É perigoso que ateus sejam vistos como porta-vozes ciência.
É perigoso que ateus sejam vistos como porta-vozes ciência.
Dawkins e Hitchens guiam ateístas
Folha de S. Paulo - 21/07/2007
"Graças ao telescópio e ao microscópio, a religião não oferece mais explicações para nada importante", diz Christopher Hitchens em "God Is Not Great". O polemista britânico, conhecido agitador político de direita, conhece hoje, por conta de suas provocações à religião, um sucesso nunca antes alcançado por seus mais de 20 livros e inúmeros ensaios publicados em jornais e revistas.
Apenas uma semana após o lançamento, no Reino Unido, Hitchens já havia vendido 4.000 cópias do livro. Seis semanas depois, ele estava em sua sétima impressão e desembarcava nos EUA com loas da crítica e curiosidade geral.
"Eu já tinha criticado o uso nocivo da religião quando escrevi o livro sobre Madre Teresa de Calcutá", disse Hitchens à Folha. "Agora, faço um ataque geral à religião, pois ela é uma má influência."
O argumento principal de "God Is Not Great" é que a religião serviu ao homem como explicação do mundo quando a ciência não existia. Depois disso, não só teria se tornado inútil como passado a ser um entrave para o conhecimento.
Com ironia e pegadinhas retóricas, Hitchens lança desafios: "Se Deus é o criador de todas as coisas, por que devemos celebrá-lo incessantemente por fazer algo que para ele é tão natural?". Também acusa tanto o islamismo como o cristianismo de impedirem que avanços da ciência ajudem a sanar feridas do Terceiro Mundo.
Os extremistas islâmicos, por resistir a receber ajuda dos países ricos, achando que a medicina ocidental faz parte do projeto de dominação capitalista dos EUA, e a Igreja Católica, ao condenar milhões à morte por ser contra o aborto e o uso da camisinha, baseada em dogmas irracionais. O ensaísta se refere ao papa Bento 16 como "reacionário medíocre".
Hitchens pega carona no sucesso de Richard Dawkins, cujo "Deus, um Delírio", que chega aqui em agosto, vendeu meio milhão de exemplares nos EUA e mais de 300 mil no Reino Unido. Biólogo especializado na teoria da evolução, Dawkins diz que a intenção de seu livro é convencer as pessoas de que devem libertar-se totalmente desse "vício" que é a religião e acrescenta que Deus é homofóbico, racista, genocida, entre outros atributos nada afáveis.
Para o biólogo, Deus não poderia ser uma divindade, pois um ser tão complexo e superior ao homem só poderia ter surgido bem depois deste, como conseqüência da evolução, e não antes de todas as coisas, contrariando a teoria de Charles Darwin (1809-1882).
Em "Quebrando o Encanto", o filósofo norte-americano Daniel Dennett faz uso do darwinismo para analisar a religião como produto da evolução humana, e não como força de raízes sobrenaturais.
Em entrevista à Folha, Dennett disse que espera que as pessoas aprendam a discutir e a investigar a religião de um modo mais natural e científico -e está otimista. "É preciso que deixemos de evitar tópicos que podem ofender os devotos. E acho que cada vez mais há pessoas religiosas que querem discutir suas crenças com céticos e cientistas." Dennett defende uma revolução no modo como se estuda religião aos moldes da que Alfred Kinsey (1895-1956) provocou com relação ao sexo nos anos 40.
No Brasil
As prateleiras das livrarias brasileiras já estão cheias de recentes títulos ateístas. O best-seller do filósofo francês Michel Onfray, "Tratado de Ateologia", acaba de sair pela Martins Fontes, enquanto "O Livro Negro do Cristianismo - Dois Mil Anos de Crimes em Nome de Deus", de Jacopo Fo, Sergio Tomat e Laura Malucelli, chega agora pela Ediouro.
Plínio Junqueira Smith, doutor em filosofia pela USP, participa de um grupo de discussões sobre o ceticismo, formado na Unicamp. "Nossa preocupação é tentar compreender a história do ceticismo e fazer a reflexão sistemática sobre questões céticas atuais", disse. Smith organizou "Ensaios sobre Ceticismo", coleção de artigos sobre o tema, e fez o prefácio de "Ateísmo e Revolta", de Paulo Jonas de Lima Piva, uma análise do pensamento do padre ateu Jean Meslier, que viveu no século 17. Ambos os livros saem agora pela editora Alameda.
