Um pedido de ajuda para os ateus

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Fernando
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Mensagem por Fernando »

Najma escreveu:Aqui eu concordo plenamente com você... A vida em sociedade exige sim que haja objetivos em comum com os demais membros dessa sociedade, não implicando dizer que estes sejam obrigatoriamente os mesmos mas que acabam sendo os mesmos se existe a idéia de se trabalhar em grupo para alcançar um determinado fim,. E os que não se enquadram nessas mesmas metas acabam sendo execrados, não por serem diferentes mas por não estarem participando do ato de propiciar os meios de atingir as tais metas. :emoticon1:


Eu desconfio que concordamos pq não nos entendemos... hehehehehe

Eu disse algo diferente. Disse que existir sentido da vida universal pra todos pode até fazer de todos mais livres na medida em que unem forças pra vencer as coisas que os impedem de exercerem a sua liberdade.

No fundo, defender existência de um sentido primeiro para a vida não é uma tirania em si. Muitos querem impor isso de forma tirânica, mas não é disso que eu estou falando. Nessa possibilidade que eu estou falando, reconhecer o sentido é a condição de uma liberdade maior.

Najma escreveu:Não se trata apenas de pressupor mas de entender que sem determinadas leis que algumas mentes científicas definiram como "leis universais", o universo não seria do jeito que é.


Ótimo. Não sou contra isso. Só que eu repito. Meus sensores detectam autos níveis de metafísica nessa sua afirmação.

Najma escreveu:A matemática como linguagem foi sendo desenvolvida durante séculos até chegar no modelo aceito como mais viável para explicar de forma elegante o que se passa entre os corpos que se atraem. Até chegarmos nisso, houve sim tentativas de explicação para os mesmos fenômenos mas isso não implica dizer que essas tentativas foram descartadas por "imposição" de uma forma de explicá-los em detrimento de outras tão válidas quanto. O que se impôs foi a viabilidade de uma em detrimento de outras, não por estar de acordo com os desmandos de um tirano mas por ser capaz de traduzir de forma mais precisa algo que as outras nem com todo excesso permitido e alcançável seriam capazes de traduzir.


Eu insisto que meu ponto não é esse. Não estou chamando a ciência de tirania. Sei como uma teoria ganha ampla aceitação. O problema é outro. É que chamar uma visão de mundo de autoritária só pq ela deve ser aceita por todos universalmente. O André é quem está reclamando disso. E eu estou respondendo: Então a ciência tb seria autoritária na medida em que todos devem acreditar nas leis da natureza.

Najma escreveu:A pergunta que não quer calar: há meios de chegar à mesma elegância e racionalidade explícita de 2 + 2 = 4 quando se fala em algo como fé?


Eu acho que sim. Mas eu penso diferente. Pra mim ciência não se resume ao que os cientistas fazem no laboratório. Pra mim ciência é uma opinião racional justificada. Sem maiores pretenções. Eu tenho dúvidas se é possível realizar um sistema tão ermético quanto o exposto nos Elementos. Mas é possível sim tornar algumas coisas tão claras quanto a proposição citada. Eu chamo isso de prova. Mas pra vcs isso não tem muito a ver com uma prova. Pq vcs pensam em provas como coisas que não podem ser contraditas de forma alguma pois possuem quase a mesma evidência de uma coisa empírica. Sou menos pretencioso (inclusive, hj, muito menos do que já fui no passado). Apenas procuro razões para acreditar ou desacreditar. Pois não me vejo mais como um juíz da verdade. (mesmo pq tal coisa é impossível para todos). Apenas procuro entender melhor como o pensamento se desdobra em suas mais variadas expressões.

Najma escreveu:Você nota a incoerência de alguém que diz que a fé não se explica e depois "necessita" traduzi-la em símbolos?


Sim. E por isso me oponho a quem comete essa incoerência. O maior problema de quem defende isso é justamente que a própria Bíblia é um livro, cheio de sinais, cheia de histórias que não pudemos presenciar. Isso é uma posição bem ingênua, mesmo dentro da teologia. Poucos teólogos a defendem. Uma das primeiras coisa que um estudante aprende numa boa faculdade de teologia é que a Bíblia está repleta de contradições.

A Bíblia deve sim ser explicada. E se é que existe algo inexprimível em palavras é a experiência religiosa, no sentido de uma experiência mística. Mas é justamente o ponto em que eu insisto. Essa supervalorização da experiência mística é muito mais uma corrente do cristianismo do que o próprio cristianismo. Eu mesmo fiquei muito surprezo quando conheci melhor alguns professores de faculdades de teologia. Como eles levam todas essas dificuldades que vcs levantam a sério. E como julgam importante procurar respostas.

Najma escreveu:O problema, como deixei explícito aí em cima é que se a fé realmente é explicável racionalmente, por quê o "mistério da fé" continua sendo tão importante para a manutenção das estruturas do cristianismo?


Lígia. O cristianismo é essencialmente uma ética. Não uma metafísica, nem uma ciência, nem nada do gênero. O que isso significa? Que existe no cristianismo uma teoria da liberdade, da virtude, ou da salvação. O que mais importa no cristianismo não é que as pessoas conheçam. E sim que sejam salvas. O fim maior do cristianismo não é conhecimento, mas salvação da humanidade. Isso não quer dizer que o conhecimento seja contrário ao cristianismo. Esse é o passo a mais que vc dá muito rápido e com tanta autoridade, que não está sendo o caso dessa vez, que me irrita.

Existem ordens de Jesus que nos mandam conhecer as coisas. Pq no fundo se o cristianismo é a revelação da verdade e a ciência, a filosofia e tantas outras coisas, a descoberta da verdade, então as duas coisa tem que andar juntas. Esse tipo de conhecimento não é o mesmo que está sendo sensurado em I Coríntios. O que se sensura em Coríntios é um conhecimento que, por princípio, desconsidera Deus. Que se apega demais em suas limitações para achar que é impossível a ressureição de Cristo. Em outras palavras achar que o que as vezes não entendemos é razão para afirmar que está errado.

