Protegendo os pobres do mundo

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spink
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Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por spink »

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Certa vez, o principal fabricante de automóveis de um país em desenvolvimento exportou seus primeiros carros de passageiros aos EUA. Até então, a empresa só tinha feito cópias fracas de carros produzidos por países mais ricos. O modelo era apenas um subcompacto ("quatro rodas e um cinzeiro"), mas foi um grande momento para o país, e seus exportadores se sentiram orgulhosos.

Infelizmente, o carro fracassou. A maior parte das pessoas não gostou de sua aparência e relutou em gastar um bom dinheiro para comprar um carro de família que vinha de um lugar onde eram produzidos apenas produtos de segunda classe. O carro teve que ser retirado dos EUA.

O desastre levou a um importante debate entre os cidadãos do país. Muitos argumentaram que, se a empresa não conseguia fazer carros decentes depois de 25 anos tentando, não havia futuro para ela. O governo tinha dado todas as chances à fabricante. Tinha garantido altos lucros por tarifas altas e rígidos controles sobre o investimento estrangeiro. Menos de 10 anos antes, tinha até usado o dinheiro público para salvar a empresa da falência. Os críticos argumentaram que, portanto, os carros estrangeiros deveriam receber permissão para entrar livremente no país, assim como os fabricantes estrangeiros, expulsos 20 anos antes.

Outros discordaram. Eles argumentaram que nenhum país tinha chegado a lugar algum sem desenvolver indústrias "sérias", como a automotiva. As empresas apenas precisavam de mais tempo.

O ano era 1958, e o país era o Japão. A empresa era a Toyota, e o nome do carro era Toyopet. A Toyota começou como fabricante de maquinário têxtil e ingressou na produção de automóveis em 1933. O governo japonês expulsou a General Motors e a Ford em 1939, e tirou a Toyota da falência com dinheiro do banco central em 1949. Hoje em dia, carros japoneses são considerados tão "normais" quanto o salmão escocês ou o vinho francês, mas menos de 50 anos atrás, a maior parte das pessoas, inclusive muitos japoneses, achava que a indústria automobilística japonesa simplesmente não devia existir.

Se o Japão fosse o único a se tornar rico com as políticas heréticas de proteção, subsídios e restrição ao investimento estrangeiro, os defensores do mercado livre poderiam negar a experiência como exceção que prova a regra. Mas o Japão não é exceção. Praticamente todos os países desenvolvidos de hoje, inclusive o Reino Unido e os EUA, supostos lares do mercado livre e comércio livre, ficaram ricos com receitas políticas que contradizem a ortodoxia de hoje.

Em 1721, Robert Walpole, primeiro primeiro-ministro britânico, lançou um programa industrial que protegeu e fomentou a manufatura britânica contra competidores superiores dos Países Baixos, na época o centro da manufatura européia. Entre a época de Walpole e a década de 1840, quando o Reino Unido começou a reduzir suas tarifas (apesar de não adotar o livre comércio até 1860), a média industrial britânica de tarifas ficava entre 40 e 50%, comparada com 20 e 10%, na França e na Alemanha, respectivamente.

Os EUA seguiram o exemplo britânico. Na década de 1830, sua tarifa industrial média era a mais alta do mundo e, exceto por alguns breves períodos, continuou assim até a Segunda Guerra Mundial, quando sua supremacia manufatureira era absoluta.

O Reino Unido e os EUA não foram os únicos praticantes da proteção de indústrias em sua infância. Virtualmente todos os países ricos de hoje usaram medidas para proteger e fomentar suas indústrias nascentes. Mesmo quando o nível geral de proteção era relativamente baixo, alguns setores estratégicos recebiam proteção muito alta.

Os controles sobre o investimento estrangeiro contam história similar. No século 19, os EUA impuseram restrições ao investimento estrangeiro nos setores de bancos, mineração, madeireiras e estaleiros. As restrições eram particularmente severas no setor bancário; durante o século 19, acionistas não residentes não podiam nem votar nas reuniões, e apenas cidadãos americanos podiam se tornar diretores de um banco nacional.

