O super-homem

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Elissandro
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Elissandro »

Acauan escreveu:
Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu:O problema é que aquilo não tem nada a ver com a realidade, uma vez que não é preciso ser filósofo para saber que se alguns anseios são reprimidos é porque motivos há.


Acauan:

A grande dificuldade, para mim, não é a percepção de que existem motivos por detrás das repressões e, sim, a coragem e ousadia em buscar compreender estes motivos.

Isso não tem nada a ver com a realidade? Não entendi!


Muitas vezes há muito mais coragem e ousadia na repressão dos instintos do que na sua realização.
A idéia de que toda rebeldia é nobre e toda subordinação é vil é tipicamente revolucionária, um outro subproduto da cultura marxista, com antecedentes históricos nas ideologias de outras revoluções.

Qualquer animal pode ceder aos seus instintos e direcionar sua força para realizá-los.
A verdadeira nobreza está em que, possuindo a força e a vontade para realizar seus instintos, renunciar a eles em função de um propósito tido como superior a eles.

O problema em Nietzsche é mais complexo do que se pode concluir de uma análise superficial.
Ele compreende perfeitamente a capacidade humana de dominar seus instintos e direcionar sua força para um propósito maior, mas não aceita que este propósito seja posto acima de seu proponente. Para ele se o esforço de superação leva à uma subordinação, então este esforço foi pervertido e inútil e seu realizador traiu sua "vontade de potência", o que para o pensador era o único pecado.

Esta visão de Nietzsche é muito deslumbrante, arrebatadora até, mas apenas no sentido poético, não encontramos nada na experiência prática que lhe dê sustentação, tanto quanto não encontramos na experiência prática nada que dê sustentação à psicanálise freudiana ou ao marxismo.

Onde está o super-homem de Nietzsche?
Onde estão as evidências científicas de que os simbolismos da psicanálise freudiana podem ser demonstrados experimentalmente?
Cadê um único estado marxista que deu certo?

Todas estas teorias se sustentam pelo poder que exercem sobre seus estudiosos em afasta-los da realidade empírica e confundi-los a ponto de não distinguir a diferença entre arrebatamento poético e análise crítica da veracidade dos conteúdos.


Não se encontra nada na prática do pensamento de Nietzsche?
O indivíduo que não acreditar em si mesmo, que não tiver força de vontade para atingir seus objetivos estará a mercê da realidade. Ou ficará esperando que só basta pensar e tudo virá ao seu alcance?

Não é a questão se há um estado marxista que deu certo. Uma vez que não podemos ser reducionistas e seguir literalmente as idéias de Marx ou até mesmo de outro pensador. Sempre há algo que se contribui para a humanidade.
Marx analisou o sistema capitalista, a exploração do homem pelo homem.
E a revolução russa? E a revolução cubana?
Editado pela última vez por Elissandro em 12 Out 2007, 12:00, em um total de 1 vez.

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zencem
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por zencem »

Elissandro escreveu:
Acauan escreveu:
Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu:O problema é que aquilo não tem nada a ver com a realidade, uma vez que não é preciso ser filósofo para saber que se alguns anseios são reprimidos é porque motivos há.


Acauan:

A grande dificuldade, para mim, não é a percepção de que existem motivos por detrás das repressões e, sim, a coragem e ousadia em buscar compreender estes motivos.

Isso não tem nada a ver com a realidade? Não entendi!


Muitas vezes há muito mais coragem e ousadia na repressão dos instintos do que na sua realização.
A idéia de que toda rebeldia é nobre e toda subordinação é vil é tipicamente revolucionária, um outro subproduto da cultura marxista, com antecedentes históricos nas ideologias de outras revoluções.

Qualquer animal pode ceder aos seus instintos e direcionar sua força para realizá-los.
A verdadeira nobreza está em que, possuindo a força e a vontade para realizar seus instintos, renunciar a eles em função de um propósito tido como superior a eles.

O problema em Nietzsche é mais complexo do que se pode concluir de uma análise superficial.
Ele compreende perfeitamente a capacidade humana de dominar seus instintos e direcionar sua força para um propósito maior, mas não aceita que este propósito seja posto acima de seu proponente. Para ele se o esforço de superação leva à uma subordinação, então este esforço foi pervertido e inútil e seu realizador traiu sua "vontade de potência", o que para o pensador era o único pecado.

Esta visão de Nietzsche é muito deslumbrante, arrebatadora até, mas apenas no sentido poético, não encontramos nada na experiência prática que lhe dê sustentação, tanto quanto não encontramos na experiência prática nada que dê sustentação à psicanálise freudiana ou ao marxismo.

Onde está o super-homem de Nietzsche?
Onde estão as evidências científicas de que os simbolismos da psicanálise freudiana podem ser demonstrados experimentalmente?
Cadê um único estado marxista que deu certo?

Todas estas teorias se sustentam pelo poder que exercem sobre seus estudiosos em afasta-los da realidade empírica e confundi-los a ponto de não distinguir a diferença entre arrebatamento poético e análise crítica da veracidade dos conteúdos.


Não se encontra nada na prática do pensamento de Nietzsche?
O indivíduo que não acreditar em si mesmo, que não tiver força de vontade para atingir seus objetivos estará a mercê da realidade. Ou ficará esperando que só basta pensar e tudo virá ao seu alcance?

