do ar parado de um estúdio de televisão, um vento sopra a página da Biblia aberta na frente do Pastor. Cidônia aproveita para contar que um Encosto é capaz de quebrar a perna de uma pessoa para não deixar ela fugir de seus poderes. Parece que o Zé do Caixão vai entrar a qualquer momento e refilmar a chanchada do terror brasileiro com o título de ‘Ao meio-dia encarnarei em teu cadáver’.
‘Eu não quero assustar’, diz Pastor Fernando para a ‘amiga do Jacaré’. ‘Mas a senhora tem filhos? Pois se a senhora não for na Sessão Descarrego desta terça-feira e tirar esse Encosto, ele vai passar para os seus filhos e a maldição vai se perpetuar por muitas gerações ainda.’
Houve tempo, a se julgar pelo cinema, em que era preciso balançar a cruz para exorcizar o capeta do corpo das mulheres. Agora, a se julgar pela televisão, o Encosto só desencosta se lhe esfregarem nas fuças o boleto quitado do Bradesco."
Joaquim Ferreira dos Santos
"O Senhor das Luzes contra o Pai do Encosto", copyright no. (http://www.no.com.br), 17/01/02
"Vinte e sete caroços desapareceram do corpo de 24 pessoas - uma delas tinha três - na terça-feira pela manhã durante culto evangélico no programa Igreja da Graça em seu Lar, transmitido pela RedeTV! e CNT. Um dos caroços teria o tamanho de uma laranja e estava no bíceps de uma senhora. Outro teria o volume de um limão e estava no cangote de um senhor.
Dez pessoas deram testemunho de que uma insistente dor na nuca passara poucos segundos atrás depois que ouviram a oração do Pastor Jaime, nove outras relataram o súbito desaparecimento do mal da 'vista embaçada' e uma senhora informou que ficou com o bumbum mais firme e as coxas mais bem torneadas - mas essa, desculpem nossa falha técnica, já agradecia ao método de ginástica passiva Elysée Belt Plus e seu depoimento fazia parte de um dos quadros do Brazil Connection, o programa de vendas que vem logo depois da Igreja da Graça em seu Lar.
A propaganda, a alma do negócio, e a Igreja da Graça, o negócio da alma, estão juntas todas as manhãs para fornecer o trash, o creme-do-creme-podre, na televisão. Os mais espertos perceberão que poderia ser um único programa.
‘Deus chamou você para ser associado e colaborar com 50, 100 ou mais reais para a continuação desta obra’, diz o pastor Jaime segurando uns boletos bancários do Bradesco. ‘Não quer dizer que você vá ficar curado de suas dores e de suas dívidas financeiras, mas Deus dá condições a quem é associado. Não protele, assine agora e seja associado’.
Em seguida, o pastor Jaime passa o microfone pela igreja em busca de depoimentos de evangélicos que já experimentaram o método associado de juntar o pão do espírito ao mel do contracheque: ‘Onze pessoas foram demitidas no trabalho do meu filho. Ele não’, agradece uma velhinha devota do boleto de Deus. ‘Eu consegui a graça de um emprego de 7 às 13 horas, que era o que eu queria, e dobrei minha colaboração de associada. E o dinheiro todo mês ainda me sobra’, diz outra senhora.
Os fiéis desta igreja não só acreditam que Deus exista como parecem achar muito natural que ele esteja fazendo um bico no departamento de marketing da agência de publicidade.
O programa Brazil Connection entra logo em seguida prometendo mais milagres. Não se ganha dinheiro, ganha-se no máximo alguns fios de cabelo se você comprar - ‘ligue agora!’ - o kit capilar da Hairsink, produzido na Finlândia, ‘o maior centro de combate à calvície do mundo’. Sai o pastor Jaime, entra a Feiticeira Joana Prado - mas as promessas de que o paraíso está próximo, e nem custa tão caro assim, continuam. ‘Usando o novo exercitador por apenas 15 minutos ao dia, você emagrece e massageia a musculatura, dissolvendo nódulos de tensão e stress’ - diz a Feiticeira enquanto a imagem mostra seu bumbum vibrando feliz ao sabor dos choques do método de ginástica passiva Elysée Belt Plus.
‘Eu tinha, como todo mundo, uns probleminhas com uns pneuzinhos na cintura’, diz um tal de Jay Horn, americano, com a ajuda da incrível dublagem desincronizada que inspirou o Fucker e Sucker do Casseta, ‘mas depois que passei a usar o Abtronic, reduzi muitos centímetros e a minha mulher adorou. Eu também.’
