O super-homem

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zencem
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Re: O super-homem

Mensagem por zencem »

Cofee Man escreveu:
Elissandro escreveu:Evoluir é o sentido da existência. Para isso é necessário ser livre. O princípio do poder é a liberdade de pensamento. A ação é outra dimensão da liberdade.

Nietzsche escreveu:
O que é bom? – Tudo que aumenta, no homem, a sensação de poder, a vontade de poder, o próprio poder.
O que é mau? – Tudo que se origina da fraqueza.
O que é felicidade? – A sensação de que o poder aumenta – de que uma resistência foi superada."

Por que ser contra a esses valores? Por que aprisionar o indivíduo, impedindo de ser livre, de lutar e construir sua própria felicidade?


auto ajuda????

Chega mais, cofee! :emoticon4:
Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

- "Conhece-te a ti mesmo;
O 'Eu' é o caminho (da sabedoria)".


500 anos depois, um cara estragou tudo, tascando essa, num gesto de egolatria e auto-contemplação patológica:

- "EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA".

Deu no que deu !!! ... :emoticon147:


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Edson Jr
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Mensagem por Edson Jr »

zencem escreveu:Tô começando a gostar! :emoticon45: :emoticon47:


Orlando!

Separei dois trechos de Nietzsche que acho que você vai gostar:

Amor e reverência

"O amor deseja, o medo evita. Por causa disso não podemos ser amados e reverenciados pela mesma pessoa, não no mesmo período de tempo, pelo menos. Pois quem reverencia reconhece o poder, isto é, o teme: seu estado é de medo-respeito. Mas o amor não reconhece nenhum poder, nada que separe, distinga, sobreponha ou submeta. E, como ele não reverencia, pessoas ávidas de reverência resistem aberta ou secretamente a serem amadas."

Homens atrasados e homens antecipadores

O caráter desagradável, que é pleno de desconfiança, que recebe com inveja todos os êxitos de competidores e vizinhos, que é violento e raivoso com opiniões divergentes, mostra que pertence a um estágio anterior da cultura, que é então um resíduo: pois o seu modo de lidar com as pessoas era certo e apropriado para as condições de uma época em que vigorava o "direito dos punhos"; ele é um homem atrasado. Um outro caráter, que prontamente partilha da alegria alheia, que conquista amizades em toda parte, que tem afeição pelo que cresce e vem a ser, que tem prazer com as honras e sucessos de outros e não reivindica o privilégio de sozinho conhecer a verdade, mas é pleno de uma modesta desconfiança - este um homem antecipador, que se move rumo a uma superior cultura humana. O caráter desagradável procede de um tempo em que os toscos fundamentos das relações humanas estavam por ser construídos; o outro vive nos andares superiores destas relações, o mais afastado possível do animal selvagem que encerrado nos porões, sob os fundamentos da cultura, uiva e esbraveja.

Ao contrário do que muitos pensam, considero Nietzsche um dos filósofos mais verdadeiros e humanos.

Abraços!
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

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zencem
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Mensagem por zencem »

Edson Jr escreveu:
zencem escreveu:Tô começando a gostar! :emoticon45: :emoticon47:


Orlando!

Separei dois trechos de Nietzsche que acho que você vai gostar:

Amor e reverência

"O amor deseja, o medo evita. Por causa disso não podemos ser amados e reverenciados pela mesma pessoa, não no mesmo período de tempo, pelo menos. Pois quem reverencia reconhece o poder, isto é, o teme: seu estado é de medo-respeito. Mas o amor não reconhece nenhum poder, nada que separe, distinga, sobreponha ou submeta. E, como ele não reverencia, pessoas ávidas de reverência resistem aberta ou secretamente a serem amadas."