Alguns países foram mais longe. O Japão fechou a maior parte das indústrias ao investimento estrangeiro e impôs tetos de propriedade de 49% às outras, até os anos 70. A Coréia basicamente seguiu esse modelo até ser forçada a liberalizar seu mercado, após a crise financeira de 1997.

Entre os anos 30 e 80, a Finlândia oficialmente classificou todas as firmas com mais de 20% de propriedade estrangeira como "empreendimentos perigosos". Esses países não eram contra empresas estrangeiras por si - afinal, a Coréia cortejou ativamente o investimento estrangeiro em zonas de processamento de exportação. Eles restringiram investidores estrangeiros porque acreditavam que não havia nada como aprender a fazer algo você mesmo, mesmo que isso tome mais tempo e esforço.

As nações ricas de hoje talvez apóiem a privatização de empresas estatais em países desenvolvimento, mas muitas delas construíram suas indústrias pela estatização. No início de sua industrialização, a Alemanha e o Japão montaram empresas estatais em indústrias chave - têxteis, aço e construção de navios. Na França, muitos ficariam surpresos em saber que marcas famosas - como Renault (automóveis), Alcatel (telecomunicações), Thomson (eletrônicos) e Elf Aquitaine (petróleo e gás)- foram empresas estatais.

A Finlândia, a Áustria e a Noruega também desenvolveram suas indústrias pela estatização excessiva após a Segunda Guerra. Taiwan alcançou seu "milagre" econômico com um setor estatal que era uma vez e meia maior que a média internacional, enquanto o setor estatal de Cingapura é um dos maiores do mundo e inclui empresas de classe mundial como a Singapore Airlines.

Apesar dessa história de proteção, subsídio e estatização, os países ricos vêm recomendando ou até forçando os países em desenvolvimento a irem diretamente contra sua própria experiência histórica. Nos últimos 25 anos, os países ricos impuseram a liberalização do comércio a muitos países em desenvolvimento, pelo Fundo Monetário Internacional e pelas condições para empréstimos do Banco Mundial, assim como condições associadas a sua assistência direta.

A Organização Mundial de Comércio permite alguma proteção por tarifa, especialmente para os países em desenvolvimento mais pobres, mas a maior parte dos países em desenvolvimento teve que reduzir significativamente suas taxas e outras restrições de comércio.

A maior parte dos subsídios foi proibida pela OMC - exceto, é claro, aqueles que os países ricos ainda usam, como na agricultura, pesquisa e desenvolvimento. É claro que nenhum país pobre é obrigado a aceitar o investimento externo (e a maior parte recebe pouco ou nenhum), mas ainda assim o FMI e o Banco Mundial estão sempre fazendo lobby para a adoção de regras de investimento estrangeiro mais liberais. A OMC também apertou as leis de propriedade intelectual, pedindo a todos, menos os países mais pobres, que cumpram os padrões americanos - que até mesmo muitos americanos consideram excessivo.

A verdade é que os defensores do mercado livre fazem da vida daqueles que estão tentando ajudar mais difícil. As evidências para isso estão em toda parte. Apesar de adotarem políticas supostamente "boas", como o comércio e o investimento externo liberais e forte proteção de patentes, muitos países em desenvolvimento de fato têm se saído bastante mal nos últimos 25 anos.

O fracasso de crescimento foi particularmente observável na América Latina e na África, onde os programas ortodoxos neoliberais foram implementados mais plenamente do que na Ásia. Nos anos 60 e 70, a renda per capita na América Latina cresceu 3,1% ao ano, ligeiramente superior à média dos países em desenvolvimento. O Brasil, especialmente, estava crescendo quase tão rápido quanto as economias do "milagre" do Leste asiático.