Confusão
Para o colunista da Folha Marcelo Gleiser, o grupo de "novos ateístas" está causando uma "grande confusão". "Estão exacerbando as já arraigadas posições anticientíficas dos mais religiosos e criando novos inimigos devido à arrogância."
Gleiser, professor de física teórica no Dartmouth College (EUA), acha perigoso que eles sejam vistos como porta-vozes da comunidade científica. "Não é verdade. Do ponto de vista da ciência, a posição de ateu radical não faz sentido. Para se afirmar que Deus não existe, é necessário supor que detemos a totalidade do conhecimento, algo que é inatingível pelo fato de a ciência ser uma criação humana e limitada."
Para ele, o máximo que cientistas podem dizer é que "a existência de um Deus judaico-cristão é contrária ao que conhecemos do mundo". Por outro lado, "não podemos afirmar que a informação atual da ausência de uma divindade é definitiva pois não temos informação sobre tudo. A única posição consistente com a ciência é o agnosticismo ou, no máximo, um ateísmo liberal, pronto a aceitar evidência em contrário, caso ela ocorra".
http://www.cbl.org.br/content.php?recid=5482&type=N
Folha de S. Paulo - 21/07/2007
"Graças ao telescópio e ao microscópio, a religião não oferece mais explicações para nada importante", diz Christopher Hitchens em "God Is Not Great". O polemista britânico, conhecido agitador político de direita, conhece hoje, por conta de suas provocações à religião, um sucesso nunca antes alcançado por seus mais de 20 livros e inúmeros ensaios publicados em jornais e revistas.
Apenas uma semana após o lançamento, no Reino Unido, Hitchens já havia vendido 4.000 cópias do livro. Seis semanas depois, ele estava em sua sétima impressão e desembarcava nos EUA com loas da crítica e curiosidade geral.
"Eu já tinha criticado o uso nocivo da religião quando escrevi o livro sobre Madre Teresa de Calcutá", disse Hitchens à Folha. "Agora, faço um ataque geral à religião, pois ela é uma má influência."
O argumento principal de "God Is Not Great" é que a religião serviu ao homem como explicação do mundo quando a ciência não existia. Depois disso, não só teria se tornado inútil como passado a ser um entrave para o conhecimento.
Com ironia e pegadinhas retóricas, Hitchens lança desafios: "Se Deus é o criador de todas as coisas, por que devemos celebrá-lo incessantemente por fazer algo que para ele é tão natural?". Também acusa tanto o islamismo como o cristianismo de impedirem que avanços da ciência ajudem a sanar feridas do Terceiro Mundo.
Os extremistas islâmicos, por resistir a receber ajuda dos países ricos, achando que a medicina ocidental faz parte do projeto de dominação capitalista dos EUA, e a Igreja Católica, ao condenar milhões à morte por ser contra o aborto e o uso da camisinha, baseada em dogmas irracionais. O ensaísta se refere ao papa Bento 16 como "reacionário medíocre".
Hitchens pega carona no sucesso de Richard Dawkins, cujo "Deus, um Delírio", que chega aqui em agosto, vendeu meio milhão de exemplares nos EUA e mais de 300 mil no Reino Unido. Biólogo especializado na teoria da evolução, Dawkins diz que a intenção de seu livro é convencer as pessoas de que devem libertar-se totalmente desse "vício" que é a religião e acrescenta que Deus é homofóbico, racista, genocida, entre outros atributos nada afáveis.
Para o biólogo, Deus não poderia ser uma divindade, pois um ser tão complexo e superior ao homem só poderia ter surgido bem depois deste, como conseqüência da evolução, e não antes de todas as coisas, contrariando a teoria de Charles Darwin (1809-1882).
Em "Quebrando o Encanto", o filósofo norte-americano Daniel Dennett faz uso do darwinismo para analisar a religião como produto da evolução humana, e não como força de raízes sobrenaturais.