Não vem em questão sobre se há um estado marxista que deu certo. Uma vez que não podemos ser reducionistas e seguir ao literalmente as idéias de Marx ou até mesmo de outro pensador. Sempre há algo que se contribui para a humanidade.
Marx analisou o sistema capitalista, a exploração do homem pelo homem.
E a revolução russa? E a revolução cubana?

Eu aplico este fato, sempre que vejo que a opção da ação, é vista como de origem de uma vontade, gerada pelo livre arbítrio:

Uma criança quando nasce tem dois olhos, mas nada vê porque o cérebro não configurou o ato de ver. Como ela vai configurar?
Através das imagens que ela, utilizando os seus olhos, vái mandar para o cérebro.
Em pouco tempo ela, de acordo com essas configurações, começará a ver.

Então, ver, se realiza da sua programação e não da vontade de ver.

Conhecer, observar, refletir, são ações capazes de tornar a mente numa ferramenta pra solucionar nossos problemas.

É nessa mente onde se gera o nosso comportamento, sem que a vontade possa ter alguma influência, na esmagadora maioria de tempo.


Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

- "Conhece-te a ti mesmo;
O 'Eu' é o caminho (da sabedoria)".


500 anos depois, um cara estragou tudo, tascando essa, num gesto de egolatria e auto-contemplação patológica:

- "EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA".

Deu no que deu !!! ... :emoticon147:


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Edson Jr
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

Acauan escreveu:Muitas vezes há muito mais coragem e ousadia na repressão dos instintos do que na sua realização.


Depende do tipo de repressão que se faz. Uma coisa é reprimir impulsos e instintos por medo, por covardia diante de alguém ou qualquer outra força que quer se impor diante de nós.

É esse tipo doentio de repressão que Nietzsche parece se referir, bem como Freud.

Acauan escreveu:A idéia de que toda rebeldia é nobre e toda subordinação é vil é tipicamente revolucionária, um outro subproduto da cultura marxista, com antecedentes históricos nas ideologias de outras revoluções.


Ao meu ver, o que Nietzsche defende é você ser você, eu ser eu. É a autenticidade, a individualidade. É o amor-próprio!

O que diabos teria isso de nocivo?

Acauan escreveu:Ele compreende perfeitamente a capacidade humana de dominar seus instintos e direcionar sua força para um propósito maior, mas não aceita que este propósito seja posto acima de seu proponente.


Perfeitamente! O que há de errado nisso, afinal?!

Acauan escreveu:Esta visão de Nietzsche é muito deslumbrante, arrebatadora até, mas apenas no sentido poético, não encontramos nada na experiência prática que lhe dê sustentação, tanto quanto não encontramos na experiência prática nada que dê sustentação à psicanálise freudiana ou ao marxismo.


E nem vai encontrar, pois a psicologia e a psicanálise são ciências subjetivas. Ou você acha que é possível estudar a alma humana (repleta de sentimentos, instintos e emoções) tão objetivamente!? Talvez isso ocorra no futuro, mas me parace bastante improvável ...

O máximo, então, que se é feito, é intuir. E, sinceramente, Nietzsche foi um gênio nesse sentido, independente dos erros que, como qualquer ser humano, tenha cometido.

Acauan escreveu:Onde está o super-homem de Nietzsche?
Onde estão as evidências científicas de que os simbolismos da psicanálise freudiana podem ser demonstrados experimentalmente?
Cadê um único estado marxista que deu certo?


A alma humana não se encaixa num tubo de ensaio, Acauan!!!

Quanto ao marxismo, concordo com você. Mas também desconfio muitíssimo do liberalismo. Afinal, apesar das melhorias que existem com relação a ciência e tecnologia, as pessoas estão cada vez mais vazias, superficiais e menos harmoniosas. Só pensando em dinheiro, lucro e etc...

E, sinceramente, acho essas pessoas tudo doidas...

Essa loucura e ambição desenfreada me soa como uma fuga de si mesma, sei lá...
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

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zencem
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por zencem »

Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu:
Acauan escreveu:Onde está o super-homem de Nietzsche?
Onde estão as evidências científicas de que os simbolismos da psicanálise freudiana podem ser demonstrados experimentalmente?
Cadê um único estado marxista que deu certo?


A alma humana não se encaixa num tubo de ensaio, Acauan!!!

Quanto ao marxismo, concordo com você. Mas também desconfio muitíssimo do liberalismo. Afinal, apesar das melhorias que existem com relação a ciência e tecnologia, as pessoas estão cada vez mais vazias, superficiais e menos harmoniosas. Só pensando em dinheiro, lucro e etc...

E, sinceramente, acho essas pessoas tudo doidas...

Essa loucura e ambição desenfreada me soa como uma fuga de si mesma, sei lá...


Na verdade, o liberalismo tem apenas uma vantagem: a de dar oportunidade de, através da liberdade, alcançar a verdade.

Mas também, é o campo onde se dá oportunidade para que as ideologias nasçam e se desenvolvam para escravizar o homem.

Agora, no socialismo, nem pense em liberdade, pois não contempla nada, como indivíduos, em sua sociedade;

...apenas, peças da grande máquina.


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- "Conhece-te a ti mesmo;
O 'Eu' é o caminho (da sabedoria)".


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Deu no que deu !!! ... :emoticon147:


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Edson Jr
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

zencem escreveu:Na verdade, o liberalismo tem apenas uma vantagem: a de dar oportunidade de, através da liberdade, alcançar a verdade.

