Religião é Veneno. Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico.
Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.
Apocaliptica escreveu:Hum...mas pensar é coisa que se faz a vida toda. E não precisa ter um caráter místico. Deve ser natural e não precisa ser aumentado porque está com 40 anos.
Em algum ponto entre os 30 e os 40, a pessoa se dá conta da própria mortalidade, não mais como uma informação que nos foi passada, mas como algo que finalmente se sente.
Isto talvez leve muitos a voltar a pensar em religião, mesmo que, na juventude, a tenham deixado de lado. Conheço alguns assim: transaram todas, beberam todas. De repente, aos primeiros achaques e pontadas, lá estão eles com a Bíblia ou com a DE na mão.
Hummmmm! Estou fazendo um levantamento das religiões disponíveis no mercado, acho que vou precisar logo, logo.
O ateísmo é uma consequência em mim, não uma militância sistemática.
'' O homem sábio molda a sí mesmo, os tolos só vivem para morrer.'' (O Messias de Duna - F.Herbert)
Não importa se você faz um pacto com deus ou o demônio, em quaisquer dos casos é a sua alma que será perdida, corrompida...!
emmmcri escreveu:Bem , eu tenho 45 anos,embora não me sinta com esta idade na "cabeça", o corpo já dá alguns sintomas da idade.Quando faço exercícios isso fica bem claro. Muita coisa na vida pode começar aos quarenta (doença,dores,limitações físicas,etc...) mas certamente não é a vida . Porquê será que inventaram este ditado ?
Certamente esse ditado foi inventado por pessoas de 80 anos prá mais.
Deixa eu ir tomar meu remédio prá dor nas costas.
"Assombra-me o universo e eu crer procuro em vão, que haja um tal relógio e um relojoeiro não. VOLTAIRE Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ? A Guerra faz de heróis corajosos assassinos covardes e de assassinos covardes heróis corajosos . No fim ela mostra o que somos , apenas medíocres humanos.
A vida começa quando vocÊ tem tempo para notar que existe um mundo a ser explorado e que você tem condições de fazê-lo. O resto é utopia.
Pobre não tem sonho, não tem projeto, não tem ideologia. Faz filho, come, assiste futebol/novela/boteco e dorme. A vida começa a qualquer hora. Basta ter dinheiro o suficiente...
...ou mais.
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."
Johnny escreveu:A vida começa quando vocÊ tem tempo para notar que existe um mundo a ser explorado e que você tem condições de fazê-lo. O resto é utopia.
Pobre não tem sonho, não tem projeto, não tem ideologia. Faz filho, come, assiste futebol/novela/boteco e dorme. A vida começa a qualquer hora. Basta ter dinheiro o suficiente...
Apocaliptica escreveu:Hum...mas pensar é coisa que se faz a vida toda. E não precisa ter um caráter místico. Deve ser natural e não precisa ser aumentado porque está com 40 anos.
Em algum ponto entre os 30 e os 40, a pessoa se dá conta da própria mortalidade, não mais como uma informação que nos foi passada, mas como algo que finalmente se sente.
Isto talvez leve muitos a voltar a pensar em religião, mesmo que, na juventude, a tenham deixado de lado. Conheço alguns assim: transaram todas, beberam todas. De repente, aos primeiros achaques e pontadas, lá estão eles com a Bíblia ou com a DE na mão.
Engraçado, quando eu tinha mais ou menos 10 anos, me passou certa vez pela cabeça, essa sensação de pânico que eu um dia iria morrer como todo mundo. Ficava preocupado se iria sentir muita dor ao morrer e mesmo tendo influência religiosa não me preocupava com a questão de céu e inferno.
Meu pensamento hoje é o mesmo, me preocupo somente com a morte rápida e se tivesse que ficar sofrendo numa cama, prefiro a eutanásia.
Johnny escreveu:Pobre não tem sonho, não tem projeto, não tem ideologia. Faz filho, come, assiste futebol/novela/boteco e dorme. A vida começa a qualquer hora. Basta ter dinheiro o suficiente... ...ou mais.
