Fidelidade.

Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.
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Edson Jr
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Registrado em: 25 Nov 2005, 21:34
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Re: Re.: Fidelidade.

Mensagem por Edson Jr »

Apocaliptica escreveu:
clara campos escreveu:
NadaSei escreveu:O problema são os "acordos".
Uns 80% das brigas por telefone que eu presencio no trabalho entre namorados, tem como assunto a quebra de "acordos", do tipo não ficar na casa das amigas, quando fulano está trabalhando, ou ir pro bar após o trabalho.
Quer dizer, mesmo quando não estão juntos, o que um faz durante tempo livre é motivo de brigas com o outro.

É verdade.
Nunca percebi porque estas coisas acontecem... é curioso como grande parte das pessoas não suporta que o parceiro se divirta quando elas não o podem fazer...

Clara...embora eu já tenha pensado nisto e é assunto recorrente em conversas, fazendo uma auto-terapia, e depois conversando com meu terapeuta, cheguei à uma conclusão. A maioria das reações exacerbadas de ciúme, na verdade estão ligadas à outro sentimento, que é a inveja profunda da alegria e dos prazeres vividos pelo companheiro.
Não é sinal de amor por aquela pessoa especificamente, não é querer a pessoa para nós, não se trata de sentimento de posse. Não é algo tão simples. Veja que mesmo após o suposto traidor negar a traição, ou se redirmir,caso assuma que traiu mesmo ( trair de todas as formas os acordos, apenas saindo com amigos, indo a algum lugar e não avisando, enfim...), a perturbação emocional do que se sente e se diz traído, não cessa. Ela apenas se alimenta do episódio e, ao fim, parece ficar frustrada com o final do mesmo. Parece então, que há uma dependência constante de que "algo" esteja acontecendo, alguma coisa ele deve estar fazendo de errado e eu preciso saber"...
Na verdade, o sentimento é de frustração por não sermos nós os protagonistas do que o outro está vivendo, sentimos inveja.
A imaginação leva o sujeito a fantasiar as coisas que ele próprio gostaria de estar fazendo, aumentar as proporções, maior sendo este sentimento quanto menor a auto-estima e a capacidade de ter suas próprias "aventuras", e maior é a vontade de absorver do outro um pouco da sua liberdade de ação, como se esta capacidade estivesse projetada no outro, e precisássemos amordaçá-lo, ou paralizá-lo para podermos absorver e usar.
Na verdade é triste, mas este tipo de ciumento, é um espécie de vampiro. Não é por amor que ele age assim, nem por egoísmo, mas por vontade de estar no lugar do outro. Como aquela é a pessoa a quem ela acredita que ama ( e pode amar mesmo) é nela que se projetam também as frustrações por não conseguir se desapegar de determinados valores que a tolhem emocionalmente.


Caramba Apo, mas que análise!

Ao meu ver, perfeito...assino em baixo tudo isso que vc acabou de dizer!:emoticon4:

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Joe
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Registrado em: 16 Fev 2007, 23:33
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Re: Re.: Fidelidade.

Mensagem por Joe »

NadaSei escreveu:
joe escreveu:Eu sou um cara não sei se previlegiado ou não por viver em um mundo do qual vejo traição a toda parte, principalmente quando se trata de relacionamentos longos, amizades, camaradagem etc.
(...)
Eu já traí muitas vezes e não guardo mágoas sobre as mulheres das quais me trairam, ainda sou da vertente de traição ser coisas diferentes e diversos momentos.

Abraços,
Joe

Esse caso que você contou, me fez lembrar uma coisa que eu costumo observar constantemente.
As pessoas, quase que inevitavelmente flertam umas com as outras, de forma inconsciente.

Vou dar um exemplo, uma namorada de um amigo meu, estava usando uma blusinha com um belo decote, menina bonita e vaidosa, sabia se vestir e mostrar seu corpo de uma forma atraente e sem vulgaridade, seus seios eram lindos e, eu inevitavelmente me peguei olhando seu decote por diversas vezes.
Em uma dessas olhadelas, ela percebeu para onde eu olhava, a resposta dela, foi um belo sorriso que me fez sorrir de volta.

