Acauan escreveu:Não precisa ir tão longe.
Todo assaltante que dispõe da opção de atacar e matar uma vítima tem o poder de decidir se faz isto ou não, a menos que se admita que algum tipo de possessão demoníaca ou sociológica tome seu corpo e o force a fazer o que não quer.
Não precisa mesmo ir tão longe. Bastaria perguntar se esse cara não perdeu todo respeito pela dignidade alheia por já ter sofrido de tudo nas mãos de muita gente, sendo ou não merecedor daquilo, para que chegasse a esse ponto. Pode ser muito bem um canalha por si só, mas como eu não creio eu arbítrio absoluto, creio que somos muito mais contingência e meio do que "decisão individual", eu sempre costumo enxergar a coisa pelo prisma que abordei aqui no tópico.
Pessoas sadias crescem em ambientes sadios, já pessoas doentes...
Acauan escreveu:Era pobre o suficiente para o tema em questão e nem um pouco debilitado moralmente, logo...
...logo as xícaras da Sal estão voando por aí.
Acauan escreveu:Quando você diz que "uma maioria dos negros e mulatos praticando crimes" quer dizer que a maioria dos negros e mulatos vira criminosos, que a maioria absoluta dos criminosos é negra ou mulata ou que a maioria relativa dos criminosos é negra ou mulata?
E o que é "mulato"?
Já vi estatísticas que consideram mulatos como negros quando interessa em provar que a maioria da população brasileira é não branca e outras que excluem todos os mulatos socialmente bem sucedidos, considerando-os brancos, quando se quer provar que todos os negros e mulatos vivem mal no Brasil.
Duvido que exista uma única estatística neste país que me classifique como Índio, embora quem me conhece pessoalmente tenha poucas dúvidas a respeito.
Não é minha intenção fazer nenhum tratado sobre etnias aqui. Se já abriu um livro de delegacia, sabe do que eu estou a falar, a maioria absoluta retratada ali tem pele morena ou negra.
Por acaso, com raras exceções, a população mais pobre do Rio e de São Paulo tem a mesma tonalidade de pele, por exemplo.Duas ou três vezes na vida vi garotos de pele branca no Jacaré ou na Mangueira.
Acauan escreveu:[color=yellow]De fato não pode, pois defender que origem pobre torna a vilania menos vil é condescendência por definição.
O que já faz parte de uma estratégia retórica, visto que em momento algum eu disse que alguém é menos vil por praticar a vilania influenciado pela sua condição de meio, e muito menos que não deva ser punido a partir disto. Eu apenas assumo o que , para mim, é uma realidade bastante óbvia.
Acauan escreveu:Devo ser muito mal informado pois até o momento não vi ninguém que adorasse movimentos como o "Cansei", para se ter uma idéia, até a turma do Mídia Sem Máscara meteu o pau nos caras.
Normal, visto que são, ao menos, teoricamente, "intelectualizados". Eu conheço muita gente que adora esse tipo de movimento, desde velhinhas de Ipanema até donas de casa de classe média baixa da zona norte.
Acauan escreveu:Se este mito da "voz política" das classes pobres valesse para alguma coisa, as revoluções comunistas teriam sido a salvação delas e não sua perdição como se viu.
Política é uma merda e há muitas outras formas de uma população conquistar espaço social, todas melhores.
Achar que a via política é a única ou a melhor é tipicamente marxista.
Eu não sei bem o que o rabo tem a ver com as calças, mas a imensa maioria das revoluções não deram "voz política" nem à participação das populações nelas e muito menos à participação dessas populações nos governos oriundos daí.
Para mim, tudo passa por política. Desde o convívio nesse fórum até a apresentação de uma notícia no jornal, daí, voz política é sempre essencial. E ter capital, numa sociedade capitalista onde a informação é uma mercadoria bastante valorizada, me parece um meio bastante eficaz de obtê-la.
Acauan escreveu:A melhor proteção contra este tipo de opressão, principalmente a de policiais corruptos, que também são bandidos, é a liberdade de imprensa. O episódio da Favela Naval exibido na Rede Globo fez mais pelos direitos civis dos favelados do que todos os milhares de militantes de esquerda que sugam o sangue daquele povo.
Sem dúvida alguma que a liberdade de imprensa é bastante importante. E ter voz política passa, inúmeras vezes, por poder fazer se ouvir na imprensa.
Mas sejamos mais simples: na questão dos atrasos dos aviões, a mídia fez um estrondo absurdo em torno dos abusos e do sofrimento das pessoas nas filas e saguões de aeroportos. Mas, me diga, se você, assim como eu, sabe que é obrigatório que as empressas concessionárias de ônibus deixem que, ao menos, metade de sua frota circule de madrugada, e fato indiscutível que nenhuma delas o faça, por que é que a mídia não faz um alarde gigantesco em torno disso? Se tem gente que sofre num ônibus ultra apertado, e sofre todo tipo de espera, às vezes de baixo do sol, em veículos muitas vezes precários, por que é que ninguém fala nada?
Acauan escreveu:A velha história..., mas discutir isto seria se estender demais.
Eu muitas vezes me esqueço que ainda existe uma utopia viva...
Acauan escreveu:É aí que reside a contradição.
Você expõe todos os motivos pelos quais a maioridade penal deveria ser reduzida e no fim diz que não defende sua redução.
Aonde que eu não defendo a redução da maioridade penal? Por mim, ela pode ser reduzida a zero, se bem entenderem e se isso não criar outros problemas legais piores.
Minha preocupação é que os fatores de prevenção sejam colocados acima dos de punição.