Azathoth escreveu:NadaSei escreveu:Apenas um tolo ousaria beber apenas da chamada "ciência moderna" e deixa-la construir por completo sua "visão do mundo", extrapolando o conhecimento científico, na tentativa de explicar o que a ciência em si, não tem como provado.
O pior é que muita gente cai nesse erro.
Piada. Se você possui o intuito de construir uma visão de mundo que dê o retrato mais acurado e preciso possível, você possui obrigação de confiar mais em certos métodos de aquisição de conhecimento do que outros.
A "confiança" em qualquer meio encontra seu limite no ceticismo, você pode "preferir" um meio ao julgar determinados assuntos, ainda assim, manter-se cético e analisar o mesmo objeto via outros pontos de vista e outros meios.
Azathoth escreveu:Estipular uma gradação de quais métodos de aquisição de conhecimento são mais acurados e precisos é alguma espécie de chute? Nada disso, é uma questão sujeita a teste empírico:
O problema é que é justamente aqui que entra o seu DOGMATISMO, isso atravanca o pensamento, é contrario e prejudicial a razão, é castrante, a limita de uma forma radical.
Segundo o DOGMA incontestável de muitos, o único meio valido é a ciência moderna ou a filosofia ocidental subordinada a ciência...
É aqui que morre o ceticismo e nasce a crença.
Azathoth escreveu:O que é correto entretanto é que não pode-se construir uma visão de mundo completamente usando conhecimento científico porque nossa ignorância é muito grande e existem muitas lacunas. Entretanto, a forma como iremos preencher essas lacunas precisa ser plausível, usando o melhor método disponível e consoante na melhor medida do possível com o conhecimento agregado por outros métodos.
Que segundo o dogma de muitos, seria a ciência...
Azathoth escreveu:NadaSei escreveu:Temos a filosofia (oriental e ocidental), as artes, o conhecimento místico/religioso, o auto-conhecimento, a experimentação empírica dos fenômenos (incluindo sua observação direta).
É preciso usar de todos os meios disponíveis e não se deixar iludir pela falsa noção de "progresso no conhecimento do homem".
O conhecimento científico possui primazia sobre todos esses métodos que você citou (excetuando-se talvez a filosofia analítica ocidental, que encontra-se subordinada ao conhecimento científico).
Possui primazia ao analisar o que e segundo quem?
Vou dar um exemplo, segundo a ciência, existe uma doença mental chama fobia social, a psicologia tem algumas idéias, a psiquiatria outras.
São diversas "linhas" com explicações e abordagens ligeiramente diferentes dentro dessas ciências, sobre esse tema.
Pela mera observação e questionamento, bem como ao analisar o que essas ciências diziam, percebi que estavam errados, mesmo com todos os seus avanços.
Ainda assim, ainda não entendia a fundo o "mecanismo" desse "fenômeno", sabia que não era uma doença e sim um "problema" presente na sociedade.
Conversando sobre isso, e expondo mais a fundo minha idéia, alguém me recomendou um romance chamado "A Queda", do filósofo e escritor Albert Camus, dizendo que ele tinha uma idéia parecida com a minha.
Quando li o livro, descobri que a idéia não era "parecida", mas sim "idêntica", com a única diferença de que ele apresentava mais a fundo, os por menores sobre o funcionamento disso, coisas que eu ainda não tinha conseguido perceber.
Um romance publicado em 1956 por um filósofo, que bate nessas ciências e suas divergências conceituais.
Continue dando "primazia" a ciência... Aqueles que derem ouvidos ao filosofo vão conhecer o real, enquanto você vai ficar com conceitos e idéias enganadas da ciência.
Ao analisar a "mente", eu já aprendi a dar primazia a observação, a religião e depois a filosofia.
No quesito "mente", a ciência vem em ultimo lugar, mas JAMAIS seria ignorada.
Já você, pelo visto ficaria com a de menor peso, olharia talvez a filosofia e simplesmente iria ignorar a religião como se fosse lixo... perderia as mais importantes quando o assunto é mente...
Azathoth escreveu:Segue-se como exemplo a epistemologia de Richard Carrier em Sense and Goodness Without God: devemos confiar de cima para baixo na informação advinda dos seguintes métodos
1. Métodos lógico-matemáticos
2. Métodos científicos
3. Métodos de experiência pessoal
4. Métodos históricos
5. Testemunho de especialistas (quando você não analisa diretamente aquilo que for coibido pelos métodos acima)
6. Inferência plausível (de fatos incompletos angariados pelos métodos acima)
Um método que um naturalista nunca deve utilizar:
7. Método da fé (basear crenças firmemente apenas em tradição, desejo ou especulação pessoal; muito arriscado porque a quantidade de proposições falsas excede em muito as que são corretas)
Continue "confiando" nisso... eu prefiro continuar questionando, verificando e bebendo de fontes que sem NENHUMA justificativa para tal, não constam na lista.
Azathoth escreveu:Exemplo: um monge que segue por tradição certos compromissos metafísicos de sua religião (#7 método da fé) entra em êxtase místico usando alguma técnica de meditação (#3 método de experiência pessoal). Depois de muita contemplação, ele sente um insight profundo sobre o funcionamento do Universo: tudo o que existe no Universo é fogo. Em quem você vai preferir confiar em questões da natureza última do Universo, no místico ou no físico de partículas?
Sobre a natureza ultima do universo?
Eu fico com o místico, com o detalhe de dar preferência, mas não confiar, prefiro duvidar e verificar, sendo eu próprio um místico investigador.
O detalhe é que eu posso consultar TANTO o místico, QUANTO o físico de partículas, só dou preferência ao místico porque já comprovei que eles estão mais acertados no que se refere a natureza ultima do universo, da mesma forma que no caso anterior, o filosofo estava mais acertado que os cientistas.
Em outras questões, posso dar preferência ao cientista, ao psicólogo, ao biólogo, etc...
A diferença é que como eu não sou dogmático, não elejo essa ou aquela como as únicas fonte validas, assim posso fazer uso de todas as fontes.
Quanto a seu exemplo, um monge não precisa usar o que você chama de método da fé, visto que não é necessário fé ou comprometimento com "tradições" para se "estudar" e praticar religião, bem como observar seus resultados e colher seus frutos.