Camille Flammarion – Deus na Natureza
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Camille Flammarion – Deus na Natureza
Os grandes fatos da moderna ciência têm, por conseguinte, transformado a idéia de Deus, apresentando-o, ao demais, sob um aspecto bem diverso do encarado até agora. Esse aspecto é ao mesmo tempo, mais grandioso e mais difícil de aprender. E, contudo, nós podemos ao menos conceber, senão esboçar, o conjunto dessa metamorfose progressiva.
A ignorância havia humanizado Deus e a ciência diviniza-O – se é que o pleonasmo não escandaliza os senhores gramáticos. Outrora, Deus foi homem; hoje, Deus é Deus. A fé do carvoeiro ainda tão gabada, não é mais a verdadeira fé. O credo quia absurdum é absurdo duplicado. O Ser Supremo, criado à imagem do homem, hoje vê apagar-se, pouco a pouco, essa imagem, substituída por uma realidade sem forma. Pois a forma, a definição, o tempo, a duração, a medida, o grau de potência ou atividade, a descrição, o conhecimento, não mais se aplicam a Deus e mal começam a ser percebidos. O próprio nome oculta uma idéia incompleta e preciso fora falar de Deus sem nomeá-lo. Outrora, Júpiter empunhava o raio, Apolo conduzia o Sol, Netuno senhoreava os mares... Na idolatria dos budistas, Deus ressuscitava um morto, ouvir um surdo, crescer um carvalho numa noite, emergir d’água um afogado... Desvendava a um estático as zonas do terceiro céu, imunizava do fogo, são e salvo, um santo mártir, transportava um pregador, num abrir e fechar de olhos, a cem léguas de distância, e derrogava, a cada momento, as suas próprias, eternas leis... Ainda hoje, lá no Tibet longínquo, adoram Maitreya. A mão deste Deus refreia as ondas enfurecidas, abençoa um exercito e amaldiçoa o rival; dirige as chuvas em rogativas de procissões e, qual hábil jardineiro, rega aqui, ensombra ali, poda acolá, ajusta, enxerta, combina, seleciona e mantém um cadastro heráldico de nomes e datas. A maioria dos crentes em Deus o conceituam como um super-homem, alhures assentado acima das nossas cabeças, presidindo os nossos atos. Dotado de excelente vista e não inferior ouvido, mantém as rédeas do mundo e, em caso de necessidade, chama um anjo serviçal e o envia a consertar qualquer peça desarranjada do seu mecanismo. A darmos crédito às tradições do Damapadam e às inscrições d’Aschoca, o Buda tem um filho – Bodisatva – mediador assentado à sua direita, além de uma terceira pessoa - Buda – Manouschi – “a realização de Deus pelo homem”. Todos eles vivem nas alturas do Nirvana eterno, rodeados de Espíritos, tronos, apóstolos, mártires, pontífices, confessores, dominações, potências, magos do culto precursor, videntes da filosofia sakhya, que foram purificados, etc.; tudo isso eternamente esquematizado e graduado, segundo os méritos de uma vida efêmera.
A história da idéia de Deus mostra-nos que ela sempre foi relativa ao grau intelectual dos povos e de seus legisladores, correspondendo aos movimentos, aos progressos espirituais da humanidade. Descendo pelo curso dos tempos, assistimos sucessivamente aos desfalecimentos e tergiversações dessa idéia imperecível, que, às vezes fulgurantes e outras vezes eclipsada, pode, todavia, ser identificada sempre, nos fastos da humanidade. Notamos, então, que esta idéia relativa difere do absoluto único, sem o qual é impossível, hoje, conceber-se a personalidade divina.
Esse absoluto – importa afirmá-lo nestas últimas páginas – é o absoluto mesmo e nós não o conhecemos. Ele não é o Varouna dos Árias, o Elim dos Egípcios, o Tien dos Chineses, o Ahoura-Mazda dos Persas, o Brama ou Buda dos Indianos, o Jeová dos Hebreus, o Zeus dos Gregos, o Júpiter dos Latinos, nem o que os pintores da Idade Média entronizaram na cúspide dos céus.
Nosso Deus é um Deus ainda desconhecido, que o era para os Vedas e para os sábios do Areópago de Atenas. A noção de alguns eminentes pais da Igreja cristã e de alguns esclarecidos teólogos modernos, aproxima-se, mais que outras quaisquer, desse Deus desconhecido. Mas, como compreendê-lo, quando nenhum Espírito criado, nem mesmo os anjos (se é que existem), poderiam fazê-lo?
