Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

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Acauan
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Re: Re.: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por Acauan »

Edson Jr escreveu:Acauan, leia só este outro texto de Cristovam Buarque!

Chupa essa manga! :emoticon16:


Espero que Cristovam Buarque seja apenas um demagogo mentiroso que para ganhar votos diz o que acha que o povo quer ouvir.

Caso contrário temos que encarar a realidade de que um ex-reitor de uma das principais universidades do país e ex-ministro da educação é um completo ignorante, o que tornaria o quadro da educação no Brasil ainda mais tenebroso do que parece.


Cristovam Buarque escreveu:17/10/2005 às 14:07
Libertação dos Ricos - O Globo - 15/10/2005
Cristovam Buarque

No final do século XIX, o Brasil aboliu o sistema escravocrata. Neste início de século XXI, é preciso libertar os ricos da prisão de ouro em que vivem. Para fazer esta nova abolição, é preciso completar a primeira.

A primeira abolição liberou os escravos da senzala, mas condenou os pobres às ruas e a favelas sem serviços urbanos, aprisionando os ricos em condomínios cercados. A abolição sem reforma agrária garantindo terra aos escravos levou-os a “invadir” os centros urbanos, e condenou os ricos à prisão de automóveis blindados, sinais de trânsito ameaçadores, seqüestros relâmpagos. A falta de escola para os filhos dos ex-escravos aprisionou os ricos na ineficiência social de um país sem educação. Essa abolição incompleta, sem escola, sem emprego e sem terra fez do Brasil do século XXI o campeão da concentração da renda, aprisionando os ricos na vergonha mundial de uma sociedade de muita riqueza para 10% da população, e de extrema miséria para quase 50%.


Já que o assunto é escravos e descendentes, eis aí um autêntico samba-do-crioulo-doido.

Cristovam Buarque traça uma correlação de causa e efeito entre a falta de assistência estatal prestada aos escravos após a abolição e a pobreza e violência urbanas do Brasil atual.
Ou seja, se hoje os ricos tem que trafegar em automóveis blindados, com medo dos sinais de trânsito e dos seqüestros relâmpagos é porque não houve uma reforma agrária que beneficiasse os escravos libertos ou escolas para os filhos deles.

Como felizmente ninguém pode me acusar de ser politicamente correto, posso dizer que a primeira coisa absurda no comentário do ex-ministro é o seu caráter racista. Se uma abolição mal feita é a causa da violência urbana, só posso concluir que ele está insinuando que todos os bandidos são negros ou a maioria deles.

Caso o ministro tenha usado o exemplo da abolição apenas para efeito ilustrativo, querendo dizer que a falta de assistência estatal pode levar qualquer grupo de pobres a degenerar para o crime, podemos concluir que por tal pensamento toda a população pobre brasileira do fim do século XIX que não foi beneficiada por uma reforma agrária ou acesso a escolas deve ter gerado descendentes que hoje assaltam e sequestram nos sinais de trânsito.
O problema é que este grupo era quase a totalidade da população brasileira, que a época era predominantemente agrária e analfabeta ou semi. Fossem estas as causas da degeneração social, qualquer brasileiro que não fosse descendente de um barão do café ou de um senhor de engenho seriam bandidos. Este Índio que vos fala, inclusive.

A estupidez da idéia é evidente demais para ser chamada por outro nome.

Estivesse certo o sr. Cristovam Buarque, os trabalhadores imigrantes italianos e japoneses que vieram para o Brasil trabalhar na lavoura, todos muito pobres, com muitos analfabetos entre eles, também deveriam ter sido condenados às favelas, uma vez que, ao que me consta, ninguém jamais deu terras de graça àqueles colonos e as escolas rurais não lhes eram mais abundantes do que para a população descendente de escravos.
Quem quiser tirar uma prova matemática sobre a correção das idéias do ex-reitor que vá à favela de sua escolha e conte a quantidade de descendentes de japoneses que habitam ali. Pela teoria do ministro deveria haver muitos, já que seus bisavós nipônicos chegaram aqui apenas com a roupa do corpo e algumas malas. Sem conhecer a língua e a escrita local foram lançados a um trabalho árduo, com baixíssima remuneração ou assistência, sem sequer sonhar com uma reforma agrária que lhes desse de mão beijada as terras que compravam com o suor do trabalho de muitos anos e uma cultura de discplina, poupança e perseverança.


Cristovam Buarque escreveu:A primeira abolição foi incompleta para os pobres, e aprisionou os ricos em uma sociedade dividida, insegura e ineficiente, que nos envergonha hoje tanto quanto envergonhava a escravidão no século XIX.


Envergonha a nós quem, cara pálida?

Cristovam Buarque escreveu:O Brasil precisa libertar os ricos da prisão dos condomínios cercados, dos carros fechados, dos centros urbanos intransitáveis, do susto constante, da incerteza do futuro, da vergonha internacional, da proteção permanente, do altíssimo custo de se viver em segurança numa sociedade desigual. Para libertar os ricos do século XXI, devemos completar a abolição do século XIX.


Entendendo que completar a abolição do século XIX significa dar aos pobres de hoje a assistência estatal que não foi dada aos escravos libertos, parece que o sr. Buarque acredita que se ampliarmos o bolsa família ou garantirmos uma renda mínima para todas as famílias pobres, os traficantes que hoje movimentam milhões de dólares e controlam vastos territórios urbanos sob seu poder armado renunciarão a esta riqueza e poder, se inscreverão para receber seus auxílios e cestas-básicas e todos os ricos poderão voltar a andar com a janela do carro aberta e morar em mansões com muros baixos.

É impressão minha ou este cara acha que todo mundo é idiota?

Mesmo que aceitássemos a hipótese frágil de que assistência estatal, por si só, no longo prazo elimina a violência urbana, coisa que ninguém até aqui demonstrou com dados objetivos ou exemplos da experiência internacional, é óbvio ululante que no curto e médio prazo não é isto que vai resolver o problema.
Entretanto o sr. Buarque coloca os termos como se com mais escolas no morro, silenciarão os fuzis no Complexo do Alemão.


Cristovam Buarque escreveu:É preciso antes libertar o pensamento brasileiro de três premissas que aprisionam as estratégias sociais: a idéia de que o crescimento econômico é suficiente para erradicar a pobreza; de que a riqueza de uma pessoa e de sua família depende apenas de sua própria renda; e de que pagar é perder.

O primeiro passo para completar a Lei Áurea é superar a lógica equivocada, que inspirou as estratégias sociais no século XX, de que o caminho para superar a pobreza e construir uma sociedade justa está no crescimento econômico. Os resultados da economia foram muito positivos para aumentar a riqueza, mas um fracasso para reduzir a desigualdade. Para chegar a uma completa abolição dos escravos que liberte os ricos, o Brasil precisa implementar políticas públicas que realmente enfrentem o problema da pobreza, sem a falsa ilusão de que o crescimento econômico realizará essa tarefa.


Seria muito interessante se o sr. Buarque citasse um único exemplo de sociedade que eliminou a pobreza sem crescimento econômico.

Também gostaria de ouvir uma explicação sobre o porquê de a expectativa de vida do brasileiro ao nascer em 1900 era de 34 anos e hoje está acima dos 70, se o crescimento econômico é um fracasso para produzir resultados sociais.
Se deixar de morrer antes dos trinta e cinco não é um resultado social muito positivo, quero saber qual seria.