Numa palavra, o que I Coríntios sensura é o conhecimento que, por princípio, se opõe à fé. Não o que anda junto com ela. Dizer que conhecer é algo negativo no cristianismo é uma tese anti-bíblica. Pois nega ordens explícitas do próprio Jesus.

Por que então vemos tanto essa história do mistério? Pq as pessoas precisam dar justificativas prontas e fáceis pros problemas mais difíceis. E estão sendo razoavelmente coerentes, e até estão sendo razoavelmente certas, quando o fazem. Afinal, o fim ultimo do cristianismo não é o conhecimento, mas a salvação. O único erro delas é querer que quem não acredita nesses tais mistérios devam necessariamente aceitá-los sem mais nem menos.

Mas como as pessoas são orgulhosas e se acham sempre melhores umas que as outras (nada mais anti-bíblico que isso), acham tb que ateus são loucos e tristes. Não sabem traduzir argumentos e teses importantes. Transformam a idéia de que Deus dá um sentido pra vida em aceite o que eu estou falando e fique queto. Ou a idéia de que o homem busca sempre algo, mas nada o satisfaz completamente, em ateu é uma pessoa triste e deprimida, que vive como um louco.
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res extensa
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Re.: Um pedido de ajuda para os ateus

Mensagem por res extensa »

hã... o Fenando vai pelo optimismo da existência de um sentido objectivo (mas acho que não chega a negar o sentido subjectivo)... mas pode haver um sentido subjectivo (nós construimos o nosso próprio sentido). Há também os pessimistas quanto ao sentido subjectivo (os nihilistas). Mas esta última depende se estamos bem ou mal psicologicamente. Mas nas duas primeiras... provavelmente há sempre uma mistura...´na maioria das pessoas normais. O radicalismo religioso pode levar, no entanto, a que acredite apenas no sentido objectivo... e outro tipo de radicalismo... o ceticismo pós modernista leva a que se acredite apenas no sentido subjectivo.

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Fernando
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Mensagem por Fernando »

André escreveu:Não acho que seja por si só uma tirania, acreditar que a vida tem um sentido único. Querer impor esse sentido a outros, é tirânico, e desmoralizar e diminuir o sentido que os outros dão é um desrespeito a sua liberdade de dar o sentido a vida que desejarem. Lembrando que não estou dizendo que está fazendo isso estou apenas descrevendo o que me oponho quando o debate envolve essa questão.


Claro. Mas é isso que eu estou falando. Não se trata de impor nada a ninguém. Isso sim é tirania. Esta foi uma das razões pelas quais eu disse que não acreditar num sentido essencial pra vida seja e não se sentir horrorizado com isso PODE SER uma forma de auto-alienação. Mesmo pq o ateísmo consegue resolver essa questão. Os livros de Nietzsche não terminam com o Trágico. Nem os dos existencialistas com a idéia do ser para a morte. Como se eles nada mais tivessem a falar.

O problema é que tem gente que ignora esse problema.

O que se pode falar é que a felicidade de um cristão, por exemplo, pode ser mais plena, pois ela encontra um sentido absoluto. Mas um ateu previnido poderia responder que ela é tb mais ingênua, pois esse sentido não existe. Não me interessa saber quem está certo. Mas dizer que nós ficamos felizes com a idéia de que vamos morrer, como diz o discípulo do bigodudo alí atrás (que deve estar vizitando o Zaratustra) é ilusão demais pra se acreditar. Pra mim isso tem nome. Auto-alienação. Eu já fui um nietscheano fervoroso como ele. Mas graças a Deus, Jesus me libertou disso... :emoticon265: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon265:
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Fernando
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Re: Re.: Um pedido de ajuda para os ateus

Mensagem por Fernando »

Editado pelo autor por conter cenas de violência explícita e apoio à pirataria. :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:

É... o sono tá brabo... hehehehehe
Editado pela última vez por Fernando em 06 Set 2007, 01:04, em um total de 2 vezes.
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Fernando
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Re: Re.: Um pedido de ajuda para os ateus

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res extensa escreveu:hã... o Fenando vai pelo optimismo da existência de um sentido objectivo (mas acho que não chega a negar o sentido subjectivo)... mas pode haver um sentido subjectivo (nós construimos o nosso próprio sentido). Há também os pessimistas quanto ao sentido subjectivo (os nihilistas). Mas esta última depende se estamos bem ou mal psicologicamente. Mas nas duas primeiras... provavelmente há sempre uma mistura...´na maioria das pessoas normais. O radicalismo religioso pode levar, no entanto, a que acredite apenas no sentido objectivo... e outro tipo de radicalismo... o ceticismo pós modernista leva a que se acredite apenas no sentido subjectivo.


MigHell, é vc?

Não tem 'optimismo'. Tem opinião racional justificada. Isso pode ser tanto 'subjectivo' quanto 'objectivo', pois, pois. hehehehehe
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res extensa
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Re.: Um pedido de ajuda para os ateus

Mensagem por res extensa »

existe também outra forma de ver o sentido... darwinisticamente (uma forma engraçada de ver o sentido objectivamente). um filósofo Daniel Dennett trata disso... no seu livro "a ideia perigosa de darwin". Basicamente ele diz que temos de deixar de ver o sentido como algo que só faz sentido se for original. No caso da religião o sentido original viria de Deus. Para ele é perfeitamente possivel que o sentido derivado de algo sem sentido possa ter um valor objectivo. Porque razão... por exemplo... uma bela flor perde sentido se for criada pela seleção natural em vez de ser criada por Deus? depois fala também em intencionalidade original e derivada... que relaciona com a questão do sentido... em como a nossa mente deriva a sua intencionalidade (que é derivada) da intencionalidade original dos genes... depois estabelece um paralelo com a futura criação de Inteligência Artificial... que também não é é original... e por aí :emoticon19:

basicamente diz que a mente é um gerador de sentido e que este deriva de algo objectivo: a evolução por seleção natural... que é um processo com sentido... numa certa perspectiva funcionalista... embora para um exdistencialista seja uma processo absurdo...