Homens atrasados e homens antecipadores

O caráter desagradável, que é pleno de desconfiança, que recebe com inveja todos os êxitos de competidores e vizinhos, que é violento e raivoso com opiniões divergentes, mostra que pertence a um estágio anterior da cultura, que é então um resíduo: pois o seu modo de lidar com as pessoas era certo e apropriado para as condições de uma época em que vigorava o "direito dos punhos"; ele é um homem atrasado. Um outro caráter, que prontamente partilha da alegria alheia, que conquista amizades em toda parte, que tem afeição pelo que cresce e vem a ser, que tem prazer com as honras e sucessos de outros e não reivindica o privilégio de sozinho conhecer a verdade, mas é pleno de uma modesta desconfiança - este um homem antecipador, que se move rumo a uma superior cultura humana. O caráter desagradável procede de um tempo em que os toscos fundamentos das relações humanas estavam por ser construídos; o outro vive nos andares superiores destas relações, o mais afastado possível do animal selvagem que encerrado nos porões, sob os fundamentos da cultura, uiva e esbraveja.

Ao contrário do que muitos pensam, considero Nietzsche um dos filósofos mais verdadeiros e humanos.

Abraços!


Eu não sei porque as religiões pensam que religião é aquilo que elas desempenham.

Quanto elas poderiam aprender, em termos de uma religiosidade transformadora, se, ao invés de condenar um filósofo por não adotar as suas superstições e mitos se debruçassem sobre a sua sabedoria, para produzir uma cultura mais livre, consciente e sábia.

Quantas décadas ainda precisarão, para a humanidade se livrar desta sina pelo comodismo ideológico?

Quando vão entender que é a falta de reconhecer a importância da individualidade, o que anula todas as vantagens do gregarismo, fazendo com que ele se torne caótico para sí mesmo?


Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

- "Conhece-te a ti mesmo;
O 'Eu' é o caminho (da sabedoria)".


500 anos depois, um cara estragou tudo, tascando essa, num gesto de egolatria e auto-contemplação patológica:

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zencem
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Mensagem por zencem »

Edson Jr escreveu:
Elissandro escreveu:Nietzsche, como dissemos, opõem-se a todas as ideias igualitaristas, humanitaristas e democráticas.


***

Elissandro escreveu:Nietzsche chega inclusivé a valorizar a guerra, pois durante esta criam-se especiais oportunidades para a manifestação de virtudes nobres, como a valentia ou a generosidade dos guerreiros.


Nietzsche não se refere a guerra entre povos ou quarquer forma externa de violência. Ele valoriza a guerra do espírito, uma guerra para o domínio dos impulsos e ascensão a algo superior ao próprio homem.

Podemos verificar isso no parágrafo seguinte (de Nietzsche):

"Eu trago a guerra. Não entre povo e povo; não tenho palavras para exprimir meu desprezo pela política de interesses, digna de maldição, das dinastias européias, que, da incitação ao egoísmo (Selbstsucht) à auto-presunção dos povos uns contra os outros, faz um princípio e quase um dever.
Não entre estamentos sociais. Pois não temos estamentos superiores, conseqüentemente também não inferiores (...). eu trago a guerra entre todos os absurdos acasos de povo, estamentos, raça, profissão, educação, formação: uma guerra como entre ascensão e ocaso, entre vontade de vida e ânsia de vingança contra a vida, entre honestidade e pérfida mendacidade..."


Segundo Nietzsche, a necessidade de dominar e conquistar é um sinal de selvageria (não de superioridade):

"...só precisa conquistar o outro, aquele que não pode conquistar a si próprio, só precisa exercer controle sobre o outro, aquele que é fraco demais para exercer poder sobre si mesmo.
Esta vontade de conflito deve sempre ser direcionada para o interior do homem, para o conflito entre instintos, pois, sem o conflito entre os instintos, perde-se a noção de sua própria força, e esta, sem exercitar-se, acaba também por decair."




Nietzsche parece apoiar, dessa forma, uma guerra interior!


Veja como se assemelha ao meu ponto de vista, apesar de eu nunca ter lido Nietzche:

zencem escreveu:Eu estou falando sobre um tema, sem na verdade conhecer o autor; Por isso dei a entender que talves se estivesse fazendo uma interpretação equivocada da proposta.

Talvês o poder em questão não se refira a ter força mas a ser soberano de si mesmo; e é aí, onde está implícita a liberdade.

A questão é que o sentido de poder tem aparecido aquí com um significado de força, de dominação.


Isso me convence ainda mais que o pensar correto leva às mesmas verdades.

Não há diferença entre o que pode pensar Nietzche, Socrates, o Edson Jr, o zencem, etc... para que se chegue à mesma verdade, dispensando, portanto, o alinhamento através de uma doutrina.