Mas também, é o campo onde se dá oportunidade para que as ideologias nasçam e se desenvolvam para escravizar o homem.

Agora, no socialismo, nem pense em liberdade, pois não contempla nada, como indivíduos, em sua sociedade;

...apenas, peças da grande máquina.


Pois é Orlando...

Apesar dos problemas, o liberalismo parece ser o "menos pior". Se bem que todo esse papinho de oportunidades iguais é, ao meu ver, pura fachada...

Quem tem maior poder aquisitivo possui muito mais oportunidades. Sempre foi assim...

O maior problema atualmente talvez seja o consumismo, né?! Uma grande parte das pessoas parecem escravas dele! E para consumir mais é necessário ganhar mais...e as pessoas se matam pela busca de uma necessidade que não é, na verdade, tão necessária...

Pode-se dizer que o liberalismo não tenha culpa quanto a isso. Até posso concordar, mas que influencia, influencia...ao menos aos mais sugestionáveis (que sempre foi a maioria)...

...mas não vejo outra opção...socialismo nem pensar!

Grande Abraço!
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Acauan
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Acauan »

Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu:Muitas vezes há muito mais coragem e ousadia na repressão dos instintos do que na sua realização.


Depende do tipo de repressão que se faz. Uma coisa é reprimir impulsos e instintos por medo, por covardia diante de alguém ou qualquer outra força que quer se impor diante de nós. É esse tipo doentio de repressão que Nietzsche parece se referir, bem como Freud.


Parece que está havendo uma confusão generalizada por aqui.

Desde quando foi Nietzsche que inventou a coragem?
É isto que se conclui quando se associa ao pensador alemão o repúdio à repressão dos instintos por medo ou covardia.
O ideal da coragem ou da bravura como modelo arquétipo existe desde sei lá quando nos mitos formadores, personificado na figura do herói.

O problema é que o herói mítico era uma perversão para Nietzsche, pois se submetia a uma moral quando, no entender do pensador, deveria ser guiado apenas pela vontade de potência.

Isto é uma babaquice.
Soa bonitinho em conversas de botequim, mas não sei como gente adulta pode levar isto a sério.

E nem vou falar do Freud.


Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu:A idéia de que toda rebeldia é nobre e toda subordinação é vil é tipicamente revolucionária, um outro subproduto da cultura marxista, com antecedentes históricos nas ideologias de outras revoluções.


Ao meu ver, o que Nietzsche defende é você ser você, eu ser eu. É a autenticidade, a individualidade. É o amor-próprio!
O que diabos teria isso de nocivo?


Nada.
Assim como nada tem a ver com Nietzsche.
A idéia de individualidade foi criada pelo cristianismo, no conceito do homem sozinho perante Deus.
Atribuir isto a Nietzsche é outra confusão que não tem tamanho.


Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu:Ele compreende perfeitamente a capacidade humana de dominar seus instintos e direcionar sua força para um propósito maior, mas não aceita que este propósito seja posto acima de seu proponente.


Perfeitamente! O que há de errado nisso, afinal?!


Nada, por que haveria?

Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu:Esta visão de Nietzsche é muito deslumbrante, arrebatadora até, mas apenas no sentido poético, não encontramos nada na experiência prática que lhe dê sustentação, tanto quanto não encontramos na experiência prática nada que dê sustentação à psicanálise freudiana ou ao marxismo.


E nem vai encontrar, pois a psicologia e a psicanálise são ciências subjetivas. Ou você acha que é possível estudar a alma humana (repleta de sentimentos, instintos e emoções) tão objetivamente!? Talvez isso ocorra no futuro, mas me parace bastante improvável ...
O máximo, então, que se é feito, é intuir. E, sinceramente, Nietzsche foi um gênio nesse sentido, independente dos erros que, como qualquer ser humano, tenha cometido.


"Ciências subjetivas" é um eufemismo para pseudo-ciência.
Se os fundamentos da psicanálise não podem ser comprovados empiricamente, por que diabos deveríamos considerá-los científicos, conforme as definições mais aceitas atualmente sobre o que isto significa?
Se podemos chamar a psicanálise de "ciência subjetiva", por que não poderíamos fazer o mesmo com a astrologia ou a terapia por cristais?

E já fui bem claro em reconhecer a capacidade de Nietzsche de produzir arrebatamentos poéticos, mas há que se manter a fronteira entre isto e realidade.


Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu:Onde está o super-homem de Nietzsche?
Onde estão as evidências científicas de que os simbolismos da psicanálise freudiana podem ser demonstrados experimentalmente?
Cadê um único estado marxista que deu certo?


A alma humana não se encaixa num tubo de ensaio, Acauan!!!


Esta possibilidade já havia me ocorrido.

Edson Jr escreveu: Quanto ao marxismo, concordo com você. Mas também desconfio muitíssimo do liberalismo. Afinal, apesar das melhorias que existem com relação a ciência e tecnologia, as pessoas estão cada vez mais vazias, superficiais e menos harmoniosas. Só pensando em dinheiro, lucro e etc...


As pessoas quem, cara pálida?
Já que falamos em psicanálise, será que não temos uma pitadinha de projeção aqui?


Edson Jr escreveu: E, sinceramente, acho essas pessoas tudo doidas...