(Camille Flammarion – Deus na Natureza)
A ignorância havia humanizado Deus e a ciência diviniza-O – se é que o pleonasmo não escandaliza os senhores gramáticos. Outrora, Deus foi homem; hoje, Deus é Deus. A fé do carvoeiro ainda tão gabada, não é mais a verdadeira fé. O credo quia absurdum é absurdo duplicado. O Ser Supremo, criado à imagem do homem, hoje vê apagar-se, pouco a pouco, essa imagem, substituída por uma realidade sem forma. Pois a forma, a definição, o tempo, a duração, a medida, o grau de potência ou atividade, a descrição, o conhecimento, não mais se aplicam a Deus e mal começam a ser percebidos. O próprio nome oculta uma idéia incompleta e preciso fora falar de Deus sem nomeá-lo. Outrora, Júpiter empunhava o raio, Apolo conduzia o Sol, Netuno senhoreava os mares... Na idolatria dos budistas, Deus ressuscitava um morto, ouvir um surdo, crescer um carvalho numa noite, emergir d’água um afogado... Desvendava a um estático as zonas do terceiro céu, imunizava do fogo, são e salvo, um santo mártir, transportava um pregador, num abrir e fechar de olhos, a cem léguas de distância, e derrogava, a cada momento, as suas próprias, eternas leis... Ainda hoje, lá no Tibet longínquo, adoram Maitreya. A mão deste Deus refreia as ondas enfurecidas, abençoa um exercito e amaldiçoa o rival; dirige as chuvas em rogativas de procissões e, qual hábil jardineiro, rega aqui, ensombra ali, poda acolá, ajusta, enxerta, combina, seleciona e mantém um cadastro heráldico de nomes e datas. A maioria dos crentes em Deus o conceituam como um super-homem, alhures assentado acima das nossas cabeças, presidindo os nossos atos. Dotado de excelente vista e não inferior ouvido, mantém as rédeas do mundo e, em caso de necessidade, chama um anjo serviçal e o envia a consertar qualquer peça desarranjada do seu mecanismo. A darmos crédito às tradições do Damapadam e às inscrições d’Aschoca, o Buda tem um filho – Bodisatva – mediador assentado à sua direita, além de uma terceira pessoa - Buda – Manouschi – “a realização de Deus pelo homem”. Todos eles vivem nas alturas do Nirvana eterno, rodeados de Espíritos, tronos, apóstolos, mártires, pontífices, confessores, dominações, potências, magos do culto precursor, videntes da filosofia sakhya, que foram purificados, etc.; tudo isso eternamente esquematizado e graduado, segundo os méritos de uma vida efêmera.
A história da idéia de Deus mostra-nos que ela sempre foi relativa ao grau intelectual dos povos e de seus legisladores, correspondendo aos movimentos, aos progressos espirituais da humanidade. Descendo pelo curso dos tempos, assistimos sucessivamente aos desfalecimentos e tergiversações dessa idéia imperecível, que, às vezes fulgurantes e outras vezes eclipsada, pode, todavia, ser identificada sempre, nos fastos da humanidade. Notamos, então, que esta idéia relativa difere do absoluto único, sem o qual é impossível, hoje, conceber-se a personalidade divina.
Esse absoluto – importa afirmá-lo nestas últimas páginas – é o absoluto mesmo e nós não o conhecemos. Ele não é o Varouna dos Árias, o Elim dos Egípcios, o Tien dos Chineses, o Ahoura-Mazda dos Persas, o Brama ou Buda dos Indianos, o Jeová dos Hebreus, o Zeus dos Gregos, o Júpiter dos Latinos, nem o que os pintores da Idade Média entronizaram na cúspide dos céus.
Nosso Deus é um Deus ainda desconhecido, que o era para os Vedas e para os sábios do Areópago de Atenas. A noção de alguns eminentes pais da Igreja cristã e de alguns esclarecidos teólogos modernos, aproxima-se, mais que outras quaisquer, desse Deus desconhecido. Mas, como compreendê-lo, quando nenhum Espírito criado, nem mesmo os anjos (se é que existem), poderiam fazê-lo?
(Camille Flammarion – Deus na Natureza)
Há dois meios de ser enganado. Um é acreditar no que não é verdadeiro; o outro é recusar a acreditar no que é verdadeiro. Søren Kierkegaard (1813-1855)
Re.: Camille Flammarion – Deus na Natureza
Video,
Qual a idéia central do texto?
Qual a idéia central do texto?
Estudo científico de alegações paranormais? Laboratório de Psicologia Anomalística no Instituto de Psicologia da USP.
- King In Crimson
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Re.: Camille Flammarion – Deus na Natureza
Nõa é aquela da Lua oval?
Re: Re.: Camille Flammarion – Deus na Natureza
King In Crimson escreveu:Nõa é aquela da Lua oval?
O mesmo.
[ ]´s
You wanna fuck with me? Okay. You wanna play rough? Okay. Say hello to my little friend!
Tony Montana
Mantra diário dos Criacionistas:
"Que mal poderia haver se um homem dissesse uma grande mentira para o bem e para a igreja Cristã... uma mentira sem necessidade, uma mentira útil, tais mentiras não seriam contra Deus, ele as aceitaria."
Martinho Lutero
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Tony Montana
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"Que mal poderia haver se um homem dissesse uma grande mentira para o bem e para a igreja Cristã... uma mentira sem necessidade, uma mentira útil, tais mentiras não seriam contra Deus, ele as aceitaria."
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- Fernando Silva
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Re.: Camille Flammarion – Deus na Natureza
O que eu entendi:
as pessoas inventam um deus incompreensível para explicar um universo incompreensível.
as pessoas inventam um deus incompreensível para explicar um universo incompreensível.
- Fabricio Fleck
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Re: Re.: Camille Flammarion – Deus na Natureza
Zangari escreveu:Video,
Qual a idéia central do texto?
Ué...e tem idéia central esse texto...

- Fabricio Fleck
- Mensagens: 526
- Registrado em: 19 Dez 2005, 12:36
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A única coisa que consigo tirar desse texto na verdade vem do título "Deus na natureza".
Será que ele argumenta que Deus está na natureza?
Não foi o Sagan que disse certa vez que:
"A idéia de que Deus é um gigante barbudo de pele branca, sentado no céu, é ridícula. Mas se, com esse conceito, você se referir a um conjunto de leis físicas que regem o Universo, então claramente existe um Deus. Só que Ele é emocionalmente frustante: afinal, não faz muito sentido rezar para a lei da gravidade!"
Será que ele argumenta que Deus está na natureza?
Não foi o Sagan que disse certa vez que:
"A idéia de que Deus é um gigante barbudo de pele branca, sentado no céu, é ridícula. Mas se, com esse conceito, você se referir a um conjunto de leis físicas que regem o Universo, então claramente existe um Deus. Só que Ele é emocionalmente frustante: afinal, não faz muito sentido rezar para a lei da gravidade!"