Cristovam Buarque escreveu:O Brasil tem uma renda nacional anual próxima dos R$ 2 trilhões, e recursos públicos de cerca de R$ 700 bilhões, suficientes para os investimentos necessários para completar a abolição. Sabe muito bem quais políticas nas áreas de educação, saúde, transporte público, habitação, saneamento, água, esgoto, coleta de lixo, segurança, cultura, atenção especial às crianças, jovens e velhos permitirão ao Brasil chegar, em poucos anos, à plena abolição da pobreza e à libertação dos seus ricos.

Essas políticas não são plenamente implementadas porque os ricos e suas corporações acreditam que sua qualidade de vida depende tão somente da situação de sua conta bancária. Como conseqüência desse egoísmo pouco inteligente, a parcela rica que controla a aplicação dos recursos públicos pensa que financiar programas para os pobres acarreta uma perda para os ricos. Acha que pagar é sinônimo de perder. Não vê que ao pagar pode-se receber em troca um benefício maior do que o preço pago.


Nos parágrafos acima o ex-ministro troca os comentários estúpidos pela mentira sórdida.

Ver um político culpar a sociedade pelos erros de sua própria classe torna compreensível porque ele considera que os ricos e não os bandidos são os culpados pela criminalidade.

No Brasil a carga tributária é de 40% do PIB, uma das maiores extorções fiscais do planeta.
Na grande maioria dos casos, a classe média tem que trabalhar meses por ano para pagar tributos que não lhe resultarão em nenhum benefício. Assim, tem que pagar pela saúde, educação e segurança duas vezes, pela estatal que não lhes é provida e pela privada, à qual lhes resta recorrer.

Boa parte deste dinheiro vai para sustentar políticos vagabundos, incompetentes, mentirosos e ladrões, sendo que ainda temos que ouvir um membro desta turma (dos políticos, não necessariamente das outras associadas) querer assumir ares de superioridade moral para acusar aqueles que trabalham honestamente para ganhar a vida e são explorados pelo Estado.

E de que "parcela rica que controla a aplicação dos recursos públicos" este cara está falando?
Quem controla a aplicação dos recursos públicos são os políticos como ele, e todo mundo sabe que tipo de controle fazem os colegas do sr. Cristovam Buarque, principalmente os ligado ao seu partido de origem que hoje está no poder.



Cristovam Buarque escreveu:Este acaba sendo o maior dos complicadores atuais: os ricos criaram um sistema político viciado no qual eles próprios não confiam. Consideram que desviar uma parte dos recursos para políticas públicas levará a perdas, corrupção e ineficiência. E não admitem substituir o egoísmo burro por um egoísmo inteligente, porque entre o pagamento e o resultado há um longo período de investimento. Desconfiados - com razão - das instituições do Executivo, Legislativo e Judiciário, e para não terem de esperar por sua libertação, os ricos preferem continuar pagando o custo da própria prisão.


É impressionante que mesmo após assumir o poder a esquerda continua atribuindo todos os problemas do país aos ricos, culpando o sistema político criado por estes, como se a constituição de 1988 tivesse sido promulgada em uma assembléia da FIESP e não por um congresso no qual a esquerda era a força política dominante e influenciou decisivamente a redação da carta.
Comecei a responder considerando que a hipótese do autor do artigo ser burro era pior do que a de ser um safado.

Analisando melhor as alternativas, só posso lamentar o ponto a que chegamos.
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Mensagem por Acauan »

Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu:
Edson Jr escreveu:E qual seria então, na sua opinião, o papel da educação no desenvolvimento econômico de um país?


Principalmente três:

1. Aumentar a produtividade da força de trabalho;
2. Estimular competências empreendedoras entre os jovens;
3. Desenvolver uma cultura cívica forte, que promova o respeito às instituições.


E isso não seria fundamental para o país crescer e acabar com a pobreza?
Não seria uma fórmula segura no combate à pobreza?


A educação é um dos elementos da fórmula para se acabar com a pobreza.
Um elemento essencial e indispensável, mas inútil para este fim específico se outros fatores não estiverem ativos.

Repito o exemplo da Argentina, que historicamente possui um sistema de educação pública de qualidade e uma população bastante instruída, o que por si só não impediu que sucessivos governos populistas arruinassem o país, fazendo-o decair de uma das maiores rendas per capita do mundo no início do século XX para uma nação empobrecida, com uma economia sucatada, sem dinamismo ou competitividade.
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Mensagem por Acauan »

Edson Jr escreveu:
Abmael escreveu:
Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu:
Edson Jr escreveu:Acauan;

Obeserve meu raciocínio e veja se existe alguma coisa errada nele:

1) Investimento em educação para todos e de qualidade;
2) Mão de obra qualificada disponível;
3) O terreno fica mais atrativo para as empresas, incluindo as de ponta e alta tecnologia. Para isso, também seria necessário diminuir as taxas de impostos.
4) É claro que as empresas poderiam produzir para o mercado externo, caso ainda existam problemas com o mercado consumidor. Isso aumentará a renda nacional.
5) Com o crescimento das empresas, cada vez mais especializadas, já que o país dispõe de mão de obra qualificada, o desemprego tende a desaparecer, o crescimento econômico do país tende a aumentar e a pobreza tende a se erradicar.

Existe erro(s) neste meu raciocínio? :emoticon5:


Nenhum erro.

Só faltou completar que em mercados globais competitivos, tudo isto teria que ser feito melhor que fazem os concorrentes diretos, como a Índia, que tem um sistema educacional excelente.


Agora fiquei confuso, Acauan!

Pois se meu raciocínio está correto, a educação não seria realmente o caminho, tanto para o crescimento econômico quanto para a redução da pobreza?


Como disse existem outros fatores na equação, alguns que nos beneficiam e outros que nos prejudicam.
A educação gera disponibilidade de mão-de-obra qualificada e barata nas regiões pobres, o que é um fator de atração de investimentos, mas que requer outros.
Veja o exemplo do semi-árido do nordeste, onde falta a infra-estrutura básica para instalação de empresas, as distâncias dos mercados fornecedor e consumidor são longas, não há estradas que prestem, as redes de distribuição de energia são insuficientes etc.

Ou seja, a educação em massa nesta região tornará suas populações mais aptas a conseguir emprego em outras mais desenvolvidas e tornará suas próprias economias locais mais produtivas, o que é bom, mas dificilmente atrairá investimentos maciços que promovam o desenvolvimento rápido da região em si.

Outro exemplo é o das favelas urbanas.
A grande maioria dos jovens das periferias de São Paulo e dos morros do Rio tem acesso gratuito ao ensino até o nível médio.
Mesmo assim estes jovens enfrentam grande dificuldade de se colocar no mercado de trabalho formal porque o baixo índice de crescimento econômico gera poucas vagas, mesmo com estas cidades oferecendo a infra-estrutura e proximidade dos mercados.

É certo que os investidores ao fazer suas contas concluem que as vantagens de dispor desta mão-de-obra instruída até o nível médio é insuficiente para viabilizar custos e riscos da instalação de novos empreendimentos nestas áreas.
Um dos motivos é que ser instruído até o nível médio pelo ensino público brasileiro não é garantia de produtividade no nível requerido pela competição global, o que reduz a atratividade de investimentos.