Não é uma questão de ser pobre e sim de não ter cultura.
Trabalhadores abaixo de um certo nível, mesmo ganhando o suficiente para viver sem problemas, normalmente não enxergam nada além do final do mês e o próximo salário.
Eles não fazem projetos de longo prazo e têm dificuldades em poupar justamente porque não conseguem conceber que um dinheiro fique parado sem dar uma satisfação imediata.
Para eles, têm que ser tudo a prestação: cada mês eles pagam uma e esquecem das outras. Nada de guardar até ter o bastante para comprar sem pagar juros.
Johnny escreveu:A vida começa quando vocÊ tem tempo para notar que existe um mundo a ser explorado e que você tem condições de fazê-lo. O resto é utopia.
Pobre não tem sonho, não tem projeto, não tem ideologia. Faz filho, come, assiste futebol/novela/boteco e dorme. A vida começa a qualquer hora. Basta ter dinheiro o suficiente...
...ou mais.
Totalmente isto.
Tudo o que eu queria é ter tempo pra fazer tudo que eu imagino, mas o trabalho não deixa!
Pensando assim a vida pra mim começa na aposentadoria
Preciso retificar. Dinheiro ajuda e recomeços são possíveis durante toda a vida. Mas precisa haver insights, uma espécie de re-acordar e começar de novo, provar novas coisas, reaver outras, fazer balanços, mas acredito ter passado por isto várias vezes já. E que vá passar outras tantas.
Na verdade este ditado popular surgiu numa época em que as pessoas pararam de morrer aos 40, a qualidade de vida e os valores acerca do ciclo nasce-trabalha-reproduz-morre, se ampliaram para a consciência de que estas fases, até então definidas pela expectativa de vida e de valores impostos, se rompeu. Agora a infância termina antes, mas continuamos crianças pelo resto da vida. A adolescência começa antes, mas também pode se manter em vários comportamentos durante muitas décadas, a vida adulta permite criancices e a velhice pode ser postergada. As pessoas estão mais livres, a comunicação entre as gerações é muito mais aberta e dinâmica e você tem 50 e vai ao show de rock da sua banda anos 70 junto com seu filho de 30 e com seu neto de 12. E todo mundo curte a mesma banda.
Johnny escreveu:A vida começa quando vocÊ tem tempo para notar que existe um mundo a ser explorado e que você tem condições de fazê-lo. O resto é utopia.
Pobre não tem sonho, não tem projeto, não tem ideologia. Faz filho, come, assiste futebol/novela/boteco e dorme. A vida começa a qualquer hora. Basta ter dinheiro o suficiente...
...ou mais.
Totalmente isto.
Tudo o que eu queria é ter tempo pra fazer tudo que eu imagino, mas o trabalho não deixa!
Pensando assim a vida pra mim começa na aposentadoria
Pois é. Mas muitos se aposentam e apenas descansam. Outros se sentem deprimidos. Enfim, o ser humano é uma incógnita para si mesmo...pensa e deseja uma coisa e depois na hora sente totalmente diferente. Eu apenas tenho medo da morte, porque não sei como vai ser, e não quero sofrer ou sentir dor. A outra preocupação é em deixar as pessoas aqui sofrendo a minha perda, principalmente a minha filha. Tirando a vontade de fazer coisas que fazem parte da adrenalina da vida, se a morte vier, que venha, mas não enquanto minha filha precisar de mim.
Apocaliptica escreveu:Pois é. Mas muitos se aposentam e apenas descansam. Outros se sentem deprimidos. Enfim, o ser humano é uma incógnita para si mesmo...pensa e deseja uma coisa e depois na hora sente totalmente diferente.
Meu pai tentou ficar à toa, mas não conseguiu. Acabou procurando o que fazer e levou anos ajudando um hospital, de graça, só para se manter ocupado.
Pessoas que eram muito ativas e, de repente, não têm nada planejado para o dia seguinte acabam morrendo ou ficando deprimidas.