Mas já vi comentário dizendo que Nietzche desprezava Sócrates.

Absurdo!


Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

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NadaSei
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Mensagem por NadaSei »

Elissandro escreveu:É impossível separar liberdade de consciência. Consicência é razão.

Essa é uma confusão comum, mas razão e consciencia são coisas distintas.
A razão é nossa capacidade reflexiva, a consciência é pré-reflexiva, do contrario precisaríamos pensar para nos tornamos conscientes, enquanto o que ocorre é o oposto, pensamos porque somos conscientes.
Elissandro escreveu:A superioridade está em ter consciência da natureza para modificá-la.

A palavra "superioridade" é um problemas...
O ideal não seria compreender a natureza para então segui-la e utiliza-la?
Elissandro escreveu:Os animais inferiores seguem apenas seus instintos. Como você poder mudar o efeito? Conhecendo a causa. Superar a si mesmo é uma busca individual. Só é possível com a consciência de inferioridade e a busca da superioridade. Os animais inferiores não questionam seu comportamento.
Com isso não evoluem.

Isso é um tanto controverso.
Primeiro não gosto do termo "inferior", isso não existe.
Segundo que os animais demonstram possuir tanto consciencia quanto razão, mesmo que a razão de alguns animais possa menor que a nossa.

Quanto a "busca", todos nós buscamos, animais humanos e não humanos.
Não temos que "reconhecer" nossa "inferioridade", pois não somos "inferiores", apenas "ignorantes".
Um ser "inferior", jamais poderia tornar-se "superior" ao que é, somos o que a natureza nos fez.
Como seres "ignorantes", somos como crianças, você chamaria uma criança de 5 anos de um ser "inferior" só porque não sabe ler?

Ela é ignorante quanto a isso, mas pode aprender e é isso que fazemos, aprendemos e com isso vamos abandonando a ignorancia, mas continuamos sendo o que somos.
A evolução do individuo é essa, a do aprendizado, a do saber que elimina nossa ignorância.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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NadaSei
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por NadaSei »

Najma escreveu:A civilização humana sustenta-se em pilares frágeis... que negam a natureza e tentam reconstruí-la de forma a dar suporte para a vida em grupo que de outra sorte seria seriamente prejudicada. :emoticon1:

Por exemplo: O poder é importante. E na natureza, o maior e mais forte vence o fraco. No mundo humano isso tende a ser errado... O problema nasce justamente no fato de ser necessário negar uma tendência natural para que haja conformidade com o que a civilidade almeja... E não dou duas postagens para que alguém venha me chamar de nazista... :emoticon12:

Antes tarde do que nunca: NAZISTA! :emoticon16:

Brincadeirinhas a parte, discordo do seu pensamento, trata-se de uma falácia conhecida como apelo a natureza.
Leões cometem infanticídio e isso pode ter efeitos benéficos nessa espécie, nem por isso podemos dizer que o mesmo se aplica a nós.

Eu também posso inverter seu pensamento...
Na natureza tudo o que é rígido e inflexível ou está morto ou para morrer, trocos mortos são duros e rígidos, se os galhos de uma árvore não se curvarem com o vento, partem e morrem. Brotos novos são flexíveis e cheios de vida, não se partem porque acompanham o vento ao invés de lutar contra ele.

Primeiro é preciso entender o que é "poder".
Poder não é ter dominação sobre a vida do outro, é ter poder sobre a própria vida.
A questão aqui é que isso lida com um equilíbrio delicado entre os poderes individuais de cada um.
Somos indivíduos, mas também somos partes de um todo.
Ambas as coisas são verdadeiras e inegáveis, sendo que permitir que o outro exerça o seu poder individual é importante para nós mesmos e faz parte do nosso "poder".

Tente ser "forte" e subjugar o outro, que inevitavelmente alguém vai medir forças com você, uma hora você perde sem contar que passa a vida medindo forças com os outros.
A lei da natureza é a lei do forte, mas o ser humano coloca força e fraqueza de ponta cabeça.
O fraco grita e bate no peito pra se mostrar forte, faz isso por morrer de medo de mostrar sua fragilidade, então ao invés de "ser" forte, "aparenta" força.
O fraco avança mais do que deveria, o forte recua sempre que percebe seu limite. O fraco subjuga o outro, o forte procura ajudar o outro a ir mais adiante.