Além disto a produtividade não depende apenas da instrução, mas também da cultura, que são correlatos entre si, mas distintos.

Assim, embora o nível educacional médio das favelas tenha crescido muito nos últimos vinte anos, as favelas continuam lá, por uma combinação de fatores negativos que vão da má qualidade do ensino, prevalência de culturas não progressistas e entraves diversos ao investimento produtivo.
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Mensagem por Acauan »

Edson Jr escreveu:
Abmael escreveu:
Edson Jr escreveu:
Abmael escreveu:
Edson Jr escreveu:Agora fiquei confuso, Acauan!
Pois se meu raciocínio está correto, a educação não seria realmente o caminho, tanto para o crescimento econômico quanto para a redução da pobreza?

- O Acauan quis dizer que o projeto educacional brasileiro deve ser gerenciado de forma a ser igual ou melhor que o de seus concorrentes (Índia, China, Rússia, etc.), tarefa dificílima.

Sim, Abmael, entendi....mas mesmo assim não seria esse o caminho (a educação)?

- Eu acredito nisso, mesmo que isso diminuísse a renda num primeiro momento, eu creio firmemente que educação é investimento prioritário que retorna com dividendos enormes e ainda evita grandes prejuízos.

É isso que me deixa confuso! Porque vc, Acauan e eu estamos discutindo tanto se no fundo o que existe é uma concordância?
Existiria outra maneira eficiente de combater a pobreza sem ser pela educação, sem qualificação da mão de obra, etc...?


Para deixar claro meu pensamento a respeito, investir em educação de qualidade para todos deve ser sempre prioridade do poder público de qualquer sociedade civilizada.

A educação sozinha não elimina a pobreza, mas é quase impossível eliminar a pobreza sem ela.

Minha aversão aos políticos que apresentam a educação como panacéia de todos os males, enquanto sabotam outros fatores essenciais para o desenvolvimento econômico, é porque eles prostituem o debate sobre a educação fixando-o em uma discussão mercantilista sobre os lucros econômicos potenciais que podem ser tirados deste investimento.

Ora, a função da educação não é promover crescimento econômico ou acabar com a pobreza.
Estes são apenas alguns de seus efeitos colaterais benéficos.

O objetivo da educação é abrir ao indivíduo humano a possibilidade de explorar seu pleno potencial, de se realizar no conhecimento que lhe permite entender o mundo e se situar nele.
Ou seja, a educação tem um valor espiritual (no sentido amplo do termo) que precede e supera seu valor material.
Quando educamos pessoas fazemos delas seres humanos melhores, o que é um resultado mais nobre do que fazer delas apenas pessoas mais ricas.

Quanto mais nos concentrarmos na tarefa de incutir nos alunos o gosto pelo saber, o respeito pelo conhecimento, a disciplina do estudo, o reconhecimento pelo professor e pela escola, mais teremos contribuído para criar o tal trabalhador produtivo que gera riqueza de que falamos, simplesmente porque quem desenvolve estes valores absorve a cultura que leva o homem ao progresso, tanto espiritual quanto material.
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Mensagem por Aranha »

Acauan escreveu:
O objetivo da educação é abrir ao indivíduo humano a possibilidade de explorar seu pleno potencial, de se realizar no conhecimento que lhe permite entender o mundo e se situar nele.
Ou seja, a educação tem um valor espiritual (no sentido amplo do termo) que precede e supera seu valor material.
Quando educamos pessoas fazemos delas seres humanos melhores, o que é um resultado mais nobre do que fazer delas apenas pessoas mais ricas.

Quanto mais nos concentrarmos na tarefa de incutir nos alunos o gosto pelo saber, o respeito pelo conhecimento, a disciplina do estudo, o reconhecimento pelo professor e pela escola, mais teremos contribuído para criar o tal trabalhador produtivo que gera riqueza de que falamos, simplesmente porque quem desenvolve estes valores absorve a cultura que leva o homem ao progresso, tanto espiritual quanto material.



- É aí que está a diferença entre um liberal e um conservador?

Abraços,
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Acauan
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Re.: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por Acauan »

Abmael escreveu:
Edson Jr escreveu:
Abmael escreveu:
Edson Jr escreveu:É isso que me deixa confuso! Porque vc, Acauan e eu estamos discutindo tanto se no fundo o que existe é uma concordância?
Existiria outra maneira eficiente de combater a pobreza sem ser pela educação, sem qualificação da mão de obra, etc...?


- Não concordo 100% com o Acauan.
- O potencial humano que vem a tona via uma boa educação gera renda e desenvolvimento, não há investimento mais rentável, é claro que num estado onde não há miséria a visão é outra, porisso tais investimento devem ser objetivos, tocados como projeto, e projeto, por definição, tem início meio e fim, o problema é que aqui no Brasil isso virou política, aí dá no que dá.


Então me explica, Abmael, porque que diabos Acauan cisma tanto em brecar quando se fala em Educação? :emoticon2:
Ou seria uma impressão errada minha? :emoticon5:


- Ele está sendo matemático, mas quando se trata de gente e potencial humano as contas não batem tão bem.
- Ele não contabilizou, por exemplo, a diminuiçao da criminalidade, da gravidez precoce, das internações hospitalares e da mendicancia, bem como a maior conscientização do voto.
- Sem contar que basta surgir um Thomas Edison ou um Bill Gates para desmoralizar qualquer conta matemática.


Insisto que é preciso diferenciar instrução escolar de cultura e que as escolas públicas brasileiras hoje não oferecem nem uma coisa nem outra.

Abmael escreveu que não contabilizei a diminuição da criminalidade, gravidez precoce, internações, mendicância e conscientização dos votos.
Na verdade não apenas contabilizei estes fatores como os tenho como prova de que instrução sem cultura não produz progresso social.

Há cinqüenta anos os índices de analfabetismo no Brasil eram muito piores que os de hoje e a média de escolaridade muito inferior.
Mesmo assim havia muito menos criminalidade e gravidez precoce naquela época do que atualmente, demonstrando que ou não há uma correlação diretamente proporcional entre os fatores ou se há ela necessita da influência de outros elementos para se efetivar.

Um entre vários motivos é que passamos muito depressa de uma sociedade agrária de valores tradicionais para uma sociedade urbana industrial.

Ocorreu uma ruptura brusca, um deslumbramento com a prosperidade da nova era industrial que não foi acompanhado do necessário fortalecimento dos valores civilizacionais que nos permitiria crescer como sociedade humana tão rápido quanto crescíamos como sociedade de consumo.

Sem valores fortes não há cultura forte e sem cultura não há educação efetiva, mesmo que haja instrução formal.

A questão final está no que guia as escolhas individuais e se restringimos o valor da educação aos seus resultados econômicos então referendamos as escolhas do assaltante, que considera a obtenção de dinheiro fácil mais importante que o respeito ao próximo.