Desde os anos 80, entretanto, quando o continente adotou o neoliberalismo, a América Latina vem crescendo a menos de um terço desse índice. Mesmo se descontarmos os anos 80 como uma década de ajuste e olharmos para os anos 90, vemos que a renda per capita na região cresceu quase a metade dos "velhos tempos" (3,1% contra 1,7%). Entre 2000 e 2005, a região saiu-se ainda pior; virtualmente parou, com a renda per capita crescendo 0,6% ao ano.

Quanto à África, sua renda per capita cresceu relativamente devagar até mesmo nos anos 60, e 70 (1-2% ao ano). Mas desde os anos 80, a região viu uma queda nos padrões de vida. Há, é claro, muitas razões para isso, mas ainda assim é um atestado contra a ortodoxia neoliberal, porque a maior parte das economias africanas foi praticamente dirigida pelo FMI e pelo Banco Mundial nos últimos 25 anos.

Ao promover políticas de mercado livre que tornam a vida mais difícil para os países pobres, os maus samaritanos freqüentemente empregam a retórica do "campo nivelado". Eles argumentam que os países em desenvolvimento não devem ter permissão de usar instrumentos de proteção, subsídios e regulamentos, pois constituem competição injusta.

A competição econômica global, entretanto, é um jogo entre competidores desiguais. Coloca frente a frente países que vão da Suíça a Suazilândia. Conseqüentemente, é apenas justo que "desnivelemos o campo" em favor dos países mais fracos.

Se querem genuinamente ajudar os países em desenvolvimento pelo comércio, os países ricos precisam aceitar o protecionismo assimétrico, como fizeram entre 1950 e 1980. O sistema econômico global deve apoiar os esforços dos países em desenvolvimento, permitindo que usem mais livremente os instrumentos de promoção de indústria nascente - como proteção tarifária, subsídios, regulamentação de investimento estrangeiro e fracos direitos de propriedade intelectual.

Há enormes benefícios da integração global, se for feita da forma certa, na velocidade certa. Mas se os países pobres abrirem-se prematuramente, o resultado será negativo. A globalização é importante demais para ser deixada aos economistas do comércio livre, cujo conselho serviu tão mal o mundo em desenvolvimento nos últimos 25 anos.

Ha-Joon Chang é professor de economia na Universidade de Cambridge
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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emmmcri
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Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por emmmcri »

Excelente texto Carlos !
Vamos ver o q os direitinhas do rev vão comentar.
Contra FATOS não há argumentos !!
"Assombra-me o universo e eu crer procuro em vão, que haja um tal relógio e um relojoeiro não.
VOLTAIRE

Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ?
A Guerra faz de heróis corajosos assassinos covardes e de assassinos covardes heróis corajosos .
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Sorrelfa
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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por Sorrelfa »

emmmcri escreveu:Excelente texto Carlos !
Vamos ver o q os direitinhas do rev vão comentar.
Contra FATOS não há argumentos !!


Pois é...

Os Países que hoje são ricos, Não ficaram ricos sendo liberais !

:emoticon5: :emoticon5:
Vendo a justificável insistência de todos, humildemente sou forçado à admitir que sou um cara incrível !

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O ENCOSTO
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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por O ENCOSTO »

emmmcri escreveu:Excelente texto Carlos !
Vamos ver o q os direitinhas do rev vão comentar.
Contra FATOS não há argumentos !!


:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

O texto critica os liberais, não a tal direita, sua anta. :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:
O ENCOSTO


http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

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emmmcri
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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por emmmcri »

O ENCOSTO escreveu:
emmmcri escreveu:Excelente texto Carlos !
Vamos ver o q os direitinhas do rev vão comentar.
Contra FATOS não há argumentos !!


:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

O texto critica os liberais, não a tal direita, sua anta. :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:


Pra mim é farinha do mesmo saco seu BURRO!!
Basta ver seus posts fascistas.
Direitinha manso.

:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:
"Assombra-me o universo e eu crer procuro em vão, que haja um tal relógio e um relojoeiro não.
VOLTAIRE

Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ?
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O ENCOSTO
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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por O ENCOSTO »

emmmmmmmmmCU escreveu:
O ENCOSTO escreveu:
emmmmmmmmmmCU escreveu:Excelente texto Carlos !
Vamos ver o q os direitinhas do rev vão comentar.
Contra FATOS não há argumentos !!


:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

O texto critica os liberais, não a tal direita, sua anta. :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:


Pra mim é farinha do mesmo saco seu BURRO!!
Basta ver seus posts fascistas.
Direitinha manso.


Pois, que você continue doente e ignorante então.
:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:
O ENCOSTO


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Acauan
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Mensagem por Acauan »

Para quem não sabe, Ha-Joon Chang não é um analista isento, mas um militante do intervencionismo estatal.

Artigos como o da abertura do tópico não passam de propaganda, sem valor científico-econômico (apesar das indiscutíveis competências de Chang), pois apelam para um recurso bastante primário, que é sugerir relação de causa e efeito entre eventos sem demonstrá-la.

Assim, o fato de que Estados Unidos e Inglaterra em certo momento adotaram políticas protecionistas, por si só não implica que estas políticas foram a causa do sucesso econômico do período.
Uma regra básica é que eventos simultâneos não são, necessariamente, eventos correlacionados.

Este artifício político é muito usado como tática de convencimento, uma vez que selecionando os dados corretos pode se sugerir a relação de causa e efeito que quiser.

Exemplo: Fato - Os Estados Unidos da America apresentaram altas taxas de crescimento econômico ao longo do século XIX, quando vigorava o regime de escravidão dos negros.
Conclusão - Logo a escravidão acelera o crescimento econômico.

O fato é verdadeiro, mas a conclusão é falsa, pois o crescimento econômico se deu por uma conjuntura, dentro da qual a escravidão teve mais efeitos nocivos do que positivos sobre o desempenho econômico - vide o atraso do Sul escravagista em relação ao norte industrializado.

A maioria dos exemplos do artigo se encaixa em situações semelhantes ao dado acima.

Ha-Joon Chang apresenta trabalhos mais sérios quando debate o tema em Oxford, só que geralmente apanha feio da réplica liberal. Quem quiser conferir é só pesquisar um pouco mais fundo e vai comprovar.

No mais, artigos de divulgação são isto, divulgação. Visam criar uma idéia no grande público e isto Chang faz melhor que muitos liberais.
Editado pela última vez por Acauan em 06 Jul 2007, 12:45, em um total de 1 vez.
Nós, Índios.

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emmmcri
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Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por emmmcri »

:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

O CARA MOSTROU FATOS !!! ACONTECIMENTOS ! CAUSA E EFEITO ! PROVOU, NÃO MANIPULOU !
ACEITO A DESISTÊNCIA DE VOCÊS !!!

:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:
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RicardoVitor
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Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por RicardoVitor »

Para perceber a armadilha desse texto, basta conhecer um mínimo da história da indústria automobilística japonesa, e saber os fatores que levaram a ter sucesso no mercado americano (como a eficiência de seus carros frente a crise do petróleo dos anos 70). Dizer que tal sucesso se deu devido a uma suposta proteção estatal, como afirma esse estatólatra nacionalista, é uma conclusão rasa e falaciosa. Como o Acauan disse, basta analisar mais a fundo para perceber como esse argumento estatista é fraco.
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emmmcri
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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por emmmcri »

RicardoVitor escreveu:Para perceber a armadilha desse texto, basta conhecer um mínimo da história da indústria automobilística japonesa, e saber os fatores que levaram a ter sucesso no mercado americano (como a eficiência de seus carros frente a crise do petróleo dos anos 70). Dizer que tal sucesso se deu devido a uma suposta proteção estatal, como afirma esse estatólatra nacionalista, é uma conclusão rasa e falaciosa. Como o Acauan disse, basta analisar mais a fundo para perceber como esse argumento estatista é fraco.