Ou estúpidas, sempre há um adjetivo adequado para se definir quem os merece.

Edson Jr escreveu: Essa loucura e ambição desenfreada me soa como uma fuga de si mesma, sei lá...


Daria para escrever um livro sobre o assunto posto na frase acima.
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Edson Jr
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

Elissandro escreveu:Não se encontra nada na prática do pensamento de Nietzsche?


A grande maioria das pessoas são alienadas e robóticas. Praticamente não pensam por si. Como diria Nietzsche: animais de rebanho.

É claro que não há como observar na prática o pensamento de Nietzsche. E é justamente neste ponto que Acauan compara com o marxismo. Pelo menos é o que entendo do índio.

Pois o marxismo é, assim como o super-homem de Nietzsche, uma idéia que não se concretizou.

O problema é que a especulação de Nietzsche possui bases psicológicas profundas, valorizando aquilo que nos faz crescer em força, coragem e sabedoria, enquanto que as idéias de Marx são, ao menos do ponto de vista psicológico, inviáveis.

Além de se situarem em âmbitos completamente diferentes, penso eu...
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Adrianoped
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Adrianoped »

Acauan escreveu:
Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu:A idéia de que toda rebeldia é nobre e toda subordinação é vil é tipicamente revolucionária, um outro subproduto da cultura marxista, com antecedentes históricos nas ideologias de outras revoluções.


Ao meu ver, o que Nietzsche defende é você ser você, eu ser eu. É a autenticidade, a individualidade. É o amor-próprio!
O que diabos teria isso de nocivo?


Nada.
Assim como nada tem a ver com Nietzsche.
A idéia de individualidade foi criada pelo cristianismo, no conceito do homem sozinho perante Deus.
Atribuir isto a Nietzsche é outra confusão que não tem tamanho.


E aqui há de se fazer jus a contribuição ateísta de Nietzsche. Se o individualismo até então cristão contemplava a subordinação a deus, Nietzsche desconstrói a moral cristã através da sua genealogia moral e recria o super homem, que é o ateu, o indivíduo livre da subordinação religiosa e de deus e dos valores oriundos desses.
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Elissandro
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Elissandro »

Edson Jr escreveu:
Elissandro escreveu:Não se encontra nada na prática do pensamento de Nietzsche?


A grande maioria das pessoas são alienadas e robóticas. Praticamente não pensam por si. Como diria Nietzsche: animais de rebanho.

É claro que não há como observar na prática o pensamento de Nietzsche. E é justamente neste ponto que Acauan compara com o marxismo. Pelo menos é o que entendo do índio.

Pois o marxismo é, assim como o super-homem de Nietzsche, uma idéia que não se concretizou.

O problema é que a especulação de Nietzsche possui bases psicológicas profundas, valorizando aquilo que nos faz crescer em força, coragem e sabedoria, enquanto que as idéias de Marx são, ao menos do ponto de vista psicológico, inviáveis.

Além de se situarem em âmbitos completamente diferentes, penso eu...


Por exemplo, quando alguém de grupo(rebanho) começa a ser diferente, é visto como louco por esse rebanho.
"O que é felicidade? – A sensação de que o poder aumenta – de que uma resistência foi superada." (superar obstáculos, atingeir metas)
"DA VITÓRIA SOBRE SI MESMO", “O HOMEM SUPERIOR”
É possível observar na prática o pensamento de Nietzsche do ponto de vista da individualidade. Esse estilo de viver é anterior em posterior a Nietzsche.
O que relamente Nietzsche trouxe de inovação?

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Edson Jr
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

Acauan escreveu:Desde quando foi Nietzsche que inventou a coragem?
É isto que se conclui quando se associa ao pensador alemão o repúdio à repressão dos instintos por medo ou covardia.
O ideal da coragem ou da bravura como modelo arquétipo existe desde sei lá quando nos mitos formadores, personificado na figura do herói.


Não disse que foi Nietzsche quem inventou a coragem, mas foi um dos primeiros filósofos (se não o primeiro) que considerou o sofrimento e os conflitos como algo bom e seu enfrentamento direto como um ato de coragem. Como trampolim para o aperfeiçoamento pessoal. Muitos outros buscavam aliviar o sofrimento através da fuga e não do confronto direto com ele...

Acauan escreveu:"Ciências subjetivas" é um eufemismo para pseudo-ciência.
Se os fundamentos da psicanálise não podem ser comprovados empiricamente, por que diabos deveríamos considerá-los científicos, conforme as definições mais aceitas atualmente sobre o que isto significa?
Se podemos chamar a psicanálise de "ciência subjetiva", por que não poderíamos fazer o mesmo com a astrologia ou a terapia por cristais?


Os resultados benéficos de uma terapia psicanalítica estão mais do que comprovados. Quando conseguimos encarar de frente nossos impulsos e emoções reprimidas e nos esforçamos para a compreensão e domínio de tais impulsos e emoções, o alívio e segurança emocional ocorrem espontaneamente.

Ou seja, a experiência psicanalítica é válida por seus resultados, apesar dos resultados de natureza emocional não serem comprovados experimentalmente. A psicanálise ao menos cumpre (na maioria da vezes), através de sua técnica, aquilo que ela propõe. Resgatar a auto-estima e confiança do paciente, de forma que ele possa, através da inteligência ou uso racional, por si só, traçar seu próprio caminho e conduzir seus impulsos e emoções de forma saudável.