res extensa
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Re: Re.: Um pedido de ajuda para os ateus

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Fernando escreveu:
res extensa escreveu:hã... o Fenando vai pelo optimismo da existência de um sentido objectivo (mas acho que não chega a negar o sentido subjectivo)... mas pode haver um sentido subjectivo (nós construimos o nosso próprio sentido). Há também os pessimistas quanto ao sentido subjectivo (os nihilistas). Mas esta última depende se estamos bem ou mal psicologicamente. Mas nas duas primeiras... provavelmente há sempre uma mistura...´na maioria das pessoas normais. O radicalismo religioso pode levar, no entanto, a que acredite apenas no sentido objectivo... e outro tipo de radicalismo... o ceticismo pós modernista leva a que se acredite apenas no sentido subjectivo.


MigHell, é vc?

Não tem 'optimismo'. Tem opinião racional justificada. Isso pode ser tanto 'subjectivo' quanto 'objectivo', pois, pois. hehehehehe


aquilo que eu disse são as teorias do sentido padrão em filosofia. Vi isso num artigo do Desidério Murcho... Filósofo do Kings College. não me peças para explicar melhor porque não sei. Mas julguei que tu soubesses. O optimismo neste caso acho que deve ser crença... mas o texto do Murcho não diz

Sim sou eu... :emoticon16:

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Fernando
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Re: Re.: Um pedido de ajuda para os ateus

Mensagem por Fernando »

res extensa escreveu:
Fernando escreveu:
res extensa escreveu:hã... o Fenando vai pelo optimismo da existência de um sentido objectivo (mas acho que não chega a negar o sentido subjectivo)... mas pode haver um sentido subjectivo (nós construimos o nosso próprio sentido). Há também os pessimistas quanto ao sentido subjectivo (os nihilistas). Mas esta última depende se estamos bem ou mal psicologicamente. Mas nas duas primeiras... provavelmente há sempre uma mistura...´na maioria das pessoas normais. O radicalismo religioso pode levar, no entanto, a que acredite apenas no sentido objectivo... e outro tipo de radicalismo... o ceticismo pós modernista leva a que se acredite apenas no sentido subjectivo.


MigHell, é vc?

Não tem 'optimismo'. Tem opinião racional justificada. Isso pode ser tanto 'subjectivo' quanto 'objectivo', pois, pois. hehehehehe


aquilo que eu disse são as teorias do sentido padrão em filosofia. Vi isso num artigo do Desidério Murcho... Filósofo do Kings College. não me peças para explicar melhor porque não sei. Mas julguei que tu soubesses. O optimismo neste caso acho que deve ser crença... mas o texto do Murcho não diz

Sim sou eu... :emoticon16:


Pra variar não entendi nada do que vc disse... heheheheeheh

Mas eu entendi agora o que vc quis dizer com sentido objetivo e subjetivo. Na verdade eu não defendo nenhum dos dois, apenas estou pensando sobre o assunto. Mas por outro lado tb não me parece que um exclua o outro. É possível existir um sentido mais substancial que fosse objetivo, isso não excluiria a possibilidade de outros sentidos modais que fossem subjetivos. Ou seja. Cada um pode dar sentidos à vida mesmo que exista apenas um único. E mais, todos podem concordar de alguma forma com esse único sentido.
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André
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Mensagem por André »

Fernando escreveu:
André escreveu:Não acho que seja por si só uma tirania, acreditar que a vida tem um sentido único. Querer impor esse sentido a outros, é tirânico, e desmoralizar e diminuir o sentido que os outros dão é um desrespeito a sua liberdade de dar o sentido a vida que desejarem. Lembrando que não estou dizendo que está fazendo isso estou apenas descrevendo o que me oponho quando o debate envolve essa questão.


Claro. Mas é isso que eu estou falando. Não se trata de impor nada a ninguém. Isso sim é tirania. Esta foi uma das razões pelas quais eu disse que não acreditar num sentido essencial pra vida seja e não se sentir horrorizado com isso PODE SER uma forma de auto-alienação. Mesmo pq o ateísmo consegue resolver essa questão. Os livros de Nietzsche não terminam com o Trágico. Nem os dos existencialistas com a idéia do ser para a morte. Como se eles nada mais tivessem a falar.

O problema é que tem gente que ignora esse problema.

O que se pode falar é que a felicidade de um cristão, por exemplo, pode ser mais plena, pois ela encontra um sentido absoluto. Mas um ateu previnido poderia responder que ela é tb mais ingênua, pois esse sentido não existe. Não me interessa saber quem está certo. Mas dizer que nós ficamos felizes com a idéia de que vamos morrer, como diz o discípulo do bigodudo alí atrás (que deve estar vizitando o Zaratustra) é ilusão demais pra se acreditar. Pra mim isso tem nome. Auto-alienação. Eu já fui um nietscheano fervoroso como ele. Mas graças a Deus, Jesus me libertou disso... :emoticon265: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: :emoticon265:


Bem, eu tenho inquietações mas não constantemente. E sou agnóstico, segundo alguns ateu cético.

Porém encontro sentido que para mim são muito melhores que qualquer propósito dado por religiões. Alias as religiões para mim em sua filosofia podem ser interessantes para pesquisar, para aprender sobre os povos que as professam, sobre o que inquieta o homem e afins, porém em suas "soluções" não são convincentes para mim.