Antes de construir mais salas de aula e enchê-las ainda mais é necessário recuperar o ideal da educação como o instrumento que preserva os melhores valores da cultura existente e os transmite ao estudante, para que este possa guiar suas escolhas individuais por uma realidade mais rica do que aquela que oferece seu cotidiano.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
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Mensagem por Acauan »

Abmael escreveu:
Acauan escreveu:
O objetivo da educação é abrir ao indivíduo humano a possibilidade de explorar seu pleno potencial, de se realizar no conhecimento que lhe permite entender o mundo e se situar nele.
Ou seja, a educação tem um valor espiritual (no sentido amplo do termo) que precede e supera seu valor material.
Quando educamos pessoas fazemos delas seres humanos melhores, o que é um resultado mais nobre do que fazer delas apenas pessoas mais ricas.

Quanto mais nos concentrarmos na tarefa de incutir nos alunos o gosto pelo saber, o respeito pelo conhecimento, a disciplina do estudo, o reconhecimento pelo professor e pela escola, mais teremos contribuído para criar o tal trabalhador produtivo que gera riqueza de que falamos, simplesmente porque quem desenvolve estes valores absorve a cultura que leva o homem ao progresso, tanto espiritual quanto material.



- É aí que está a diferença entre um liberal e um conservador?


Só nos extremos das definições, nas quais encontramos aqueles conservadores que julgam possuir o monopólio da virtude e liberais que acham que podem comprar virtude no mercado na época em que estiver em baixa.

Entre os extremos há muito pouca diferença entre liberais e conservadores, já que liberais não negam a importância de certos valores tradicionais e conservadores moderados não se furtam em reconhecer os sucessos da modernidade.
Nós, Índios.

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Edson Jr
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Re: Re.: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por Edson Jr »

Acauan escreveu:O problema é que este grupo era quase a totalidade da população brasileira, que a época era predominantemente agrária e analfabeta ou semi. Fossem estas as causas da degeneração social, qualquer brasileiro que não fosse descendente de um barão do café ou de um senhor de engenho seriam bandidos. Este Índio que vos fala, inclusive.


Acauan, é uma questão de probabilidade. Lugares onde imperam a pobreza e miséria, onde as pessoas não tem muitas opções para garantir sua sobrevivência e são constantemente feridas em sua dignidade, são lugares muito mais propícios para a bandidagem. E sempre houve aqui no Brasil, um distanciamento gigantesco entre ricos e pobres. Se você pegar a descendência dos ricos atuais, você verá que a maioria possui descendência mais privilegiada.

Acauan escreveu:Entendendo que completar a abolição do século XIX significa dar aos pobres de hoje a assistência estatal que não foi dada aos escravos libertos, parece que o sr. Buarque acredita que se ampliarmos o bolsa família ou garantirmos uma renda mínima para todas as famílias pobres, os traficantes que hoje movimentam milhões de dólares e controlam vastos territórios urbanos sob seu poder armado renunciarão a esta riqueza e poder, se inscreverão para receber seus auxílios e cestas-básicas e todos os ricos poderão voltar a andar com a janela do carro aberta e morar em mansões com muros baixos.


Não, não é isso. A intenção é que a juventude de hoje, através da educação e auxílios não cedam a tentação de entrar para o tráfico, pois muitos entram para o tráfico simplemente por falta de opção ou até mesmo de orientação para que se percepa a existência de outros caminhos e possibilidades.

É uma grande falta de perspectiva de futuro que, sozinho, sem nenhuma orientação ou sustentação, o jovem realmente pode trilhar caminhos perigosos.

Acauan escreveu:Mesmo que aceitássemos a hipótese frágil de que assistência estatal, por si só, no longo prazo elimina a violência urbana, coisa que ninguém até aqui demonstrou com dados objetivos ou exemplos da experiência internacional, é óbvio ululante que no curto e médio prazo não é isto que vai resolver o problema.


Bom, quanto a isso Cristovam Buarque está de acordo. Ele mesmo diz que é um trabalho de 15 a 20 anos. Talvez a visão imediatista, de querer combater o problema da pobreza por outros caminhos senão pela educação, é que seja a principal responsável por esse caos social.

A intenção (creio que do próprio Cristovam) não é somente olhar para a educação, mas sim não fazer vistas grossas para ela, achando que se é possível combater a pobreza por outros meios mais rápidos. Se o Brasil tivesse 20 anos atrás investido sério na educação e atraindo as empresas para gerar renda, a situação atual seria bastante diferente.

Acauan escreveu:Entretanto o sr. Buarque coloca os termos como se com mais escolas no morro, silenciarão os fuzis no Complexo do Alemão.


O que ele quer dizer é que se deve colocar escolas onde não existem escolas e melhorar as condições daquelas que já existem. O que não pode é ninguém ficar sem escola.

Isso inibiaria o tráfico como atrativo aos jovens que podem ver na escola uma oportunidade para saírem da pobreza...

continua...

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Edson Jr
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Re: Re.: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por Edson Jr »

Acauan escreveu:Seria muito interessante se o sr. Buarque citasse um único exemplo de sociedade que eliminou a pobreza sem crescimento econômico.


Acho que a essência da idéia de Cristovam, reside no fato de que o investimento em educação gera crescimento que reduz paralelamente a pobreza, enquanto que o crescimento econômico por outros meios é capaz de tornar o país rico, mas não garante maior igualdade social.

Acauan escreveu:Também gostaria de ouvir uma explicação sobre o porquê de a expectativa de vida do brasileiro ao nascer em 1900 era de 34 anos e hoje está acima dos 70, se o crescimento econômico é um fracasso para produzir resultados sociais.
Se deixar de morrer antes dos trinta e cinco não é um resultado social muito positivo, quero saber qual seria.


O crescimento econômico é necessário, mas não garante maior igualdade social e distribuição de renda. A não ser que seja um crescimento vinculado com o investimento na educação. Afinal de contas, um pobre costuma viver bem menos que um rico!

Acauan escreveu:Quem controla a aplicação dos recursos públicos são os políticos como ele, e todo mundo sabe que tipo de controle fazem os colegas do sr. Cristovam Buarque, principalmente os ligado ao seu partido de origem que hoje está no poder.


Mas esses políticos sempre tiveram um forte vínculo com os interesses da elite dominante, sem fortes compromissos sociais.
Editado pela última vez por Edson Jr em 25 Mai 2007, 20:33, em um total de 1 vez.

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RicardoVitor
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Mensagem por RicardoVitor »

Esse getulista/brizolista de carteirinha é apenas mais um demagogo entre milhares desses integrantes da classe política (a única classe de elite existente no Brasil). Nada de novo no texto, qualquer político diz sempre as mesmas bobeirinhas "bonitinhas" e politicamente-corretas no horário político, como forma de impressionar a massa ignara.
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Mensagem por Edson Jr »

RicardoVitor escreveu:Esse getulista/brizolista de carteirinha é apenas mais um demagogo entre milhares desses integrantes da classe política (a única classe de elite existente no Brasil). Nada de novo no texto, qualquer político diz sempre as mesmas bobeirinhas "bonitinhas" e politicamente-corretas no horário político, como forma de impressionar a massa ignara.


Se assim fosse, ele não teria tão pouco voto!

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Samael
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Mensagem por Samael »

RicardoVitor escreveu:Esse getulista/brizolista de carteirinha é apenas mais um demagogo entre milhares desses integrantes da classe política (a única classe de elite existente no Brasil). Nada de novo no texto, qualquer político diz sempre as mesmas bobeirinhas "bonitinhas" e politicamente-corretas no horário político, como forma de impressionar a massa ignara.