Ah sim, você e o Acauan são isentos, vocês demonstram nos seus posts. :emoticon14:
Cada um interpreta acontecimentos com o olhar q quer, isso sim...
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Acauan
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Mensagem por Acauan »

emmmcri escreveu:Ah sim, você e o Acauan são isentos, vocês demonstram nos seus posts. :emoticon14:
Cada um interpreta acontecimentos com o olhar q quer, isso sim...


Se o problema sou eu, segue opinião idêntica à minha expressa por Huáscar Fialho Pessali, Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná na Resenha “Kicking away ladder:development strategy in historical perspective”- Ha-Joon Chang

Como eu disse, "Quem quiser conferir é só pesquisar um pouco mais fundo e vai comprovar."
Quem não tem competência nem para isto, deveria não encher o saco.


Huáscar Fialho Pessali escreveu:Embora historiadores e economistas ligados à área de desenvolvimento econômico possam não encontrar muitas novidades no livro, seu mérito não está em levantar grandes descobertas ou criar vanguarda teórica. Ele é oportuno, porém, para lidar com o problema de desinformação mencionado e buscar atingir outro público, menos especializado, e nele causar algum desconforto. Por esse ângulo o livro pode ser mais positivamente apreciado e seus problemas conceituais, teóricos, de utilização e comparação de dados e, às vezes pequenos deslizes de consistência contem com maior paciência do leitor.
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Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por docdeoz »

O protecionismo é evidente. Alimentos, por exemplo- não vão depender dos "tupiniquins" (no entender deles) para a segurança alimentar, não é? Você confiaria no governo brasileiro? :emoticon12:
(HNT) ויאמר אלי אחד מן־הזקנים אל־תבכה הנה נצח האריה אשר הוא משבט Rev 5:5
http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?t=13986
http://rv.cnt.br/viewtopic.php?t=14653

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emmmcri
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Mensagem por emmmcri »

É engraçado quando vejo personagens aqui no fórum bancando os isentos e sendo pretenciosamente os "donos da verdade".
Ambos os lados liberais ou seus opositores, têm pessoas e fatos na história que os premiam ou os desnudam.
Cada um aceita a proposta que lhe parece a melhor.
Acho estranho a maioria absurda dos professores e intelectuais q eu conheci em minha vida, serem de posições esquerdistas, se estas são tão tolas assim, como querem crer alguns foristas do RV.
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Joe
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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por Joe »

O ENCOSTO escreveu:
emmmcri escreveu:Excelente texto Carlos !
Vamos ver o q os direitinhas do rev vão comentar.
Contra FATOS não há argumentos !!


:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

O texto critica os liberais, não a tal direita, sua anta. :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:


Quanto carinho entre os dois. Não se cansam não?

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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por francioalmeida »

Joe escreveu:
O ENCOSTO escreveu:
emmmcri escreveu:Excelente texto Carlos !
Vamos ver o q os direitinhas do rev vão comentar.
Contra FATOS não há argumentos !!


:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

O texto critica os liberais, não a tal direita, sua anta. :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:


Quanto carinho entre os dois. Não se cansam não?


Marido e mulher em vidas passada! :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

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Joe
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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por Joe »

francioalmeida escreveu:
Joe escreveu:
O ENCOSTO escreveu:
emmmcri escreveu:Excelente texto Carlos !
Vamos ver o q os direitinhas do rev vão comentar.
Contra FATOS não há argumentos !!


:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

O texto critica os liberais, não a tal direita, sua anta. :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:


Quanto carinho entre os dois. Não se cansam não?


Marido e mulher em vidas passada! :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:


:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

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Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por clara campos »

Realmente... será que é tão difícil admitir que a mesma receita umas vezes funciona e outra vez não?
Qual o problema de aceitar que o proteccionismo em determinadas circunstâncias é benéfico e noutras não?

O grande problema de nos amarrarmos a uma ideologia como quem se agarra à vida, é que ideologias são sistemas desenvolvidos por homens ou grupos de homens.
Como tal, dificilmente são perfeitas, e dificilmente funcionaram em todos as situações e contextos, e dificilmente se podem aplicar de forma estagnada a sociedades inerentemente dinâmicas.