Sobre morrer, vejo como parte da vida. Já que para mim o homem é um animal, é apenas mais complexo. Logo a morte é uma parte natural da vida. Obviamente dolorosa, especialmente quando se trata de pessoas próximas que amamos. Mas não sinto necessidade em acreditar que existe algo depois da vida. Seria bom que existisse, mas não vejo qualquer evidencia convincente disso. Como tb o que já sei sobre cosmologia me leva a crer que a idéia de um criador tb é altamente improvável, sendo mais provável algo do mundo material e energético, nem que seja energia em potencial, ter sempre existido.

Agora o que vc está chamando de auto-alienação? Marx diz que o homem se aliena ao crer, pois abandona a felicidade na Terra pela felicidade ilusória do céu. Não sou tão duro quanto ele, mas vejo lógica no que ele diz.

O ateu, agnóstico, ou descrente estaria se auto-iludindo? Por não aceitar Jesus? Isso não se sustenta minimamente. Por que não qualquer outro Deus ou profeta?

Não é mais prudente pensar que a questão é complexa e que ninguém está se auto-iludindo e sim as pessoas, em suas diversas variações, sejam crentes ou descrentes, estão é sendo fieis a sua consciência. Claro que sendo que como a sociedade é majoritariamente religiosa, o fingimento mais comum é de pessoas que se dizem religiosas mas duvidam ou não acreditam, mas dizem acreditar pois temem a repressão dos crentes. O que acontece tb com quem acredita em algo menos comum e tende a esconder. O que é lamentável, pois as pessoas não deveriam ser penalizadas por pensarem diferente. Nos EUA recentemente teve caso de um cara com cargo importante foi demitido por ser ateu. Ele vai processar e tb facilita ter ficado conhecido o caso. Mas quantos sofrem no micro, e ninguém fica sabendo.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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NadaSei
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Re: Re.: Um pedido de ajuda para os ateus

Mensagem por NadaSei »

res extensa escreveu:E Tales de Mileto que dizia que podemos explicar a natureza sem invocar deuses? esse é antigo...

E eu invoquei Deus para explicar a natureza?
res extensa escreveu:[nadasei]Cada tipo de fé tem sua hora e sua função, o mesmo é verdade para a razão.[/nadasei]

Não entendi o motivo da citação...
res extensa escreveu:e esse descobrir deus dentro de ti... nadasei... é subjectivismo? é que eu acho o subjectivismo, quando o assunto é de facto (deus existe ou não?), muito desumano. Uma pessoa quer saber se a verdade é... de facto... e não viver uma ilusão subjectiva quanto a isso.

Não é subjetivo, é uma observação que pode ser feita por todos e pode ser testada.
Não se trata de "acreditar" em um estado mental.
De fato, quem "acredita" na percepção é quem está na vigília e desconhece o que eu estou falando.
A vigília é um estado que distorce tanto a realidade, que é visto como um estado onde estamos em um tipo de "sonho".

Quem vai para esse outro estado e descobre que passou a vida toda "sonhando", sabe melhor do que ninguém que não se pode confiar em nada.
Você levanta essa hipótese, mas quem já a falseou sabe que ela é verdadeira é pra vigília, além de perceber o tamanho da ilusão, de um forma que você que levanta a hipótese... jamais sonharia.
res extensa escreveu:é desumano porque para sermos felizes, por exemplo, poderiamos tomar a droga da felicidade. Não seria uma felicidade de facto... mas uma ilusão. O risco do subjectivismo (e outros relativismos que acho que tu representas... e o docdeoz também que até cita Feyarabend) é cair na desumanidade e numa espécie de cinismo que diz que todos têm razão... se cada um sentir no seu coração que tem razão.

Eu jamais disse isso.
É a sua interpretação do que eu disse que está caindo em subjetivismo.
res extensa escreveu: é uma droga da felicidade... ou de autocontentamento. pós modernismo, não? Nova era? é isso que acho que representas, nada sei. uma certa desumaninade.

De forma alguma, mesmo porque minha visão pode ser tudo... menos otimista e reconfortante.
Eu me atenho aos fatos e a questionamentos sobre esses fatos.
É claro que sempre podemos pincelar nossa visão com um certo otimismo, só que eu tendo mais para o pessimismo.
res extensa escreveu: lembrar tópico sobre como o nada sei consegue ser feliz com a familia a arder no inferno (caricatura)...

Lembrando que eu respondi de forma hipotética, visto que o inferno eterno é uma interpretação errônea no geral da religião, mas que pode se sustentar se formos tomas como base apenas a bíblia cristã.

De qualquer forma, minha resposta segue a linha do que se pode entender na religião e no nosso mundo.
É mais ou menos como aquela estória onde temos o espantalho que quer um coração, o homem de lata que quer um cérebro e o leão que quer coragem.
Nós queremos um coração, um cérebro e coragem, mas não podemos ter mais do que já temos.

Quando você descobrir o quanto nós somos maus, burros e medrosos, vai entender o que estou falando, como nossos desejos são enganosos e o porque eles não vão ser satisfeitos.
A "bondade" não só é relativa a quem a julga, como os nossos sentimentos e o nosso apego pelas pessoas, são enormes fontes de sofrimento.
O desapego visa também eliminar essas coisas, não ter afetos ou preferências, não no sentido como entendemos isso hoje.
Controlar a mente, entre outras coisas, significa controlar os sentimentos.
Para os nossos padrões atuais, isso pode ser visto como indiferença e falta de coração.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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NadaSei
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Mensagem por NadaSei »

André escreveu:A única coisa que realmente me incomoda nessa discussão é a suposição que haveria um sentido único, válido sempre, e que os descrentes são incapazes de ter acesso a esse. Não somente pela ultima parte, mas pela incapacidade de ver valor nos múltiplos sentidos que as pessoas encontram.

Isso também me incomoda.
Me incomoda também o fato de algumas pessoas terem a idéia de que é necessário um sentido ou então a vida se torna algo terrivel.
Por não ter um sentido, então a vida não passa de um inferno ao algo sem nenhum valor, um erro.