Na sociedade humana o fraco briga com o fraco, e quando um deles ganha, pensamos que ele é o forte... Mas isso é só aparência.
A força não está em vencer o outro, mas em vencer a si próprio.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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NadaSei
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Mensagem por NadaSei »

Edson Jr escreveu:"...só precisa conquistar o outro, aquele que não pode conquistar a si próprio, só precisa exercer controle sobre o outro, aquele que é fraco demais para exercer poder sobre si mesmo. Esta vontade de conflito deve sempre ser direcionada para o interior do homem, para o conflito entre instintos, pois, sem o conflito entre os instintos, perde-se a noção de sua própria força, e esta, sem exercitar-se, acaba também por decair."

Nietzsche parece apoiar, dessa forma, uma guerra interior!

Putz... Isso está até parecendo Lao Tsé...
Você citou um ponto importante da questão.
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posição agnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".

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Edson Jr
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Mensagem por Edson Jr »

zencem escreveu:Mas já vi comentário dizendo que Nietzche desprezava Sócrates.


Orlando!

Nietzsche criticou duramente Sócrates. Vejamos os motivos.

Sócrates é assumido como o modelo do homem contemplativo (teórico), avesso às paixões e a tudo aquilo que tenha a ver com o corpo. Foi ele que descobriu e apontou um sentido para vida humana: a salvação da alma, o que implicava a renuncia dos prazeres corporais, os instintos.

Com Sócrates a vida terrena começa a ser preterida em favor de uma outra vida, no além. Todos aqueles que desistiram de lutar (viver), os fracos, refugiam-se nesta ilusão, encontrando nela um consolo.

O modelo de homem que Sócrates irá legar às gerações futuras está assim mutilado. Trata-se de um Homem que privilegia o razão desprezando a vida, que contrapõe o saber ao mistério. Este homem imagina um mundo ordenado mas onde reina o caos, só encontra uma única escapatória para o seu sofrimento: a ilusão de um outro mundo. O cristianismo irá prosseguir o caminho aberto por Sócrates.

Fonte: http://afilosofia.no.sapo.pt/12.nietzsche4.htm
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

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Edson Jr
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Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

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Edson Jr
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Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

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Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

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Edson Jr
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Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

Documentário de Friedrich Nietzsche e a sua visão do judaísmo

http://br.youtube.com/watch?v=NcFCZ8CxUZM
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Cofee Man
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Re.: O super-homem

Mensagem por Cofee Man »

Friedrich Nietzsche é bom de ler mas é pouco filósofo. É mais Guru. Ele odiava a religião cristâ porque fazia esquecer o sofrimento (prometia uma solução noutro mundo)... como o alcool e para ele precisamos de sofrer para crescer. Ele desejava aos amigos o sofrimento...

Cofee Man
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Re.: O super-homem

Mensagem por Cofee Man »

no fim... ele acaba por não superar o homem

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zencem
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Mensagem por zencem »

Edson Jr escreveu:
zencem escreveu:Mas já vi comentário dizendo que Nietzche desprezava Sócrates.


Orlando!

Nietzsche criticou duramente Sócrates. Vejamos os motivos.

Sócrates é assumido como o modelo do homem contemplativo (teórico), avesso às paixões e a tudo aquilo que tenha a ver com o corpo. Foi ele que descobriu e apontou um sentido para vida humana: a salvação da alma, o que implicava a renuncia dos prazeres corporais, os instintos.

Com Sócrates a vida terrena começa a ser preterida em favor de uma outra vida, no além. Todos aqueles que desistiram de lutar (viver), os fracos, refugiam-se nesta ilusão, encontrando nela um consolo.

O modelo de homem que Sócrates irá legar às gerações futuras está assim mutilado. Trata-se de um Homem que privilegia o razão desprezando a vida, que contrapõe o saber ao mistério. Este homem imagina um mundo ordenado mas onde reina o caos, só encontra uma única escapatória para o seu sofrimento: a ilusão de um outro mundo. O cristianismo irá prosseguir o caminho aberto por Sócrates.

