Usuário deletado escreveu:Nadasei
A religião pode servir como fonte de conhecimento, nisso nós dois concordamos. Mas esse conhecimento pode derivar de outras coisas não acha?
Sim e não... depende do que exatamente estamos falando.
Usuário deletado escreveu:O auto-conhecimento por exemplo, eu concordo que ao ler a literatura budista dá para se tirar um bom proveito no que se refere a este tema, mas da mesma forma podemos encontrar isso em livros de filosofia.
Eu gostaria de lhe perguntar: Qual área do conhecimento é exclusiva das religiões? (área que nem mesmo a filosofia de forma geral aborde)
Sim, muito do que aprendemos na religião, podemos aprender na filosofia ou mesmo na psicologia... mas nem tudo.
O mesmo é verdade de forma oposta, algumas coisas só encontramos na filosofia ou na psicologia, mas não na religião.
A religião, entretanto, de um modo geral difere da filosofia e psicologia em um ponto fundamental. (o que em parte é ruim e em parte é bom).
Na religião apesar de existirem grandes tratados filosóficos sobre um tema especifico, isso não é muito comum de ocorrer.
Bem, eu vou dar um exemplo dessa diferença:
Na religião eles dizem:
Não minta, tenha sempre a palavra correta.
Eles dizem para praticar isso, mas não explicam em detalhes o motivo pra isso.
Isso é religião.
Com isso as pessoas acabam interpretando isso como um ensinamento moral... mentir é errado e ser verdadeiro é o correto...
Bem, na psicologia, jamais alguém diria: Não minta, e sem maiores explicações pratique isso.
Na psicologia seria feito um grande tratado sobre o tema, quem sabe um grande teoria sobre a mentira.
Eu vou explicar.
Você deve praticar o não mentir, não porque isso é errado... existem boas mentiras, como uma tia que pergunta se o seu novo e horroroso vestido é bonito.
Minta para não magoa-la... isso definitivamente não é errado.
Quando eu te ensino que deve praticar o não mentir, eu não estou te dando um ensinamento de conteúdo moral.
Praticar o não mentir leva ao auto-conhecimento, que por sua vez, leva a liberdade mental.
Ao tentar não mentir, você vai poder observar o quanto você mente no dia a dia e, os porques de cada mentira.
Mentimos por diversos motivos diferentes, por fraquezas, medos, vergonhas e desejos.
É possível escrever um tratado sobre a mentira e sobre a necessidade de praticar o não mentir. (essa é a postura dos filosofos e psicologos, escrever a fundo e explicar cada tema)
Em resumo, o não mentir te permite conhecer suas vergonhas, medos, desejos, etc... Isso vai te permitir identificar cada uma dessas coisas que te controla e perturba sua mente, para que possa corrigi-las, adquirindo controle completo sobre sua mente e emoções.
O não mentir vai te permitir observar essas coisas, o "cultivar os bons pensamentos e afastar os ruins" vai te permitir outras, o "não julgar" outras... e assim vai.
Veja como o que foi dito em uma linha na religião: "Não minta", vira muitas ao se tentar explicar.
A psicologia e filosofia são assim, elas explicam tudo em detalhes... já a religião não.
Na religião é colocado a "essência" do que se deve praticar e, é pela pratica que a pessoal sozinha vai adquirir conhecimento disso, por outro lado, alguns textos mais explicativos sobre outros assuntos podem ser colocados juntos, para ajudar em todo esse processo.
Isso é diferente de escrever um livro sobre cada ensinamento pratico... iria complicar o estudo da religião e facilitar o afastamento da pratica. (que é o que realmente importa).
Bem, apesar da filosofia e psicologia abordarem temas iguais aos da religião, a religião é unica em dois pontos.
1 - Na coleção dos ensinamentos que são colocados juntos, eles permitem que a pessoa alcance um estado muito especifico da mente.
Só na religião temos essa "receita" junta para se conseguir isso.
2 - A religião é uma coisa mais "pratica", você consegue auto-conhecimento e controle sobre a própria mente, através da pratica de ensinamentos especificos.
Isso é diferente da filosofia e psicologia que, "explicam" muito as coisas, mas se mantem basicamente no aspecto mental discursivo.
Elas intelectualizam as coisas e não permitem que a pessoa em si pratique algo que resulte em coisa que ela possa fazer e atingir. (claro, no "geral", não vamos generalizar).
Por exemplo, na religião aprendemos a controlar a mente, o que permite a própria pessoa eliminar todo tipo de distúrbio mental, como depressão e outros bichos mais...
Na psicologia precisariamos de um psicólogo, de alguém para nos curar. Dessa forma o conhecimento que adquirimos sobre nos mesmos também é menor, e com isso não alcançamos o controle mental.
Veja que por outro lado, a psicologia também é única, ela permite a cura de pessoas que não tem condições para cuidar de si mesmas... isso a religião não permite.
Um "gurú" não pode curar um maniaco-depressivo com delirios graves, já um psiquiatra e um psicologos juntos podem ajudar essa pessoa, pois tem alguns conhecimento que não existem na religião, tem remedios e terapias comportamentais que podem ministrar a essa pessoa para cura-la.
Basicamente toda fonte de conhecimento tem um conjunto de coisas que as tornam unicas e, que permitem alcançar resultados diferentes para situações diferentes.
A religião é unica e permite uma coisa, a psicologia é unica e permite outra coisa, a filosofia é unica e permite outra.
Inclusive qualquer um que estude uma dessas coisas, pode estudar um pouquinho das outras duas e melhorar muito seus conhecimentos com isso.
Eu recomendo a todos que estudem religião, procurar conhecer um pouco de psicologia e filosofia ocidental... ajuda muito na pratica da religião. O contrario também é verdadeiro, psicólogos deveriam estudar um pouquinho de filosofia e religião.