E, claro, como todo bom texto de divulgação política de uma idéia, a coisa é tão sintetizada que não se tratou nem até que ponto a coisa deve ser tão liberalizada para funcionar.
A resposta já foi dada há tempo. Para que isso se passe desta forma é necessário um estado não-interventor que restrinja a sua atividade a defesa de propriedade, liberdade individual e reforço de contratos voluntários.
Bom, não creio que exista nenhuma dinâmica de livre mercado que não resulte em monopólios ou crises de superprodução devido à irracionalização da produção.
Por que?
O que quer dizer com irracionalização da produção? Você não vai me falar que é
produzir coisas "desnecessárias", vai? A velha arrogância socialista de apontar o que a sociedade deve ou não achar necessário? Por favor, não me venha com essa.
Ainda assim, dinâmica de mercado alguma faz com que as situações dos trabalhadores em inúmeros países do mundo deixem de estar péssimas, na velha máxima do "trabalhe pelo que tem ou morra de fome, temos reservas de mão-de-obra".
Em países capitalistas como o Brasil? Hehe...
Essa automação do ser, essa busca do lucro, numa visão foucaultiana, que remete inclusive aos primeiros críticos da formação burguesa, é tão imoral que me enoja. Ao menos a social democracia tenta impedir essa maluquice exploratória, daí, tem meu voto.
Exploração? O capitalismo é baseado no
contrato voluntário. Se as condições de trabalho não valem o salário que você ganha, parta para outra. Ainda assim, há, entre trabalhadores de uma empresa insatisfeitos com condições de trabalho, liberdade de reunião para a realização de boicote para pressionar o empregador a melhorar as condições.
Cito novamente o que Friedman escreveu: "o empregado está protegido do empregador por existirem outros para quem trabalhar e o empregador está protegido do empregado por ter outros a quem empregar".
Ao contrário do que o senso comum socialista faz parecer,
ambas as partes se beneficiam em um contrato voluntário.
Dogma. O próprio berço da democracia advém de estruturas sociais que NUNCA permitiram qualquer liberdade econômica individual.
E? Você também parte de seus princípios para construir as suas ideologias.
Parto do princípio de que o melhor sistema é aquele que confere ao indivíduo mais liberdade para ditar os rumos de sua vida, que lhe conceda a soberania nas decisões que dizem respeito a sua individualidade.
E não permitir a liberdade econômica (como você sugere), é o primeiro passo para tirar do indivíduo a sua liberdade política. Por isso vejo no sistema baseado na propriedade privada o mais eficaz na manutenção das liberdades individuais.
Quanto à herança, por bem ou por mal, contraria a noção de mérito. Daí, escolham seus lados. Mas eu já sabia que sua resposta seria essa.
Mas tentei mostrar que tentar acabar com a herança é intervir na instituição da propriedade privada, esta fundamental para a manutenção da política do mérito.
O que eu perguntei, desde o início, é se há qualquer vinculação entre mérito e especulação financeira. Para mim, não.
De um modo resumido, o mérito está em os especuladores venderem os produtos que compraram a pessoas que os desejam. Com o risco de perderem todo o seu dinheiro caso as suas previsões acerca do valor futuro dos bens por eles adquiridos no presente não se realizem.
A atividade é um indicativo de quão desenvolvida é a economia de um país. Quanto mais desenvolvida, mais ativo é o seu mercado financeiro.
Fala a verdade, você leu o texto que eu indiquei ou viu que era do "Spamta" e já rejeitou?
E, ah, como diria um certo economista, faça uma economia apenas com especuladores. Depois disso, conversamos.
Espera mostrar que a especulação financeira não é uma atividade válida por que uma economia exclusiva de especuladores não pode existir? Por favor...
E, ética por ética, o sistemão capitalista onde estamos inseridos é profundamente anti-ético.
Na sua opinião, naturalmente.
De que trecho da bíblia você tirou a idéia de que o lucro é eticamente condenável?
Aglutinação de investimentos educacionais e subsídios estatais para determinado tipo de serviço. Se o serviço passa a ser mais procurado, zilhões de empresas, buscando a mão-de-obra barata local, investem em produção na região e a população fica feliz e contente pelos empregos e pela grana.
Os Tigres Asiáticos são uma demonstração de que o estado pode planejar
em favor da economia de livre mercado, favorecendo a livre iniciativa, a livre concorrência e atraindo investimentos exteriores.
1- É um tiro no escuro. Se a previsão falhasse e esse tipo de serviço, a longo prazo, perdesse valor de mercado, o país estaria tão fudido quanto ou mais, visto que vinculou (quase) toda sua economia àquilo. O Chile até hoje tenta redimensionar sua economia para outra coisa que não seja Cobre, porque vender uvinha e vinhozinho pra hermano latino não dá, né...
2- Qualquer crisezinha que afete a área investida será um inferno astral pra nação, visto que ela não tem uma economia sólida e diversificada. Bem ou mal, economias "terceiromundistas", embora um pouco mais sólidas, como a de Brasil e México, não sofreriam tanto.
A economia dos tigres asiáticos não é baseada exclusivamente no setor de informática, como você diz. Há indústrias de todas as áreas.
E nada mais errado que supor que os países de terceiro mundo não seriam tão afetados por uma crise na área de informática, por exemplo, só por que esta indústria é fraca por aqui. Dependemos de investimentos de países industrialmente desenvolvidos muito mais do que estes de algum setor específico de suas indústrias.
Vamos liberalizar a África também. Talvez dê certo.
Com certeza.
Aliás, pra boa parte dos liberais, só parece existir "terceiro mundo" devido aos malignos estatizadores que ganham às custas da pobre população, né? Tsc...
Não tenha dúvidas. Aliás, não para boa parte dos socialistas, mas para
todos eles, a riqueza é algo estático, de modo que a pobreza dos países do terceiro mundo resulta da riqueza dos de primeiro mundo. Vai entender, né?
Hum, vejamos...criminalização dos sindicatos, arrebatamento legal de todos os direitos trabalhistas.
Quanto aos sindicatos, não há justificativas liberais para criminalizar a liberdade de reunião.
Direitos trabalhistas? Penso que as condições de trabalho devam ser negociadas entre as duas partes, como já disse anteriormente. Não há motivos para o estado intervir ditando, por exemplo, quantas horas no máximo uma pessoa deve trabalhar.