O que é até engraçado, visto que PFL e PSDB se elegem com facilidade usando argumentos de "desenvolvimento" e "crescimento".

Essa "bobajada politicamente correta" só vende peixe pra meia dúzia de esquerdistas universitários.

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Huxley
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Re.: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por Huxley »

Vamos a mais uma réplica a Acauan:

Acauan escreveu:
Huxley,

Antecipando a conclusão final, na maioria dos pontos falamos a mesma coisa, apenas não ficou claro de quais definições partimos e de como as aplicamos.
Por exemplo, quando eu disse "se houve redução visível na pobreza de uma população, então a renda per capita desta população aumentou." e você respondeu "a pobreza diminui tão somente se a renda dos que estão abaixo da linha de pobreza se eleve." apenas repetimos a mesma idéia com outras palavras, uma vez que "a renda per capita desta população" a que me referi é exatamente "a renda dos que estão abaixo da linha da pobreza" da qual você falou.

Além destas diferenças de interpretação temos que considerar um segundo ponto que requer cautela em discussões econômicas que é a fundamentação nos índices.

Considero um mito a tendência existente, tanto no estudo da economia quanto da gestão de empresas, a crença de que toda a realidade econômica ou administrativa possa ser integralmente traduzida em números.
Ora, a realidade econômica é sócio-cultural e seus números só fazem sentido quando analisados sob esta perspectiva.
Assim, os índices devem ser condizentes com a realidade sob análise.

Para a discussão em curso é relevante o que de fato diminui a pobreza material da população em análise.
Nestes termos, do ponto de vista exclusivamente econômico a educação é recurso, riqueza potencial, mas não riqueza efetiva.
Assim, a educação fornece meios para minorar a pobreza, mas não minora a pobreza por si só.

Quando você inclui a educação como componente do índice de crescimento econômico, deixa indefinido se este índice pondera o aumento de riqueza efetiva ou o aumento de riqueza potencial.

Nestes termos, a proposição de que é possível aumentar o salário do trabalhador e a renda nacional (veja bem, nacional) sem crescimento econômico é inconsistente.
Partindo de seu próprio exemplo, do operário fabricante de sapatos que se educa e aumenta sua produtividade em 10%. Se a fábrica não apresentar crescimento econômico ou seja, não aumentar sua produção e venda de sapatos, nenhuma riqueza adicional terá sido gerada.

Uma regra que todo gestor industrial conhece é que aumento de produtividade sem aumento de produção implica ou em aumento da ociosidade ou em redução do quadro de funcionários.

Neste ambiente, o ganho médio de renda e o aumento de salário é zero, pois o que porventura venha ganhar a mais o operário que se educou e se tornou produtivo será no fim cancelado pela demissão de algum funcionário devido ao aumento da ociosidade.

Note que é possível um aumento de salário e renda local, onde a produtividade, a produção e as vendas cresceram em fase, mas se o mercado de sapatos não cresceu, então o que foi ganho por uma determinada população terá sido, necessariamente, perdida por outra, resultando na soma zero.


Bem, eu não falei que é possível “a proposição de que é possível aumentar o salário do trabalhador e a renda nacional sem crescimento econômico (nota minha: crescimento da renda per capita)”.Exclua esse “e a renda nacional”.

Bem, eu queria saber de onde vem a idéia que “aumento de produtividade sem aumento de produção implica ou em aumento da ociosidade ou em redução do quadro de funcionário”.Ora, nenhum gestor terá incentivos para dá ordens de corte de produção a menos que a demanda agregada se reduza, e estagnação da produção (para questões de simplificação, suponhamos que o crescimento da população foi igual a 0%, de modo a tornar o crescimento da renda per capita igual a 0%) não garante redução na demanda agregada.Quanto à “redução do quadro de funcionários”, aí essa idéia já é um pouco melhor.Mas reduzir a quantidade de trabalho aplicada implica em reduzir a quantidade de produto gerado.Para que o produto gerado não se reduza, a empresa deveria compensar com o aumento da produtividade dos fatores tecnológicos.Só assim, ela anularia o ganho salarial resultado do aumento da produtividade decorrente do maior conhecimento do trabalhador com a melhor produtividade via melhora tecnológica.E se a empresa haver algum limite para a melhora tecnológica (digamos, se há uma restrição no aumento da importação de bens de capital mais eficientes devido à desvalorização cambial) num dado período?Se este é o caso, é totalmente possível que o salário do trabalhador aumente em ambiente de estagnação.Se houver uma apropriação ao menos parcial do aumento da produtividade do trabalhador pelos salários, então uma melhora na educação causando melhores salários poderia se desvincular de crescimento econômico.Não sei o quanto essa situação imaginada aqui seria provável (ou se ela seria muito provável), mas é absolutamente seguro afirmar que a melhor qualidade da mão-de-obra é um dos componentes do crescimento econômico, como mostram os dados empíricos que apontam que ela tem impacto sobre a renda nacional (Psacharopoulos,1994;Krueger & Lindahl,2000;Menezes-Filho 2001;Ferreira & Pessôa,2002).

Acauan escreveu:Quando você inclui a educação como componente do índice de crescimento econômico, deixa indefinido se este índice pondera o aumento de riqueza efetiva ou o aumento de riqueza potencial.


Refiro-me a riqueza efetiva mesmo.Considero que melhoria na qualidade da mão-de-obra tem um efeito qualitativamente igual à de um aumento no investimento em capital físico.

Quem diz o contrário, estará concordando com a lógica do ex-ministro Delfim Neto, segundo o qual o “bolo tem de primeiro crescer, para depois ser repartido”.Não existe defasagem entre o período que o bolo cresce e o período em que o bolo é distribuído.O aumento visível da produtividade média do trabalho garante que a economia cresça e seja capaz de distribuir renda AO MESMO TEMPO!Isso não é conversa de esquerdista.Isso pode ser visto em textos de economistas liberais, como o ex-presidente do BC Gustavo Franco:
http://www.econ.puc-rio.br/gfranco/insercao.pdf

Colocarei mais argumentos a seguir que justifiquem essa visão.



Acauan escreveu:A maioria dos índices econômicos brasileiros não consideram a enorme economia informal ou a consideram apenas estimativamente. Assim, quando estes índices dizem que não houve crescimento econômico ou o crescimento foi baixo é preciso considerar que a economia informal cresce mais nestes períodos, quando atrai mão de obra rejeitada pelo mercado formal e por apresentar flexibilidade que lhe permite expansão mesmo em tempos de estagnação.
Além disto, os pobres em geral são mais afetados pelo desempenho da economia informal do que da formal.


Se você está dizendo que o crescimento econômico brasileiro da segunda metade da década de 90 foi subestimado, eu queria saber dos dados empíricos que apóiam essa afirmação.Ainda que fosse verdade, não me parece que o efeito tenderia a ser significativo.Se essas empresas informais tivessem explorado mais trabalho de forma significativa para financiar sua suposta expansão, a taxa de desemprego não teria se elevado tanto na segunda metade da década de 90.E o motivo para acreditar que elas não tinham como ampliar seu estoque de capital e trabalho parece simples.É mais razoável supor que a flexibilidade dessas firmas informais para expansão em tempos de estagnação é pequena.Firmas informais sofrem com o não-acesso ao mercado de crédito e a baixa escala de produção.Essas empresas não têm oportunidade de explorar os retornos crescentes de escala, justamente porque sua informalidade é, em parte, responsável pela sua baixa escala.Firmas maiores tem mais probabilidades de serem fiscalizadas pelas autoridades tributárias, e isso impede que firmas menores cresçam e ganham escala, realimentando o processo baixa escala-ineficiência-informalidade.Não vejo como elas pudessem está numa situação muito melhor que as firmas formais no período considerado.