Não existe algo para medir a auto-estima...e daí? Ela não existe por isso?

É uma avaliação subjetiva, obviamente.

Ps:. Tá atacado hoje, hein!? :emoticon13:
Editado pela última vez por Edson Jr em 12 Out 2007, 21:07, em um total de 2 vezes.
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Edson Jr
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

Adrianoped escreveu:
Acauan escreveu:
Edson Jr escreveu:
Acauan escreveu:A idéia de que toda rebeldia é nobre e toda subordinação é vil é tipicamente revolucionária, um outro subproduto da cultura marxista, com antecedentes históricos nas ideologias de outras revoluções.


Ao meu ver, o que Nietzsche defende é você ser você, eu ser eu. É a autenticidade, a individualidade. É o amor-próprio!
O que diabos teria isso de nocivo?


Nada.
Assim como nada tem a ver com Nietzsche.
A idéia de individualidade foi criada pelo cristianismo, no conceito do homem sozinho perante Deus.
Atribuir isto a Nietzsche é outra confusão que não tem tamanho.


E aqui há de se fazer jus a contribuição ateísta de Nietzsche. Se o individualismo até então cristão contemplava a subordinação a deus, Nietzsche desconstrói a moral cristã através da sua genealogia moral e recria o super homem, que é o ateu, o indivíduo livre da subordinação religiosa e de deus e dos valores oriundos desses.


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zencem
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por zencem »

Acauan escreveu:
Edson Jr escreveu:

Ao meu ver, o que Nietzsche defende é você ser você, eu ser eu. É a autenticidade, a individualidade. É o amor-próprio!
O que diabos teria isso de nocivo?


Nada.
Assim como nada tem a ver com Nietzsche.
A idéia de individualidade foi criada pelo cristianismo, no conceito do homem sozinho perante Deus.
Atribuir isto a Nietzsche é outra confusão que não tem tamanho.


Neste caso, a individualidade seria apenas uma sugestão, para que aflorasse a própria limitação e o consequente medo, favorecendo, assim, a venda de uma proteção do Poder maior.
Fora disso, a consciência seria, literalmente, de um membro de um rebanho, onde o indivíduo ficava oculto na impessoalidade de uma ovelha.
Eu acho que a individualidade real não vem da criação de alguem, em especial, mas do próprio status de homo sapiens, onde a liberdade é uma instância requerida pela própria razão.


Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

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500 anos depois, um cara estragou tudo, tascando essa, num gesto de egolatria e auto-contemplação patológica:

- "EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA".

Deu no que deu !!! ... :emoticon147:


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Acauan
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Re.: O super-homem

Mensagem por Acauan »

Edson Jr escreveu: Não disse que foi Nietzsche quem inventou a coragem, mas foi um dos primeiros filósofos (se não o primeiro) que considerou o sofrimento e os conflitos como algo bom e seu enfrentamento direto como um ato de coragem. Como trampolim para o aperfeiçoamento pessoal. Muitos outros buscavam aliviar o sofrimento através da fuga e não do confronto direto com ele...


Boa parte de tudo isto pode ser encontrado já em Aristóteles, em "Ética a Nicômano", embora não necessariamente nestes termos.
Logo, o tema estava longe de ser novidade na filosofia quando Nietzsche o abordou.


Edson Jr escreveu: Os resultados benéficos de uma terapia psicanalítica estão mais do que comprovados.


Por quem?

Edson Jr escreveu:Quando conseguimos encarar de frente nossos impulsos e emoções reprimidas e nos esforçamos para a compreensão e domínio de tais impulsos e emoções, o alívio e segurança emocional ocorrem espontaneamente.


Este efeito já obtido perante o padre confessor, os diários femininos ou nos desabafos entre amigos. Atribuir caráter científico especializado à coisa é útil apenas para quem ganha dinheiro com isto.

Edson Jr escreveu: Ou seja, a experiência psicanalítica é válida por seus resultados, apesar dos resultados de natureza emocional não serem comprovados experimentalmente.


Então como você pode afirmar que são válidos, oras bolas...

Edson Jr escreveu:A psicanálise ao menos cumpre (na maioria da vezes), através de sua técnica, aquilo que ela propõe. Resgatar a auto-estima e confiança do paciente, de forma que ele possa, através da inteligência ou uso racional, por si só, traçar seu próprio caminho e conduzir seus impulsos e emoções de forma saudável.


O mesmo a que se propõem os livros de auto-ajuda. Não se pode aferir a cientificidade de algo a partir de seus objetivos, mas de seu método e o método psicanalítico é um amontoado de petições de princípios.

Edson Jr escreveu: Não existe algo para medir a auto-estima...e daí? Ela não existe por isso?


Existe, mas não é uma variável científica.

Edson Jr escreveu: É uma avaliação subjetiva, obviamente.


Entenda-se por subjetiva, que cada um a faz como quer e o que bem entende.

Edson Jr escreveu: Ps:. Tá atacado hoje, hein!? :emoticon13:


Tupis são assim.
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Samael
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Samael »

Acauan escreveu:
Samael escreveu:Nietzsche é uma porcaria.


Resumiu bem.

Diria mais, Nietzsche era um bundão.
Pode-se dizer que uma coisa é o homem, outra a obra, mas as limitações pessoais do bigodudo se refletem no que escreveu.

