Quando um ditador disser NÃO é porque é SIM

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Quando um ditador disser NÃO é porque é SIM

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O modus operandis segue invariavelmente o mesmo script. Deve haver um prazer geneticamente inscrito nas mentes perversas de todos os algozes da liberdade: quando eles negam é porque aconteceu ou vai acontecer, e quando afirmam, é sinal claríssimo de que o que está rolando nos bastidores é justamente o contrário. E o assunto a que se referem nunca é coisa boa. Mas como o jogo já é tácito na história da humanidade, a pauta vai se escrevendo previamente. É desta forma que eles funcionam. O sadismo monstruoso, arrogante e destruidor apunhala e não pergunta se alguém saiu ferido. É para ferir mesmo, já que é obra de uma mente doente querendo se atracar com alguma coisa ainda viva que lhe sirva de alimento.
Maus dias nos aguardam na América Latina e vejo alguns episódios de décadas passadas se repetirem. É como um manual gasto e sempre utilizado, porque faz funcionar uma máquina que nunca se cansa. Não sei o que faria se fosse cidadã venezuelana agora. Meu sangue sobe fácil nestas ocasiões.
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26/05/2007 - 21h59

Presidente da Bolívia nega intenção de fechar redes de TV e rádios

da France Presse, em La Paz

O presidente boliviano Evo Morales afirmou neste sábado que na Bolívia existe não só "liberdade, como também libertinagem de expressão", mas assegurou que seu governo jamais fechará canais de televisão nem rádios.

"Jamais pensamos em fechar canais. Tentaram deturpar, como sempre alguns meios deturpam. Quem falou em fechar canais? quem falou em fechar rádios? Jamais", afirmou depois de participar da celebração do aniversário de uma unidade militar.

Estas declarações de Morales foram feitas a poucas horas do fechamento, na Venezuela, da rede de televisão RCTV por ordens de seu aliado Hugo Chávez.

Morales disse que esta informação é "totalmente falsa" e lamentou que alguns meios de comunicação, com os quais mantém uma relação conflituosa, tentem fazer com que seu governo pareça ter essa intenção.



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28/05/2007 - 18h24

Para analistas, morte da RCTV "asfixia" oposição na Venezuela

ANDREA MURTA
da Folha Online
GUSTAVO GOUVEIA
Colaboração para a Folha Online

Nesta segunda-feira, a Venezuela amanheceu sem sua rede de TV de maior audiência, que pela primeira vez em 53 anos deixou de transmitir sinal. Em uma morte anunciada, a Rádio Caracas de Televisión (RCTV) acabou às 23h59 deste domingo, depois que o presidente do país, Hugo Chávez, se negou a renovar sua concessão de funcionamento.


A RCTV era a única emissora com alcance nacional que fazia oposição ao governo. Sua principal concorrente, a Venevisión --que em 2002 participou ativamente de uma tentativa de derrubar Chávez do poder-- mudou de lado e hoje faz uma cobertura alinhada com a visão governista.

"O fechamento da RCTV é mais um passo em direção à destruição da democracia na Venezuela. Chávez quer criar uma cultura em que vigore o pensamento único, e nem a oposição política nem a oposição social têm forças para resistir a esse ataque", diz Trino Márquez, 56, doutor em sociologia e professor da Universidade Central da Venezuela.

Segundo Márquez, que conversou por telefone com a Folha Online de Caracas, a Venevisión não transmite mais "nenhum tipo de juízo crítico sobre o governo". "Os problemas do país não são examinados em profundidade", avalia. A estação Televén, que tem cerca de 12% da audiência total do país, também se aliou ao governo.

Para a oposição, resta apenas a rede Globovisión, que é transmitida somente em Caracas e em seus arredores, e alguns poucos jornais impressos, que não têm nem o alcance nem a penetração da TV.

Incapacidade de ação

Apesar dos protestos contra o fim da concessão da RCTV, analistas ouvidos pela Folha Online não têm esperanças de que a oposição possa reverter a medida.

Para Cristina Soreanu Pecequilo, doutora em Ciência Política pela USP (Universidade de São Paulo e membro do Nerint (Núcleo de Estratégia e Relações Internacionais) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), 'a questão principal da oposição venezuelana diante de Chávez, com ou sem RCTV, é a incapacidade em promover uma política mais sistemática e unificada de ação'.

Pecequilo, que falou à Folha Online por e-mail, afirma que "mesmo com a RCTV, a oposição não conseguira agir unificadamente; é preciso oferecer uma alternativa concreta, e não só protestos".

Oposição enfraquecida

Segundo Tullo Vegevani, coordenador de estudos da América Latina do Gacint (Grupo de Análise da Conjuntura Internacional), da USP, e professor da Unesp, a oposição venezuelana está "debilitada" desde a eleição de Chávez, e perdeu ainda mais força após a tentativa de golpe, em 2002. "A oposição que agregava setores empresariais, sobretudo da classe média, está sem força", diz o estudioso.


Para ele, as manifestações contra o fechamento da RCTV foram "pequenas", apesar de terem "certa simbologia". "A sociedade venezuelana não pode ser classificada como polarizada. Há um movimento forte de apoio ao presidente, e certamente há algum descontentamento, mas ele não constitui uma força política relevante".

De acordo com o especialista, a curto prazo, os protestos não terão repercussões importantes, pois para isso seriam necessários uma "base social relevante e núcleos políticos organizados".