Se a vida realmente não tem sentido e, todo sentido individual dado pelas pessoas, não são um sentido de fato, mas um engano de raciocínio, nada muda.
A vida pode não ter sentido, mas continua sendo boa... continuamos tendo o sexo, o amor, a alegria, os filhos, os amigos e tudo mais que a vida tem a oferecer.
André escreveu:Uma religiosa que conheço teve dificuldade de entender como eu dou sentido (...)eu tive que buscar mais em mim, e nas relações com os outros, e nela foi mais fornecido pela família e Igreja, e ela buscou na ultima e em textos que considera sagrados.

E ela caiu nessa ladainha? (Brincadeirinha)
Ela entendeu o seu ponto?
André escreveu:Tentar definir superioridade de sentidos, ou mais valor, por qualquer um seria arrogante. Lógico que para cada um o seu melhor representa sua forma de pensar, mas é melhor compreender o outro, não tentar se mostrar melhor que ele.

Sim, de acordo.
Eu diria inclusive que não ver sentido ou não encontrar nenhum dos sentidos disponíveis, também entra na mesma categoria.
Não é nem melhor nem pior que encontrar algum sentido, é só uma forma diferente de encarar a vida.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

res extensa
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Re: Re.: Um pedido de ajuda para os ateus

Mensagem por res extensa »

NadaSei escreveu:
res extensa escreveu:E Tales de Mileto que dizia que podemos explicar a natureza sem invocar deuses? esse é antigo...

E eu invoquei Deus para explicar a natureza?
res extensa escreveu:[nadasei]Cada tipo de fé tem sua hora e sua função, o mesmo é verdade para a razão.[/nadasei]

Não entendi o motivo da citação...
res extensa escreveu:e esse descobrir deus dentro de ti... nadasei... é subjectivismo? é que eu acho o subjectivismo, quando o assunto é de facto (deus existe ou não?), muito desumano. Uma pessoa quer saber se a verdade é... de facto... e não viver uma ilusão subjectiva quanto a isso.

Não é subjetivo, é uma observação que pode ser feita por todos e pode ser testada.
Não se trata de "acreditar" em um estado mental.
De fato, quem "acredita" na percepção é quem está na vigília e desconhece o que eu estou falando.
A vigília é um estado que distorce tanto a realidade, que é visto como um estado onde estamos em um tipo de "sonho".

Quem vai para esse outro estado e descobre que passou a vida toda "sonhando", sabe melhor do que ninguém que não se pode confiar em nada.
Você levanta essa hipótese, mas quem já a falseou sabe que ela é verdadeira é pra vigília, além de perceber o tamanho da ilusão, de um forma que você que levanta a hipótese... jamais sonharia.
res extensa escreveu:é desumano porque para sermos felizes, por exemplo, poderiamos tomar a droga da felicidade. Não seria uma felicidade de facto... mas uma ilusão. O risco do subjectivismo (e outros relativismos que acho que tu representas... e o docdeoz também que até cita Feyarabend) é cair na desumanidade e numa espécie de cinismo que diz que todos têm razão... se cada um sentir no seu coração que tem razão.

Eu jamais disse isso.
É a sua interpretação do que eu disse que está caindo em subjetivismo.
res extensa escreveu: é uma droga da felicidade... ou de autocontentamento. pós modernismo, não? Nova era? é isso que acho que representas, nada sei. uma certa desumaninade.

De forma alguma, mesmo porque minha visão pode ser tudo... menos otimista e reconfortante.
Eu me atenho aos fatos e a questionamentos sobre esses fatos.
É claro que sempre podemos pincelar nossa visão com um certo otimismo, só que eu tendo mais para o pessimismo.
res extensa escreveu: lembrar tópico sobre como o nada sei consegue ser feliz com a familia a arder no inferno (caricatura)...

Lembrando que eu respondi de forma hipotética, visto que o inferno eterno é uma interpretação errônea no geral da religião, mas que pode se sustentar se formos tomas como base apenas a bíblia cristã.

De qualquer forma, minha resposta segue a linha do que se pode entender na religião e no nosso mundo.
É mais ou menos como aquela estória onde temos o espantalho que quer um coração, o homem de lata que quer um cérebro e o leão que quer coragem.
Nós queremos um coração, um cérebro e coragem, mas não podemos ter mais do que já temos.

Quando você descobrir o quanto nós somos maus, burros e medrosos, vai entender o que estou falando, como nossos desejos são enganosos e o porque eles não vão ser satisfeitos.
A "bondade" não só é relativa a quem a julga, como os nossos sentimentos e o nosso apego pelas pessoas, são enormes fontes de sofrimento.
O desapego visa também eliminar essas coisas, não ter afetos ou preferências, não no sentido como entendemos isso hoje.
Controlar a mente, entre outras coisas, significa controlar os sentimentos.
Para os nossos padrões atuais, isso pode ser visto como indiferença e falta de coração.


a citação pareceu-me relativista. todas as fés são válidadas e haverá um tempo para todas as razões.

e buda, na sua introspeção não descobriu que conceitos como ser e Deus podem iludir? se calhar foste mais fundo que Buda.

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André
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Mensagem por André »

NadaSei escreveu:
André escreveu:A única coisa que realmente me incomoda nessa discussão é a suposição que haveria um sentido único, válido sempre, e que os descrentes são incapazes de ter acesso a esse. Não somente pela ultima parte, mas pela incapacidade de ver valor nos múltiplos sentidos que as pessoas encontram.

Isso também me incomoda.
Me incomoda também o fato de algumas pessoas terem a idéia de que é necessário um sentido ou então a vida se torna algo terrivel.
Por não ter um sentido, então a vida não passa de um inferno ao algo sem nenhum valor, um erro.