Fonte: http://afilosofia.no.sapo.pt/12.nietzsche4.htm


Sócrates não tinha um objetivo ideológico em sua filosofia.

Ele era um visionário, um sábio, o primeiro, por sinal, que viu na exaltação da individualidade, a solução para se construir uma sociedade justa e sem conflitos.

Ele não tinha uma crença definida sobre o que poderia existir alem do corpo físico, por isso ele trabalhava com as duas hipóteses.

Afinal, a sua sabedoria era construida num diálogo reflexivo entre duas pessoas e sabe-se das dificuldades de se levar um diálogo produtivo, quando o sujeitamos aos entraves das crenças de cada um.
Por isso ele estabelecia sempre as duas opções entre haver ou não continuidade após a morte, entre o existir ou não, o Deus.

A meu ver, está aí uma explicação que define o seu modo "nada sei" de pensar e dialogar.

O que ele estava convicto é de que a ética de um homem depende de sua iluminação, do conhecimento de si mesmo e dessa predisposição para a reflexão.

É como eu digo hoje, quando defendo a razão, como a ferramenta que temos, para construir a própria consciência.

A sabedoria de Sócrates era forjada na defesa desse poder que Nietzche defende, como um indivíduo que é o soberano de sí mesmo.

A sabedoria de Sócrates não é a visão que se pode ter de uma obra intelectual deixada por ele, mas do que seus contemporâneos deixaram e que mostram uma mente inteligente, despojada e segura, integrada a um caráter que não deixa a menor dúvida.

Por mais que se possa considerar a capacidade de outros filósofos, inclusive aqueles que tiveram a capacidade de atingir profundidades muito maiores, Sócrates será sempre incomparável.

No meu entender Sócrates é tudo aquilo o que se pode dizer, do homem que trilhou os verdadeiros caminhos da religião e da sabedoria, na medida certa da construção de um homem de verdade.

Nada tem a ver com a deturpação que as igrejas fizeram e que mantiveram o homem nesta alienação.

Esta forma equivocada de vê-lo, dispensada por Nietzche, certamente está ligada ao sentimento dele ao que foi exercido pelas religiões que, supostamente, admitimos como derivadas de seus ensinamentos.

Sócrates era humilde; Talvez não se possa dizer o mesmo de Nietzche.

abçs!


Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

- "Conhece-te a ti mesmo;
O 'Eu' é o caminho (da sabedoria)".


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zencem
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por zencem »

Cofee Man escreveu:no fim... ele acaba por não superar o homem


Mas o importante não é superar o homem, mas ter os seus momentos de super homem, quando se pode encher o oceano, onde os descendentes podem se banhar.

E isso é fantástico!


Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

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zencem
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por zencem »

Cofee Man escreveu:Friedrich Nietzsche é bom de ler mas é pouco filósofo. É mais Guru. Ele odiava a religião cristâ porque fazia esquecer o sofrimento (prometia uma solução noutro mundo)... como o alcool e para ele precisamos de sofrer para crescer. Ele desejava aos amigos o sofrimento...


Boa observação. É bom considerar isso quando se lê Nietzche e outros.
Tenho minhas dúvidas se existe aquela integração entre o pensamento que ele expressa e aquilo que ele era, na realidade.
Na verdade, eu não conheço Nietzche.




Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

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Elissandro
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Mensagem por Elissandro »

Edson Jr escreveu:
Elissandro escreveu:Nietzsche, como dissemos, opõem-se a todas as ideias igualitaristas, humanitaristas e democráticas.


A forma como Nietzsche escrevia, ao meu ver, deu margens para o interpretarem equivocadamente. Analisado a fundo, porém, acho que sua filosofia é altamente profunda.

Segundo Nietzsche, o discurso democrático enfraquece os impulsos humanos. A educação democrática seria degradadora dos instintos, arruinando as exceções em favor da regra. Aniquilando os excepcionais a favor da mediocridade. Num ambiente democrático, o valor de um homem não seria mais medido pela grandiosidade do seu espírito (mediante sua capacidade de suportar e resistir as durezas e intempéries da vida) e, sim, medido em função de sua utilidade dentro do rebanho.