Outras, que sempre viveram na pasmaceira, apenas continuam assim, sem problemas.
Falando em velhice, lembrei-me de um conto chamado "Viagem aos seios de Duília": um cara trabalha sem descanso até os 60 anos. Aí resolve aproveitar a vida. Depois de quebrar a cara várias vezes, a ficha cai: ele estava velho e as meninas nunca iriam querer nada com ele.
Não vou contar o fim para não atrapalhar quem não leu.
Vou falar de uma coisa simples e difícil de obter: a liberdade de administrar o próprio tempo. Isto pode não parecer interessante, muito distante, para você, cara-pálida, que está tomando seu café apressadamente, dirigindo engravatado o seu carro e entrando no gargalo do dia já com a alma engarrafada. Além disso, alguém pode dizer: "Tanto assunto interessante, crimes, eleições e esse cronista nos vem com essa coisinha tão subjetiva?"
É o seguinte: você passa a vida inteira entre as paredes de um escritório, fábrica ou qualquer lugar que condensa o seu trabalho. Passa lá oito ou dez horas por dia. Quando não está lá, também lá está, porque o escritório é o centro, o fulcro, o olho do furacão de sua vida. Você está em Cingapura, mas sua secretária lhe mantém preso telefônica e umbilicalmente por um fio. Você está atado a esse espaço por meio de cordões invisíveis, no fundo é como se fosse uma marionete representando um papel que nem sempre pode controlar.
Mas um dia você larga isso tudo. Pode ser por razões várias. A maioria, por causa da aposentadoria, uns poucos, mais felizes, porque julgam já ter amealhado dinheiro suficiente para poder administrar o próprio ócio. Então, descobre-se o outro lado do dia, outra dimensão do tempo e a redescoberta do espaço.
Você não está mais atrás do vidro do carro vendo a vida lá fora quando ia para o trabalho. Naquele tempo você via o cenário exterior com inveja, mas preferia não confessar isto diretamente, preferia achar que as pessoas passeando de bermuda na orla da praia, pedalando na lagoa, correndo entre as árvores, eram apenas um cartão-postal, um filme de propaganda de cartão de crédito.
Então, você se dizia: "Um dia eu passo para o lado de lá, eles não perdem por esperar. Também sou filho de Deus!". Mas isto era dito com a esperança semanal de quem joga em vão na loteria, com a alma meio chocha.
E aí você olhava da janela do escritório através do vidro do escritório a vida fluindo lá fora, longe. Quando se dava conta, o dia tinha escurecido, acabado. Havia a vida que você estava levando e a que você jurava que um dia ainda ia levar. Enquanto isso, a vida ia levando você.
Ah, sim! Havia as férias. Mas férias, convenhamos, era outra coisa. Primeiro, é um período curtíssimo. Mal começam, acabam. Depois, como você deixava tudo para as férias, elas se transformavam numa correria para realizar uma programação reprimida. Isso sem falar nos compromissos com a família e suas obrigatórias viagens.
Um dia, no entanto, você se liberta do jugo de tudo. Libera-se das coisinhas que pareciam grandes e que ocupavam sua agenda e que lhe davam a sensação de que estava numa olimpíada, saltando numa interminável corrida de obstáculos. Era como uma linha de montagem. Uma pessoa depois da outra, um problema depois do outro, ou então um problema dentro do outro e pessoas se metendo dentro das vidas umas da outras. E as reuniões tensas e ociosas em que se grafitava interminavelmente a folha de papel vazia à sua frente e se cifravam e decifravam orçamentos irrealizáveis; e a fumaça dos cigarros poluindo as discussões; e o travo do café deixando aquele acre sabor de que a vida lhe escapava.
De repente, você é tão senhor do seu dia que pode até escolher quem quer ver, com quem quer conversar e não vai ter mais que dividir a cela ou a sala de trabalho na galé comunitária de uma empresa.