Se a vida realmente não tem sentido e, todo sentido individual dado pelas pessoas, não são um sentido de fato, mas um engano de raciocínio, nada muda.
A vida pode não ter sentido, mas continua sendo boa... continuamos tendo o sexo, o amor, a alegria, os filhos, os amigos e tudo mais que a vida tem a oferecer.
André escreveu:Uma religiosa que conheço teve dificuldade de entender como eu dou sentido (...)eu tive que buscar mais em mim, e nas relações com os outros, e nela foi mais fornecido pela família e Igreja, e ela buscou na ultima e em textos que considera sagrados.

E ela caiu nessa ladainha? (Brincadeirinha)
Ela entendeu o seu ponto?
André escreveu:Tentar definir superioridade de sentidos, ou mais valor, por qualquer um seria arrogante. Lógico que para cada um o seu melhor representa sua forma de pensar, mas é melhor compreender o outro, não tentar se mostrar melhor que ele.

1)Sim, de acordo.
Eu diria inclusive que não ver sentido ou não encontrar nenhum dos sentidos disponíveis, também entra na mesma categoria.
Não é nem melhor nem pior que encontrar algum sentido, é só uma forma diferente de encarar a vida.


Concordo, e bom adendo. Não é necessário as pessoas encontrarem um propósito que faça sentido para elas. È observável que elas têm sentidos isso acontece é comum. Mas ninguém necessariamente é maluco ou desajustado pq não vê apenas tem uma forma menos comum de ver essa questão.

Sentido na vida da forma como estamos encarando. Mas penso os sentidos serem tão variados que de alguma forma ou de outra as pessoas lidam com eles.

O desapego e a filosofia que leva a ele pode ser interpretada como um sentido a vida dado pelo desapego (já que a pessoa tem que estudar e praticar isso). É propósito, objetivo, e razão para viver dessa forma. Nesse caso acaba havendo um paradoxo. Pq querer praticar uma filosofia que visa retirar o sentido, ou proclamar esse inexistente, em si fornece outro sentido.

Não ver qualquer sentido para vida, e continuar vivendo significa que há ,penso, mesmo nesse caso um sentido instintivo, o de viver. Claro que a pessoa pode passar por cima disso e se suicidar, mas os que não vêem sentido algum e não fazem isso possuem talvez esses sentidos digamos no subconsciente. Ou simplesmente não vêem sentido tb em se matar e ai ficam na mesma hehe.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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NadaSei
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Re: Re.: Um pedido de ajuda para os ateus

Mensagem por NadaSei »

res extensa escreveu:a citação pareceu-me relativista. todas as fés são válidadas e haverá um tempo para todas as razões.

Tudo é relativo, mas a citação não foi "relativista" no sentido que você dá.
Como eu disse, existem alguns tipos de fé, como a confiança em Deus, a crença nas palavras de alguém e o abandono (ou controle) da razão.

Se você concorda racionalmente com a lógica de Cristo, pode acreditar nela e praticar o que ele ensina.
Chega uma hora em que você observa que o mundo funciona e caminha de uma forma que não pode ser impedida, então é obrigado a confiar em Deus.Também chega o momento onde você fez tudo o que podia com a razão, levou-a a seus limites e tem que segura-la, para então olhar o que está além dela.

Nada disso é contrario a razão e ela também tem seu papel nisso tudo.
Cada uma dessas coisas tem sua hora e lugar, inclusive a razão, pois ela precisa ser cultivada.
Sem a razão não aprendemos a ler, sem a leitura não podemos estudar as escrituras, sem uma razão desenvolvida, não podemos interpretar corretamente os textos, sem observação, não podemos "guiar" a razão não compreensão correta daquilo que os textos apontam, etc...

Tudo tem o seu papel.
Você criticam muito a fé, por achar que toda fé é fé cega e sem motivos, mas existem tipos diferentes de fé e eles são tão necessários quanto a razão e não são contrários a ela.
A única questão é que cada uma dessas coisas tem sua hora e sua função.
Isso é pra você é ser relativista ou racional?
res extensa escreveu:e buda, na sua introspeção não descobriu que conceitos como ser e Deus podem iludir? se calhar foste mais fundo que Buda.

Sim, todos os conceitos podem iludir quando olhados por certos ângulos, visto que os conceitos são sempre relativos.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

res extensa
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Mensagem por res extensa »

tudo é relativo... mas ´que eu falei não é relativista no meu sentido. Claro... senão não seria tudo relativo

res extensa
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Re.: Um pedido de ajuda para os ateus

Mensagem por res extensa »

tudo é relativo. mas para isto ser verdade a frase anterior também deve ser relativa. Logo, há coisas que não são relativas. Então porque afirmar em primeiro lugar que tudo é relativo? É uma afirmação auto-refutante... como a maioria das coisas que o nada sei diz :emoticon16:

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Deise Garcia
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Re: Um pedido de ajuda para os ateus

Mensagem por Deise Garcia »

Fernando escreveu:Olá, pessoal. Tow meio sumido, mas eu gostaria de pedir uma grande ajuda de vcs.

Vou dar aula de Filosofia para uma turma de seminaristas e gostaria de poder contar com a ajuda de vcs. Quero mostrar pra eles que ateus existem e que o mínimo que pedem dos crentes é uma argumentação descente, uma coerência maior, e uma sinceridade maior com os problemas que vcs levam em consideração ao se decidirem pelo ateísmo.

Por exemplo. Os crentes acreditam na Bíblia pq ela é a palavra de Deus. E acreditam em Deus pq acham que a Bíblia é a Verdade, e ela afirma a existência de Deus. Mas há nisso um círculo vicioso simplismente inaceitável por vcs. Que é o de ter que pressupor que Deus existe para provar a veracidade da Bíblia. E provar a veracidade da Bíblia sem provar a existência de Deus.

Eu gostaria de pedir que cada um que se interessar formulasse um argumento que sintetize um pouco os motivos pelos quais não é cristão. Quero levar isso pra eles pra mostrar que vcs precisam ser levados mais a sério do que geralmente são. Que vcs merecem mais respeito e menos presunção.

