SickBoy escreveu:André escreveu:SickBoy escreveu:André escreveu:Fedidovisk escreveu:Nossa, associar biologia com opção política é nova pra mim...![]()
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Aqui no fórum é super comum. Se eu recebesse dinheiro para cada vez que alguém disse que capitalismo expressa a natureza do homem, e quando alguém diz que o que embasa sua opinião é a natureza do homem, que esse julga saber qual é, eu já estaria bem de grana.
bem. o livro fala sobre a natureza humana. e tem um capítulo inteirinho sobre política, ou melhor, as duas visões de mundo: direita e esquerda. eu ainda não cheguei lá, mas arrisco dizer que a base de argumentação seria a mesma. seleção por frequência
ah, e não quer dizer, mais uma vez, que somos sempre "pré-determinados".
no caso da política, no livro cita pesquisas que mostraram que primogênitos tem uma alta tendência a serem conservadores, e filhos do meio a serem reacionários. porque será? não está tudo em nossos genes
Eu sou primogênito e sou o mais progressista esquerdista da família. Porém o mais desconectando de atuação militante.
Acredito que uma certa compreensão da natureza do homem ajuda a moldar uma visão política, isso é observável, mas se de fato a natureza do homem justifica e explica organizações sociais e políticas sou reticente. A humanidade é marcada por uma heterogeneidade muito grande, para ter uma única natureza imutável, que explica o resto. Logo é mais lógico ver a natureza não como algo que determina, mas que estabelece limites, as construções sociais e políticas tem propriedades próprias e não se adequa a uma visão do que essa natureza seja.
Outra coisa é ver construções sociais e políticas como naturais, esse que é um argumento conservador, como se essas não pudessem ser alteradas. Quando efetivamente a história da humanidade, com suas rupturas, demonstra que construções sociais e políticas podem ser alteradas.
o problema é essa queda de braço (muitas vezes de cunho político) a respeito do que faz parte da natureza humana, e o que é imposto pela cultura (e portanto pode ser modificado). eu por exemplo hoje acho que coisas como um certo grau de violência e diferença entre sexos são "naturais", mas isso claro não implica em assumir que não devemos combater a violência pois os custos[da violência] superam em muito os benefícios, ou justificar o sexismo. até mesmo formação de estereótipos, a nossa classificação mental de atribuir rótulos a pessoas, e a grupos através de uma média, podem ser a origem do racismo, homofobia, xenofobia, mas ainda assim não implica em justificá-los, pois os custos destes também são altos.
e nem por isso creio que devemos relevar toda a cultura, como dizer que mulheres de 12 anos sendo apedrejadas, "é da cultura deles"
ambos, a cultura/o ambiente, ou a natureza humana, podem ser usados para fins terríveis. achar que tudo é uma construção social, a família por exemplo, pode ser na verdade muito mais pernicioso.
Concordo plenamente por isso gosto da frase de Aristóteles.
"O homem é um animal político e social"
Ele é animal, sim, mas também é um ser político e social. Logo se existem determinantes naturais, esses não são os únicos, há uma combinação. O mesmo vale para aqueles que idioticamente negam o homem enquanto um animal membro da natureza.
Aliás, ver o homem enquanto um animal ajuda a derrubar um preconceito, o contra homossexuais, já que tal comportamento existe na natureza, tem raízes biológicas, e nega-lo é negar o impulso natural que alguns tem. Ai tb existem fatores culturais, mas claramente a observação da natureza desmonta a condenação moralista.