Fernando escreveu: Fernando Silva,
Surpreende-me que alguém tão preocupado em ver o conhecimento apenas com fins na utilidade tenha alguma espécie de interesse metafísico pela verdade enquanto verdade pura e não enquanto utilidade.
Que diferença faz se algo é verdadeiro ou não. Importa que seja útil. Afinal a tecnologia é muito importante e ninguém construiu nenhum edifício enquanto ficou pensando no critério unívoco que determina a multiplicidade do real.

Eu acho muito bom que haja quem se preocupe com coisas aparentemente sem aplicação prática imediata.
Por exemplo, eu gosto de história antiga, de saber que povos geraram que povos, como uma língua se transformou em outras, de onde vêm as palavras que usamos etc.
Gosto de saber a origem dos costumes das diferentes épocas, gosto de aprender um pouco sobre cada uma das religiões existentes.
De me serve tudo isto no dia-a-dia? De nada. No máximo, de assunto para conversa nas raras vezes em que encontro alguém que também gosta, em vez de achar que eu sou um chato que só gosta de besteira.
É apenas uma satisfação intelectual, no meu caso, embora possa gerar resultados práticos em outros.
A mesma coisa é a pesquisa pura: o cara fica lá no laboratório descobrindo fenômenos curiosos e testando teorias esotéricas, obtidas a partir de equações que quase ninguém entende. No fim, ele publica as conclusões, elas são arquivadas e acabou.
Até o dia em que alguém, às vezes décadas depois, junta vários desses estudos malucos e sem utilidade e cria algo de útil.
Fernando escreveu:E daí? Os pedreiros que fiquem com o serviço pesado.
Infelizmente, na maior parte da história da humanidade, a coisa foi assim. Os trabalhadores ignorantes produzindo comida para que alguns poucos pudessem usar a cabeça sem se preocupar com a própria sobrevivência.
Talvez, no futuro, as máquinas fiquem com todo o serviço pesado (o que já acontece, até certo ponto).