Elissandro escreveu:Nietzsche chega inclusivé a valorizar a guerra, pois durante esta criam-se especiais oportunidades para a manifestação de virtudes nobres, como a valentia ou a generosidade dos guerreiros.


Nietzsche não se refere a guerra entre povos ou quarquer forma externa de violência. Ele valoriza a guerra do espírito, uma guerra para o domínio dos impulsos e ascensão a algo superior ao próprio homem.

Podemos verificar isso no parágrafo seguinte (de Nietzsche):

"Eu trago a guerra. Não entre provo e povo; não tenho palavras para exprimir meu desprezo pela política de interesses, digna de maldição, das dinastias européias, que, da incitação ao egoísmo (Selbstsucht), à auto-presunção dos povos uns contra os outros, faz um princípio e quase um dever. Não entre estamentos sociais. Pois não temos estamentos superiores, conseqüentemente também não inferiores (...). eu trago a guerra entre todos os absurdos acasos de povo, estamentos, raça, profissão, educação, formação: uma guerra como entre ascensão e ocaso, entre vontade de vida e ânsia de vingança contra a vida, entre honestidade e pérfida mendacidade..."

Segundo Nietzsche, a necessidade de dominar e conquistar é um sinal de selvageria (não de superioridade):

"...só precisa conquistar o outro, aquele que não pode conquistar a si próprio, só precisa exercer controle sobre o outro, aquele que é fraco demais para exercer poder sobre si mesmo. Esta vontade de conflito deve sempre ser direcionada para o interior do homem, para o conflito entre instintos, pois, sem o conflito entre os instintos, perde-se a noção de sua própria força, e esta, sem exercitar-se, acaba também por decair."

Nietzsche parece apoiar, dessa forma, uma guerra interior!



"O nazismo não seguiu uma idéia somente. Ele mesclou idéias de vários pensadores, como a filosofia de Friedrich Nietzsche, com sua concepção de super-homem. No entanto, não podemos afirmar que Nietzsche foi nazista. Suas idéias é que foram interpretadas segundo os interesses dos estudiosos nazistas."http://www.brasilescola.com/historiag/hitler.htm

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RicardoVitor
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Re.: O super-homem

Mensagem por RicardoVitor »

Nietzsche foi um idealista bem bobinho, fraquinho fraquinho... Mais um Messias cujos "ensinamentos" só resultaram em matanças e carnificinas...
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zencem
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Mensagem por zencem »

RicardoVitor escreveu:Nietzsche foi um idealista bem bobinho, fraquinho fraquinho... Mais um Messias cujos "ensinamentos" só resultaram em matanças e carnificinas...


Elissandro escreveu:
"O nazismo não seguiu uma idéia somente. Ele mesclou idéias de vários pensadores, como a filosofia de Friedrich Nietzsche, com sua concepção de super-homem. No entanto, não podemos afirmar que Nietzsche foi nazista. Suas idéias é que foram interpretadas segundo os interesses dos estudiosos nazistas."http://www.brasilescola.com/historiag/hitler.htm


Nada a ver Nietzche com nazismo.

É nisso que dá quando ideólogos se metem a ler filosofia.

A filosofia é a antítese da ideologia.




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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

Cofee Man escreveu:no fim... ele acaba por não superar o homem


Não foi sua intenção superar o homem. Para ele o homem é uma ponte para o homem superior. Nada mais.

Como podemos ver em Zaratustra:

"O homem é corda estendida entre o
animal e o Super−homem: uma corda
sobre um abismo; perigosa travessia,
perigoso caminhar; perigoso olhar para
trás, perigoso tremer e parar.

O que é de grande valor no homem é
ele ser uma ponte e não um fim; o que
se pode amar no homem é ele ser uma
passagem e um acabamento."
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

Cofee Man escreveu:Friedrich Nietzsche é bom de ler mas é pouco filósofo. É mais Guru. Ele odiava a religião cristâ porque fazia esquecer o sofrimento (prometia uma solução noutro mundo)... como o alcool e para ele precisamos de sofrer para crescer. Ele desejava aos amigos o sofrimento...