Eu estarei tentando ajudá-los a compreender que o que vcs dizem faz realmente sentido. E que é completamente possível viver sem acreditar em Deus.

Abraços! Conto com a colaboração de vcs!


Estude teologia e fale sobre as incongruências que encontrar. Nada melhor do que falar sobre o que sabemos! A grande maioria dos ateus por aqui, e pelos fóruns afora, não sabe ao menos porque nega, de modo que nunca poderão ser levados a sério ou se poderá ter respeito pelas suas opiniões. Para que você não caia em desgraça, já que estará falando para um grupo de pessoas que podem deter conhecimentos mais confiáveis do que aqueles obtidos em fóruns, estude, estude, estude.


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aknatom
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Mensagem por aknatom »

NadaSei escreveu:
aknatom escreveu:
Najma escreveu:Bingo. :emoticon1: Mas aí não entra a parte da idealização? Algo como dar as coordenadas e, através do esforço na manutenção da ordem, permitir que o ideal seja atingido? Sem contar que os impecilhos aparentes, os pesinhos de mão e as caneleiras na forma de atribulação estão ajudando na obtenção do tônus muscular que nos torne aptos a enfrentar tal ideal? :emoticon1:

Veja, é só trocar "Deus" por "vontade"... desde que se entenda por vontade uma meta idealizada e colocada em prática primeiro na mente e depois "manifesta" na realidade, caso esta venha a se manifestar pela "pureza" atingida através do esforço continuado da "dona de casa cósmica"... :emoticon12:


A diferença é se eu quero fazer isso, ou não. Se eu quero, o melhor que tenho a fazer é começar a me mexer... se não quero, largo na mão de Deus. E usar as dificuldades como trampolins é uma grande sacada... quando se aprende a fazer isso, tudo fica mais fácil. A partir daí, basta olhar para o que está difícil pra identificar bem claramente onde está sua fraqueza, e olhar pra ela de outra forma, e trabalhar ela, e não ter mais essa fraqueza.

O problema está na palavra "quero" Aknatom.
Deixar na mão de Deus, não significa inércia.
Existe uma diferença muito grande entre o não-agir ou não-fazer e a inércia.
No não-agir, você não faz algo por "querer" nem se apega ao fruto dessa ação. Você faz por ser isso a coisa a ser feita, não importando o fruto que isso vai ou não dar.
Isso é largar na mão de Deus.
Fazer sem se importar ou mesmo sem querer.
O não-agir é eliminar o "querer" e o "não querer" de nossas atitudes.

É trabalhar por ter que fazer isso, corrigir as fraquezas por ser nossa obrigação.
Não é fazer por "querer" nem esperar pelo fruto disso.
É um grande deixar pra lá, isso é largar na mão de Deus e continuar andando por não poder ficar parado, independente de qualquer coisa.

Você faz parecer que existe uma "escolha", quando na realidade a única escolha é continuar agindo ou passar a não-agir.
Sendo pura ignorância "escolher" a primeira opção.
É por isso que no taoísmo a mesma palavra para Deus (Tao), também significa "o caminho perfeito".
Não-agir é passar a seguir o caminho perfeito por falta de opção, é pautar nossas atitudes não em nosso querer, mas na forma correta de agir que não é determinada por nós, mas pelas coisas como elas são. Isso é determinado pelo caminho perfeito, aquele que quando alguém anda por ele sem enxerga-lo, dá com a cara no muro.


Sabe... do jeito que vc coloca a coisa, dá a impressão que iluminação é sinônimo de "tô cagando e andando".
Não adianta querer ignorar que todas as nossas atitudes geram consequências, e mais ainda, quando vc consegue ser bem perceptivo, não tem como ignorar qual vai ser a exata consequência de qqr atitude... seja ela algo escolhido, que deve ser feito com esforço, ou algo que é feito simplesmente por ser o correto a se fazer.
Veja que, segundo vc mesmo percebeu, o não agir não é simplesmente ficar na inércia. Eu sei disso, vc sabe disso, qqr um que prestou atenção ao ler o Tao Te Ching sabe disso.
Entregar na mão de Deus, no caso, é achar que esse caminho do agir corretamente vai surgir como num passe de mágica, e que ele é criado por Deus. Não vai surgir do nada, precisa procurar bastante, esforço e disciplina é o início do caminho.
Realmente, depois de um tempo, o agir corretamente, o não-agir, passa a ser o hábito, o mais fácil, o que deve ser mantido... o porém é que não temos uma tendência única, de permanecer simplesmente em movimento, temos também uma forte tendência a inércia, e sempre que essa interferir, precisamos estar atentos para nos manter em movimento.
Tem como ser prática e não brincar com as palavras para explicar iluminação.
The Pensêitor admitindo que estava enganado: http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?p=53315#53315
Eu concordando plenamente em algo com o VM: http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?p=239579#239575

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Fernando
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Re: Um pedido de ajuda para os ateus

Mensagem por Fernando »

Deise Garcia escreveu:Estude teologia e fale sobre as incongruências que encontrar. Nada melhor do que falar sobre o que sabemos! A grande maioria dos ateus por aqui, e pelos fóruns afora, não sabe ao menos porque nega, de modo que nunca poderão ser levados a sério ou se poderá ter respeito pelas suas opiniões. Para que você não caia em desgraça, já que estará falando para um grupo de pessoas que podem deter conhecimentos mais confiáveis do que aqueles obtidos em fóruns, estude, estude, estude.


A questão é que eu só queria mostrar pra eles como os ateus pensam pra mostrar que a filosofia permite estabelecer um vínculo de contato entre cristãos e ateus que possibilitasse uma conversa entre ambos.
"Nada tem valor algum senão dentro do coração, e não como coisa" (Hegel)

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Fernando
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Mensagem por Fernando »

André escreveu:O ateu, agnóstico, ou descrente estaria se auto-iludindo? Por não aceitar Jesus? Isso não se sustenta minimamente. Por que não qualquer outro Deus ou profeta?