Contudo, é natural que tenhamos uma maioria simpatia por determinado sistema/ideologia. Eu por exemplo sou notoriamente uma socialista, que acredita que o indivíduo só se realiza plenamente em sociedade, e que a sociedade deve ajudar a que todos os seus sócios se realizem plenamente naquela onda "ficamos todos a ganhar".

Contudo não sou cega aos defeitos e preversões do socialismo, e encontro grandes benefícios - individuais e sociais - em sistemas liberais.

Muitas vezes os "debates" aqui do ReV transformam-se em monólogos intercalados, diálogos autistas, que tanto reflectem o que penso ser a postura política mundial. Cada um escolhe o seu "time", e depois cada "time" puxa o seu lado da corda a ver quem tem mais força.

Seria deveras interessante se nos sentássemos realmente a debater, a discutir, a comunicar, sem os ridículos e patéticos fanatismos do costume "morte aos comunistas" "direitistas fascistas" e por aí fora; tornam os diálogos cinzentos, cansativos e enfastiantes.

Não que este tópico albergue para já tamanha demonstração de politiquice cega, não. Mas seria realmente bom ver as pessoas a aplaudir ago bom quando o vêm.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por Fernando Silva »

clara campos escreveu:Realmente... será que é tão difícil admitir que a mesma receita umas vezes funciona e outra vez não?
Qual o problema de aceitar que o proteccionismo em determinadas circunstâncias é benéfico e noutras não?

Além disto, o protecionismo protege alguém, não é apenas a decisão de prejudicar os outros.
Às vezes, um governo decide beneficiar seus governados em detrimento de povos distantes e estrangeiros.
Qual dos dois merece mais?

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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por Fernando Silva »

emmmcri escreveu:Ah sim, você e o Acauan são isentos, vocês demonstram nos seus posts. :emoticon14:
Cada um interpreta acontecimentos com o olhar q quer, isso sim...

Quem concorda com a gente é brilhante, quem discorda é bitolado.
Quem insiste em discordar de nós é teimoso, quem está conosco e não abre, sabe das coisas e não se deixa levar por boatos.

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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por Fernando Silva »

emmmcri escreveu::emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

O CARA MOSTROU FATOS !!! ACONTECIMENTOS ! CAUSA E EFEITO ! PROVOU, NÃO MANIPULOU !
ACEITO A DESISTÊNCIA DE VOCÊS !!!

:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

Fatos incompletos, associados sem lógica ou de forma desonesta, permitem se chegar a qualquer conclusão desejada.
Basta se escolherem os fatos que nos convêm e ignorar ou minimizar os que contrariam nosso ponto de vista.

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clara campos
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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por clara campos »

Fernando Silva escreveu:Além disto, o protecionismo protege alguém, não é apenas a decisão de prejudicar os outros.

Não entendi.

Fernando Silva escreveu:Às vezes, um governo decide beneficiar seus governados em detrimento de povos distantes e estrangeiros.
Qual dos dois merece mais?

Qual dos dois? Não entendi novamente
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

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Fernando Silva
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Re: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por Fernando Silva »

carlos escreveu:O fracasso de crescimento foi particularmente observável na América Latina e na África, onde os programas ortodoxos neoliberais foram implementados mais plenamente do que na Ásia. Nos anos 60 e 70, a renda per capita na América Latina cresceu 3,1% ao ano, ligeiramente superior à média dos países em desenvolvimento. O Brasil, especialmente, estava crescendo quase tão rápido quanto as economias do "milagre" do Leste asiático.

O Brasil, sob a ditadura militar e sua política de substituição de importações (ou seja, desenvolver tudo por aqui), chegou a dar alguns saltos de crescimento, mas a realidade logo cobrou a conta.

Enquanto a tecnologia avançava cada vez mais lá fora, aqui fracassavam tentativas de se desenvolverem computadores nacionais e nossos carros eram obsoletos ("carroças", como disse Collor).