Em entrevista à Folha, Dennett disse que espera que as pessoas aprendam a discutir e a investigar a religião de um modo mais natural e científico -e está otimista. "É preciso que deixemos de evitar tópicos que podem ofender os devotos. E acho que cada vez mais há pessoas religiosas que querem discutir suas crenças com céticos e cientistas." Dennett defende uma revolução no modo como se estuda religião aos moldes da que Alfred Kinsey (1895-1956) provocou com relação ao sexo nos anos 40.
No Brasil
As prateleiras das livrarias brasileiras já estão cheias de recentes títulos ateístas. O best-seller do filósofo francês Michel Onfray, "Tratado de Ateologia", acaba de sair pela Martins Fontes, enquanto "O Livro Negro do Cristianismo - Dois Mil Anos de Crimes em Nome de Deus", de Jacopo Fo, Sergio Tomat e Laura Malucelli, chega agora pela Ediouro.
Plínio Junqueira Smith, doutor em filosofia pela USP, participa de um grupo de discussões sobre o ceticismo, formado na Unicamp. "Nossa preocupação é tentar compreender a história do ceticismo e fazer a reflexão sistemática sobre questões céticas atuais", disse. Smith organizou "Ensaios sobre Ceticismo", coleção de artigos sobre o tema, e fez o prefácio de "Ateísmo e Revolta", de Paulo Jonas de Lima Piva, uma análise do pensamento do padre ateu Jean Meslier, que viveu no século 17. Ambos os livros saem agora pela editora Alameda.
Confusão
Para o colunista da Folha Marcelo Gleiser, o grupo de "novos ateístas" está causando uma "grande confusão". "Estão exacerbando as já arraigadas posições anticientíficas dos mais religiosos e criando novos inimigos devido à arrogância."
Gleiser, professor de física teórica no Dartmouth College (EUA), acha perigoso que eles sejam vistos como porta-vozes da comunidade científica. "Não é verdade. Do ponto de vista da ciência, a posição de ateu radical não faz sentido. Para se afirmar que Deus não existe, é necessário supor que detemos a totalidade do conhecimento, algo que é inatingível pelo fato de a ciência ser uma criação humana e limitada."
Para ele, o máximo que cientistas podem dizer é que "a existência de um Deus judaico-cristão é contrária ao que conhecemos do mundo". Por outro lado, "não podemos afirmar que a informação atual da ausência de uma divindade é definitiva pois não temos informação sobre tudo. A única posição consistente com a ciência é o agnosticismo ou, no máximo, um ateísmo liberal, pronto a aceitar evidência em contrário, caso ela ocorra".
http://www.cbl.org.br/content.php?recid=5482&type=N
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".
Re.: É perigoso que ateus sejam vistos como porta-vozes ciên
É significativo o quanto ambos os lados desta celeuma parecem desinteressados em discutir questões tratadas pela filosofia da ciência, que deveria ser a disciplina mais relevante para intermediar as áreas de conhecimento em conflito.
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Acauan Guajajara
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Re.: É perigoso que ateus sejam vistos como porta-vozes ciên
Dawkins fala sobre EVIDÊNCIAS para se crêr em algo, seja o que for.
É isso que tem que ser dito aos religiosos.
Religiosos aqui eu considero apenas os fiéis, os líderes são praticantes da religião do "faça o que eu digo, não o que eu faço", pra estes ultimos eu desejo de todo o meu coração a morte LEEEEEEENTA E DOLOROSA.
É isso que tem que ser dito aos religiosos.
Religiosos aqui eu considero apenas os fiéis, os líderes são praticantes da religião do "faça o que eu digo, não o que eu faço", pra estes ultimos eu desejo de todo o meu coração a morte LEEEEEEENTA E DOLOROSA.
Quando vejo um religioso protestando, irritado, exigindo respeito às suas crenças idiotas, penso logo...BOM SINAL! Sinal de que alguém esta fazendo alguma coisa certa.
Re: Re.: É perigoso que ateus sejam vistos como porta-vozes
Judas escreveu:Dawkins fala sobre EVIDÊNCIAS para se crêr em algo, seja o que for.
Se cremos em nossa interpretação das evidências, cremos antes em nosso aparato cognitivo que as interpreta.
E quais são as evidências que justificam nossa crença em nosso aparato cognitivo?