André,

É sempre muito importante prestar atenção nos termos que o interlocutor usa para colocar o problema.

Em primeiro lugar eu não disse que ateísmo é uma auto-ilusão pq as pessoas não aceitam Jesus. Afinal, pq aceitar Jesus? Quem disse que Jesus realmente existiu? Quem prova que ele era Filho de Deus?

Minha questão não é essa. O que eu quero comentar é que o cristianismo tem uma forma muito peculiar de resolver as questões referentes ao ser para morte, ao sentido da vida e tantas outras coisas.

Muitos ateísmos tb têm sua forma peculiar de resolver os mesmos problemas. Não estou dizendo que uma forma é melhor que a outra. Não se trata disso.

Mas não se dar conta desses problemas e agir como se eles não fossem grandes angústias para a humanidade é promover um meio de alienação sobre a realidade humana. E se uma determinada forma de ateísmo não se preocupa seriamente com esse problema é alienada.

Por isso o ateísmo pode ser uma forma de auto-alienação. Na medida em que tira a resolução do problema mas o deixa em aberto como se não existisse.

É como se uma pessoa tirasse um dos pilares que seguram uma constução sem se dar conta que o fato do pilar não estar lá fará com que a constução caia sobre sua cabeça.

Não me interessa debater se vc, ou o discípulo do Zara, ou a Lígia, ou o NadaSei, ou eu mesmo somos alienados. Essas discussões são de cunho pessoal, e por isso mesmo tendem a ser completamente infrutíferas.

Só quero alertar que não adianta negar uma solução de problema pura e simplesmente. Pq senão, todos os outros problemas que eram resolvidos a partir dessa solução vão cair denovo sobre quem a negou. Por isso o ateísmo PODE SER, não que de fato seja, uma forma de auto-alienação.
"Nada tem valor algum senão dentro do coração, e não como coisa" (Hegel)

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André
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Mensagem por André »

Fernando escreveu:
André escreveu:O ateu, agnóstico, ou descrente estaria se auto-iludindo? Por não aceitar Jesus? Isso não se sustenta minimamente. Por que não qualquer outro Deus ou profeta?


André,

É sempre muito importante prestar atenção nos termos que o interlocutor usa para colocar o problema.

Em primeiro lugar eu não disse que ateísmo é uma auto-ilusão pq as pessoas não aceitam Jesus. Afinal, pq aceitar Jesus? Quem disse que Jesus realmente existiu? Quem prova que ele era Filho de Deus?

Minha questão não é essa. O que eu quero comentar é que o cristianismo tem uma forma muito peculiar de resolver as questões referentes ao ser para morte, ao sentido da vida e tantas outras coisas.

Muitos ateísmos tb têm sua forma peculiar de resolver os mesmos problemas. Não estou dizendo que uma forma é melhor que a outra. Não se trata disso.

Mas não se dar conta desses problemas e agir como se eles não fossem grandes angústias para a humanidade é promover um meio de alienação sobre a realidade humana. E se uma determinada forma de ateísmo não se preocupa seriamente com esse problema é alienada.

Por isso o ateísmo pode ser uma forma de auto-alienação. Na medida em que tira a resolução do problema mas o deixa em aberto como se não existisse.

É como se uma pessoa tirasse um dos pilares que seguram uma constução sem se dar conta que o fato do pilar não estar lá fará com que a constução caia sobre sua cabeça.

Não me interessa debater se vc, ou o discípulo do Zara, ou a Lígia, ou o NadaSei, ou eu mesmo somos alienados. Essas discussões são de cunho pessoal, e por isso mesmo tendem a ser completamente infrutíferas.

Só quero alertar que não adianta negar uma solução de problema pura e simplesmente. Pq senão, todos os outros problemas que eram resolvidos a partir dessa solução vão cair denovo sobre quem a negou. Por isso o ateísmo PODE SER, não que de fato seja, uma forma de auto-alienação.


Minha pergunta não foi retórica. Eu de fato não estava te entendendo. Se pareceu outra coisa, desculpe pela falha de comunicação.

Sobre a angustia cada um resolve de diferente forma como vc mesmo apontou. Não nego que é uma questão, mas eu vejo sentido na vida através da defesa de diversos princípios, e os quais eu acredito, quais têm lógica para mim, eu escolhi e venho escolhendo ao longo do tempo.

Eu sou inquieto, gostaria de saber mais, porém tb não sofro excessivamente com isso. Nem fico achando que a vida não tem sentido, estou convencido que o sentido é vc que fornece e ele não é menor por causa disso. E como entendo que meu tempo é limitado, tenho que procurar aproveitar da melhor forma. Sendo melhor forma algo definido por mim, claro que com limites impostos pelas circunstâncias.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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André
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Re: Um pedido de ajuda para os ateus

Mensagem por André »

Fernando escreveu:
Deise Garcia escreveu:Estude teologia e fale sobre as incongruências que encontrar. Nada melhor do que falar sobre o que sabemos! A grande maioria dos ateus por aqui, e pelos fóruns afora, não sabe ao menos porque nega, de modo que nunca poderão ser levados a sério ou se poderá ter respeito pelas suas opiniões. Para que você não caia em desgraça, já que estará falando para um grupo de pessoas que podem deter conhecimentos mais confiáveis do que aqueles obtidos em fóruns, estude, estude, estude.


A questão é que eu só queria mostrar pra eles como os ateus pensam pra mostrar que a filosofia permite estabelecer um vínculo de contato entre cristãos e ateus que possibilitasse uma conversa entre ambos.


Um diálogo respeitoso que ambos procuram entender o porquê o outro pensa como pensa, pode ser muito frutífero, e útil. É difícil faze-lo, infelizmente.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

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O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

Trancado