Ela sorriu de forma inconsciente e, involuntária.
Eu sei disso, porque meu sorriso foi igual e, eu tentei sem sucesso tira-lo de minha face.
Os nossos sorrisos foram bastantes discretos, mas inegáveis, a probabilidade dela nem ter percebido que estava sorrindo é enorme.
A resposta dela ao meu sorriso foi falar qualquer coisa, que não tinha nada a ver com isso, e eu respondi prontamente.
Esse "falar", serviu para que ambos pudessem ignorar a situação e, ao mesmo tempo, eliminar de o sorriso de nossos rostos.

Claro, um sorriso não é nada, quem não gosta de ser alvo dos olhares de outras pessoas que achamos bonitas?
Somos vaidosos e ficamos felizes, ao sermos reconhecidos como belos pelos outros.
Depois desse "incidente", eu passei a prestar mais atenção nisso, tanto em mim, quanto nos outros.
O que eu descobri é que a maioria das pessoas, mesmo comprometidas, flertam o tempo todo, inclusive, os homens procuram o corpo da mulheres e, elas se posicionam de forma a facilitar a visão do homem aos seus atrativos.

Eles procuram e elas incentivam, mesmo com o amigo do namorado e, estando o namorado junto, os três conversando. (claro que, nessas ocasiões, o flerte fica mias "ligth").
É lógico que alguns flertam de forma consciente, ou mesmo apenas uma das partes o faz consciente.
Após notar isso, fiz o teste e passei a flertar mais, com isso, as garotas passam a incentivar mais.
Encontrei pouca gente que foge a essa regra, mesmo as meninas mais timidas acabam flertando um pouco.
É inconsciente, gostamos de receber olhares de pessoas que nos atraem, e gostamos de "ficar".

Eu não vejo motivo pra tanto "drama" e, não diria que é apenas "sexo".
Sexo é bom, mesmo com desconhecidos, mas na maior parte do tempo, eu prefiro transar com "amigas" bonitas, que com meninas desconhecidas.
Quando existe amizade, existe mais carinho e menos insegurança, isso deixa o sexo é melhor.
Eu vejo nas pessoas durante o flerte, o mesmo comportamento, amigos e colegas, flertam mais entre si que com desconhecidos.
Ao meu ver, amigos são feitos pra "ficar" com amigos e, os melhores amigos, são pra "namorar" e "casar".


Uma visão interessante, Nada sei.

O flerte é realmente um aderente ao comportamento humano e querendo ou não usamos isso como uma ferramenta poderosa mesmo consciente disso ou não.

Sobre transar com desconhecidos, a questão é um pouquinho diferente, até porque você deve antes de mais nada, conhecer a parceira, nem que seja um pouco para ambos estarem confortáveis entre si.

A questão muda de rumo, quando saímos (pelo menos eu faço) para conhecer mulheres no show e se divertir com os amigos, até porque elas são desconhecidas que precisam ser conhecidas. :emoticon12:

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NadaSei
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Registrado em: 27 Dez 2006, 18:43
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Re: Re.: Fidelidade.

Mensagem por NadaSei »

clara campos escreveu:A felicidade não é um bem absoluto.
Ao longo de toda a nossa vida somos confrontados com diversas escolhas, sendo que umas anulam necessariamente outras.
Se um casal se ama mas uma das partes decide ir para o japão fazer currículo e carreira (pegando apenas num caso mencionado por ti, mas sem querer de todo particularizar), essa pessoa está a optar pela carreira em detrimento da relação com o seu parceiro.
É natural que o parceiro fique tão triste - para não dizer na merda - por ser preterido, que a felicidade pela felicidade do seja amenizada, esquecida ou apagada.
O desapego resolveria este problema de frustação, é vero, mas foi também o desapego que levou o outro a partir para o japão.

Assim, o desapego pode ser causa ou consequência de infelicidade.

O caso que dei sobre o Japão... era apenas de amizade.
Ilustra os problemas do apego e, porque é melhor não tê-lo.
O desapego em momento algum, poderia ser causa de uma separação, visto que amar, não significa apegar-se a algo ou alguém.
Os amigos partem, os romances terminam, as coisas se vão, as situações mudam e as pessoas morrem.