Analisando tudo, dá para concluir que realmente tivemos crescimento pífio.E tivemos crescimento pífio da renda per capita com redução da pobreza.Imagine se tivéssemos utilizado o instrumento de redução da desigualdade (a desigualdade permaneceu estável no período que considerei, devido à baixa eficiência da política social brasileira) para reduzir a pobreza.


Acauan escreveu:O problema é que se não há crescimento econômico, então o aumento de renda daquela população foi obtida às custas da redução de renda de outras, na forma de aumento de impostos ou outro meio de transferência forçada de renda.

De novo, o ganho total de renda é zero.

A possibilidade de se pode minorar a pobreza nacional a partir deste tipo de transferência, sem crescimento econômico, depende do tamanho das classes média e alta em relação à quantidade de pobres. Nos países pobres esta relação é insuficiente, por isto este tipo de transferência de renda implica em redução no consumo da classe média, o que provoca recessão ou depressão econômica, o que no médio prazo faz com que a pobreza retorne aos níveis anteriores ou aumente.


Não há como a transferência de renda reduzir o nível de pobreza no curto e no médio prazo ele voltar a seu nível original por causa da redução do consumo da classe média.Aqui você supõe que o nível de consumo afeta as variáveis do produto efetivo gerado.Mas não levou em conta que a propensão marginal a consumir dos segmentos mais pobres da população sempre é mais alta do que a das classes mais abastadas.Como o consumo efetivo (um dos componentes do cálculo do PIB, ao lado de investimento, gasto governamental e saldo das transações correntes) depende da propensão marginal a consumir, então uma redistribuição eficiente da riqueza nunca é um jogo de soma ZERO em relação ao crescimento econômico.

Acauan escreveu:A maioria destas equações se referem a uma realidade econômica pré-globalização.
Ela não faz o menor sentido para correlacionar, por exemplo, o preço de um software complexo com os demais fatores ponderados, além de não considerar que em mercados globais o conceito de margem de lucro média é uma abstração teórica apenas. Quem compete com os produtos chineses sabe muito bem disto.

Além do que, a equação só faz sentido se não houver capacidade instalada ociosa, o que segundo a Teoria das Restrições é praticamente impossível na realidade industrial.
Havendo capacidade ociosa sem aumento das vendas, os ganhos de produtividade implicam apenas em aumento da ociosidade.
Logo, a equação carece de um elemento que quantifique a decisão do mercado de comprar o produto resultante do ganho de produtividade, implicando em maior produção com o mesmo custo fixo.



A equação que mostrei é apenas uma forma das formas de viabilizar argumentação que o aumento da produtividade do trabalho pode ser apropriada automaticamente pelos salários.Se salário real é W/P, não é preciso que o aumento de salário real seja explicado apenas com redução em P.

Existe uma outra argumentação melhor, baseada na Teoria dos Salários de Eficiência.Ela diz que o empresário, a priori, estabelece o nível de salários que estivesse na margem de deixar o trabalhador indiferente entre o ócio e o trabalho.Mas que, na verdade, eles pagam salários maiores que o de equilíbrio porque os trabalhadores têm certo arbítrio de esforço do seu trabalho e a empresa contorna possíveis relapsos pagando salários superiores ao de equilíbrio, porque salários mais altos lhes dão maior incentivo a envidar maiores esforços.Salários mais altos também evitam a rotatividade.A rotatividade da mão-de-obra é um fator negativo para as empresas, porque a contratação e o treinamento de funcionários tem alto custo para empresas.Existem dados empíricos que corroboram a Teoria dos Salários de Eficiência.Henry Ford no início do século XX elevou os salários dos operários de sua linha de montagem para uma diária de 5 dólares, que era o dobro da diária corrente da época.O resultado dessa política dessa política teve o efeito esperado pela Teoria dos Salários de Eficiência.A rotatividade caiu, o absenteísmo se reduziu e a produtividade aumentou (Mankiw, 2001.Introdução a Economia.Editora Campus, p.602).Ford mesmo declarou que considerava a política da diária de 5 dólares “um dos mais perfeitos métodos de corte de custos já aplicados”.Ora, na época trabalho requerido na linha de montagem da Ford era feito por qualquer trabalhador sem qualificação e não houve aumento da produtividade do trabalho que justificasse essa elevação dos salários.

Se o salário pode ser aumentado autonomamente pela lógica dos salários de eficiência, imagine se tiver um aumento de produtividade do trabalho (devido a melhor conhecimento técnico da mão-de-obra, por exemplo) que justifique esse aumento.Dá para entender claramente, porque tende a haver uma apropriação automática do aumento da produtividade , ao menos em parte, pelos salários.

Acauan escreveu:
Huxley, você é capaz de demonstrar esta equação e as conclusões tiradas dela substituindo as incógnitas literais por números reais da economia, provando assim que as contas batem tanto na teoria quanto na prática?


Quanto à proposição de que é possível aumentar o salário do trabalhador do sem crescimento econômico, acho que só tenho argumento teórico mesmo.Quanto a proposição que a melhor qualidade da mão-de-obra é um dos componentes do crescimento econômico, não tenho dúvidas que as contas batem tanto na teoria quanto na prática.Eu não sou especialista, mas tenho certeza que não há como vários economistas terem concluído de forma independente em estudos que a melhoria da educação tem impacto positivo sobre a renda nacional, sem que isso não significasse a validade da visão que venho defendendo aqui.Segundo dados internacionais, cada ano a mais de escolaridade aumenta o salário em 9%.No Brasil, essa influência chega a 12% (Menezes-Filho 2001: http://www.econ.puc-rio.br/gfranco/Agenda%20Perdida.pdf ).
Editado pela última vez por Huxley em 26 Mai 2007, 09:55, em um total de 2 vezes.
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”

Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)

"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."

John Maynard Keynes

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Aranha
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Mensagem por Aranha »

Acauan escreveu:
Como disse existem outros fatores na equação, alguns que nos beneficiam e outros que nos prejudicam.
A educação gera disponibilidade de mão-de-obra qualificada e barata nas regiões pobres, o que é um fator de atração de investimentos, mas que requer outros.


- A adaptabilidade inata do capital resolve isto, os primeiros investimentos seriam em áreas com disponibilidade ou abundância de recursos naturais e outras com menor necessidade de infra-estrutura (Litorais, margens de rios), os primeiros investimentos dariam ao estado capacidade de endividamento (bancos exigem renda), mesmo que os recursos sejam poucos, a mão-de-obra nesta fase é barata.

Acauan escreveu:
Veja o exemplo do semi-árido do nordeste, onde falta a infra-estrutura básica para instalação de empresas, as distâncias dos mercados fornecedor e consumidor são longas, não há estradas que prestem, as redes de distribuição de energia são insuficientes etc.

