- Por que algumas sociedades têm maiores índices de tendências suicidas do que outras?
Parece evidente que épocas de transição repentinas ou extremamente prolongadas e mal resolvidas, processos de aculturação, êxodos e migrações (impostos ou não), guerras, invasões e colonizações sucessivas, catástrofes naturais e outros fatores que demandem mudanças e perdas variadas, porém incisivas, causem transtornos sociais marcantes.
Mas por que algumas comunidades ou sociedades se ressentem mais do que outras? Por que um sentimento de impropriedade existencial apodera-se de alguns grupos nestas situações e serve de alavanca para refazer a história e a vida em outros?
Será que funciona como uma espécie de "corrente", onde se o start inicial for uma mensagem ou voz de comando de alguma forma revigorante, o movimento pela vida é mais forte...se o contrário, um clima de derrota e desespero sem saída se instala, alguns membros podem cometer o ato extremo - ou pelo menos se deprimirem ao ponto de ter pensamentos suicidas?
- O suicídio em situações assim, que correspondem à uma fuga não individual, mas compartilhada ( se não por grande parte, mas por um percentual dos indivíduos), pode parecer uma forma de compactuar com algo legitimado já que "decidido" em consenso?
A Internet tornou muito mais viáveis ações e planos terroristas nos últimos anos. E pelo que parece, suicidas em potencial ou simpatizantes malucos, sádicos ou masoquistas também estão dando vazão a esta modalidade de troca de informações para disseminar e encorajar aqueles que talvez se sintam sozinhos em suas idéias suicidas, seja lá que origem e causas possam ter.
Desconfio se que seja mais uma forma de compartilhamento virtual do que qualquer outra coisa, mas nunca se sabe...
- Por que os russos estão se suicidando? Todos os povos se suicidam igualmente? O que torna estes índices de consumação do ato mais controláveis é algo do tipo assistência psicológica ( já que a notícia diz que o atendimento lá é precário e caro nesta área)?
OBS: Não vale dizer que a culpa é do capitalismo!
Vejam que o índice diminuiu nos anos 90, mas ainda é um dos mais altos do mundo.
E segue uma enquete para pensarmos a respeito do ato em si.
Comunidades virtuais em russo dão aulas de suicídio
25/06/2007 - 09h24
da Ansa, em Moscou
Multiplicam-se na internet os blogs e os fóruns em língua russa que explicam aos visitantes como se suicidar. Em como Self-killers, Suicide World ou Suicide Truth pode-se ler pedidos como "alguém me aconselha um modo rápido para me matar usando qualquer droga".
No espaço das 124 comunidades russas que tratam do tema, alguns procuram um parceiro para o gesto: "não acredito que usar drogas ou remédios seja o melhor modo para se matar, melhor é saltar de um prédio", escreve um blogger. "Estou procurando uma pessoa que faça isso comigo. Tenho medo de tentar sozinho, mas junto com alguém seria mais fácil."
Na Rússia o percentual de suicídios caiu consideravelmente nos anos 90, mas continua alto. Segundo os números oficiais, a Rússia apresenta a terceira taxa mais alta de suicídios no mundo, a primeira nos países do G8, com 34,3 mortos para cada 100 mil habitantes.
Segundo os especialistas, estas estatísticas se explicam pela pequena presença de centros de apoio psicológico gratuitos. Um consulta com um psicólogo na Rússia custa cerca de 30 euros a hora --quase R$ 80. Os telefones de ajuda também são poucos."
http://www1.folha.uol.com.br/folha/info ... 6935.shtml