Na vida, a mudança é inevitável, apegar-se a algo, é querer o impossível, querer que as coisas não mudem, querer que continuem como são... (que tédio...)
Não ter apegar e aceitar o inevitável, elimina a grande maioria dos nossos sofrimentos e, nos permite aproveitar ao máximo o presente.
O apego também é acompanhado pelo medo da perda, quando você teme perder o que tem, acaba não aproveitando isso tanto quanto deveria, pois preocupa-se com um futuro inexistente, ao invés de se concentrar no presente.

O apego é um dos maiores problemas humanos, felizmente pode ser eliminado.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

Apocaliptica

Re: Re.: Fidelidade.

Mensagem por Apocaliptica »

Edson Jr escreveu:
Apocaliptica escreveu:
clara campos escreveu:
NadaSei escreveu:O problema são os "acordos".
Uns 80% das brigas por telefone que eu presencio no trabalho entre namorados, tem como assunto a quebra de "acordos", do tipo não ficar na casa das amigas, quando fulano está trabalhando, ou ir pro bar após o trabalho.
Quer dizer, mesmo quando não estão juntos, o que um faz durante tempo livre é motivo de brigas com o outro.

É verdade.
Nunca percebi porque estas coisas acontecem... é curioso como grande parte das pessoas não suporta que o parceiro se divirta quando elas não o podem fazer...

Clara...embora eu já tenha pensado nisto e é assunto recorrente em conversas, fazendo uma auto-terapia, e depois conversando com meu terapeuta, cheguei à uma conclusão. A maioria das reações exacerbadas de ciúme, na verdade estão ligadas à outro sentimento, que é a inveja profunda da alegria e dos prazeres vividos pelo companheiro.
Não é sinal de amor por aquela pessoa especificamente, não é querer a pessoa para nós, não se trata de sentimento de posse. Não é algo tão simples. Veja que mesmo após o suposto traidor negar a traição, ou se redirmir,caso assuma que traiu mesmo ( trair de todas as formas os acordos, apenas saindo com amigos, indo a algum lugar e não avisando, enfim...), a perturbação emocional do que se sente e se diz traído, não cessa. Ela apenas se alimenta do episódio e, ao fim, parece ficar frustrada com o final do mesmo. Parece então, que há uma dependência constante de que "algo" esteja acontecendo, alguma coisa ele deve estar fazendo de errado e eu preciso saber"...
Na verdade, o sentimento é de frustração por não sermos nós os protagonistas do que o outro está vivendo, sentimos inveja.
A imaginação leva o sujeito a fantasiar as coisas que ele próprio gostaria de estar fazendo, aumentar as proporções, maior sendo este sentimento quanto menor a auto-estima e a capacidade de ter suas próprias "aventuras", e maior é a vontade de absorver do outro um pouco da sua liberdade de ação, como se esta capacidade estivesse projetada no outro, e precisássemos amordaçá-lo, ou paralizá-lo para podermos absorver e usar.
Na verdade é triste, mas este tipo de ciumento, é um espécie de vampiro. Não é por amor que ele age assim, nem por egoísmo, mas por vontade de estar no lugar do outro. Como aquela é a pessoa a quem ela acredita que ama ( e pode amar mesmo) é nela que se projetam também as frustrações por não conseguir se desapegar de determinados valores que a tolhem emocionalmente.


Caramba Apo, mas que análise!

Ao meu ver, perfeito...assino em baixo tudo isso que vc acabou de dizer!:emoticon4:


Puxa, e lendo agora, parece que faltam algumas coisas ainda...depois vou tentar elaborar melhor.
Obrigada pelo endosso.

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Edson Jr
Mensagens: 2065
Registrado em: 25 Nov 2005, 21:34
Gênero: Masculino

Re: Re.: Fidelidade.

Mensagem por Edson Jr »

Apocaliptica escreveu:Puxa, e lendo agora, parece que faltam algumas coisas ainda...depois vou tentar elaborar melhor.
Obrigada pelo endosso.


Só não esqueça de me avisar! :emoticon4:

Trancado