Ou seja, a educação em massa nesta região tornará suas populações mais aptas a conseguir emprego em outras mais desenvolvidas e tornará suas próprias economias locais mais produtivas, o que é bom, mas dificilmente atrairá investimentos maciços que promovam o desenvolvimento rápido da região em si.


- Então é consenso que a educação promove desenvolvimento, mesmo este não sendo rápido.


Acauan escreveu:
Outro exemplo é o das favelas urbanas.
A grande maioria dos jovens das periferias de São Paulo e dos morros do Rio tem acesso gratuito ao ensino até o nível médio.
Mesmo assim estes jovens enfrentam grande dificuldade de se colocar no mercado de trabalho formal porque o baixo índice de crescimento econômico gera poucas vagas, mesmo com estas cidades oferecendo a infra-estrutura e proximidade dos mercados.

É certo que os investidores ao fazer suas contas concluem que as vantagens de dispor desta mão-de-obra instruída até o nível médio é insuficiente para viabilizar custos e riscos da instalação de novos empreendimentos nestas áreas.
Um dos motivos é que ser instruído até o nível médio pelo ensino público brasileiro não é garantia de produtividade no nível requerido pela competição global, o que reduz a atratividade de investimentos.


- Pelo que sei as áreas das favelas não eram para ter nem gente, quanto menos empreendimentos, quem lá mora desfruta de proximidade das áreas onde o investimento ocorre e sei também que o índice de desenvolvimento humano e a qualidade de vida nas favelas tem crescido com o passar dos anos.

"No último censo realizado pelo IBGE em 2000 se constata que nas três maiores favelas do Rio, os dados sobre a quantidade de domicílios atendidos por rede geral de água impressionam, tendo a Maré[1] com praticamente a totalidade de seus domicílios atendidos: 99,9%; a Rocinha e o Complexo do Alemão não ficam muito atrás: 97,3% e 97,9% respectivamente. Quanto à coleta de lixo, os índices também são altos: 99,9% na Rocinha; 94,9% na Maré; e 99,3% no Complexo do Alemão. Os indicadores destas três favelas cariocas são muito superiores à média registrada para o Norte e Nordeste do Brasil[2].


Em outro levantamento, datado de 1997, realizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro (Favelas cariocas: índice de qualidade urbana), descobre-se que as dez favelas cariocas com melhores índices de qualidade de vida registravam indicadores acima da média de toda cidade. Enquanto as primeiras tinham 2,62% de água inadequada, o Rio tinha 3,9%. Quanto à taxa de esgoto inadequado: 6,84% para as favelas; 8,9% para o Rio. Coleta de lixo inadequada: favelas, 1,64%; Rio, 4,3%.[3]"

FONTE: http://www.klepsidra.net/klepsidra19/favelado.htm


Acauan escreveu:
Além disto a produtividade não depende apenas da instrução, mas também da cultura, que são correlatos entre si, mas distintos.

Assim, embora o nível educacional médio das favelas tenha crescido muito nos últimos vinte anos, as favelas continuam lá, por uma combinação de fatores negativos que vão da má qualidade do ensino, prevalência de culturas não progressistas e entraves diversos ao investimento produtivo.


- Ok, mas que houve desenvolvimento houve, mas há outras variáveis diversas influindo nesta questão das favelas, de forma que é difícil avaliar uma determinada árvore nesta floresta emaranhada.

Abraços,
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
Ben Parker

Apocaliptica

Re.: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por Apocaliptica »

Acauan,


Como faço para fazer minhas TODAS AS SUAS PALAVRAS dos posts de um simplicidade e uma lógica tão básicos? Eu queria muito viver num país onde as pessoas pensassem assim, como nós. Seria tudo tão mais fácil. Parece tão simples montar um país....e se destrói cada dia que passa mais....há muitos e podres motivos para isto. Sinto arrepios quando ouço esta corja que está no poder falar em "crescimento sustentável". Soa-me como " afundamento sustentado ". É revoltante.

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zencem
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Re: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por zencem »

Edson Jr escreveu:"O Brasil não combate a pobreza é pela lógica, não é pela maldade, não é por interesse de classe dos ricos contra os pobres, porque daria para acabar com o quadro de pobreza sem sacrifícios para os ricos. Não se faz por que há uma lógica de que aumentando a riqueza; ela se espalharia. A maneira de aumentar a riqueza é o crescimento econômico. Então o governo, em vez de gastar dinheiro em escola, faz uma hidroelétrica porque gera indústria e indústria gera emprego e emprego do pai dá escola para o filho. Isso foi uma grande mentira que foi dita, mas uma mentira que se acreditava, não era por maldade, há uma lógica. Não são somente os de direita que acreditam nessa mentira, tem muita gente de esquerda que acredita nisso, em todos os partidos tem gente que acredita que o crescimento econômico é o caminho para erradicar a pobreza. O Brasil precisa de crescimento econômico para aumentar a riqueza, porque nós precisamos de um país rico. Agora, para erradicar a pobreza o país não precisa aumentar a riqueza, nem o crescimento econômico, mas precisa aumentar o número de escolas, pagar melhor os professores, garantir renda para que os pais possam manter seus filhos na escola. E o mesmo para saúde, para água e esgoto."

Meu querido amigo Edson!

O espírito de Brizola já tem o seu cavalo.

E não podia baixar noutro terreiro que não fosse no do PDT. :emoticon12:

Décadas passarão e ouviremos esse tonitroar em nossos ouvidos.

De que adianta? Somos surdos.

E não é só isso que nos condena:

Aquí, nada se realiza, porque além de surdos, somos cégos, desonestos e incompetentes.


Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

- "Conhece-te a ti mesmo;
O 'Eu' é o caminho (da sabedoria)".


500 anos depois, um cara estragou tudo, tascando essa, num gesto de egolatria e auto-contemplação patológica:

- "EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA".

Deu no que deu !!! ... :emoticon147:


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Acauan
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Re: Re.: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por Acauan »

Apocaliptica escreveu:Acauan,


Como faço para fazer minhas TODAS AS SUAS PALAVRAS dos posts de um simplicidade e uma lógica tão básicos?


Beijão!

Apocaliptica escreveu:Eu queria muito viver num país onde as pessoas pensassem assim, como nós. Seria tudo tão mais fácil. Parece tão simples montar um país....e se destrói cada dia que passa mais....há muitos e podres motivos para isto. Sinto arrepios quando ouço esta corja que está no poder falar em "crescimento sustentável". Soa-me como " afundamento sustentado ". É revoltante.


Este é exatamente o ponto Apo.
Muita gente acredita em uma opinião que foi posta neste tópico de que se as soluções fossem fáceis já as teriam implantado.

O revoltante é que as soluções SÃO fáceis, o problema é que este país adora dirigentes que se apresentam como inventores da roda, olhando com desprezo aqueles que dizem que a roda já foi inventada e basta colocá-la no eixo e usar.

É o caso da educação.
Existem centenas de experiências bem sucedidas pelo mundo afora, basta escolher algumas delas, adaptá-las e usá-las.

Mas não, sempre aparece o guru brilhante da vez com sua própria teoria de como somos um povo único, para o qual as soluções alienígenas não servem, e dá-lhe transformar nossas crianças em cobaias, que quando saem analfabetas do ensino médio estes mesmos gurus dão de ombros, culpam o neo-liberalismo ou coisa parecida e fingem que não tem a ver com o peixe.