Toda filosofia de Nietzsche, se é que podemos chamá-la assim, é poética, uma descrição da natureza humana extraída do conflito entre a percepção do autor e os valores civilizacionais do ocidente, construídos pelo cristianismo e pela filosofia grega socrática-aristotélica.

A força poética da narrativa é muitas vezes arrebatadora, pois invoca mitos e símbolos poderosos, bem como fala alto aos anseios reprimidos de cada um.
O problema é que aquilo não tem nada a ver com a realidade, uma vez que não é preciso ser filósofo para saber que se alguns anseios são reprimidos é porque motivos há.

Nietzsche era o que hoje chamaríamos de NERD, um estudioso brilhante, mas esquisitão, que invejava os grandes conquistadores do passado como o estereótipo do presidente do clube de ciências da high school inveja o capitão do time de futebol.

Bertrand Russel, dentre outros, demonstrou claramente como as fraquezas pessoais de Nietzsche transparecem em pontos de sua obra e em sua visão de mundo, reduzindo o pensador alemão a uma caricatura mesquinha, que sonha com uma grandeza que se sente incapaz de alcançar e, por isto mesmo, mas com brilhantismo, cria uma realidade poética onde tal sonho, em si, é força, não fraqueza.

Mesmo assim, há muita injustiça sobre Nietzsche e sua obra.
A maioria das correlações traçadas entre seus escritos e o nazismo não resiste a uma análise minimamente aprofundada, que deixa claro que o super-homem nietzscheniano e o hitlerista só têm em comum a origem, o fato de serem ambos produto do triunfo da vontade.
No mais, o super-homem nazista é apenas uma fração de um coletivo místico no qual reside o verdadeiro poder, enquanto o de Nietzsche é a expressão mais brutal do individualismo.

Além do que a irmã do cara, uma mulher prá lá de sinistra, após a morte dele adulterou vários trechos de seus livros, inserindo alguns conteúdos explicitamente associáveis ao nazismo, mas facilmente identificáveis como incompatíveis com o conjunto da obra.

E por aí afora.




É realmente interessante estar num tópico onde concordamos integralmente com o objeto em questão.

E eu digo isso porque já tive meus 16 anos, e já adorei o Bigode. E eu mesmo não sei por quê. Deve ter sido mania de rebeldia ou coisa assim.

Como é que eu vou levar a sério um cara que diz que a "linguagem universal é inexpressiva" e sai por aí "profetizando" em forma de aforisma?

Como é que eu vou levar a sério um cara que joga as soluções de todos os problemas filosóficos que ele mesmo cria num futuro distante e sombrio, numa espécie de utopia ultra-individualista que ele chama de "super-homem"?

Como é que eu vou levar a sério um cara que foi um romântico schoppenhouriano (e olha que o Schoppenhouer tinha uma inveja absoluta de Hegel, que tinha sempre aulas lotadas!), e depois me virou positivista pró-luzes e, depois disso, num retorno tardio ao romantismo, simplesmente virou uma porra louca que não dizia coisa com coisa?

O Bigode é uma porcaria. E só sendo muito metido a "alternativo descolado" pra gostar de alguém que esconde toda a sua filosofia (se é que ela existe) numa capa horrenda e elitista de "metáforas e aforismas". É como 2001 do Kubrick: cada um vê as mensagens que quer, todo mundo fica feliz com a sua própria "capacidade de percepção de mensagens subliminares" (vulgo inteligência de pseudo-intelectuais de vanguarda) e, no final, o espertalhão que bolou todo o non-sense é adorado como um Deus.

É um fenômeno parecido com aquele que ocorre na arte atualmente. Exposições viraram parques temáticos sem beleza nem feeling e os curadores ganham uma boa grana na brincadeira.
Editado pela última vez por Samael em 13 Out 2007, 00:00, em um total de 1 vez.

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Samael
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Samael »

Acauan escreveu:
Edson Jr escreveu:Acauan;

Samael não pode admirar Nietzsche e, imagino eu, que por razões distintas das suas.

Pois a intuição de Nietzsche foi tão aguçada que suas idéias centrais se hamonizam perfeitamente com a psicanálise freudiana. Tanto Freud, quanto Nietzsche possuem posicionamentos essencialmente distintos dos de Marx, que Samael admira.

Sei lá Acauan, mas sua argumentação não me pareceu convincente não....


Talvez porque para mim, dizer que alguma idéia se harmoniza com a psicanálise freudiana não é elogio nenhum para a idéia em questão, muito pelo contrário.

Na modesta opinião do Índio cá, nem Nietzsche, nem Freud e nem Marx tem pé ou cabeça, cada qual por seus próprios motivos.


Eu gosto de Marx e Freud. Cada um por seus motivos, mas gosto.

E ainda acho que apreciar Marx, enquanto socialista utópico, é como apreciar Rousseau ou Lassalle. Enquanto economista, não li o suficiente, mas me parece bastante pertinente em alguns pontos. Enquanto filósofo, considero excelente.

Elissandro
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Elissandro »

zencem escreveu:
Acauan escreveu:
Edson Jr escreveu:

Ao meu ver, o que Nietzsche defende é você ser você, eu ser eu. É a autenticidade, a individualidade. É o amor-próprio!
O que diabos teria isso de nocivo?


