o anátema escreveu:Ah meu Zeus, lá vou eu de novo.
Tem muitos erros aí, um é confundir mutação com evolução. É simplesmente ridículo achar que porque nesse caso, os pequenos camundongos não foram muito significativamente afetados pela radiação (ou melhor, os camundongos presentes na área, 10-20 anos depois), que evolução não pode ser observada diretamente.
É simplesmente uma demonstração gritante de ignorância. Tanto de evolução especificamente, quanto de ciências em modo geral. De evolução, por ignorar instâncias de observação direta, não só de mutações pontuais (que nem seria lá grande coisa até, poderia-se argumentar), mas de evolução mais "de verdade". De ciência de modo geral pelo implícito desdém quanto a significância de observações indiretas, ainda mais considerando-se esse corpo específico de evidências a favor da evolução, história do universo e etc. É muita coisa, muita coisa mesmo, para ser simples coincidência. É como montar um enorme quebra-cabeças, com encaixes precisos, formando uma figura bastante clara, e falar que não passa de coincidência, que não é um quebra cabeças, que a imagem formada é só um mosaico inventado, apenas coincidentemente "um pouco melhor" (um eufemismo absurdo) do que qualquer outro mosaico que fosse criado por qualquer das inúmeras outras possíveis disposiçẽos das peças.
O engraçado é que pela mesma "lógica" desse desdém por observação indireta deveriam ser uns paranóicos teóricos de conspirações e que só acreditam mesmo naquilo que viram depois de nascidos, sem acreditar em nada dos livros de história ou em muito da vida deles. Quem garante que não é tudo um tipo de "show de Truman"?
Outro engano é achar que mutação (ou ausência de) induzida por um acidente com material radiativo tem muito a ver com evolução, ancestralidade comum universal e etc.
Talvez maior, mais impressionante dos enganos, é aparentemente achar que radiação não causa mutação, com base nisso. Não é MESMO o caso. E é muito preocupante que um suposto médico pense mesmo isso.
E mesmo que fosse o caso, como já foi mencionado anteriormente, não teria importância muito grande para evolução, porque não tem como fonte de variação relevante mutações causadas por radiação. Foi ou é ainda uma ferramenta de estudo para induzir mutações em moscas e etc, mas não quer dizer que não existam mutações espontâneas, produtos de erros de cópia normais dos genes.
Então mesmo que o texto realmente sugerisse que a radiação na verdade é inofensiva, que podemos brincar de injetar contraste radiativo e nos filmarmos com raios-x só pelo visual da coisa, o que está longe de ser o caso, isso não tem praticamente conseqüência alguma para o estudo da evolução.
Como o texto fala, o que foram analisados foram pequenos mamíferos, camundongos.
Ratos são comumente mencionados como animais que sobreviveriam a um holocausto nuclear, acho que até já comentei isso. E não é a toa. E se iso é um clichê, essa descoberta não é tão inesperada assim, penso eu.
E isso não é porque eles não evoluam, que as cadeias de ácidos nucléicos sejam extremamente resistentes à emissões radiativas, não se despedaçando como as de qualquer outro organismo.
Tem a ver principalmente com o tamanho pequeno e altas taxas de reprodução (o tamanho pequeno é até um pouco favorável a grandes taxas de reprodução, diga-se de passagem). Tamanho pequeno faz com que mais provavelmente encontrem "abrigos" contra radiação, e as altas taxas de reprodução faz com que sobrem um bom número desses indivíduos menos mutados por radiação - que repito, é fato - para preservar uma "qualidade genética" melhor.
Como esse mesmo texto disse, não foi possível fazer um controle perfeito da coisa, analisaram os animais que estavam lá, sem controle sobre de onde eles vieram, assim não dá para dizer que eles passaram por doses consideradas anteriormente muito nocivas de radiação, mais provavelmente eles simplesmente vieram de outras áreas menos afetadas, repovoando gradualmente os locais agora com radiação residual, em níveis cada vez menores.
Lendo mais sobre o assunto, uma questão que foi levantada foi quanto a exposição a quantidades relativamente pequenas de radiatividade residual, que pode ser mesmo menos perigosa do que se imaginava.
Ainda assim, se procurar pela intenet vai encontrar coisas como que os humanos (mais numerosamente estudados, apesar de menos populosos), acho que os filhos dos mais afetados pela radiação, tiveram taxas de mutação aumentada em 600%. E mesmo outros animais foram sim, afetados. Radiação não afeta exclusivamente drosófilas e humanos.Despite Mutations, Chernobyl Wildlife Is Thriving
[...]
Late last year Moller and Mousseau published a paper in the Journal of Animal Ecology showing that reproductive rates and annual survival rates are much lower in the Chernobyl birds than in control populations.
"In Italy around 40 percent of the barn swallows return each year, whereas the annual survival rate is 15 percent or less for Chernobyl," Mousseau said.Chernobyl raised mutations 600%
[...]The "unexpectedly high" mutation rate, discovered by using DNA fingerprinting techniques, means that a significant proportion of the world's population doing jobs where even low-level radiation is present are exposing their unborn children to increased risk, the researchers say.
Agora a próxima "evidência" contra a evolução a ser apresentada deverá ser Deinococcus radiodurans - bactéria adaptada a viver em reatores nucleares.
eles citaram o exemplo de excesso de mutações de andorinhas como, como vamos dizer, acima da expectativa pelos dados levantados, para não dizer mal-feitos!
que os estudos em geral feitos pelo assunto estavam mal-feitos...