CELSO DE CAMPOS JR.
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ele faz apenas uma viagem por ano e, mais do que qualquer outro veículo, não pode falhar -sob pena de estragar o Natal de milhões de crianças. Nesta época do ano, costuma-se louvar a atuação do Papai Noel, competente fabricante e entregador de brinquedos, e dos duendes, seus dedicados ajudantes. Poucos, porém, dão crédito a uma peça fundamental da logística natalina: o trenó.
Esperado pelos pequenos e invejado por motoristas de todas as idades, o lendário trenó, que há décadas cumpre sua missão sem precisar de combustível ou de manutenção, tem desempenho notável quando comparado a qualquer outro automóvel do planeta. Qual deles acelera a uma velocidade de 1.046 quilômetros por segundo e roda 120 milhões de quilômetros em apenas um dia sem parar para abastecer?
De acordo com o artigo de Richard Waller, publicado na década de 90 na revista americana "Spy", essas seriam algumas especificações técnicas necessárias para que o veículo fizesse todo o seu itinerário no tempo previsto. Os números consideram que 91 milhões de residências cristãs tenham pelo menos uma boa criança a ser presenteada e que o Papai Noel disponha de 31 horas para alcançar todas (as sete horas extras são decorrentes dos diferentes fusos e da rotação terrestre).
Além da velocidade e da autonomia imbatíveis, o trenó caracteriza-se por sua fenomenal capacidade de carga -sem dúvida, o maior porta-malas da categoria. Na hipótese de cada petiz ganhar um presente de pouco menos de um quilo (o tamanho de uma caixa média de Lego), o trenó transportaria cerca de 350 mil toneladas. Isso, claro, sem contar o peso das renas e do próprio Papai Noel, que, de acordo com o último relato de seu endocrinologista, ainda não baixou a marca dos 130 kg.
Objeto voador identificado
Para quem acha tudo isso uma grande brincadeira, é bom esclarecer que o museu da Força Aérea Norte-Americana já catalogou o trenó natalino em seu rol de aeronaves. O S.C. Mk 2 foi batizado com as iniciais do nome do Papai Noel em inglês (Santa Claus) e é o segundo modelo produzido pelo Bom Velhinho, de acordo com os militares ianques. O primeiro, cuja unidade de propulsão era composta por 62 galinhas francesas, enguiçou em um vôo preparatório e teve de ser substituído.
O modelo atual, em operação há quase um século, é movido por nove renas voadoras (Dasher, Dancer, Prancer, Blitzen, Vixen, Comet, Donder, Cupid e Rudolph) e tem cerca de 1,5 m de altura e 2 m de comprimento. Com as renas, a medida vai a 12 m.
As informações que vêm dos EUA dão conta de que Papai Noel está trabalhando em um terceiro modelo, o S.C. Mk 3. Já em fase de testes, sua maior inovação é usar lâminas antiderrapantes. Generoso, Papai Noel, assim que aposentar o Mk 2, irá doá-lo ao Museu da Força Aérea Norte-Americana -ao menos é o que os responsáveis pelo acervo acreditam.
Enquanto isso não acontece, é possível acompanhá-lo nos céus graças a um programa especial do Comando de Defesa Aérea da América do Norte (Norad, na sigla em inglês). O Norad Santa, braço lúdico da entidade, é responsável por rastrear os vôos do rotundo piloto durante o Natal. Desde 1958, o comando binacional norte-americano e canadense coloca seu equipamento e seu pessoal para responder a ligações de crianças interessadas na localização exata do Bom Velhinho.
Voluntários programaram-se para comparecer ao quartel-general do Norad, em Cheyenne Mountain, para atender aos telefonemas e atualizar a página da internet (http://www.noradsanta.org), disponível em seis idiomas.
As informações sobre o paradeiro do S.C. Mk 2 transmitidas pelo site são todas fornecidas por sistemas de alta tecnologia. Entre eles, radares, satélites e aeronaves de combate, os mesmos equipamentos que varrem o espaço aéreo dos Estados Unidos de George W. Bush. Papai Noel que se cuide.
Muito engraçado...
http://www.noradsanta.org/en/default.php