Nada.
Assim como nada tem a ver com Nietzsche.
A idéia de individualidade foi criada pelo cristianismo, no conceito do homem sozinho perante Deus.
Atribuir isto a Nietzsche é outra confusão que não tem tamanho.


Neste caso, a individualidade seria apenas uma sugestão, para que aflorasse a própria limitação e o consequente medo, favorecendo, assim, a venda de uma proteção do Poder maior.
Fora disso, a consciência seria, literalmente, de um membro de um rebanho, onde o indivíduo ficava oculto na impessoalidade de uma ovelha.
Eu acho que a individualidade real não vem da criação de alguem, em especial, mas do próprio status de homo sapiens, onde a liberdade é uma instância requerida pela própria razão.




Nietzsche não pode ser desvinculado de sua época. Portanto, ela critica a religão de sua época, a religião que castra o homem, impedindo de ser super-homem, a religião que condena os instintos humanos, a religião que prega o consolo e que para ser super-homem é possível somente após a morte.
Nietzsche foi um homem superior ou apenas falou de homem superior?? :emoticon12:

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zencem
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por zencem »

Elissandro escreveu:
zencem escreveu:
Acauan escreveu:
Edson Jr escreveu:

Ao meu ver, o que Nietzsche defende é você ser você, eu ser eu. É a autenticidade, a individualidade. É o amor-próprio!
O que diabos teria isso de nocivo?


Nada.
Assim como nada tem a ver com Nietzsche.
A idéia de individualidade foi criada pelo cristianismo, no conceito do homem sozinho perante Deus.
Atribuir isto a Nietzsche é outra confusão que não tem tamanho.


Neste caso, a individualidade seria apenas uma sugestão, para que aflorasse a própria limitação e o consequente medo, favorecendo, assim, a venda de uma proteção do Poder maior.
Fora disso, a consciência seria, literalmente, de um membro de um rebanho, onde o indivíduo ficava oculto na impessoalidade de uma ovelha.
Eu acho que a individualidade real não vem da criação de alguem, em especial, mas do próprio status de homo sapiens, onde a liberdade é uma instância requerida pela própria razão.




Nietzsche não pode ser desvinculado de sua época. Portanto, ela critica a religão de sua época, a religião que castra o homem, impedindo de ser super-homem, a religião que condena os instintos humanos, a religião que prega o consolo e que para ser super-homem é possível somente após a morte.
Nietzsche foi um homem superior ou apenas falou de homem superior?? :emoticon12:

O que eu acho curioso na filosofia de Nietzche é, justamente, ele se utilizar deste degrau, entre o homem comum e um suposto homem superior.
Mas será que existe mesmo esta possibilidade de se alcançar tal status de homem superior, ou isto é sensação que aflora de uma condição imposta à mente humana pela própria cultura, que a atrofia e impede que ela exercite naturalmente todas as suas potencialidades, forçando-a, com isto, a permanecer no medíocre nivel inferior?
O homem que se reconhece como super-homem me parece manifestar, justamente, a sua condição inferior, buscando um ideal contraditório, estranho à sua real potência.
O homo sapiens está capacitado a ser sábio e o sábio é humilde e despojado, sem ambições ilusórias, o que leva o Super-Homem a ser um contra-senso.

Sócrates, o pai da sabedoria, 470 aC, dizia:

- "Conhece-te a ti mesmo;
O 'Eu' é o caminho (da sabedoria)".


500 anos depois, um cara estragou tudo, tascando essa, num gesto de egolatria e auto-contemplação patológica:

- "EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA".

Deu no que deu !!! ... :emoticon147:


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Edson Jr
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

Acauan escreveu:Boa parte de tudo isto pode ser encontrado já em Aristóteles, em "Ética a Nicômano", embora não necessariamente nestes termos.
Logo, o tema estava longe de ser novidade na filosofia quando Nietzsche o abordou.


Acauan, estou tentando achar, em outros filósofos, um pensamento sobre o sofrimento igual do Nietzsche, mas não estou conseguindo achar...

O que vejo é a fuga da dor e do sofrimento, sem um confrontamento direto. Impulsos, emoções e instintos como empecilhos para o bom uso da razão e não como fonte e força para um melhor uso racional.

Independente disso, desmerecer Nietzsche, alegando falta de originalidade, não implica diminuir a força e o valor dos seus argumentos.

Com relação à psicanálise, devo deixar claro que seus resultados e benefícios possuem um caráter dimensional, pois se trata de emoções humanas e, obviamente, não haverá toda essa objetividade que tanto deseja.

Uma das vantagens da terapia é sua neutralidade e imparcialidade, ou seja, o terapeuta não deve interferir, segundo suas paixões e vícios, no processo de recuperação do paciente.

O que dificilmente acontece em outras relações. Sempre existe a tendenciosidade.

O terapeuta estimula o paciente a entrar em contato com suas emoções, de forma que o paciente passe a conhecer melhor o seu mundo interior, aproveitando e desenvolvendo melhor seu potencial. Ou seja, o paciente entra em contato com sua dor, com seu sofrimento, com suas resistências internas. Cada resistência ou obstáculo vencido se manifesta como melhor distribuição de energia psíquica e aumento da auto-estima.

Confessar com um padre, desabafar com amigos pode ter um efeito relaxante, paliativo, mas dificilmente curativo ou duradouro, pois carece da força e coragem necessária para enfrentar sua dor. Colocar energias negativas para fora, não é o mesmo que enfrentar suas causas.