Dawkins sequer resvala estas questões, o que torna sua argumentação frágil a religiosos melhor escolados em filosofia da ciência, razão pela qual ele prefere debater com tapados convictos de sua tapadice, como os criacionistas.
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
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Re: Re.: É perigoso que ateus sejam vistos como porta-vozes
Acauan escreveu:É significativo o quanto ambos os lados desta celeuma parecem desinteressados em discutir questões tratadas pela filosofia da ciência, que deveria ser a disciplina mais relevante para intermediar as áreas de conhecimento em conflito.
leiam dennett
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Re: Re.: É perigoso que ateus sejam vistos como porta-vozes
Acauan escreveu:Judas escreveu:Dawkins fala sobre EVIDÊNCIAS para se crêr em algo, seja o que for.
Se cremos em nossa interpretação das evidências, cremos antes em nosso aparato cognitivo que as interpreta.
E quais são as evidências que justificam nossa crença em nosso aparato cognitivo?
Dawkins sequer resvala estas questões, o que torna sua argumentação frágil a religiosos melhor escolados em filosofia da ciência, razão pela qual ele prefere debater com tapados convictos de sua tapadice, como os criacionistas.
Espistemologia a la Dawkins: "Deus existe? Ou sim ou não. Logo é uma questão científica"
E á pergunta Dawkins responderia: "os aviões voam e as pontes não caem".
- Ilovefoxes
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Re.: É perigoso que ateus sejam vistos como porta-vozes ciên
Todos seguimos o ateísmo forte quanto a Papai Noel.
-
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Re.: É perigoso que ateus sejam vistos como porta-vozes ciên
isso é uma falsa analogia. É o equivalente ateístico do nada videomakeriano
- Fernando Silva
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Re: Re.: É perigoso que ateus sejam vistos como porta-vozes
Ilovefoxes escreveu:Todos seguimos o ateísmo forte quanto a Papai Noel.
Eu não vou jurar que ele não existe. Afinal, tanta gente acredita, há tantas histórias, tantos livros escritos sobre ele...
O que eu faço é ignorar o que não é apoiado por evidências, e não negar.
- Fedidovisk
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Re.: É perigoso que ateus sejam vistos como porta-vozes ciên
Tenho que nem a morte é tão certeira quanto dizem...
Não acredito em Deus, mas fazer isso por conta que a Ciência é verdadeira e para se considerar um Deus haveria de se seguir os mesmos métodos... é "burrice".
A ciência é tão falha quanto a idéia de um Deus, aliás a idéia de Deus é perfeito, o que não é perfeito são as religiões, mas parece que muitos ainda insistem em associar os dois e não propor essa questão.
A ciência é antes de tudo uma interpretação da realidade, ela existe e existira, cabe a nós a desvendarmos, e desvendar e afirmar teorias apenas pela observação repetitiva, nada absoluto.
Se eles fazem de Deus uma religião, eles fazem da ciência um Deus... pois não propoem, afirmam.
O pior é saber que ainda tem gente que só segue sua vida de acordo com a teoria evolucionista.... isso PARECE, uns até dizem que é, anti-natural então é "errado".

Não acredito em Deus, mas fazer isso por conta que a Ciência é verdadeira e para se considerar um Deus haveria de se seguir os mesmos métodos... é "burrice".
A ciência é tão falha quanto a idéia de um Deus, aliás a idéia de Deus é perfeito, o que não é perfeito são as religiões, mas parece que muitos ainda insistem em associar os dois e não propor essa questão.
A ciência é antes de tudo uma interpretação da realidade, ela existe e existira, cabe a nós a desvendarmos, e desvendar e afirmar teorias apenas pela observação repetitiva, nada absoluto.
Se eles fazem de Deus uma religião, eles fazem da ciência um Deus... pois não propoem, afirmam.
O pior é saber que ainda tem gente que só segue sua vida de acordo com a teoria evolucionista.... isso PARECE, uns até dizem que é, anti-natural então é "errado".
- Ilovefoxes
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Re.: É perigoso que ateus sejam vistos como porta-vozes ciên
De onde tirou isso?
Você conhece algum cientista que prefere que as pessoas tenham fé nele ao invés de entenderem suas teorias?
Você conhece algum cientista que prefere que as pessoas tenham fé nele ao invés de entenderem suas teorias?