André escreveu:A vida tem o sentido que vc dá a ela. Essa é uma forma alternativa a dar sentido a vida pela religião, da fé em existência pós-morte.
Achar que pq alguém é ateu vive sem dar sentido a sua vida é ter uma visão bem restrita ao que é dar sentido. Para uma família que conheço o que dá sentido a sua existência são seus filhos. Para um escritor seus livros e a relação com seus leitores, para professores o seu trabalho, pesquisa, e relação com alunos.
Vários descrentes encontram em diversas práticas, e ou princípios, coisas que dão sentido a suas vidas. Elementos mesmo que contém fé, não a fé no sobrenatural, mas a fé em si, e nos outros, e na possibilidade de fazer, ou estar envolvido, em algo que vale a pena.
Esse sentido, mesmo religiosos tem. Eles apenas agregam ao sentido fornecido pela religião.
Quando ateu, minha vida fazia muito mais sentido que hoje.
Basicamente penso da mesma forma de antes. A vida não tem sentido, ou o sentido da vida é viver.
A diferença é que como ateu, eu tinha uma certa responsabilidade.
Em face a tragédia em que nos encontramos, devemos buscar viver da melhor forma possível, sempre pensando nos outros e deixando nossa contribuição para a melhoria do mundo.
Como ateu eu tinha até que um certo objetivo, o de melhorar a vida e a condição humana.
Eu tinha como alvo dar a humanidade minha contribuição, deixar minha marca na forma de melhoria para o mundo.
Isso dava a minha vida individual um certo sentido.
Como teísta isso se perdeu.
Não há o que realmente corrigir no mundo, Deus está cuidando de tudo.
Mesmo que por um tempo houvesse, com a vida sendo eterna, isso significaria obrigação eterna, imperfeição eterna.
Para que se possa ter como objetivo de vida "ajudar" os outros, ou "melhorar" as coisas, precisaríamos que eternamente existissem pessoas precisando de ajuda e infinitas coisas para serem corrigidas.
Como teísta continuo vendo a vida como sem sentido, ou como tendo como único objetivo o de simplesmente viver.
Só que aqui eu perco o meu "fazer", o "contribuir", "ajudar", o deixar "minha marca", o "melhorar as coisas". Perco também meus sonhos, meus objetivos de vida.
A religião lida muito com o desapego, a eliminação dos desejos, sonhos, o controle dos sentido, pensamentos e sentimentos.
Como objetivo imediato, podemos ter realizar essas coisas, mas isso significa "abandonar" a vida.
Pode-se especular nossa vida atual, como sendo uma escola para a vida eterna, mas isso não dá a vida eterna um sentido, dá apenas um objetivo a nossa vida atual, um objetivo que passa pelo abandono da vida.
Esse é um sentido imediato que tenho hoje como teísta, o da vida como uma escola para a vida real, a vida eterna.
Não se deve confundir isso com dar um sentido "a vida", é apenas um objetivo imediato que se perde após completando, restando uma vida eternamente sem sentido.
Deus e a vida eterna criam muito mais problemas que resolvem.
Um ateu não tem que se perguntar os motivos de Deus o colocar aqui, nem o motivo de tê-lo feito homem, de fazer coco e xixi, o motivo para o sexo, para o mal e mais um bando de coisas.
A religião não só não cria um sentido para a vida, como complica as coisas.
Individualmente, podemos criar diversos sentido para a vida, sejamos ateus ou teístas.