Acauan escreveu:Toda esta enrolação teológica não invalida em nada meu argumento.
A questão é se haverá ou não livre arbítrio no tal paraíso post-mortem.
Se os salvos ficarão congelados em uma realidade atemporal que eterniza um determinado estado de espírito, isto implica que este estado de espírito não é mais influenciado pela vontade.
A própria afirmação de "não vamos querer mudar" confirma o posto acima.
E se as vontades na eternidade são imutáveis, por que os anjos caíram?
Ou eles foram criados maus por Deus ou mudaram de opinião, o que de qualquer forma desmente seu argumento.
E o pior.
Se havia então uma alternativa que permitia ao homem a eterna felicidade desde o princípio, por que Deus optou por uma outra que conduziria a grande maioria invariavelmente ao inferno e seu próprio filho à tortura e morte?
Creio que você não compreendeu, querido.
Dizer que "não vamos querer mudar", não é um limitante da vontade. Pelo contrário, é um exercício pleno dela.
Façamos uma analogia. Imagine um viciado em tóxicos, que um dia consegue deixar de usá-los. Em princípio, ele continuará sentindo vontade de retornar aos entorpecentes, mas, quando finalmente, ele se libertar da carga presente em suas veias e, sobretudo, da dependência psicológica, ela já
não terá vontade de tornar às drogas. Ele perdeu a capacidade de arbítrio?
Claro que a analogia não é perfeita, pois não apresenta todas as possibilidades da discussão teológica. É só uma analogia. Mas já ajuda a entender o que estou alegando.