A Transit, criada pelo governo para o desenvolvimento de transistores e circuitos integrados, virou um poço sem fundo de desvio de dinheiro e acabou fechando. A Embraer estava perto de falir.

Se estamos melhor hoje em dia, até exportando tecnologia, é por causa da abertura de mercado (o Brasil era mais fechado que a Albânia, uma ditadura comunista).

No começo, é claro, veio tudo de fora, mas também vieram as máquinas e tecnologias que nos permitiram desenvolver nossos próprios produtos. E os estrangeiros que apenas nos vendiam, passaram a fabricar aqui, gerando empregos.

A Bolívia, na contramão da história, nacionalizou o gás e o petróleo ("Propriedade do Povo Boliviano", diziam as faixas nas refinarias da Petrobras invadidas pelo exército) e agora não tem como explorá-los. Nunca teve. Vai ficar com fome sentada em cima das riquezas enterradas.

Nessa história de protecionismo não há uma solução ideal, há soluções de compromisso, onde cada um negocia vantagens e admite perdas. Atitudes radicais não funcionam.

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Fernando Silva
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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por Fernando Silva »

clara campos escreveu:
Fernando Silva escreveu:Além disto, o protecionismo protege alguém, não é apenas a decisão de prejudicar os outros.

Não entendi.

Um governo protecionista, como diz o nome, está protegendo alguém (seus próprios governados). Seu objetivo não é prejudicar os outros países. É apenas uma consequência se os outros perdem.
clara campos escreveu:
Fernando Silva escreveu:Às vezes, um governo decide beneficiar seus governados em detrimento de povos distantes e estrangeiros.
Qual dos dois merece mais?

Qual dos dois? Não entendi novamente

Por que um governo iria beneficiar um povo distante e prejudicar seu próprio povo?
Não é uma decisão tão fácil.
Por que o governa francês subsidia tão fortemente sua agricultura, prejudicando países como o Brasil?
Por que ele deveria fazer diferente?

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clara campos
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Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por clara campos »

Fernando, tenho a ligeira sensação de que estamos a fugir um pouco ao assunto... não me parece que se entenda por "protecionismo" um Estado priveligiar o bem dos seus cidadãos em detrimento do bem de cidadãos de outros países...

De qualqer forma, apesar de não ir de encontro ao temainicialmente proposto, levantaste questões que considero deveras importantes, mas para as quais não tenho respostas, apenas "ideias" ou "opiniões", que dificilmentese enquadrariam num quadro geral.
Mas enfim, penso que acima de tudo a função do Estado é zelar pelo bem estar dos SEUS cidadãos. Se existe competição entre Estados, e ela é realmente inevitável, é natural que uns percam e outros ganham, em determinadas areas e momentos.

Não penso que seja contudo um Estado lesar outro, ao ponto de por a vida e bem estar de cidadãos alheios em risco....

muito vago não é? não sei se conseguirei desenvolver mais
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Fernando Silva
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Re: Re.: Protegendo os pobres do mundo

Mensagem por Fernando Silva »

clara campos escreveu:Fernando, tenho a ligeira sensação de que estamos a fugir um pouco ao assunto... não me parece que se entenda por "protecionismo" um Estado priveligiar o bem dos seus cidadãos em detrimento do bem de cidadãos de outros países...

Mas isto é inevitável. Se não é possível ganharem todos, alguém tem que perder ou cada lado tem que aceitar perder um pouco.
clara campos escreveu:Não penso que seja contudo um Estado lesar outro, ao ponto de por a vida e bem estar de cidadãos alheios em risco....

muito vago não é? não sei se conseguirei desenvolver mais

Não há soluções fáceis. Os dois lados têm que ceder alguma coisa. Isto não é fácil numa negociação pessoal e muito menos quando os políticos têm medo de perder os votos de seus eleitores e menos ainda quando o "outro lado" e possível prejudicado está, às vezes, do outro lado do mundo.
É fácil vê-los como os vilões que querem tirar os empregos de nossos compatriotas usando de políticas desonestas.

Trancado