No sentido de acreditar que o sofrimento é um escultor do caráter. É uma oportunidade para o crescimento.
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

RicardoVitor escreveu:Nietzsche foi um idealista bem bobinho, fraquinho fraquinho... Mais um Messias cujos "ensinamentos" só resultaram em matanças e carnificinas...


hehehe...

Qual foi o idealismo de Nietzsche, afinal?

Onde ele incita a matança e carnificina?
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Mensagem por Edson Jr »

Elissandro escreveu:"O nazismo não seguiu uma idéia somente. Ele mesclou idéias de vários pensadores, como a filosofia de Friedrich Nietzsche, com sua concepção de super-homem. No entanto, não podemos afirmar que Nietzsche foi nazista. Suas idéias é que foram interpretadas segundo os interesses dos estudiosos nazistas."http://www.brasilescola.com/historiag/hitler.htm


O texto está correto. O problema está longe de estarem relacionadas com as idéias de Nietzsche e, sim, da interpretação equivocada e tendenciosa dos nazistas.
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Mensagem por Edson Jr »

zencem escreveu: Sócrates não tinha um objetivo ideológico em sua filosofia.

Ele era um visionário, um sábio, o primeiro, por sinal, que viu na exaltação da individualidade, a solução para se construir uma sociedade justa e sem conflitos.

Ele não tinha uma crença definida sobre o que poderia existir alem do corpo físico, por isso ele trabalhava com as duas hipóteses.

Afinal, a sua sabedoria era construida num diálogo reflexivo entre duas pessoas e sabe-se das dificuldades de se levar um diálogo produtivo, quando o sujeitamos aos entraves das crenças de cada um.
Por isso ele estabelecia sempre as duas opções entre haver ou não continuidade após a morte, entre o existir ou não, o Deus.

A meu ver, está aí uma explicação que define o seu modo "nada sei" de pensar e dialogar.

O que ele estava convicto é de que a ética de um homem depende de sua iluminação, do conhecimento de si mesmo e dessa predisposição para a reflexão.

É como eu digo hoje, quando defendo a razão, como a ferramenta que temos, para construir a própria consciência.

A sabedoria de Sócrates era forjada na defesa desse poder que Nietzche defende, como um indivíduo que é o soberano de sí mesmo.

A sabedoria de Sócrates não é a visão que se pode ter de uma obra intelectual deixada por ele, mas do que seus contemporâneos deixaram e que mostram uma mente inteligente, despojada e segura, integrada a um caráter que não deixa a menor dúvida.

Por mais que se possa considerar a capacidade de outros filósofos, inclusive aqueles que tiveram a capacidade de atingir profundidades muito maiores, Sócrates será sempre incomparável.

No meu entender Sócrates é tudo aquilo o que se pode dizer, do homem que trilhou os verdadeiros caminhos da religião e da sabedoria, na medida certa da construção de um homem de verdade.

Nada tem a ver com a deturpação que as igrejas fizeram e que mantiveram o homem nesta alienação.

Esta forma equivocada de vê-lo, dispensada por Nietzche, certamente está ligada ao sentimento dele ao que foi exercido pelas religiões que, supostamente, admitimos como derivadas de seus ensinamentos.

Sócrates era humilde; Talvez não se possa dizer o mesmo de Nietzche.

abçs!


Ainda não tenho muita base para confrontar as idéias de Sócrates com as idéias de Nietzsche.

Ao que me parece, Nietzsche parece atribuir o surgimento da metafísica a Sócrates que, consequentemente, envenenou seu discípulo Platão.

Parece que o racionalismo de Sócrates fez condenar a arte como expressão irracional.

Como podemos ver abaixo:

Enquanto, em todas as pessoas produtivas, o instinto é justamente a força afirmativa criativa, e a consciência se conduz de maneira crítica e dissuasora, em Sócrates é o instinto que se converte em crítico, a consciência em criador – uma verdadeira monstruosidade per defectum! E na verdade percebemos aí um monstruoso defectus de toda disposição mística, de modo que se poderia considerar Sócrates como o específico não-místico, no qual, por superfetação, a natureza lógica se desenvolvesse tão excessiva quanto no místico a sabedoria instintiva. (NIETZSCHE, 1992, p. 86)
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Trancado