Para este país se dar bem, bastaria que um certo grupo calasse a boca e parasse de fazer merda.

Nós, Índios.

Acauan Guajajara
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Liberdade! Liberdade!
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Re: Re.: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por André »

Apocaliptica escreveu:Acauan,


Como faço para fazer minhas TODAS AS SUAS PALAVRAS dos posts de um simplicidade e uma lógica tão básicos? Eu queria muito viver num país onde as pessoas pensassem assim, como nós. Seria tudo tão mais fácil. Parece tão simples montar um país....e se destrói cada dia que passa mais....há muitos e podres motivos para isto. Sinto arrepios quando ouço esta corja que está no poder falar em "crescimento sustentável". Soa-me como " afundamento sustentado ". É revoltante.


Todo mundo pensasse igual a vc e ao Acauan? Não seria uma democracia claro.

Detalhe já antecipando, eu não quero um país que todos pensem como eu, pois isso forçosamente suprimi a escolha, e onde houver escolha, liberdade, sempre haverá variação de pensamento, e pensamentos divergentes. E eu acho isso tudo ótimo, uniformização das formas de pensar, é ruim, tanto o que seria necessário para realizar, como o resultado em si.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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Re: Re.: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por Acauan »

André escreveu:Todo mundo pensasse igual a vc e ao Acauan? Não seria uma democracia claro.

Detalhe já antecipando, eu não quero um país que todos pensem como eu, pois isso forçosamente suprimi a escolha, e onde houver escolha, liberdade, sempre haverá variação de pensamento, e pensamentos divergentes. E eu acho isso tudo ótimo, uniformização das formas de pensar, é ruim, tanto o que seria necessário para realizar, como o resultado em si.


Você não gostaria que todos pensassem como você quanto a importância da liberdade e do direito individual, do valor do ser humano e da importância da justiça?

Não há problema nenhum em gostar da idéia de outros pensarem como nós quando estamos convictos do que acreditamos.

Coisa muito diferente é querer impor o seu modo de pensar a quem não pensa como você, o que, obviamente, não admito.
Nós, Índios.

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André
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Re: Re.: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por André »

Acauan escreveu:
André escreveu:Todo mundo pensasse igual a vc e ao Acauan? Não seria uma democracia claro.

Detalhe já antecipando, eu não quero um país que todos pensem como eu, pois isso forçosamente suprimi a escolha, e onde houver escolha, liberdade, sempre haverá variação de pensamento, e pensamentos divergentes. E eu acho isso tudo ótimo, uniformização das formas de pensar, é ruim, tanto o que seria necessário para realizar, como o resultado em si.


Você não gostaria que todos pensassem como você quanto a importância da liberdade e do direito individual, do valor do ser humano e da importância da justiça?

Não há problema nenhum em gostar da idéia de outros pensarem como nós quando estamos convictos do que acreditamos.

Coisa muito diferente é querer impor o seu modo de pensar a quem não pensa como você, o que, obviamente, não admito.


Respondendo sua primeira pergunta.

Eu gostaria que a maioria pensasse assim, já seria suficiente para mim. Todos? Não. Pois para todos pensarem assim teria imposição. Mesmo que não houvesse imposição teria um outro problema, igualdade de pensamento dificulta as trocas, se for amplo. A variedade das formas de pensar, é algo extremamente positivo, e bom, especialmente para aqueles que consideram o dialogo uma forma de aprendizado.

Claro que concordo com isso

"Não há problema nenhum em gostar da idéia de outros pensarem como nós quando estamos convictos do que acreditamos.

Coisa muito diferente é querer impor o seu modo de pensar a quem não pensa como você, o que, obviamente, não admito."

Mas existe uma distancia entre gostar de um pensamento, e querer que todos pensem igual a vc. Eu me daria por satisfeito com a maioria, suficiente para democraticamente construir medidas justas, que valorizam a vida humana, e respeitam a liberdade de pensamento. “Todos” não, pois a idéia de totalidade de gente pensando igual é para mim extremamente perigosa.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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Re: Re.: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por Edson Jr »

Apocaliptica escreveu:Acauan,


Como faço para fazer minhas TODAS AS SUAS PALAVRAS dos posts de um simplicidade e uma lógica tão básicos? Eu queria muito viver num país onde as pessoas pensassem assim, como nós. Seria tudo tão mais fácil. Parece tão simples montar um país....e se destrói cada dia que passa mais....há muitos e podres motivos para isto. Sinto arrepios quando ouço esta corja que está no poder falar em "crescimento sustentável". Soa-me como " afundamento sustentado ". É revoltante.


hehehe...esse negócio de querer que todos pensem igual é meio narcisista e religioso, Apo!

Vai virar crente no liberalismo também! :emoticon16:

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Re: Re.: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por Edson Jr »

Acauan escreveu:Não há problema nenhum em gostar da idéia de outros pensarem como nós quando estamos convictos do que acreditamos.


Convicção é coisa de crente Acauan! :emoticon16:

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Re.: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por Edson Jr »

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Re: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por Edson Jr »

zencem escreveu:
Edson Jr escreveu:"O Brasil não combate a pobreza é pela lógica, não é pela maldade, não é por interesse de classe dos ricos contra os pobres, porque daria para acabar com o quadro de pobreza sem sacrifícios para os ricos. Não se faz por que há uma lógica de que aumentando a riqueza; ela se espalharia. A maneira de aumentar a riqueza é o crescimento econômico. Então o governo, em vez de gastar dinheiro em escola, faz uma hidroelétrica porque gera indústria e indústria gera emprego e emprego do pai dá escola para o filho. Isso foi uma grande mentira que foi dita, mas uma mentira que se acreditava, não era por maldade, há uma lógica. Não são somente os de direita que acreditam nessa mentira, tem muita gente de esquerda que acredita nisso, em todos os partidos tem gente que acredita que o crescimento econômico é o caminho para erradicar a pobreza. O Brasil precisa de crescimento econômico para aumentar a riqueza, porque nós precisamos de um país rico. Agora, para erradicar a pobreza o país não precisa aumentar a riqueza, nem o crescimento econômico, mas precisa aumentar o número de escolas, pagar melhor os professores, garantir renda para que os pais possam manter seus filhos na escola. E o mesmo para saúde, para água e esgoto."

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Re: Re.: Por que razão o Brasil não combate a pobreza?

Mensagem por Edson Jr »

Huxley escreveu: Quem diz o contrário, estará concordando com a lógica do ex-ministro Delfim Neto, segundo o qual o “bolo tem de primeiro crescer, para depois ser repartido”.Não existe defasagem entre o período que o bolo cresce e o período em que o bolo é distribuído.O aumento visível da produtividade média do trabalho garante que a economia cresça e seja capaz de distribuir renda AO MESMO TEMPO!Isso não é conversa de esquerdista.Isso pode ser visto em textos de economistas liberais, como o ex-presidente do BC Gustavo Franco:
http://www.econ.puc-rio.br/gfranco/insercao.pdf


É esse o X da questão que Acauan resiste tanto. O crescimento econômico por si só não é garantia de melhor distribuiçãode renda, a não ser que esteja atrelado com o investimento na educação, qualificando a mão-de-obra e aumentando a produtividade.

Se o país crescer não priorizando a educação, a história será sempre a mesma: "Ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres". :emoticon2:

Trancado