O mais interessante é que a intuição de Nietzsche está bem de acordo com a psicanálise freudiana. Tanto que Freud não se considera muito original assim.

Agora, se você quer colocar a alma humana num tubo de ensaio, tudo bem. Afinal de contas, tudo isso que disse não pode ser medido e avaliado de forma estritamente científica.

Se uma pessoa que você gosta de verdade estiver precisando de ajuda terapêutica, não seja tão cético assim. Seria muito maldoso de sua parte...
Editado pela última vez por Edson Jr em 13 Out 2007, 18:44, em um total de 2 vezes.
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

Samael escreveu:O Bigode é uma porcaria. E só sendo muito metido a "alternativo descolado" pra gostar de alguém que esconde toda a sua filosofia (se é que ela existe) numa capa horrenda e elitista de "metáforas e aforismas".


Se gostou de Nietzsche por você ter sido "metido a alternativo e descolado", saiba que isso não é regra. Foi uma opção sua.
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por O ENCOSTO »

Edson Jr escreveu:
Samael escreveu:O Bigode é uma porcaria. E só sendo muito metido a "alternativo descolado" pra gostar de alguém que esconde toda a sua filosofia (se é que ela existe) numa capa horrenda e elitista de "metáforas e aforismas".


Se gostou de Nietzsche por você ter sido "metido a alternativo e descolado", saiba que isso não é regra. Foi uma opção sua.


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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Bellé »

O ENCOSTO escreveu:
Edson Jr escreveu:
Samael escreveu:O Bigode é uma porcaria. E só sendo muito metido a "alternativo descolado" pra gostar de alguém que esconde toda a sua filosofia (se é que ela existe) numa capa horrenda e elitista de "metáforas e aforismas".


Se gostou de Nietzsche por você ter sido "metido a alternativo e descolado", saiba que isso não é regra. Foi uma opção sua.


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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Elissandro »

Bellé escreveu:
O ENCOSTO escreveu:
Edson Jr escreveu:
Samael escreveu:O Bigode é uma porcaria. E só sendo muito metido a "alternativo descolado" pra gostar de alguém que esconde toda a sua filosofia (se é que ela existe) numa capa horrenda e elitista de "metáforas e aforismas".


Se gostou de Nietzsche por você ter sido "metido a alternativo e descolado", saiba que isso não é regra. Foi uma opção sua.


Em se tratando de jovens, é uma regra mesmo.


Ops...

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Super-Homem (filosofia)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa
Nota: Se procura o super-herói, consulte Superman.


SUPER-HOMEM
Termo originado do alemão Übermensch?, descrito no livro Assim Falou Zaratustra (Also sprach Zarathustra), do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, em que explica os passos através dos quais o Homem pode tornar um 'Super-Homem' (homos superior, como no inglês a tradução também pode ser compreendida como super-humano).
A motivação de Nietzsche ao dizer que Deus está morto e o desejo pela destruição da consciência cristã, ou seja da maneira centrada em Deus de pensar.

Nietzsche não é um pensador sistemático. Não podemos fazer divisões rígidas de seu pensamento, e classificá-lo é difícil. Alguns estudiosos dividem a sua obra em três fases:

pessimismo romântico- (1869-1876) influência de Wagner e Schopenhauer.

positivismo cético- (1876-1881) período de rupturas. Influência do moralismo francês. Critica o caráter demasiado humano da filosofia e defende a liberdade de espírito.

período de reconstrução- A fase de Zaratustra e da afirmação da vida.

Se você é um super-homem, não precisa de Deus? :emoticon19:

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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por emmmcri »

Quando "entendi " Nietzsche eu "enlouqueci" . :emoticon19: :emoticon19: :emoticon19:
Se você "enlouquecer" você o "entende" !
Com Nietzsche é tudo "assim". :emoticon19: :emoticon19: :emoticon19:
Este tópico está bom.
Editado pela última vez por emmmcri em 16 Out 2007, 21:23, em um total de 2 vezes.
"Assombra-me o universo e eu crer procuro em vão, que haja um tal relógio e um relojoeiro não.
VOLTAIRE

Porque tanto se orgulhar de nossos conhecimentos se os instrumentos para alcançá-los e objetivá-los são limitados e parciais ?
A Guerra faz de heróis corajosos assassinos covardes e de assassinos covardes heróis corajosos .
No fim ela mostra o que somos , apenas medíocres humanos.



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Edson Jr
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

Elissandro escreveu:Se você é um super-homem, não precisa de Deus? :emoticon19:


Acho que não Elissandro. Ao meu ver não faria sentido a necessidade de um Deus.
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

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Edson Jr
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Re: Re.: O super-homem

Mensagem por Edson Jr »

Usuário deletado escreveu:Já fui "nietzscheano" (quando havia lido apenas duas obras dele), mas após ler mais obras e várias análises comecei a ver muitas bobagens que ele escrevia. Mas não deixa de ser interessante, a crítica dele ao cristianismo é excelente (leiam O Anticristo), a crítica à razão e o idealismo do super-homem eu já considero como bobagens.


Usuário deletado;

Coloque aqui alguns trechos que você considera bobagem para a gente discutir.

É maior viagem discutir Nietzsche! :emoticon1:
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Trancado