Uma coisa é, por exemplo, quando se aceita trabalhar numa firma de pequeno porte, com chefes protestantes pentencostais do tipo mais chato possível. É uma opção, absolutamente, pessoal. Quando, por exemplo, passei no vestibular e fiquei aguardando o início das aulas, eu dava aulas particulares e fazia prestação de serviços. Trabalhei com uma representante de gêneros alimentícios, na automação, e não aguentei nem um mês da pentelhagem.
Outra coisa, absolutamente diferente, é ir trabalhar numa empresa privada de médio e grande porte ou num orgão público, que deveriam ser locais neutros e passar por pentelhação.
Vários amigos meus sempre se queixaram. Os piores algozes são de algumas linhas pentencostais ou espiritualistas. Eu não tinha do que me queixar. No máximo, me incomodava com alguém queimando incenso perto de mim. Nem é por questão religiosa, o cheiro me deixa enjoado e acabo com dor de cabeça. Mas se me queixo os espiritualistas costumam dizer que é porque estou com uma energia ruim...

No novo orgão público que estou trabalhando há um mês(Judiciário), parece que a chatice nesse ponto vai ser grande.

Por conta do serviço que exerço não tenho uma lotação fixa, pulando de galho mais ou menos de semana em semana.
Semana passada, tinha que estar trabalhando em contato com uma Conciliadora. Acabei assistindo inúmeras de suas sessões. Totalmente de encontro aos princípios da Legalidade e da Impessoalidade. Imagina o porre de ir resolver uma questão cível e a mulher passar quase uma hora lhe falando de Lei do retorno, causa e efeito, reencarnação, etc. ad nauseam? Pior ainda é quando começa a criticar o governo. Até eu que sou anti-lullista me incomodo com o "nível" das críticas que essa criatura faz. Não, pior que tudo isso, imagina a cara que você faz quando, no primeiro contato com essa pessoa, ela lhe pergunta se você acredita em duendes? Seria cômico se não fosse trágico. Você pode até aproveitar para dar umas boas risadas se passar 15 minutos em uma Audiência dela. Mas imagina passar uma semana ouvindo esse lero-lero? Imagina rezar para que demore o dia de voltar para esse serviço?

Pior que todo mundo sabe disso, acha super-errado, mas ninguém pode fazer nada.
Hoje eu estava em outro lugar. O pessoal com o rádio ligado numas músicas de gosto duvidoso, até que, não sei porque, alguém falou de quando Daniela Mercury não foi cantar para o Papa por causa da história da camisinha. E começa um tal de malhar a igreja de cá, malhar de lá...
Eu respeito bastante a opinião alheia. Posso até discordar dela, se receber espaço para um debate, mas respeito. Mas respeitar opinião não é mesmo que escutar merda e achar legal. Critique, mas conheça. Pra criticar com um mínimo de elegância necessária a um debate.
Logo, a malhação da Icar se estendeu para outras igrejas, até chegar no espiritismo, para irritação de uma das que, em principio, estavam "malhando" a Igreja.

daqui a pouco, a estagiária, estudante de Direito de uma das fábricas de diplomas daqui, solta a pérola: "Religião é psicologia para fracos", ao que a primeira chateada replica sobre ela ser àtoa (trocadilho com ateu), com afirmativa. E a atéiazinha de botequim prosseguia com a metralhadora giratória, disparando uma monte de inverdades históricas e frases de efeito.
Eu respeito, bastante, o ateísmo como uma concepção filosófica válida, resposta para uma experiência de vida. Respeito mais que muitas experiências religiosas. mas tenho horror ao ateísmo pop, daqueles que o "praticam" não porque o encontraram como resposta. Não porque conhecem o que de fato seja ateísmo, mas porque algum professor igualmente iletrado lançou como a 8ª maravilha do Mundo. Coisa de gente inteligente, contraposta a religião, para pessoas tolas.
Provavelmente eu teria esmiuçado o des-intelecto dela, até não sobrar qualquer palavrinha fútil para soltar. Isso se não estivesse no local de trabalho (e ela não fosse sobrinha de quem é...).

Preferi não entrar na discussão. Juro que se alguém tivesse me perguntado hoje qual minha religião, eu teria respondido ser agnóstico, só para não palpitar em qualquer lado daquela discussão idiota.
Mas continuo achando que, à exceção de ambientes mais informais, ou de grande intimidade, assuntos como religião e política não deveriam ser a pauta.
Contribuintes, de várias (ou sem) religiões estão pagando para isso.