Acauan escreveu:Muito pelo contrário.
O exemplo brasileiro é típico.
(...)
Qual dos dois regimes oferecia "liberdade para os empresários"?
Acauan exemplo perfeito dum protecionismo corrupto, insatisfatório e desejavelmente extinguível.
Tal como há casos de proteccionismo inteligente e com bons resultados.
De igual forma apresentaste um bom exemplo de liberalismo empresarial, existindo outros tantos de liberalismo abusivo, em que o lucro do patrão é conseguido à custa da quase escravidão dos funcionários.
Ambos os sistemas são corrumpíveis e, aceitando esta permissa como verdadeira, penso que o socialismo, ou uma boa dose de socialismo, assegura pelo menos o mínimo indispensável.
E já sei o que virá daí depois desta afirmação, mas eventualmenteneste ponto nunca estaremos de acordo...
Acauan escreveu:
Acredito na Liberdade como uma das expressões do BEM, mas isto é uma crença minha, portanto se enquadra no dogma a que me referi.
E não há liberalismo que tolha as liberdades, o que nega a sua própria definição.
O que há é uma confusão primária entre liberdades e possibilidades. O fato de eu não poder voar não afeta minha liberdade.
Por mais livres que sejam, as pessoas sempre encontrarão opções que estão acima de suas possibilidades, sendo que o Liberalismo visa garantir o direito de cada um explorar ao máximo seus potenciais antes de aceitar que seus limites foram alcançados.
Não brinquemos com as palavras. A nós as asas não nos toldam a liberdade, mas aos pássaros sim, e tal como as asas para os pássaros, existem determinadas condições que temos que possuir para sermos minimamente livres.
Lamento muito, mas dar a possibilidade a que um empregador pague uma miséria a dezenas de trabalhadores, cuja opção alternativa é o desemprego, sem que esses trabalhadores tenham acesso a direitos sociais mínimos...
Nem todos podemos ser doutores e engenheiros, empresários ou intelectuais burgueses. Alguns jamais passarão de varredores de rua, canalizadores, empregados de café ou condutores de camião. Contudo TODOS estes, independentemente das suas capacidades, das suas aptidões, da sua força de vontade ou do seu intelecto têm direito a condições mínimas, a a um salário que lhes permita viver com dignidade, acesso à saúde e justiça, acesso à educação (sua e dos filhos) férias, etc.
É que nem todas as pessoas se realizam o seu trabalho, a grande maioria trabalha para se sustentar, e as suas possibilidades de realização pessoal não passam certamente por trabalhar 14 horas diárias recebendo um salário que mal chega para pagar a renda só porque o patrão acha que não deve pagar mais.
Livre concorrência, abolição de quartéis e monopólios, controlo apertado e fiscalizações eficientes, sim, sim e sim. Abolição de direitos sociais mínimos, não, mesmo para aqueles que têm "menos opções" ou cujos "potenciais" são baixos.
Acauan escreveu:
O liberalismo não defende o cada um por si.
Defende a cada um o direito de optar pela solidariedade ou egoísmo, nos limites estritos em que não viole os direitos dos outros.
Sim, talvez esta seja uma forma mais assertiva de colocar a questão, não é correcto ignorar a generosidade liberal.
Contudo continuo a preferir o dogma da "obrigatoriedade da solidariedade".
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)