Também não vai ter que acordar com a alma maldormida e amarrotada e sair correndo para pegar o avião, porque se não estiver na tal reunião o mundo vai acabar. Bobagem! Vaidade das vaidades! As reuniões e o mundo passam muito bem sem você. Você é que não pode passar mais tempo sem você mesmo.
Portanto, que alívio não ter que regressar desses aeroportos, de onde os executivos de noitinha vêm todos meio cinzentos, com aquelas pastas pretas e a alma marrom dentro dos ternos amarrotados, razão porque têm que pedir à aeromoça algumas doses de uísque para relaxar os músculos e os remorsos.
Há que ter coragem para ser livre. Porque se libertar também dá trabalho. Poder reorganizar seu próprio tempo e espaço é um privilégio que exige técnica especial, senão, de repente, você se surpreende entrando numa gaiola novamente. E essa liberdade implica várias descobertas. A primeira é a do próprio corpo. Corpo não foi feito para ficar de gravata e sapato o dia inteiro, atrás de uma mesa cheia de papéis e com uma parede de vidro na frente. A outra descoberta é a do espaço da própria casa. Redescobrir suas potenciais necessidades como as de um corpo.Reabitá-la, refazê-la, ampliá-la dentro de você. E começar, finalmente, a fazer o que realmente sempre quis.
Logo logo inicia-se também a redescoberta de sua rua, de suas esquinas, de seu bairro, e você começa a olhar as pessoas como habitantes e não mais como transeuntes.
Quer ir ao cinema às três da tarde, vai. Quer sair para tomar sorvete às cinco, vai. Você vai acabar redescobrindo uma certa luminosidade que as manhãs ainda têm e que a tarde tem mais mistérios do que o pôr-do-sol pode nos pintar.
Ah! Gravata sufocante!
Ah! Paletó jogado sobre o assento ou carregado na mão naqueles dias de verão tórrido!
Ah! Papéis e problemas na mala!
Ah! Vida atada à morte lenta e burocrática, adeus!
A vida está aqui fora, nas ruas da cidade, na casa redescoberta e no corpo que, solar, assume calmamente a vida por viver.
Legal o texto. Fernando. Mas à meu ver, o problema é querer encontrar um sentido pra vida, seja em qualquer idade.
Creio na morte, única amante absolutamente fiel, Creio na estupidez humana, única força com que se pode contar sempre, E creio no humor, única forma de encarar a primeira e suportar a segunda.
Apocaliptica escreveu:Pois é. Mas muitos se aposentam e apenas descansam. Outros se sentem deprimidos. Enfim, o ser humano é uma incógnita para si mesmo...pensa e deseja uma coisa e depois na hora sente totalmente diferente.
Meu pai tentou ficar à toa, mas não conseguiu. Acabou procurando o que fazer e levou anos ajudando um hospital, de graça, só para se manter ocupado. Pessoas que eram muito ativas e, de repente, não têm nada planejado para o dia seguinte acabam morrendo ou ficando deprimidas. Outras, que sempre viveram na pasmaceira, apenas continuam assim, sem problemas.
Falando em velhice, lembrei-me de um conto chamado "Viagem aos seios de Duília": um cara trabalha sem descanso até os 60 anos. Aí resolve aproveitar a vida. Depois de quebrar a cara várias vezes, a ficha cai: ele estava velho e as meninas nunca iriam querer nada com ele. Não vou contar o fim para não atrapalhar quem não leu.
Esta "Viagem" é comum a muitos de nós. A adolescência volta de alguma forma do fundo do insconsciente, provocando aqueles romances onde a diferença entre ambos é de 20 anos ou mais, ou seja, justamente o tempo de uma geração ter que ceder o espaço que ocupava para outra. Mas como eu disse noutro post lá atrás, as gerações estão convivendo muito mais umas com as outras, curtindo as mesmas coisas. A crise ainda acontece, mas o rejuvenescimento é muito mais possível agora, porque nos damos a este direito, e antes nos concedíamos apenas o dever de envelhecer e os desejos eram sublimados. Vovó cuidava de neto e fazia tricô. Agora trabalha, vai na academia e namora.
