Najma escreveu:Fernando escreveu:André escreveu:Vc tem uma noção antiga sobre ciência. As ciências humanas são poli-paradigmaticas. Ou seja, trabalham com diferentes paradigmas. O que define a explicação mais válida é aquela que melhor se sustenta, mais embasada em evidências. A que resiste a crítica. Aliás, isso vale para todas as ciências com a peculiaridade que as ciências humanas não tendem para um único paradigma, tendência que existe nas outras ciências, porém não é absoluta. Diferentes interpretações convivem na física, e disputam espaço, por exemplo. Ciência não deixa de ser possível quando admitimos que a verdade é relativa aos homens que a produzem, ela se torna mais interessante e fascinante. Obviamente a verdade é relativa a uma série de elementos, e o rigor na avaliação desses, a crítica, permitem que a comunidade científica se auto-regule definindo o que tem valor do que não tem, com base nas evidencias e argumentos.
Isso não supõe que ela seja a única explicação válida, nem que seja a verdade. No sentido de verdade única inexorável. Muito pelo contrario, a crítica e o continua busca, leva costumeiramente a ciência a rever conclusões anteriores, acrescentando elementos, descartando outros, substituindo por novos. A ciência chega a conclusões válidas, que se sustentam em evidências e argumentos. Essas que podem ser derrubadas por novas evidencias, novos argumentos....
Outra diferença que vc se esqueceu de dizer é que a ciência não requer em sua linguagem que vc a aceite, sob pena de punição, como as religiões indicam “o inferno”. Um cientista ou outro pode ser leviano a ponto de exigir, mas a ciência de forma geral não faz isso. E na ciência vc tem espaço para transformar o conhecimento constituído, claro que somente vai convencer outros se suas evidencias e argumentos resistirem a crítica, depende da qualidade, depende do estado da comunidade cientifica, e suas peculiaridades, da época que vc apresenta. Mas é um conhecimento dinâmico, sempre em mutação.
Para aquilo que existe acúmulo de evidências podemos dizer que é uma verdade objetiva (ou pertence a Dimensão objetiva), mas a interpretação dessa já abre espaços para influência do indivíduo.
Não tenho uma noção antiga da ciência. Eu não sei se sou kuhniano o suficiente pra aceitar esse guerra de paradigmas.
Mas não estamos colocando em questão a forma como a ciência se torna ciência. E sim que propor uma universalidade para todos os homens é uma espécie de tirania. Não importa a forma como esta tirania é empregada. Pois o que está em questão é que do mero fato de existência de uma lei universalmente válida para todos os homens já se instituir como tirânica pelo simples fato de não levar em consideração que as mais variadas pessoas possuem a mais variada opinião.
Tudo bem que a ciência seja uma guerra entre teses científicas. Mas as leis da gravidade continuam devendo ser aceitas por todos os homens. Não que eles não tenham liberdade para não aceitá-las, mas devem fazê-lo enquanto seres dotados de razão.
Na realidade, não se aceita a lei da gravitação universal já que esta se impõe à força. A descrença em tal lei não faz um descrente flutuar... Aceita-se que ela pode ser traduzida matematicamente e com isso, intelectualmente mas são seus efeitos que vêm antes de tal intepretação intelectual.
Já com deus, parece ser diferente...A interpretação intelectual empresta existência a um ente criado á imagem e semelhança tosca da humanidade e continua assim mesmo que haja empenho em se refinar a tosqueira da tentativa de explicar o que só pode ser sentido quando se desliga o intelecto, apelando para o número de verbetes e autores de verbetes...
Najma vc disse o que eu iria dizer no seu primeiro parágrafo sobre a lei da gravitação universal. Me economizou.

Sendo que voltando ao sentido universal único ele simplesmente não foi demonstrado. Quem costuma tentar são as religiões.
E eu mantenho minhas perguntas. Pq razão não entender que em relação ao sentido da vida cada um pode ter o seu? Pq invés de reconhecer isso a busca simultânea de um único sentido para vida, assim como a desvalorização dos outros como sendo "não reais"?