Ele discorda daqueles que acusam Chávez de se aproximar do totalitarismo. "A manutenção das liberdades democráticas, da permissão para se expressar e se organizar, permanecem. Há partidos de oposição, inclusive os velhos partidos venezuelanos, como a AD (Acción Democrática) e o COPEI (Partido Democrata Cristão), que foram considerados corruptos e derrubados nas eleições em 1999. São forças políticas pequenas, mas que existem.

Com relação à imprensa, Vegevani afirma que há alguns jornais importantes que continuam a "opinar e a se manifestar livremente". "Mas é claro que o fechamento de uma emissora importante, como a RCTV, aumenta o peso da imprensa que é favorável a Chávez", afirma.

Jornais impressos

Para a imprensa escrita na Venezuela, a situação é um pouco diferente. Márquez afirma que os dois maiores jornais do país, "El Universal" e "El Nacional", exercem uma linha crítica a Chávez. Para ele, os periódicos ainda não sofreram grande interferência do presidente porque sua leitura na Venezuela não é muito expressiva.


Tropa de choque lança gás lacrimogêneo contra manifestantes anti-Chávez em Caracas
Tanto o "Universal" quanto o "Nacional" dedicaram a primeira página e coberturas exclusivas ao fim do sinal da RCTV hoje.

No "Nacional", além da repercussão internacional do fechamento da TV, a manchete alerta que o ministro das Comunicações e Informação venezuelano apresentou hoje uma denúncia contra outro canal: o Globovisión, que supostamente usou mensagens subliminares para "prejudicar a imagem de Chávez".

Outro jornal importante na Venezuela, o "Ultimas Noticias", é partidário de Chávez, de acordo com o Márquez. Para ele, o governo atua cada vez mais no setor de mídia impressa no país.

Chávez adquire jornais locais endividados e os publica gratuitamente com conteúdo renovado, diz o professor. Além disso, os grandes jornais seriam "pressionados a mudar sua linha editorial".

Ilegalidade

O diretor da Escola de Comunicação Social da Universidade Central de Caracas, Adolfo Herrera, 60, que também rechaça o fim da RCTV, questiona a legalidade da medida. Ele afirma que, na Venezuela, se uma estação não cometeu delitos que podem ser provados em tribunais, tradicionalmente, sua concessão é renovada.

"Chávez tomou uma decisão pessoal, e como aqui na Venezuela não há independência dos poderes, não renovou a concessão da RCTV", afirma. "Toda a Escola de Comunicação está comovida com esta decisão, que praticamente corta a história da televisão venezuelana", completa.

Para Herrera, a medida busca amedrontar outros meios de comunicação. "É um terrorismo disfarçado. Com certeza, os outros meios terão que ter mais cuidado agora. E no canal do governo a oposição não fala."

Novas ações

O fechamento da TV gerou uma grande oposição por parte do público. Chega a 80% a rejeição à medida entre a população, segundo a última pesquisa do Instituto Hinterlaces.


Para os especialistas, o alto custo político da decisão deve servir para evitar uma nova investida contra meios de comunicação no curto prazo.

Márquez afirma que esse custo é também pesado no exterior. "Chávez não conseguiu convencer a comunidade internacional que o fim da concessão era uma medida que o Estado venezuelano tinha o direito de adotar", diz. A União Européia e vários países da América Latina, como México, Honduras, Uruguai e Colômbia, expressaram sua contrariedade ao fim da RCTV.

Herrera não se diz surpreso com o fim da RCTV. "Todos os países socialistas que conheci aplicavam a mesma fórmula de controle da comunicação", afirma.

Ameaçar as transmissões da Globovisión, no entanto, parece fora de cogitação. "Além de a Globovisión ter um alcance pequeno, Chávez precisa manter uma fachada de democracia. A Globovisión é uma pequena janela para a oposição, e não creio que sua transmissão está ameaçada por enquanto."


http://www1.folha.uol.com.br/folha/mund ... 7680.shtml


Alguém ainda duvida das intenções de Chávez?
Editado pela última vez por Apocaliptica em 29 Mai 2007, 10:11, em um total de 1 vez.

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aknatom
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Re.: Quando um ditador disser NÃO é porque é SIM

Mensagem por aknatom »

Destes episódios, um que é bem lembrado e chega a ser piada foi na presidência do Sarney.
As 20h, antes do jornal nacional, ele foi na TV fazer um pronunciamento onde deixava claro que, em hipótese alguma, haveria um aumento dos combustíveis e do gás de cozinha.
As 21h30 o plantão do jornal nacional anunciava aumento dos combustíveis e do gás de cozinha.
The Pensêitor admitindo que estava enganado: http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?p=53315#53315
Eu concordando plenamente em algo com o VM: http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?p=239579#239575

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Re: Re.: Quando um ditador disser NÃO é porque é SIM

Mensagem por Apocaliptica »

aknatom escreveu:Destes episódios, um que é bem lembrado e chega a ser piada foi na presidência do Sarney.
As 20h, antes do jornal nacional, ele foi na TV fazer um pronunciamento onde deixava claro que, em hipótese alguma, haveria um aumento dos combustíveis e do gás de cozinha.
As 21h30 o plantão do jornal nacional anunciava aumento dos combustíveis e do gás de cozinha.


Esqueci de dizer, que dentro de muitos políticos há ditadorezinhos sádicos semi-adormecidos, que adoram se divertir vez por outra. Não há outra explicação para fazerem isto. Se não fossem sádicos, ficariam quietos e apenas agiriam. Mas eles gostam de dar umas risadas antecipadas.

Trancado