André escreveu:Acauan escreveu:Todas propostas de cotas para vagas nas universidades são essencialmente estúpidas. (André, conheço sua sensibilidade quanto a refutar argumentos nestes termos e você conhece minha falta dela, logo, vamos ao que interessa).
Tomemos o exemplo das cotas para alunos egressos de escolas públicas.
A lógica da coisa é que o ensino público é uma porcaria, no qual o aluno não aprende nada, logo não consegue passar no vestibular, então é preciso abrir cotas para alunos que não sabem nada porque os que sabem vieram de escolas particulares.
Alguém consegue ver alguma lógica no parágrafo acima?
É como obrigar as montadoras de automóveis a fazer carros mais reforçados porque as estradas brasileiras são esburacadas.
Ninguém de bom senso há de negar que é mais sensato em cada um dos casos tapar os buracos ou melhorar o ensino público.
Acauan eu apenas reajo quando me sinto atacado em meu caráter ou capacidade. Nesse caso não vejo qualquer problema com a sua terminologia pois está referente a proposta, fora que vc tem todo direito de achar estúpidas, e eu de achar menos pior que cotas raciais.
Desculpa me meter aqui na conversa alheia, mas acho que este ponto é crucial na discussão.
André escreveu:Vamos ao que interessa.
A lógica é que o ensino público tem deficiências, e além disso os mais pobres, em sua maioria nesse, tem ainda outros elementos ligados a condições econômicas que limitam. Logo os melhores alunos desse sistema público tem méritos
André, me parece que a tua sensibilização atrapalha um pouco a visão de realidade do que seria lógico ( não óbvio...lógico). Por que os alunos das escolas públicas teriam mais méritos do que os outros? Primeiro que o mérito está ligado ao esforço e não à maldita tendência à vitimização que assola a cultura terceiromundista entranhada neste país. Segundo que os alunos que não tê, dinheiro e os que têm não podem receber a responsabilidade nem da vitimização e nem do rótulo de "burguesinhos". Isto é preconceito do pior tipo, pois gera um sectarismo entre eles que é o que impede a aproximação por outros caminhos. Eles são crianças, adolescentes, alunos, cidadãos. Não têm culpa do sistema que pré-existe à condição deles. Uma criança com problemas familiares num família com dinheiro pode ter muito mais dificuldades do que uma criança de classe média baixa com uma família mais ou menos estruturada. Isto jamais deveria ser valorado, quando o verdadeiro problema está em outra dimensão. Fazer este tipo de apologia emocional é colocar nas cabeças deles e na consciência da cultura nacional que de certa forma eles são o objeto e o fim. E não são. Eles fazem parte de algo maior, de esfera histórica e estrutural.
Seria mais ou menos como a aquela história de colocar os filhos no centro da decisão de um casal se mudar de casa ou não, se separar ou não. Os filhos estão no pacote, mas não podem ser os catalisadores das decisões.
André escreveu: Assim em adição a melhoria progressiva do ensino público, as únicas cotas que para mim teriam legitimidade de promover alguma inclusão social, visando equidade, seriam as nesses termos.
Não tem que ter cotas para nada, André. Isto abre precedente para mais problemas, polêmicas e ações judiciais. Não é por aí.
André escreveu:Cotas essas que não são para serem permanentes, e o ideal, é que deixassem de existir, assim que fosse verificado um equilíbrio entre os alunos de escolas particulares e públicas, já que de forma concomitante, o ensino público precisa ser aprimorado.
Não existe isto de temporário. Percebe? Aqui já se cria um problema. Temporário como? Por quanto tempo? É muita idealização e na prática as coisas não funcionam assim. Não existe como verificar ou conseguir equilíbrio no Brasil enquanto o sistema estiver sendo manipulado por várias forças conspiratórias que não dão valor para a educação e sim para a manutenção da alienação. As cotas aqui só servem para tapar buracos, o que não é nada bom. E sim, o ensino público E o privado precisam ser urgentemente tirados do estado de dormência e sucateamento. Quero dizer que há exceções. Mas nunca vi tanto aluno e acadêmico que não sabe sequer escrever direito ( vejo por aqui....e lamento profundamente ). Os alunos que se sobressaem o fazem por mérito próprio, porque as escolas andam mal.
André escreveu:O que é terrível ao meu ver, é esse regresso a políticas que levam em conta aspectos raciais, especialmente no que tange os espaços públicos.
Sim, estas são péssimas. As outras, de perfil econômico são melhores, mas ruins de qualquer forma.