O pastor e a Feiticeira foram se encontrar nas manhãs da CNT e da RedeTV! por causa do aluguel barato dos horários. Mas não só. Por mais que a princípio pareça estar o primeiro vendendo a salvação e a segunda, a perdição, eles estão no mesmo barco da camelotagem eletrônica. É um grande momento do humor televisivo vê-los juntos na grade de programação das sub-redes nacionais. Trancados durante 45 dias numa hipotética 'Feira dos Artistas', Feiticeira e Pastor ficariam logo amiguinhos, mas não repetiriam Bárbara e Supla fazendo cabaninha com o edredon. Eles venderiam imediatamente o edredon.
Duelo mesmo, com o bem de um lado e o mal do outro, entra no ar em seguida, às 13 horas, na Record. Já houve Marlene e Emilinha, o Dragão da Maldade contra o Santo Guereiro, Verdugo contra Ted Boy Marino, Collor versus Lula. O pastor Fernando atualiza essas batalhas da comédia brasileira apresentando todos os dias o duelo do Senhor da Luz contra o Pai do Encosto. Seu marido foi embora? Está sem emprego? Dói-lhe a barriga? Tudo culpa dele. O Encosto.
Não há qualquer informação sobre o que aconteceu com o Diabo, mas deve ter sido alguma coisa muito grave porque não se fala mais Dele nos programas evangélicos. O novo príncipe das trevas é o Encosto. Ainda não há representação gráfica, nada de chifres e rabinhos por enquanto. Mas trata-se do novo maior aprontador da paróquia. Nem o Vampeta fez pior no Flamengo. Era ele, o Encosto, quem estava por trás, no programa de terça-feira, do estranho hábito da ‘amiga de Niterói’, ouvida por telefone, comer tijolo nos intervalos dos 12 maços de cigarro que fuma por dia. Os relatos são feitos em tom dramático. Foi o Encosto também o responsável pela ‘amiga do Jacaré’ ter ido à falência com sua lojinha de roupas.
Pastor Fernando ouvia todas essas queixas - mais as dos maridos que tinham se mandado, o filho que ficou com catapora, uma menstruação subitamente irregular - e não só colocava tudo na conta do Encosto como convocava as senhoras chorosas para uma Sessão de Descarrego na Catedral Mundial da Fé, em Del Castilho, Zona Norte do Rio. São três por dia, às terças-feiras. Na platéia nunca menos de dez mil pessoas e todas sempre convocadas a participar com alguma ajuda financeira para que, pelo menos nesta guerra travada nas cavernas da alma, o nosso Bin Laden suburbano não fuja. Ao Encosto não se grita ‘Teje preso!’ Mas o contrário: ‘Sai já desse corpo em nome da Luz!’
O programa do Pastor Fernando chama-se Ponto de Luz. Além de ser um fecho de ouro perfeito para a maratona matutina da Feiticeira e do show dos caroços, bastaria para tranformá-lo num cult imperdível os telefonemas com as aflitas telefônicas. Mas Ponto de Luz tem mais atrações. Pastor Fernando apresenta o programa com três senhoras: Cidônia, Alice e Graça. São três comentaristas das artes do Encosto. É como se fosse uma mesa redonda de esportes. Da mesma maneira que o Jorge Kajuru analisa domingo à noite as jogadas do Romário no Rio-São Paulo à tarde, as senhoras resenham as façanhas do Encosto na vida das telespectadoras ao telefone.
As três falam com conhecimento de causa. Antes de se converterem à causa evangélica, eram macumbeiras e faziam feitiços contra o alheio. Ou seja, faziam Encosto. Uma delas contou terça-feira que chegou a ser contratada por um empresário para colocar o nome do sócio na boca do sapo - e viu como o infeliz, enfeitiçado, encostado, foi definhando junto com o batráquio, enquanto os negócios do primeiro empresário prosperavam.
A tarde mal começou lá fora, mas o cenário é escuro e de vez em quando, do nada, apesar do ar parado de um estúdio de televisão, um vento sopra a página da Biblia aberta na frente do Pastor. Cidônia aproveita para contar que um Encosto é capaz de quebrar a perna de uma pessoa para não deixar ela fugir de seus poderes. Parece que o Zé do Caixão vai entrar a qualquer momento e refilmar a chanchada do terror brasileiro com o título de ‘Ao meio-dia encarnarei em teu cadáver’.
‘Eu não quero assustar’, diz Pastor Fernando para a ‘amiga do Jacaré’. ‘Mas a senhora tem filhos? Pois se a senhora não for na Sessão Descarrego desta terça-feira e tirar esse Encosto, ele vai passar para os seus filhos e a maldição vai se perpetuar por muitas gerações ainda.’
Houve tempo, a se julgar pelo cinema, em que era preciso balançar a cruz para exorcizar o capeta do corpo das mulheres. Agora, a se julgar pela televisão, o Encosto só desencosta se lhe esfregarem nas fuças o boleto quitado do Bradesco."